Propina da “Carne Fraca” abastecia PMDB e PP, diz PF; carne da BRF com salmonela foi barrada na Europa

De acordo com delegado, os produtos vencidos eram adulterados para disfarçar cheiro": também injetavam água na carne para aumentar o peso", afirmou o delegado Mauricio Moscardi Grillo em entrevista coletiva

Lara Rizério

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SÃO PAULO –  A JBS e a BRF, duas das maiores companhias globais da indústria de carnes, articulavam fraudes em fiscalizações do Ministério da Agricultura com um esquema de pagamento de propina, de acordo com investigação da operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira pela Polícia Federal.

Segundo o delegado Mauricio Moscardi Grillo, um dos fatos identificados na operação foi o pagamento de propinas a fiscais para fábricas contaminadas continuarem funcionando, entre diversas outras irregularidades nas fiscalizações.

O delegado afirmou ainda, em entrevista coletiva sobre a operação, que há indicação de que parte da propina a fiscais seria direcionada a partidos políticos. 

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“Dentro da investigação ficava bem claro que uma parte do dinheiro da propina era, sim, revertido para partido político. Caracteristicamente, já foi falado ao longo da investigação dois partidos que ficavam claro: o PP e o PMDB”, disse. 

Ele ainda afirmou que a empresas como a BRF e a JBS foram “corruptoras” e “incentivaram” o que parece ser um gigantesco esquema de corrupção no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Não era uma relação de extorsão. Os empresários incentivavam [o esquema]. Eram corruptores, não extorquidos”, afirmou.

Grillo ainda afirmou que produtos químicos foram usados pra maquiar o cheiro. “Também injetavam água na carne para aumentar o peso”. Moscardi acrescentou que nem mesmo os fiscais envolvidos, que costumavam ganhavar carnes dos proprietários como benefício, estavam aguentando a má qualidade dos produtos. “Eles comentavam entre si que não estava mais dando para receber”, disse.

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O delegado apontou que todas as empresas que foram alvo da investigação tinham problemas sérios e que os casos assustam: “agora passo mais tempo no supermercado até escolher um produto”, afirmou. 

Executivos do frigorífico JBS e da empresa BRF Brasil foram presos. O esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Segundo a PF, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás ‘atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público’.

Vale destacar que diálogos deflagrados nesta sexta-feira (17), indicam que um carregamento de carnes do frigorífico da BRF em Mineiros (GO) foi barrado em um porto da Itália por conter indícios de salmonela, bactéria que causa infecção com vômitos e fortes diarreias. A bactéria foi identificada em pelo menos quatro contêineres. 

 (Com Reuters)

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.