13 ações e um setor para ficar de olho no início do pregão desta quinta

As informações de que você precisa para operar bem neste pregão

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Enquanto o exterior acompanha de perto a fala de Janet Yellen e o Congresso dos EUA, o Brasil fica de olho nos avanços da aprovação de reformas. Ontem à noite, a Câmara aprovou terceirização ampla, mas margem apertada não sinalizou otimismo com reformas um dia após Temer recuar na Previdência. O mercado também repercute o anúncio do governo de que o orçamento tem corte mínimo de R$ 44 bilhões e o imposto pode aumentar.  Confira as ações para monitorar e os destaques desta quinta-feira (23):

Ações para monitorar

BM&FBovespa (BVMF3) e Cetip (CTIP3): A BM&FBovespa e a Cetip informaram que o executivo Gilson Finkelsztain assumirá o cargo de diretor presidente da companhia resultante da fusão entre as duas empresas a partir de 1º de maio de 2017. O anúncio ocorre após a combinação dos negócios ter obtido todas as aprovações de órgãos governamentais competentes. De acordo com o documento, a consumação da operação se dará em 29 de março. Até 30 de abril, a companhia fruto da fusão terá Edemir Pinto como diretor presidente, e Finkelsztain atuará como diretor executivo da integração.
Frigoríficos: A Operação Carne Fraca segue reverberando nos mercados: a Arábia Saudita suspendeu a importação de carne de BRF (BRFS3), Seara e mais duas empresas, enquanto o Vietnã suspendeu a importação de carne do Brasil a partir desta quinta. Em meio a esse cenário, a maior indústria do setor, a JBS (JBSS3), que abate cerca de 30 mil cabeças por dia, reduziu o ritmo entre 25% e 30%, informa o Valor. A Marfrig (MRFG3), segunda maior companhia de carne bovina do país, não envolvida na investigação, manteve a escala de abates. Segundo o Santander,  “as restrições comerciais terão curta duração, mas a reputação do Brasil foi danificada”, colocando a JBS como “a maneira mais segura” de se posicionar na recuperação.
Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4): A holding controladora do grupo siderúrgico Gerdau, Metalúrgica Gerdau confirmou nesta quarta-feira a relação de 1 para 1 na troca de ações proposta em oferta pública (OPA), como parte de acordo da companhia com o BTG Pactual. A Metalúrgica informou que contratou o Bradesco BBI para ser intermediário da OPA e que por meio dele poderá adquirir até a totalidade das ações ordinárias da Gerdau remanescentes na oferta, num total de 88.007.769 de ações.
Oi (OIBR4): Depois de oito horas de reunião, o Conselho de Administração da Oi aprovou o plano alternativo de recuperação judicial da empresa, segundo informou a coluna radar on-line, da Veja. Pelo acordo, os acionistas aceitam dar imediatamente 25% das ações aos credores como forma de abater a dívida. A companhia telefônica também divulgou seu resultado nesta noite. A operadora teve prejuízo líquido de R$ 7,1 bilhões em 2016 ante R$ 6,6 bilhões em 2015. Considerando apenas o resultado do quarto trimestre, a empresa teve prejuízo líquido de operações continuadas de R$ 3,3 bilhões, uma queda de 29,8% sobre um ano antes. De acordo com o Bradesco BBI, diante dos recentes comunicados dos bondholders “acreditamos que a nova proposta da empresa ainda enfrentará grande resistência”; “uma intervenção da Anatel parece estar ganhando terreno, assumindo que os detentores de dívida não aceitem o plano, já que os acionistas querem evitar uma diluição maior”. O Itaú BBA espera reação neutra a “bons resultados” das operações no Brasil já que investidores estarão concentrados no anúncio do plano de recuperação.
