Ibovespa tem 5ª alta seguida e acumula ganhos de 2,6%; governo fará corte de orçamento amanhã

Índice se firmou no positivo durante a tarde, mas seguiu pressionado com o cenário político e anúncio do governo marcado para esta quarta-feira

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após uma manhã volátil, o Ibovespa se firmou no campo positivo durante a tarde, mas não conseguiu fechar com ganhos expressivos com o mercado atento ao cenário político doméstico diante do anúncio do governo de corte de despesas e aumento de impostos marcado para amanhã, além da tensão que permeia a reforma da Previdência. No exterior, o dia foi de otimismo, apesar das reformas de Trump seguirem no radar.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com ganhos de 0,52%, aos 64.640 pontos, com volume financeiro de R$ 7,998 bilhões. Com isso, o índice chegou ao seu quinto dia seguido da valorização, período em que acumula alta de 2,64%.

O dólar comercial, por sua vez, teve alta de 0,31%, para R$ 3,1370 na compra e R$ 3,1390 na venda, enquanto o contrato de dólar futuro com vencimento em abril subiu 0,34%, sinalizando cotação de R$ 3,142. Já os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 fecharam estáveis em 9,85%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 subiram 5 pontos-base, a 9,91%.

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Na maior parte dos mercados globais, a sessão foi de menos pessimismo após a correção gerada com as recentes demonstrações de fraqueza do governo Donald Trump nos Estados Unidos — sobretudo com a retirada da pauta de votações do Congresso do plano que iria substituir o chamado Obamacare.

Por aqui, foi confirmado no fim do dia que o anúncio do contingenciamento no Orçamento para cumprimento da meta fiscal de 2017 será feito na quarta-feira, no fim da tarde. Durante a tarde, o governo chegou a considerar fazer o anúncio ainda nesta noite, mas diante dos debates das medidas que serão tomadas, a decisão acabou ficando para amanhã.

Destaques da Bolsa

No Ibovespa, as ações da Vale e Petrobras ajudaram nos ganhos e “seguram” as perdas dos bancos. No caso da mineradora, os papéis avançaram em continuidade à euforia vista na véspera, mesmo com a derrocada de 4% do minério de ferro no Porto de Qingdao, na China. O motivo? A notícia de que Fabio Schvartsman será o novo presidente da empresa a partir de maio, em substituição a Murilo Ferreira. A informação começou a circular no mercado ontem à tarde, mas o conselho de administração só informou sua decisão após o fechamento do pregão de segunda. 

O BTG Pactual destaca em relatório o “track record” do executivo em empresas como Klabin e Ultrapar, sendo “respeitável” sua indicação e minimizando preocupações com interferência política na Vale. Os analistas comentam, contudo, que o papel está negociando a 3 a 4 vezes o Ebitda estimado para 2017 nos últimos meses e, claramente, os investidores estão vendo que os lucros não são sustentáveis nesses níveis aliado ainda à uma perspectiva de ajuste do preço do minério.

As units da Klabin, por sua vez, corrigiram a queda da véspera e subiram quase 4% em recuperação da notícia de que seu CEO irá para a Vale. Contribuiu para o movimento positivo do dia uma elevação de recomendação das units pelo JPMorgan, que passou de neutra para “overweight” (exposição acima da média). O preço-alvo para os próximos 12 meses é de R$ 17,00, o que representa um potencial de valorização de 24% frente ao fechamento da última segunda-feira.  

