Após ensaiar correção, Ibovespa mergulha 700 pontos em 40 minutos; dólar e DIs sobem

Índice chega a superar 65 mil pontos, mas não resiste e volta a operar no campo negativo em dia volátil

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após chegar a ensaiar uma correção ao final da manhã, o Ibovespa voltou a operar no campo negativo no começo da tarde desta quinta-feira. Às 12h50 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira acumulava queda de 0,33%, a 64.506 pontos, descolando do movimento visto nas bolsas mundiais, onde os investidores adotam tom de cautela no aguardo de novos drivers. No radar do mercado, destaque para a decisão do BCE (Banco Central Europeu) de manter a política monetária e as expectativas do mercado para os dados do emprego nos Estados Unidos do dia seguinte, que deverão dar novos indicativos sobre a economia e como o Federal Reserve pode se comportar nas próximas reuniões.

Nos primeiros oito minutos de pregão, o índice atingiu a mínima do dia de 64.202 pontos, com o desempenho das commodities e dos mercados internacionais pesando sobre o humor dos investidores. De lá até por volta das 12h10, houve uma correção de alta de cerca de 860 pontos, com empresas de peso na carteira teórica do índice, como Petrobras, Vale e bancos, amenizando perdas, o que levou o benchmark à máxima de 65.067 pontos no dia. A partir daquele momento, o Ibovespa iniciou novo movimento de queda.

Também às 12h50, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 subiam 1 ponto-base, a 10,25%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 acançavam 4 pontos-base, a 10,20%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em abril deste ano subiam 0,47%, sinalizando cotação de R$ 3,198.

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O analista Raphael Figueredo, da Clear Corretora, lembra que o dia é marcado por certa cautela dos investidores, tendo em vista a expectativa pelos dados do emprego nos Estados Unidos. “Não há grandes chances de novas máximas. Amanhã é um dia importante, o mercado deve guardar os cartuchos. O payroll vai ser importante para determinar o fluxo da semana inteira”, observou.

Veja ao que se atentar neste pregão:

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) caem, seguindo a derrocada dos preços do petróleo. A commodity tipo WTI foi abaixo de US$ 50 pela 1ª vez no ano, após despencar mais de 5% na véspera com a alta dos estoques de petróleo pela quinta semana seguida nos EUA. O movimento ocorre após a commodity ter despencado mais de 5% na véspera, em reação à surpresa negativa com os dados de estoques nos Estados Unidos, que subiram pela 9ª semana seguida e atingiram novamente recorde de volume no país em meio ao aumento da produção do shale gas.

Os papéis da Vale (VALE3; VALE5) também seguem o mau humor das commodities e afundam hoje. Acompanham o movimento as ações da Bradespar (BRAP4) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas Gerdau (GGBR4), Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3).

As ações da Embraer (EMBR3), fabricante brasileira de aeronaves, disparam nesta manhã, após registrar lucro líquido de R$ 648,3 milhões no quarto trimestre, 52,2% maior que o resultado de R$ 425,8 milhões apurado no mesmo período de 2015. A empresa ainda apurou geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 1,258 bilhão de reais entre outubro e dezembro, mais que o dobro dos 579,5 milhões de reais observados no último trimestre de 2015. A Embraer fechou 2016 com lucro líquido de R$ 585,4 milhões, alta de 142,3% ante R$ 241,6 milhões um ano antes. A receita avançou 5,6%, para R$ 21,436 bilhões.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON 31,85 -2,99 +10,63 45,07M
 CMIG4 CEMIG PN 10,97 -2,92 +42,28 27,05M
 EQTL3 EQUATORIAL ON 57,12 -2,81 +5,00 40,87M
 PETR3 PETROBRAS ON 14,57 -2,21 -13,99 49,20M
 PETR4 PETROBRAS PN 14,24 -2,13 -4,24 335,49M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON 19,50 +3,78 +21,88 59,64M
 MRVE3 MRV ON ED 14,67 +3,31 +37,38 26,84M
 GOAU4 GERDAU MET PN 6,16 +2,50 +28,33 77,99M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 12,78 +2,40 -10,00 30,88M
 FIBR3 FIBRIA ON 26,56 +2,15 -16,71 25,54M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

 

Juros na Europa

O Banco Central Europeu decidiu não trazer surpresas ao mercado mesmo após sinalizações positivas da inflação no continente. Na manhã desta quinta-feira, a autoridade monetária anunciou a manutenção das taxas de juros a 0%. No comunicado, o BCE repetiu que espera que os juros continuem “nos presentes ou mais baixos patamares por um período ampliado de tempo”. A autoridade monetária também repetiu que está pronta para estender a duração do programa de recompra de títulos públicos se a conjuntura mostrar deterioração.

Embora dados recentes tenham surpreendido positivamente, a alta da inflação deve ser temporária. As eleições em algumas das maiores economias do bloco, incluindo França, Alemanha e Holanda, também deixam o cenário obscuro. Nesta reunião, o BCE manteve a taxa de depósito, sua principal taxa de juros, em -0,40%. A principal taxa de refinanciamento ficou em 0%, enquanto a taxa de empréstimo foi mantida em 0,25%.

