Ibovespa Futuro segue dúvida global com Trump e sinaliza dia de forte queda; dólar sobe

No radar dos investidores segue a incerteza com relação à política nos Estados Unidos após a derrota sofrida pelo governo Donald Trump em seu plano de alteração no sistema de saúde, além do monitoramento da recuperação gradual nas atividades do setor frigorífico

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – Após acumular uma semana negativa, o Ibovespa Futuro iniciou a segunda-feira (27) em queda expressiva, acompanhando o movimento de cautela dos mercados internacionais. Às 9h07 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice com vencimento em abril operavam com variação negativa de 1,23%, a 63.600 pontos. No radar dos investidores segue a incerteza com relação à política nos Estados Unidos após a derrota sofrida pelo governo Donald Trump em seu plano de alteração no sistema de saúde, além do monitoramento da recuperação gradual nas atividades do setor frigorífico com a reabertura de mercados importantes.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 acumulavam recuo de 1 ponto-base, a 9,86, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 caíam 2 pontos-base, a 9,86%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em abril subiam 0,18%, sinalizando cotação de R$ 3,120.

Confira ao que se atentar neste pregão e na semana:

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Bolsas mundiais

A segunda-feira começa com aversão a risco nos mercados, com os investidores inseguros com a capacidade política do governo de Donald Trump de implementar sua agenda econômica. Os preços das ações e commodities recuaram de forma generalizada, o que favoreceu os bônus do Tesouro Americano, conforme destaca a LCA Consultores. Na avaliação da consultoria, agora o governo parte para a importante reforma tributária, que é um tema que conta com maior apoio no Partido Republicano. Entretanto, o revés na reforma da Saúde e a forte divisão dentro do partido governista aumentam as incertezas com a capacidade política de se chegar a um consenso. 

Já a Opep sinalizou que poderá estender o corte da produção, em função do fato de que a metade dos doze países membros do cartel pleiteia por mais tempo para reduzir os seus estoques de óleo. Esse pedido foi feito por Kuwait, Argélia e Venezuela. Rússia e Omã, que não pertencem ao cartel também apoiaram a medida. A proposta é conceder mais seis meses e uma decisão final será tomada na reunião da Opep no dia 25 de maio. Contudo, em meio a incertezas sobre o corte da produção, o dia é de queda para o petróleo. 

 Na Ásia, os mercados acionários da China caíram nesta segunda-feira, com o otimismo sobre os dados mostrando aumento dos lucros nas indústrias ofuscados por novas restrições imobiliárias e sinais de que a política monetária pode ser apertada ainda mais.  

Este era o desempenho dos principais índices:

*FTSE 100 (Reino Unido) -0,73%

*CAC-40 (França) -0,34%

*DAX (Alemanha) -0,75%

*Xangai (China) -0,08% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) -0,68% (fechado)

*Nikkei (Japão) -1,44% (fechado)

*Petróleo brent -0,49%, a US$ 50,55 o barril

*Petróleo WTI -0,77%, a US$ 47,60 o barril

*Minério de ferro negociado com 62% de pureza no porto chinês de Qingdao -4,10%, a US$ 81,57 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian -5,17%, a 550 iuanes

Relatório Focus

As expectativas dos economistas consultados pelo Banco Central sobre os principais indicadores brasileiros mostraram tom mais otimista conforme aponta o relatório Focus da última semana, divulgado na manhã desta segunda-feira. De acordo com o levantamento, a mediana das projeções para a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) recuaram de 4,15% para 4,12% em 2017 e se mantiveram em 4,50% no ano seguinte. Para a taxa de câmbio também houve uma pequena mudança, com a mediana das projeções recuando de R$ 3,29 para R$ 3,28 neste ano, mas mantendo-se em R$ 3,40 para 2018.

Já do lado da atividade econômica, as expectativas para o PIB (Produto Interno Bruto) apresentaram leve queda de 0,48% para 0,47% neste ano, ao passo que para o ano seguinte continuaram em 2,50%. Também houve alteração nas apostas dos economistas consultados pelo BC para a balança comercial, indo de US$ 48,10 bilhões para US$ 49,50 bilhões neste ano e de US$ 40 bilhões para US$ 41,20 bilhões no ano seguinte. A mediana das projeções para a taxa básica de juros — a Selic –, por sua vez, continuo em 9% em 2017 e em 8,50% no ano seguinte.

Entre os cinco economistas que mais acertam em suas projeções — o chamado “top 5” — a mediana das estimativas para o IPCA seguiram em 3,90% para este ano e 4,50% para o seguinte, assim como a taxa de câmbio em R$ 3,35 e R$ 3,50, respectivamente. Já para a Selic, houve leve recuo de 9% para 8,88% neste ano, enquanto em 2018 seguiram em 8,50%.

