Dólar afunda após “derrota” de Trump no Congresso; Ibovespa sobe, mas não evita queda na semana

Índice teve sessão volátil de olho em riscos envolvendo as reformas do governo brasileiro, enquanto nos EUA dia foi tenso por votação no Congresso americano

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou com leves ganhos nesta sexta-feira (24), mas ficou com perdas na semana diante das questões envolvendo o cenário político doméstico e a tensão com as reformas do governo. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o dia foi de grande apreensão por conta da expectativa da votação no Congresso para o pacote de saúde do presidente Donald Trump – que acabou sendo adiado na última hora.

Neste cenário, o benchmark da bolsa fechou com ganhos de 0,51%, aos 63.853 pontos – com volume de R$ 7,290 bilhões -, enquanto no acumulado da semana o índice caiu 0,55%. Já o dólar acentuou as perdas diante dos problemas enfrentados por Trump no Congresso, caindo 0,94%, cotado a R$ 3,1083 na venda, enquanto o contrato de dólar futuro com vencimento em abril teve baixa de 0,92%, a R$ 3,119.

Após a votação chegar a ser marcada para 16h30, o projeto de lei que busca substituir o Obamacare foi tirado de pauta, em um sinal de derrota de Trump no Congresso. Ele pediu diretamente ao presidente da Câmara, Paul Ryan, que retirasse a proposta da pauta. A decisão foi tomada após os líderes republicanos não conseguirem persuadir membros suficientes de seu próprio grupo para apoiar o pacote. Foi a segunda vez em menos de 30 horas que os republicanos adiaram a votação na Câmara sobre a reforma do sistema de saúde.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Por aqui, o mercado digere a confirmação de alta de impostos feita pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista ao SBT na véspera (confira a entrevista clicando aqui). Além disso, de acordo com o jornal O Globo, o governo pode mudar cálculo de precatórios para reduzir rombo fiscal, em medida proposta pela equipe da ex-presidente Dilma Rousseff. A ideia geral é que recursos destinados ao pagamento de precatórios que estejam parados nos bancos há mais de quatro anos não sejam contabilizados como despesas primárias e ajudem na realização da meta, diz jornal.

Chama atenção ainda notícias sobre novas mudanças na reforma da Previdência. Segundo informa a Reuters, o governo faz as contas para mexer em pelo menos mais dois pontos da reforma da Previdência e facilitar a tramitação na Câmara dos Deputados: a contribuição para a aposentadoria rural e o sistema de transição entre o atual e o novo sistema, dois pontos em que os parlamentares mais insistem por mudanças. 

Destaques da Bolsa

As ações da Petrobras tiveram leves perdas em um dia de noticiário corporativo agitado para a empresa. A sessão é de leves ganhos para o petróleo, com o mercado na expectativa pela reunião da Opep que acontecerá no final de semana. A companhia ainda teve a recomendação elevada pelo SocGen. 

Por outro lado, o Estadão informa que o multibilionário fundo soberano dos Emirados Árabes, o Abu Dhabi Investment Authority (ADIA), entrou com um processo contra a Petrobras na corte Sudeste de Nova York pedindo indenização pela desvalorização de ações e bônus da companhia de petróleo em função dos casos de corrupção apurados nos últimos anos.

O fundo engrossa a lista de grandes investidores que estão pedindo ressarcimento à empresa, alegando que ela mentiu e omitiu em seus balanços os verdadeiros resultados e receitas, contaminados pelos pagamentos de propinas que vieram à tona com a Operação Lava Jato. 

Enquanto isso, as ações da Vale recuaram em um dia de baixa para o minério de ferro. O contrato futuro do minério de ferro negociado em Dalian fechou em baixa de 0,51%, a 581 iuanes, enquanto o spot negociado em Qingdao teve baixa de 1,5%, a US$ 85,06 a tonelada. 

Destaque ainda para a intensa safra de balanços. Chama a atenção o desempenho de Cyrela, que registrou baixa após encerrar o quarto trimestre de 2016 com lucro líquido de R$ 31 milhões, uma queda de 68,4% ante o mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, a companhia registrou lucro de R$ 151 milhões, com redução de 66,2%. 

Segundo o Credit Suisse, a Cyrela entregou um trimestre dentro do esperado em que a empresa conseguiu mostrar um fluxo de caixa livre recorrente positivo de R$ 120 milhões, depois de quatro trimestres de FCF negativo. Do lado negativo, o nível de margem bruta ficou abaixo da expectativa e as provisões um pouco acima do esperado. 

Outro destaque ficou para a JBS, em meio a um noticiário movimentado em decorrência das Operações Carne Fraca e Carne Fria. A companhia se tornou alvo de uma ação coletiva nos EUA por perdas com Carne Fraca, segundo informou a Bloomberg. Além disso, a empresa afirmou que vai contestar “paralisação absurda” de unidade no Pará em decorrência da Operação Carne Fria, deflagrada na quarta-feira. A companhia informou que não comprou gado de fazendas embargadas, cumprindo totalmente o objetivo de desmatamento zero, disse Marcio Nappo, diretor de sustentabilidade da JBS, em entrevista para a Bloomberg.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 LREN3 LOJAS RENNERON EJ 27,30 +4,20 +18,16 104,72M
 CMIG4 CEMIG PN 10,21 +3,87 +32,43 77,13M
 EQTL3 EQUATORIAL ON 57,40 +3,24 +5,51 111,57M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 8,72 +2,35 +5,83 34,81M
 CSAN3 COSAN ON 37,63 +2,23 -1,36 39,55M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,03 -4,01 +4,79 55,08M
 USIM5 USIMINAS PNA 4,05 -2,88 -1,22 47,38M
 GGBR4 GERDAU PN 11,15 -2,62 +3,24 88,08M
 FIBR3 FIBRIA ON 27,83 -2,56 -12,73 35,27M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 12,87 -2,35 -9,37 24,84M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 CTIP3 CETIP ON EJ 49,05 -0,10 693,67M 143,21M 13.905 
 PETR4 PETROBRAS PN 13,48 -0,66 404,14M 611,67M 36.193 
 VALE5 VALE PNA 27,29 -1,48 353,74M 846,16M 18.356 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 18,71 +0,05 309,01M 215,02M 20.992 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 38,28 +1,08 248,36M 397,58M 20.402 
 LAME4 LOJAS AMERICPN 16,10 +1,26 241,87M 110,75M 15.755 
 BBDC4 BRADESCO PN 31,73 +1,44 190,39M 290,25M 17.967 
 BBAS3 BRASIL ON 33,20 +0,45 154,39M 242,10M 15.387 
 PETR3 PETROBRAS ON 14,17 +0,21 143,60M 162,57M 24.324 
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 61,28 -1,54 140,06M 54,44M 10.762 

 

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.