Qatar Holdings vende fatia no Santander por R$ 2 bi, recomendações, precificação de IPO da Azul e mais destaques

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quinta-feira (6)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Além do cenário desafiador para a reforma da previdência e o mercado de olho na reunião entre o presidente dos EUA Donald Trump e da China Xi Jinping, o noticiário corporativo é bastante movimentado, com destaque para a conclusão da oferta pública de units do Santander, enquanto o banco rebaixou a Cielo. Elétricas e Oi também estão no radar. Confira os destaques desta quinta-feira (6):

Santander (SANB11)

O Santander confirmou o preço de R$ 25,00 por unit em sua oferta pública de distribuição secundária de 80 milhões de certificados de depósitos de ações. Assim, o montante total ficou em R$ 2 bilhões. A venda foi feita pela Qatar Holdings, grupo de investimento controlado pelo governo do Catar, que se desfez de uma participação de cerca de 2,5 por cento no Banco.

Ambev (ABEV3)

Proibido desde dezembro passado de conceder por decreto benefícios e incentivos fiscais a empresas, o governo do Estado do Rio enviou nesta quarta-feira (5) à Assembleia Legislativa (Alerj) um projeto de lei que, se aprovado, concede à fabricante de bebidas Ambev o direito de adiar por 20 anos o pagamento de ICMS de uma nova fábrica, até o valor de R$ 650 milhões.

Conforme a proposta, ao final do prazo esse imposto será pago com uma correção de 3% ao ano. O imposto se refere a uma fábrica de garrafas e latas de alumínio que seria construída em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, ao lado de outra fábrica da mesma empresa, já instalada e que produz cerveja.

Ainda não está definido o dia em que os deputados vão apreciar o projeto de lei, polêmico porque propõe que o Estado do Rio – em meio a uma crise que, entre muitos efeitos, o impede de pagar salários em dia – abra mão do recebimento imediato de um imposto com o qual seria possível quitar alguns de seus débitos.

Para defender a iniciativa, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) afirma, em mensagem aos deputados, que o novo empreendimento vai gerar pelo menos 200 empregos. Ele diz também que a fábrica está sendo disputada por outros países, como o México.

Em nota, a própria Ambev ameaça transferir o empreendimento, caso não haja incentivo: “A Ambev respeita e aguarda a manifestação do Legislativo e do Judiciário do Rio, a fim de definir o andamento da construção da fábrica ou a realocação do investimento para outro Estado ou país”.

Cielo (CIEL3)

O Santander rebaixou a recomendação para as ações da Cielo de neutra para underperform (desempenho abaixo da média do mercado), reduzindo o preço-alvo de R$ 33 para R$ 29. “Depois do rali de 23% desde o final de janeiro, superando o Ibovespa (+21%), estamos novamente preocupados com o valuation esticado da Cielo. Diante do alto nível de incerteza sobre a indústria, analisamos a relação entre preço sobre lucro da Cielo em múltiplos cenários de crescimento e concluímos que o valuation atual representa uma perspectiva excessivamente benigna no ambiente competitivo e regulatório”, apontam os analistas. 

Ser Educacional (SEER3)

Ainda entre as recomendações, o Credit Suisse elevou a recomendação das ações da Ser para outperform, com preço-alvo também sendo elevado para R$ 27.00. A revisão da recomendação ocorre em meio a novas estimativas macroeconômicas, resultado melhor do que o esperado no segundo semestre de 2016 e novas estimativas para o negócio. “A empresa tem tido uma execução sólida, com crescimento de lucros superando as expectativas do mercado, retorno alto e as perspectivas não dependem de decisão do CADE, caso de Kroton e Estácio”, avaliam. Os analistas acreditam que a Ser é um veiculo atrativo para play o setor, em combinação com o spread ESTC3-KROT3.

Azul

A Azul Linhas Aéreas Brasileiras define o preço das ações em sua oferta pública, que poderá levantar R$ 1,5 bilhão, com base no preço médio da faixa estabelecida no prospecto. Os papéis da companhia começam a ser negociados na sexta-feira. 

Movida (MOVI3)

A Movida informou que a JSL adquiriu ações da empresa, passando a ter 65,59% do capital
social. 

Oi (OIBR4)

O ministro da Ciência e Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, prevê que a MP da Oi sairá até o fim de abril, de acordo com informações da Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo. Além disso, destaque para duas notícias do jornal Valor Econômico. O diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Igor de Freitas disse ontem que a Advocacia Geral da União (AGU) já admite a possibilidade de negociar crédito de multas da Oi se houver respaldo legal. A resistência dos advogados da União era considerada o principal obstáculo à publicação da medida provisória (MP) estudada pelo governo que permite a intervenção em todos os serviços da operadora e flexibiliza o tratamento do saldo bilionário em multas. 