Sanepar (SAPR4): O Conselho da Sanepar aprovou nesta quarta-feira pedir à Agepar que seja acatada a sugestão de fixar o percentual de 25,63% como o necessário para que a empresa continue prestando o serviço adequado, disse a estatal paranaense em fato relevante. A empresa também pede à agência que seja reduzido o prazo de diferimento previamente proposta de 8 anos para até 4 anos, ou dentro do próprio ciclo tarifário. A Sanepar disse que participará de audiência pública no dia 24 de março, às 18h, para defender seus interesses. 
Petrobras (PETR3; PETR4): A Petrobras comentou reportagem da Folha de S.Paulo informando que empresa venderá por US$ 40 milhões as sondas compradas por US$ 720 milhões. A estatal diz que preços baixos do petróleo levaram a uma queda na demanda por plataformas em todo o mundo e que estaria acompanhando movimento das demais empresas. A Petrobras informou, em comunicado por e-mail em 17 de março, que o preço de US$ 40 milhões é apenas uma referência.
CPFL Renováveis (CPRE3): A CPFL Renováveis encerrou o quarto trimestre de 2016 com prejuízo líquido de R$ 26,245 milhões ante lucro líquido de R$ 82,643 milhões apurado no mesmo período do ano anterior. Em 2016, a empresa registrou prejuízo líquido de R$ 143,706 milhões, valor 195% maior que o prejuízo de R$ 48,717 milhões de 2015. 
Even (EVEN3): Em meio aos distratos de R$ 618 milhões, a Even viu o seu lucro líquido cair 98% no ano passado, para R$ 1,9 milhão. A receita líquida da incorporadora teve retração de 21%, para R$ 1,74 bilhão. No quarto trimestre, a Even teve prejuízo líquido de R$ 26,1 milhões, 149% maior que a perda líquida registrada na comparação anual. 
Movida (MOVI3): A Movida viu seu lucro cair 92,6% no quarto trimestre na comparação anual, de R$ 15,28 milhões para R$ 1,129 milhão. De acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores da Movida, Edmar Lopes, a queda do lucro aconteceu por conta das despesas financeiras relacionadas ao processo de crescimento da empresa e, em 2017, o foco será a rentabilidade. 
Hermes Pardini (PARD3): A Hermes Pardini teve a cobertura iniciada pelo Bradesco BBI com recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 24,00, destacando as vantagens competitivas da companhia e vendo boas perspectivas para o setor de medicina diagnóstica em meio ao envelhecimento da população brasileira, a maior penetração dos planos de saúde privados e introdução de novas tecnologias. A Hermes Pardini também foi iniciada com recomendação overweight pelo JPMorgan. As ações da companhia estrearam na Bolsa em 14 de fevereiro.
Fleury (FLRY3): A ação da Fleury foi rebaixada para neutra pelo Bradesco BBI, mantendo o preço-alvo de R$ 48,00.
JB Duarte (JBUD4): O Supremo Tribunal Federal deu despacho favorável à JB Duarte em recurso extraordinário impetrado pela Receita Federal em questionamento sobre ressarcimento de imposto de importação de trigo, segundo comunicado da empresa à CVM. A companhia calculou que ressarcimento será de R$ 110 milhões, ainda a depender de determinação de valor pela Justiça. O valor ainda não se encontra contabilizado pela JB Duarte. 
Copel (CPLE6): O conselho de administração da Copel aprovou a indicação de Antonio Sergio de Souza Guetter para presidência da elétrica estatal, de acordo com ata de reunião realizada na véspera. Guetter completará o mandato 2015-2017, substituindo Luiz Fernando Leone Vianna, nomeado para a diretoria-geral de Itaipu.

