Sabesp sente as dores da Sanepar e cai 4%, MRV salta 4% e small cap desaba até 9% após ver lucro encolher 50%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quinta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – A aversão ao risco predominou novamente no mercado brasileiro. O Ibovespa fechou na sua quarta sessão seguida de perdas, pressionado pela Petrobras, enquanto a Vale conseguiu virar para o positivo na reta final de pregão. Apesar da recuperação da mineradora, o mercado segue apreensivo com o movimento das commodities: enquanto o petróleo vai pela primeira vez no ano abaixo de US$ 50,00 o barril no mercado internacional, o minério de ferro sentiu a pressão dos comentários da BHP Billiton, que vê mais quedas da commodity pela frente (leia mais). 

Do lado dos ganhos, atenção redobrada para as ações da MRV Engenharia, que depois de caírem ontem apesar dos bons dados divulgados no 4° trimestre, lideram os ganhos do Ibovespa, com alta de 6%. Também reportou um bom resultado hoje a Embraer, que contribuiu para alta de até 6% de suas ações na máxima do dia. 

Na contramão, a Sabesp apareceu como a maior queda do Ibovespa, sentindo as dores da Sanepar – ação de utilities negociada fora do índice – que desabava após o que parecia ser uma “boa notícia”: a divulgação da sua revisão tarifária. Na esteira, a Copasa – também do setor de utilities – desabou na Bovespa (leia aqui). 

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 14,81, -0,60%; PETR4, R$ 14,50, -0,34%)
As ações caíram pelo segundo pregão seguido, acompanhando a derrocada dos preços do petróleo. A commodity tipo WTI foi abaixo de US$ 50 pela 1ª vez no ano, após despencar mais de 5% na véspera com a alta dos estoques de petróleo pela quinta semana seguida nos EUA.

Nesta sessão, o petróleo WTI caía 1,57%, a US$ 49,49 o barril, enquanto o Brent recuava 1,39%, a US$ 52,37 o barril. O movimento ocorre após a commodity ter despencado mais de 5% na véspera, em reação à surpresa negativa com os dados de estoques nos Estados Unidos, que subiram pela 9ª semana seguida e atingiram novamente recorde de volume no país em meio ao aumento da produção do shale gas.

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Vale (VALE3, R$ 30,18, +0,20%; VALE5, R$ 28,85, +0,70%)
Apesar do movimento negativo do minério, os papéis da Vale conseguiram fechar em terreno positivo, após caírem mais de 3% nesta sessão. Por sua vez, a Bradespar (BRAP4, R$ 22,11, -1,07%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 11,95, -1,57%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 5,83, -3,00%), Usiminas (USIM5, R$ 4,84, +1,68%) e CSN (CSNA3, R$ 10,51, -0,94%) fecharam entre altas e perdas. 

Hoje, os contratos futuros do minério negociado na Bolsa de Dailian caíram 1,05%, a 658 iuanes a tonelada. Já minério spot (à vista) negociado no Porto de Qingdao, na China, fechou em queda de 0,46%, a US$ 86,79 a tonelada. 

O movimento ocorre após a BHP declarar que está detectando uma desaceleração no efeito de estímulo do governo chinês – que foi o principal catalisador para a recuperação da indústria de commodities em 2016 – e que isso pode provocar mais baixas nos preços da commodity.

Sobre Gerdau, vale lembrar a notícia de ontem, que puxou as ações ONs para queda de 6% e as ONs para alta de 17%, sendo que atingiram na máxima do dia valorização de 27%.  O motivo do movimento? A Metalúrgica Gerdau e BTG Pactual fecharam acordo para troca de ação da Gerdau e o consequente pedido de OPA (Oferta Pública de Aquisição) das ações GGBR3 (veja mais aqui).

Segundo o Santander, o anúncio é negativo para a Gerdau, pois cria um potencial “overhang” (excesso de liquidez) nas ações GGBR4, equivalente a R$ 424 milhões ou cerca de 4 dias de negociação, lembrando que o BTG pode decidir diversificar seus investimentos vendendo sua participação na empresa. 

Apesar da possível pressão nas ações PNs da Gerdau, a equipe de análise da XP Investimentos disse que continua otimista com a ação no médio e longo prazo, embora aponte que esses papéis podem continuar voláteis no curto prazo. “Mas tal decisão (o fato relevante divulgado ontem) gera valor a todos os acionistas, além de aumentar sua liquidez em Bolsa”, comentou. Para aqueles que têm GGBR3, os analistas indicam que o embolso parcial do lucro ou a venda do ativo, dado que acreditam que grande parte do potencial ganho no papel já foi incorporado pelo mercado.  

