Analista diz que 2 bancos dos EUA deveriam “se enforcar de vergonha” – por um motivo que é normal no Brasil

No mercado norte-americano, investidores estão habituados a sempre ter voz nas empresas em que compram ações. Por isso, a forma como se deu o IPO da Snap Inc. tem causado polêmica.

Mário Braga

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SÃO PAULO – Os bancos norte-americanos Morgan Stanley e Goldman Sachs, que organizaram o IPO da Snap Inc, empresa dona da rede social Snapchat, estão sendo fortemente criticados nos Estados Unidos pela forma como Oferta Inicial de Ações da empresa ocorreu na bolsa de Nova York.

Em entrevista ao portal CNBC, Stephen Isaacs, presidente do comitê de investimentos da Alvine Capital afirmou que as duas instituições financeiras deveriam “se enforcar de vergonha”. “Nem estou falando tanto do valuation, mas ações sem direito a voto?”, indagou.

Esta polêmica ocorre por uma diferença básica entre os mercados acionários do Brasil e dos EUA. Enquanto por aqui os investidores estão habituados a escolher entre papéis ordinários e preferenciais de uma mesma empresa, por lá isso não existe. As empresas listadas na Bovespa podem emitir papéis ON e PN, sendo que os detentores dos primeiros tem direito a voto nas assembleias, enquanto aqueles com com o segundo tipo de ação em carteira não têm.

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No mercado norte-americano, investidores estão habituados a sempre ter voz nas empresas em que compram ações. Por isso, a forma como se deu o IPO da Snap Inc. tem causado polêmica.

Outro ponto criticado diz respeito ao valuation da empresa. As ações abriram o pregão negociadas a US$ 24, valor 40% superior ao preço-alvo de US$ 17 estabelecido para o IPO. Por volta das 14h (horário de Brasília), os papéis acumulavam ganhos de 47%, aos US$ 25.

Isaacs sugere que o cenário de impossibilidade de “palpitar” nos rumos da empresa e “valores ilusórios” no preço da ação representam um um risco elevado. “Este não é o melhor exemplo de um problema de bolha? Eu acho que estamos em uma bolha”, alertou.

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Reforça a análise do especialista o momento atual do mercado norte-americano: após a eleição de Donald Trump, em novembro, as bolsas quebraram sucessivos recordes e, ainda nesta quarta-feira (1º) o Dow Jones superou a marca histórica dos 21 mil pontos. “Às vezes, um negócio no pico do mercado pode ser algo que cristaliza a insanidade”, afirmou.