 

2. Bolsas mundiais

A sessão é de maior alívio para as bolsas mundiais nesta quinta-feira, após duas últimas sessões bastante tensas em meio à percepção de que o presidente dos EUA Donald Trump terá capacidade para implementar as suas reformas. O investidor aguarda hoje pela votação no Congresso americano da mudança em projeto de lei sobre saúde, que servirá de termômetro sobre a aprovação de outras reformas. 

  1. Antes disso, a chairwoman do Fed Janet Yellen falará, o que será acompanhado atentamente pelos mercados para reforçar a percepção sobre o tom gradualista da autoridade monetária. Na China, as bolsas fecharam em alta, apesar da continuidade das preocupações com o aperto da liquidez e o aumento das regulações.
  2. No mercado de commodities, o dia é de alívio: o petróleo tem a primeira alta em quatro dias, enquanto o minério de ferro de Qingdao sobe e de Dalian registra baixa. 

Às 7h59, este era o desempenho dos principais índices:

*FTSE 100 (Reino Unido) -0,07%

*CAC-40 (França) +0,08%

*DAX (Alemanha) +0,34%

*Xangai (China) +0,11% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) +0,03% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,23% (fechado)

*Petróleo brent +0,53%, a US$ 50,91 o barril

*Petróleo brent WTI, +0,54% a US$ 48,30 o barril

*Minério de ferro negociado com 62% de pureza no porto chinês de Qingdao +1,61%, a US$ 86,36 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian -1,86%, a 581 iuanes

 

3. Agenda 

Os destaques do dia são o discurso da presidente do Fed, Janet Yellen, e os dados de auxílio-desemprego dos Estados Unidos, ambos às 9h30. Às 11h, saem dados do setor imobiliário norte-americano e os investidores acompanham falas dos presidentes regionais do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, Às 13h30, e de Dallas, Robert Kaplan, às 20h. No Brasil, o único evento importante é o Leilão Tradicional de LTN e LFT que o Tesouro Nacional realiza, às 11h30.

Veja a agenda completa de indicadores clicando aqui

Na agenda do dia, o presidente do BC Ilan Goldfajn tem reunião com executivos do Eurasia Group, com deputada federal Tereza Cristina, com executivos da Oliver Wyman, todos no edifício-sede do BC em Brasília; também se reúne com Henrique Meirelles, ministro da Fazenda; Aloysio Nunes, ministro de Relações Exteriores; e Marcello Estevão, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, no Palácio do Itamaraty. Já Blairo Maggi, ministro da Agricultura, realiza coletiva de imprensa para falar sobre Operação Carne Fraca, 11h00. A “crise da carne” segue com restrições da China, Vietnã e Arábia Saudita. 

4. Corte do orçamento, aumento de impostos e terceirização

Em destaque, a Câmara aprovou o texto-base do projeto de terceirização por 231 votos a 188 e 8 abstenções. Apesar da vitória do governo, a margem estreita, de 43 votos, é sinal de que haverá dificuldades em reformas da Previdência e Trabalhista, conforme destaca a Folha.

O governo anunciou ainda que o Orçamento de 2017 tem rombo de R$ 58,2 bilhões e ainda não decidiu tamanho do contingenciamento nem se haverá aumento de impostos. O corte mínimo será de R$ 44 bilhões sem aumento de impostos, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O aumento de tributo é uma grande possibilidade. Segundo o Valor, o governo cogita reonerar empresas com contribuição sobre a folha. O aumento do PIS/Cofins e IOF sobre câmbio também são possibilidades. 

5. Reforma da Previdência

O mercado também fica de olho na reforma da Previdência, em meio às mudanças no projeto. Na última terça-feira, o presidente retirou os servidores estaduais e municipais da reforma e, em entrevista à GloboNews ontem, disse que isso ocorreu porque acabou invadindo  uma competência do estado membro da federação (veja mais destaques clicando aqui). Contudo, a decisão de Temer causou apreensão entre os governadores, destaca O Globo. Eles queriam que as mudanças no regime de aposentadorias de policiais militares, bombeiros e professores – que hoje podem requerer benefícios mais cedo – fosse definida na reforma apresentada ao Congresso pela União. Assim, não teriam o ônus de tratar de um tema impopular nas assembleias legislativas, onde já é difícil conseguir aprovar qualquer medida de ajuste fiscal.

A coluna de Ribamar Costa, do jornal Valor Econômico, também destaca a percepção de alguns líderes governistas de que o mercado se precipitou ao precificar aprovação da reforma da Previdência enviada pelo governo,  Algo da reforma será aprovado, mas referência não será a preocupação com eventual reação negativa dos investidores a uma reforma mais modesta. O foco dos parlamentares será eleição de 2018, destaca a coluna. (Com Bloomberg, Reuters e Agência Estado) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.