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SÃO PAULO – A reoneração da folha de pagamento deve afetar 14 ações listadas na BM&FBovespa, segundo cálculos do BTG Pactual, Itaú BBA e Bradesco BBI. A mais afetada delas é a Marcopolo. Analistas estimam um impacto entre 15% a 20% no Ebitda projetado da empresa para 2018.
Pelas contas do BTG, a companhia conseguiu salvar entre R$ 40 milhões e R$ 45 milhões anualmente com o benefício, que começou em 2011 e se dava por meio da substituição da cobrança de uma contribuição previdenciária de 20% sobre a folha de pagamento das empresas, por um percentual sobre o faturamento da empresa.
Vale menção que a Marcopolo não foi poupada pela governo, que abriu exceção para alguns setores que ainda poderão se beneficiar da desoneração da folha: transporte rodoviário, metroviário e ferroviário de passageiros, construção civil, obras de infraestrutura e comunicação. Considerada como “autopeças/bens de capital”, ela não entrou nessa lista, comentaram analistas. Na Bolsa, a ação da companhia registrava às 15h47 (horário de Brasília) alta de 0,77%, a R$ 2,63.
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Segundo o Bradesco BBI, a Marcopolo pode enfrentar dificuldades em passar esses custos mais altos para seus clientes, lembrando que, pelos dados disponíveis pela ANTT, a partir de 2016, as taxas de ocupação em relação às principais linhas de ônibus foram baixas em cerca de 60%, contra média histórica de 70%. Para eles, o fim do benefício pode trazer um impacto negativo de R$ 0,30 no preço-alvo da ação, que está atualmente em R$ 3,00, correspondendo a uma redução de 10,6%.
No segmento de bens de capital, as menos impactadas serão Weg e Iochpe-Maxion, pelos cálculos do BTG Pactual. O efeito será de 2% e 1%, respectivamente.
As demais ações afetadas
O Bradesco BBI destaca ainda entre as mais afetadas pelo fim do benefício as ações da Gol, Embraer, Linx e Totovs. Em relação ao setor de alimentos, somente JBS e BRF eram beneficiadas pela medida. Segundo o Bradesco BBI, a JBS “salvou” mais de R$ 150 milhões por ano (1% do Ebitda estimado para 2017), enquanto a BRF economizou R$ 200 milhões por ano (ou cerca de 4% do Ebitda estimado para 2017).
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No setor de tecnologia, o Itaú BBA estima um impacto na Totvs e Linx de R$ 1,30 e R$ 0,90 por ação, respectivamente. Hoje, esses papéis operavam entre altas e baixas na Bolsa: TOTS3 (+3,96%, a R$ 27,82) e LINX3 (-1,88%, a R$ 16,19).
Conforme comentam os analistas Susana Salaru e Vitor Tomita, do Itaú BBA, como boa parte das despesas dessas empresas vêm da folha de pagamento, era mais vantajoso para elas pagarem a tributação de 4,5% sobre o faturamento (lembrando que de 2011 a 2015 era de 2%; e desde dezembro de 2016, passou a ser de 4,5%) do que pagar 20% sobre a folha. No caso da Linx, eles estimam um impacto negativo de 8% no Ebitda estimado para 2017; e em 7%, para a Totvs. O BTG Pactual fala de um impacto de 7% e 4%, respectivamente.
Veja abaixo a lista completa das ações que serão impactadas pela medida:
Impacto da medida em % do Ebitda |
|||
Bens de capital e transporte | Estimativas do BTG Pactual | Estimativas do Itaú BBA | Bradesco BBI |
Marcopolo | ~15% – 20% | – | 14,9%* |
Gol | 5% | – | 3,9%* |
Weg | 2% | – | 5,3%* |
Iochpe-Maxion | 1% | – | 2,4%* |
Mahle Metal Leve | – | – | 3,3%* |
Randon | 3% | – | 3,0%* |
Tupy | 8% | – | – |
Embraer | 5% | – | 7,6%* |
Tecnologia |
|||
Totvs | 4% | 7% | – |
Linx | 7% | 8% | 9% |
Alimentos | |||
BRF | 4% | 4,4%* | ~ 4% |
JBS | 1% | – | 1% |
Açúcar e Álcool | |||
São Martinho | – | 3,15%* | – |
Agrícola | |||
SLC Agrícola | – | 1,9%* | – |
Fonte: BTG Pactual e Itaú BBA; *Impacto estimado no Ebitda anualizado de 2018 |