As units do Santander desabaram na Bovespa, com a notícia de que a Qatar Holding venderá 80 milhões de units do banco em oferta com esforços restritos, segundo documento enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Haverá oferta pública de distribuição secundária de colocação das units (exceto sob a forma de ADSs); a oferta internacional (sem considerar units da oferta brasileira) poderá ser acrescida de um lote adicional de até 12 milhões na forma de ADSs. Os ADS Santander Brasil serão de US$ 9,77. O preço por Unit será fixado após bookbuilding.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RADL3 RAIADROGASILON EJ 59,80 +4,51 -2,01 129,69M
 BRFS3 BRF SA ON 38,65 +4,21 -19,90 149,94M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 14,22 +3,64 -19,00 84,50M
 CSAN3 COSAN ON 39,02 +3,17 +2,28 34,17M
 LAME4 LOJAS AMERICPN 16,53 +2,93 -2,62 77,06M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SANB11 SANTANDER BRUNT 28,35 -7,41 +0,13 201,67M
 CSNA3 SID NACIONALON 9,73 -4,51 -10,32 58,07M
 ELET3 ELETROBRAS ON 17,34 -3,61 -23,98 43,68M
 USIM5 USIMINAS PNA 4,29 -2,50 +4,63 100,02M
 MRVE3 MRV ON 14,45 -2,23 +35,32 42,43M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 CTIP3 CETIP ON EJ 49,05 +0,10 697,58M 202,97M 15.935 
 PETR4 PETROBRAS PN 13,95 +1,31 625,54M 595,13M 45.131 
 VALE5 VALE PNA 28,51 +1,93 610,40M 767,58M 32.427 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 18,67 -0,05 411,97M 233,83M 33.897 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 38,43 -0,34 370,32M 375,44M 16.266 
 BBDC4 BRADESCO PN 32,18 +0,56 264,93M 272,26M 19.337 
 SANB11 SANTANDER BRUNT 28,35 -7,41 201,67M 48,75M 29.803 
 PETR3 PETROBRAS ON 14,68 +1,73 182,91M 160,29M 15.077 
 KROT3 KROTON ON 13,20 +2,33 180,56M 114,61M 17.140 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,94 +0,84 176,43M 204,40M 13.016 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Noticiário político
Em Brasília, o Planalto acompanha de perto o andamento do processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na véspera, o relator Herman Benjamin encaminhou o relatório final aos demais ministros da Corte Eleitoral e pediu ao presidente, Gilmar Mendes, que inclua o tema na pauta de votações. Segundo fontes, é possível que o julgamento tenha início já na próxima semana. A expectativa é de que o relator peça a cassação da chapa e a Folha apontou três sinais para tanto. Por outro lado, o PSDB recuou e isentou o presidente Temer em ação para cassação da chapa. 

Ainda no radar político, pode entrar na pauta da Câmara dos Deputados o projeto de lei que trata da renegociação da dívida dos Estados. Entre as contrapartidas previstas estão a elevação de alíquotas de contribuição social de servidores, redução de incentivos tributários e privatizações. A proposta prevê que um socorro de um a três anos, com prorrogação pelo mesmo período inicial.

Vale destacar ainda as notícias de que o governo protagonizou dois recuos importantes ontem. Temer decidiu não tirar totalmente do projeto de mudanças os servidores públicos estaduais. A estratégia é incluir na proposta em discussão na Câmara um artigo que dá aos governadores o prazo de seis meses para aprovarem nas Assembleias Legislativas os regimes próprios para seu funcionalismo. Caso contrário, passa a valer para eles as mesmas regras federais. Além disso, também desistiu do que estava sendo chamada “terceirização branda”, ou seja, aprovar o projeto sobre o tema que está no Senado. Sancionará a proposta aprovada na Câmara. Alguma mudança será incluída no projeto de reforma trabalhista, em tramitação na Câmara e que o presidente Temer espera ver aprovado nas próximas semanas. Confira mais clicando aqui. 

Por fim, está a Lava Jato: o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin deve anunciar no mês que vem se aceita os 83 pedidos de abertura de investigação contra citados nas delações de ex-diretores da empreiteira Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato. De acordo com a assessoria do ministro, o trabalho de análise dos pedidos entrará pelo mês de abril. Além disso, nesta manhã, a Polícia Federal (PF) deflagrou a 39ª fase da Lava Jato, com um mandado de prisão sendo cumprido na cidade do Rio de Janeiro.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.