Em seu discurso, o presidente Mario Draghi reafirmou que o programa de recompra de títulos funcionará em um ritmo de injeção de 60 bilhões de euros mensais entre abril e dezembro. Segundo o comandante do BCE, as medidas adotadas preservam a construção de condições favoráveis necessárias. Draghi disse que as políticas implementadas têm sido bem-sucedidas.

Mais agenda econômica

Além da decisão de política monetária no velho continente, a agenda internacional também conta com os dados de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, às 10h30.

Inflação em março

O Índice Geral de Preços-Mercado acelerou a alta a 0,25% na primeira prévia de março, contra 0,10% no mesmo período do mês anterior, uma vez que o avanço dos preços no atacado ofuscou a pressão menor ao consumidor informou a Fundação Getulio Vargas nesta manhã.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo apresentou no período alta de 0,23%, depois de variação positiva de 0,01% na primeira prévia de fevereiro. O IPA mede a variação dos preços no atacado e responde por 60% do índice geral. Os preços dos Bens Finais deixaram para trás uma queda de 1,02% na primeira prévia de fevereiro para subir 0,03% em março diante da alta do subgrupo alimentos in natura. Já os preços ao consumidor mostraram menor pressão, uma vez que o Índice de Preços ao Consumidor, que tem peso de 30% no índice geral, subiu 0,17% na primeira prévia de março, contra alta de 0,22% no período anterior.

Agenda política e Previdência

Nesta quinta, Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, e Marcelo Caetano, secretário de Previdência da pasta, participam de debate sobre reforma da Previdência promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo na capital paulista, das 9h às 12h30.

Ainda sobre o assunto previdência, deputados que integram a comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, que trata da reforma do sistema de aposentadorias no país, pediram hoje (8) que o governo envie os cálculos atuariais sobre a Previdência. As informações permitiriam aos parlamentares avaliar se os recursos arrecadados são suficientes ou não para o pagamento de benefícios e pensões.

Já em entrevista ao Estadão, o presidente do Banco Central Ilan Goldfajn afirmou que a redução da inflação, verificada inicialmente nos alimentos, já se espalhou por diversos outros preços, incluindo serviços. 

Noticiário político

O noticiário político tem como destaque a delação do ex-diretor da Odebrecht José Carvalho Filho que, de acordo com o apurado pela Folha de S. Paulo, apresentou uma versão diferente da relatada por José Yunes sobre repasse de dinheiro na campanha de 2014. Ele afirmou que houve entrega de dinheiro da empreiteira no escritório de Yunes por um operador do chamado Departamento de Operações Estruturadas, área responsável pelo pagamento de propina na empresa. Ele deixa claro que não é Lúcio Funaro, ao mencionar o nome desse operador. O ex-assessor de Temer diz que não sabia qual era o conteúdo do documento levado por Funaro e afirma ter sido “mula” de Eliseu Padilha.

Ainda sobre Padilha, o  líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), defendeu que o ministro da Casa Civil, volte “imediatamente” ao cargo para evitar que o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – preso pela Lava Jato – ponha um aliado em sua cadeira, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo.  A declaração abriu nova crise entre a bancada e a cúpula do governo. 

Por fim, em entrevista à Folha, o novo ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou que Temer só pode ser atingido por investigações se houver prova objetiva de “que ele sabia que estavam recebendo dinheiro indevido”. Ele disse que o Ministério Público deve ter elementos mais fortes para fazer denúncia.

No radar do STF, está a análise da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, o caso tributário em maior tramitação com maior impacto financeiro para o país. De acordo com o site especializado Jota, uma vitória dos contribuintes poderia gerar um impacto de até R$ 250 bilhões aos cofres públicos.

Bolsas mundiais

A quinta-feira é majoritariamente de queda para os principais índices mundiais, com o fortalecimento do dólar após os fortes dados de emprego dos EUA apresentados na quarta, a queda das commodities e os mercados digerindo a decisão do BCE. Na China, os mercados acionários fecharam na mínima em duas semanas, com destaque de queda para papéis de energia, enquanto investidores globais adotam a cautela antes de uma esperada alta dos juros nos Estados Unidos na próxima semana. A renovada fraqueza do iuan também afetou a confiança, embora os bancos estatais chineses tenham entrado no mercado para evitar que a moeda caísse rápido demais. 

No noticiário econômico do gigante asiático, o índice de preços ao produtor saltou 7,8% em fevereiro sobre o ano anterior, ligeiramente acima da expectativa de economistas em pesquisa da Reuters e contra alta de 6,9 por cento em janeiro, informou nesta quinta-feira a Agência Nacional de Estatísticas. A inflação ao consumidor, entretanto, desacelerou mais do que o esperado, para o ritmo mais fraco desde janeiro de 2015, diante da queda dos preços de alimentos, permanecendo bem abaixo da meta do governo de 3%.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.