Agenda de indicadores

A agenda doméstica é dominada por indicadores do Banco Central. Na quinta-feira, sai o RTI (Relatório Trimestral de Inflação), que, a partir desta edição, passa a ser divulgado às 8h. Na sexta-feira, às 8h30, será apresentado o IBC-Br (Índice de Atividade do Banco Central) de janeiro, considerado uma espécia de prévia do PIB brasileiro. A LCA Consultores estima uma queda de 0,2% na margem e na comparação interanual. Além disso, a autoridade monetária divulga também as notas de mercado aberto, na terça-feira, de política monetária e operação de crédito, na quarta-feira, e de política fiscal, na sexta-feira, todas às 10h30.

Ainda no Brasil, o Tesouro divulga o Relatório Mensal da Dívida Pública, na terça, e o Resultado Primário do Governo Central, na quinta, ambos sem horário definido, além de realizar o leilão tradicional de LTN e NTN-F e o resgate antecipado de NTN-F, na quinta-feira, às 11h30. Na sexta-feira, sai a taxa de desemprego de março, medida pela Pnad Contínua. Ao longo da semana, mas sem data definida, são esperados os números da arrecadação federal de impostos.

No exterior, destaque para o PIB dos Estados Unidos, na quinta-feira, às 9h30, e para os dados de inflação medida pelo PCE, na sexta-feira, no mesmo horário. Na terça-feira, às 13h50, os investidores acompanham a fala de Janet Yellen, às 13h50, e outros dez discursos de presidentes regionais do Fed ao longo da semana.

Na Europa, a sexta-feira traz a taxa de desemprego da Alemanha, Às 4h55, o PIB do Reino Unido, às 5h30, e o CPI da zona do euro, às 6h. Na Ásia, foco nos PMIs Industrial e de Serviços da China, na quinta-feira, às 22h, e para o balanço em conta corrente de março, ainda sem data definida.

Política em Brasília

Em Brasília,  os destaques são o anúncio do corte de gastos do governo e um possível aumento de impostos que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anuncia na terça-feira.  A estimativa é de que algo entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões virá de ajuste de tributos, aumento do IOF e do PIS/Cofins, inclusive sobre combustíveis, e eliminação de parte da desoneração sobre a folha de pagamentos.

Destaque ainda para as movimentações sobre a reforma da Previdência. Segundo informações do Broadcast, o presidente Michel Temer admitiu a possibilidade de incluir uma emenda na proposta de reforma da Previdência estabelecendo prazo de seis meses para que Estados e municípios promovam mudanças nos sistemas de aposentadoria dos servidores. 

Além disso, é esperado que o ministro relator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin, tome uma decisão sobre os 320 pedidos da Procuradoria-Geral baseados nas delações da Odebrecht.  Destaque ainda para a repercussão das manifestações do último domingo em defesa da Operação Lava Jato e pelo fim do foro privilegiado, que tiveram adesão menor do que a esperada. 

Crise da Carne

O Brasil conseguiu reverter restrições da China, Chile e Egito, o que pode favorecer empresas do setor de carne, em especial JBS e BRF, que têm sido destaques negativos na bolsa desde que a PF deflagrou a operação Carne Fraca. Além disso, o Comissário da UE Vytenis Andriukaitis vem ao Brasil para discutir a questão da carne com o ministro da Agricultura, segundo o porta-voz da Comissão Europeia, Enrico Brivio.

Vale destacar que o juiz federal Marcos Josegrei da Silva determinou a soltura de três presos na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. A decisão do juiz, que é responsável pela operação, foi tomada no sábado (25). Ele determinou a soltura de Rafael Nojiri Gonçalves, Antônio Garcez da Luz e Brandízio Dario Júnior. 

Noticiário corporativo

As recomendações de mercado são destaque no noticiário corporativo desta segunda-feira. A JBS foi rebaixada de overweight para neutra pelo JPMorgan, a Marfrig foi elevada de underweight para neutra e a Minerva foi elevada de neutra para overweight. Ainda sobre a BRF,  o Conselho propõe reeleição de Abilio Diniz para chairman e criou grupo para reatestar adesão a padrões internacionais. Ainda entre as recomendações, a BR Malls foi rebaixada de outperform para neutra pelo Credit Suisse. 

A Vale também pode estar nos holofotes. A empresa disse que ação coletiva nos EUA contra a mineradora foi extinta. A companhia ainda deve receber na semana uma lista com possíveis nomes para assumir a presidência da empresa, segundo um membro do governo com conhecimento do assunto. Os nomes ainda não chegaram à mesa do presidente Michel Temer e é pouco provável que seja anunciado nesta semana, disse uma fonte à Bloomberg. No radar de resultados, a Cesp registrou um lucro líquido de R$ 25,562 milhões no quarto trimestre de 2016, revertendo o prejuízo de R$ 360,67 milhões anotado em igual etapa de 2015. No ano, o ganho consolidado da geradora paulista foi de R$ 305,095 milhões, ante prejuízo de R$ 61,357 milhões reportado no ano anterior.

(Com Bloomberg, Reuters e Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.