Embraer (EMBR3, R$ 19,18, +2,08%)
As ações da Embraer amenizaram os ganhos, após alta de 6,07% registrada mais cedo. Os papéis reagem hoje ao forte resultado do 4° trimestre, conforme avaliaram os analistas do Credit Suisse, BTG Pactual, Bank of America Merrill Lynch e XP Investimentos. 

Segundo o BTG Pactual, no geral, o resultado veio bom, suportando a visão positiva no case. “Há alguns meses, quando demos upgrade, a ação era claramente um ‘value stock’ e a performance recente mostra que o papel já não é uma barganha, mas continuamos gostando”, comentaram os analistas, que seguiram com recomendação de compra. 

A empresa registrou lucro líquido de R$ 648,3 milhões no quarto trimestre, 52,2% maior que o resultado de R$ 425,8 milhões apurado no mesmo período de 2015. A empresa ainda apurou geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 1,258 bilhão de reais entre outubro e dezembro, mais que o dobro dos 579,5 milhões de reais observados no último trimestre de 2015. A Embraer fechou 2016 com lucro líquido de R$ 585,4 milhões, alta de 142,3% ante R$ 241,6 milhões um ano antes. A receita avançou 5,6%, para R$ 21,436 bilhões.

A derrocada das “utilities”
As “utilities” Sabesp (SBSP3, R$ 31,34, -4,54%), Sanepar (SAPR4, R$ 11,15, -12,09%) e Copasa (CSMG3, R$ 46,26, -12,09%) foram os destaques negativos da Bovespa nesta sessão. Tudo por conta do que parecia ser uma boa notícia: a divulgação da revisão tarifária da Sanepar. Embora a revisão tenha vindo até acima do esperado – 25,63% -, o mercado não gostou do prazo: a revisão ocorrerá em oito anos, sendo a primeira parte fixada em 5,7% e as demais corrigidas pela inflação. Com isso, a notícia derrubou as ações da Sanepar e dos seus pares na Bolsa (leia mais).

Segundo comentou o BTG Pactual, as variáveis foram melhores do que as esperadas para a Sanepar, mas o diferimento pode levar a uma carga maior para o reajuste nos próximos governos do estado de Paraná, o que aumenta os riscos para os investidores.

O Bradesco BBI também destacou que há uma decepção dos investidores sobre a proposta de diferimento mais longo de 8 anos (corrigido por Selic) e a baixa magnitude do primeiro aumento em 2017, Contudo, o impacto desses parâmetros no NPV (Valor Presente Líquido) é praticamente neutro, de queda de R$ 0,60 por ação. Com isso, os analistas seguem bem positivos com o case. Os analistas do Bradesco BBI apontaram que não gostaram do modesto aumento inicial das tarifas e destacam que isso será um dos focos da audiência pública uma vez que parece não haver base técnica.

Em meio a esse cenário, o novo preço-alvo para o papel é de R$ 21,00 (ante R$24,00), ainda com 55% upside, devido a (1) queda de R$ 0,60 por ação do diferimento; e (2) queda de R$ 2,40 por ação pelo aumento da taxa de desconto em 200 pontos-base (para 10,5%) que reflete um aumento de risco regulatório. Assim, os analistas seguem com recomendação de compra para os papéis.

MRV Engenharia (MRVE3, R$ 14,85, +4,58%)
Do outro lado, as ações da MRV Engenharia voltaram a chamar atenção dos investidores, com alta de quase 6%. Embora os papéis tenham reagido negativamente ao balanço do 4° trimestre ontem, os números divulgados não deixaram dúvidas de que ela é atualmente a melhor construtora da Bovespa (veja aqui). Com o movimento, as ações renovam hoje sua máxima histórica. No ano, a alta acumulada do papel é de 39%.

Time For Fun (SHOW3, R$ 6,77, -5,97%)
A Time For Fun desabaram até 9,44%, indo a R$ 6,52, após ver lucro encolher em quase 50% no 4° trimestre. A empresa reportou no período um lucro líquido de R$ 6,3 milhões, o que representa uma queda de 48,4% ante igual período do ano anterior. Entre outubro e dezembro, a receita da companhia recuou 41%, passando de R$ 229,4 milhões para R$ 134,4 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), por sua vez, ficou em R$ 11,9 milhões, queda de 27%.

Equatorial (EQTL3, R$ 56,75, -3,44%)
A Equatorial Energia teve lucro líquido atribuído aos acionistas controladores de R$ 206 milhões no 4º trimestre de 2016, valor 45,4% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Já a receita operacional líquida somou R$ 2,337 bilhões, 24,7% acima do R$ 1,874 bilhão de igual intervalo de 2015. O Ebitda somou R$ 435 milhões no último trimestre de 2016, valor 31,2% acima dos R$ 332 milhões do três meses finais de 2015.