Ainda em destaque, o jornal informa que o fundo Société Mondiale, veículo de investimento do empresário Nelson Tanure, costura com investidores institucionais um plano para evitar a diluição de sua participação acionária na Oi após a conclusão do processo de recuperação judicial.

Kroton (KROT3) e Estácio (ESTC3)

O Valor Econômico destaca que as ações de Kroton e Estácio oscilaram entre as maiores altas do Ibovespa durante o pregão de ontem porque a percepção dos investidores é que a fusão das duas maiores companhias de educação do país tem mais chances de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Isso devido a dois novos fatores: a Kroton montou uma equipe de peso para defender o negócio junto à autarquia antitruste; e possíveis resistências à fusão, vindas de dentro da Estácio, foram enterradas de vez, após o vazamento dos e-mails em que o presidente da Estácio, Pedro Thompson, traçava estratégias para barrar a fusão. 

Ainda sobre as duas empresas,  a Kroton soltou um comunicado a mercado a respeito do andamento do processo de aprovação do CADE da combinação de negócios entre Kroton e Estácio, que teve uma extensão do prazo de análise por 60 dias. Sendo assim, o processo deverá ser encerrado até o dia 27 de junho de 2017, mas existe a possibilidade de este prazo ser prorrogado por, no máximo, 30 dias, mediante decisão justificada do CADE. Entretanto, a nota também explica que a decisão do CADE pode ser dada antes do prazo estipulado, não precisando cumprir todo o período que tem a sua disposição para a análise. 

 

Eletrobras (ELET6) e Eletropaulo (ELPL4)

A gigante italiana de energia Enel está se preparando para competir pelas distribuidoras que a Eletrobras colocará à venda no fim do ano, disse Francesco Starace, CEO da Enel, em entrevista à Bloomberg em Nova York. A Enel tem interesse em duas ou três empresas das seis que estão à venda, disse ele.  “A maioria das empresas de distribuição da Eletrobras tem valor. Estamos tentando fazer algumas escolhas geográficas, queremos aquelas que estão mais próximas de onde já estamos”, afirmou. 

Depois da compra da Celg-D de Goiás, em novembro, com um prêmio de 28% sobre o valor mínimo, a Enel passou a atender a mais de 10 milhões de consumidores de energia no Brasil. Em um país deste tamanho, se você não ultrapassar a base de 10 milhões de clientes, existe um risco de não ser
eficaz”. A Enel tem outras duas distribuidoras no país: no Rio de Janeiro e no Ceará. De acordo com Starace, a Eletropaulo também está no radar da companhia. 

Smiles (SMLE3) e Gol (GOLL4)

O Conselho da Smiles aprovou nesta quarta-feira aditamento ao contrato de compra e venda antecipada de passagens aéreas de 26/2/2016 para regular a compra antecipada de
passagens emitidas pela Gol, disse Smiles em comunicado. O objeto é aquisição de novos créditos para utilização futura na aquisição de passagens de emissão da Gol, bem como de
outros serviços relacionados ao transporte aéreo de passageiros, no montante de R$ 480 milhões.

“Vimos o anúncio como positivo (embora nada significativo dado o desembolso de caixa ainda pequeno”, afirmou o BTG Pactual. 

Gafisa (GFSA3)

Termina hoje o prazo para a negociação em bolsa do direito de subscrição da Tenda. A companhia havia informado anteriormente que esse prazo iria até 11 de abril, mas depois retificou a informação. 

Bradesco (BBDC4

Os investigadores da Operação Lava Jato abriram um inquérito para investigar uma possível operação de lavagem de dinheiro envolvendo o operador Fernando Baiano e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. O objetivo é saber se houve fraude e falha no sistema do Bradesco que permitiu o pagamento de R$ 220 mil em propina por meio da compra de um veículo de luxo em 2012.

Segundo o portal Poder 360, o banco teria registrado o pagamento em nome da esposa de Cerveró, Patrícia Anne, mas, segundo o MPF (Ministério Público Federal), quem fez a operação financeira foi Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção instalado na Petrobras. Já o Bradesco afirma não ter sido notificado oficialmente da investigação e também optou por não se manifestar.  Confira mais clicando aqui.

Marfrig (MRFG3)

A unidade de bovinos do Marfrig Global Foods em Tangará da Serra, em Mato Grosso, concedeu férias coletivas de 10 dias para trabalhadores que operam um dos dois turnos de abates. O outro turno seguirá normalmente. A capacidade diária de processamento da fábrica é de 1.300 cabeças por dia. A empresa não explicou os motivos, mas a decisão vem na sequência de outras paralisações anunciadas por concorrentes, após a Operação Carne Fraca.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.