Lojas Americanas (LAME3, R$ 13,41, +0,15%; LAME4, R$ 15,80, -1,86%)
A Lojas Americanas fixou em R$ 16,00 o preço das ações preferenciais para a oferta primária com esforços restritos, em uma operação que elevará o capital social da empresa em 2,405 bilhões de reais, segundo fato relevante divulgado na madrugada desta quinta-feira. Foram emitidas no âmbito da operação 9.303.562 ações ordinárias e 142.925.334 ações preferenciais. Conforme o documento, o preço por papel ON foi definido em R$ 12,71, tendo como base o valor da PN, aplicado desconto de R$ 20,55. As ações PN da Lojas Americanas fecharam o pregão de quarta-feira em baixa de 4,96% na BM&FBovespa, a R$ 16,10. Com a operação, o capital social da varejista passa a ser de aproximadamente R$ 3,847 bilhões, dividido em 539.943.630 papéis ON e 1.040.318.790 PNs. Os recursos líquidos da oferta serão destinados para expansão da rede de lojas da companhia, capitalização da controlada de comércio eletrônico B2W e reforço de capital. A Lojas Americanas levantou R$ 2,4 bilhões com emissão de ações ON e PN.

Weg (WEGE3, R$ 17,20, +0,58%)
A Weg teve sua recomendação rebaixada de outperform para market perform pelo Itaú BBA, com preço-alvo de R$ 19,00 para o fim deste ano. De acordo com os analistas, a companhia é um bom veículo para operar em meio à recuperação econômica brasileira, Contudo, eles apontam que a ação já teve seu rali e há um potencial de valorização limitado para o papel.

Elétricas
As ações da Cesp (CESP6, R$ 17,30, -3,35%) e da AES Tietê (TIET11, R$ 14,91, -2,36%) tiveram a recomendação rebaixada de compra para neutra pelo Santander, tendo como base o impacto do déficit hidrológico. Contudo, eles apontam que há potencial de valorização para novos projetos, no caso da AES Tietê, e para maior eficiência. Os analistas mantiveram recomendação de manutenção para a Engie Brasil (ENGI3, R$ 4,87, 0,0%). Os preços-alvo da TIET11 passaram para R$ 17,75 ante R$ 18,00, da Engie passou para R$ 39,55 ante R$ 41,55 e da Cesp passou de R$ 17,24 para R$ 19,98.

Totvs (TOTS3, R$ 27,02, -4,01%)
Os analistas do Itaú BBA rebaixaram a recomendação para a Totvs de outperform para marketperform, embolsando os lucros após a forte performance. O preço-alvo é de R$ 28,00 para os ativos.

Hypermarcas (HYPE3, R$ 27,40, +0,96%)
A empresa de produtos farmacêuticos Hypermarcas propôs aos acionistas redução de capital no valor de R$ 821,9 milhões, sem cancelamento de ações, por considerá-lo excessivo, informou a empresa em fato relevante divulgado na noite de quarta-feira. Conforme o documento, acionistas receberão R$ 1,30 real dois meses após a aprovação da operação em assembleia de acionistas. O valor poderá ser ajustado até a data em que a redução de capital se tornar efetiva, dependendo da quantidade de ações em tesouraria. A Hypermarcas também deve submeter proposta de recompra de até 10 milhões de papéis ordinários, o equivalente a 2,6 por cento do total de 358.868.507 ações em circulação no mercado, a serem mantidos em tesouraria, cancelados e/ou posteriormente alienados. O novo programa de recompra de ações tem prazo máximo de 18 meses, a começar em 8 de março de 2017 até 8 de setembro de 2018, segundo o fato relevante. Os papéis da Hypermarcas encerraram a quarta-feira em alta de 0,2 por cento na BM&FBovespa, acumulando neste ano um ganho de 5,8 por cento.

Eletrobras (ELET3, R$ 20,67, +0,24%; ELET6, R$ 24,07, +0,21%)
As elétricas Chesf, Furnas e Eletronorte, todas subsidiárias da estatal Eletrobras, tiveram vetada a participação como proponentes no leilão para a concessão de novas linhas de transmissão de eletricidade agendado pelo governo para 24 de abril.

Em despacho no Diário Oficial da União desta quinta-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontou que as empresas não foram habilitadas devido a atrasos em suas obras no setor ao longo dos últimos 36 meses.

A Chesf acumula nove autos de infração e atraso médio de 1.816 dias em obras de linhas de energia. A Eletronorte tem quatro infrações e 650 dias de atraso médio, enquanto Furnas tem 4 autos de infração e 1.695 dias de atraso, em média.