“Rali Trump” ajuda e Ibovespa sobe, mas fica abaixo de 67 mil pontos; dólar e DIs caem forte

Índice teve sessão de ganhos seguindo o exterior e "recuperando" os pregões da semana após a Bovespa ficar dois dias fechada por conta do Carnaval

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A volta do Carnaval na Bovespa foi de otimismo, seguindo não só a quarta-feira (1) de novos recordes nos mercados internacionais, como também o desempenho nos dois dias em que a bolsa brasileira ficou fechada, quando os ADRs (American Depositary Receipts) registraram ganhos. O benchmark da Bolsa brasileira fechou com ganhos de 0,49%, a 66.988 pontos, em dia de menor volume por conta do horário reduzido de negociação: R$ 6,173 bilhões.

Em dia de agenda de indicadores mais fraca, o destaque ficou para a continuidade do “rali Trump”, com o Dow Jones superando o patamar de 21.000 pontos. Na véspera, Donald Trump fez seu primeiro discurso no Congresso americano. Ele adotou um tom mais brando do que o de costume, o que foi bem recebido pelos mercados, que estavam temerosos e fecharam em baixa na última terça. Mesmo assim, dados mostram que o motivo para a forte alta de hoje pode ser outro (clique aqui para saber mais).

Trump defendeu a redução da entrada de imigrantes com baixa qualificação profissional e destacou a presença, no plenário, de familiares de vítimas de crimes cometidos por estrangeiros sem documentação. Apesar disso, ele sugeriu que republicanos e democratas busquem um consenso para reformar o sistema de imigração. Antes de ir ao Capitólio, o presidente conversou reservadamente com jornalistas na Casa Branca, onde afirmou que “este é o momento certo para uma projeto de lei de imigração, desde que haja compromisso de ambas as partes”.

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Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 fecharam com queda de 6 pontos-base, a 10,285%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 tinham queda de 5 pontos-base, a 10,02%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em abril deste ano recuaram 0,49%, sinalizando cotação de R$ 3,119, enquanto o dólar comercial teve queda de 0,65%, para R$ 3,0932 na venda. 

No exterior, as falas dos presidentes do Federal Reserve de Nova York, William Dudley, e de São Francisco, John Williams, puxaram o dólar para cima no exterior com a sinalização de alta de juros em breve. Com essas falas, as apostas de que a autoridade monetária dos Estados Unidos subirá a taxa básica de juros em março estavam em 69%, ante 35% na terça-feira. Clique aqui para entender o motivo para o dólar cair ante o real hoje.

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, chamou atenção o movimento das ações da Petrobras. No radar da estatal, a petroleira e a francesa Total assinaram na terça-feira contratos relacionados à Aliança Estratégica firmada em dezembro do ano passado, que envolvem US$ 2,2 bilhões, de acordo com comunicados desta quarta-feira. “Com as transações firmadas ontem, a Total pagará à Petrobras o valor global de US$ 2,225 bilhões, composto de US$ 1,675 bilhão à vista, pelos ativos e serviços…”, disse a estatal.

O acordo também prevê uma linha de crédito que pode ser acionada pela Petrobras no valor de US$ 400 milhões, representando parte dos investimentos da Petrobras nos campos da área de Iara, além de pagamentos contingentes no valor de US$ 150 milhões, segundo a nota. Entre os contratos firmados na véspera está a cessão de direitos de 22,5% da Petrobras para a Total na área da concessão denominada Iara (pré-sal), no Bloco BM-S-11.

Vale destacar ainda que a Petrobras anunciou na sexta-feira (24) a redução do preço da gasolina em 5,4% em média e do diesel em 4,8% nas refinarias. A mudança passou a valer a partir de zero hora do último sábado. “A decisão é explicada principalmente pelo efeito da valorização do real desde a última revisão de preços, pela redução no valor dos fretes marítimos e ajustes na competitividade da Petrobras no mercado interno”, afirmou a companhia em comunicado ao mercado. O comunicado prossegue ressaltando que a empresa reafirma sua política de revisão de preços pelos menos uma vez a cada 30 dias, o que lhe dá a flexibilidade necessária para lidar com variáveis com alta volatilidade.

Além disso, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a celebração de acordos para encerrar quatro ações individuais propostas perante a Corte Federal de Nova York, nos EUA. Com isso, a companhia afirmou já ter alcançado acordo para 19 ações individuais, de um total de 27, que foram consolidadas com a class action.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 QUAL3 QUALICORP ON 20,70 +5,02 +7,53 39,97M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 9,63 +4,79 +16,87 37,63M
 WEGE3 WEG ON ED 17,60 +4,04 +13,55 47,79M
 CCRO3 CCR SA ON 18,63 +2,99 +16,73 117,94M
 PETR3 PETROBRAS ON 16,43 +2,94 -3,01 110,70M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 13,06 -2,90 -8,03 53,74M
 CSAN3 COSAN ON 39,00 -2,26 +2,23 65,76M
 BBDC3 BRADESCO ON 31,90 -2,24 +9,60 57,99M
 RADL3 RAIADROGASILON 58,10 -2,19 -5,05 134,13M
 FIBR3 FIBRIA ON 26,09 -1,84 -18,19 44,40M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 31,87 +1,14 407,82M 760,82M 21.685 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,52 +2,24 397,24M 533,99M 26.166 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EDJ 39,95 -0,16 342,97M 496,03M 21.206 
 BBAS3 BRASIL ON 33,60 +1,51 189,47M 222,16M 14.780 
 BBDC4 BRADESCO PN 33,12 -0,90 174,53M 312,55M 17.653 
 CIEL3 CIELO ON 27,63 +1,28 171,86M 200,62M 15.211 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 19,10 +0,42 165,34M 160,85M 14.618 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,91 +0,39 157,33M 168,61M 19.548 
 GGBR4 GERDAU PN 13,30 +2,70 147,92M 115,59M 18.114 
 BBSE3 BBSEGURIDADEON EDR 28,46 -0,56 146,54M 104,63M 12.169 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

 

Relatório Focus

As projeções dos economistas consultados pelo Banco Central para a Selic este ano foram reduzidas de 9,50% ao ano para 9,25% ao ano, seguindo a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) na semana passada em cortar a taxa básica de juros para 12,25% ao ano. Os dados foram divulgados pelo BC em seu relatório Focus semanal nesta quarta-feira (1), mostrando que a Selic deve ficar em 9% no próximo ano, mesma expectativa da semana passada.

Enquanto isso, a expectativa para a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) também caiu, passando de 4,43% para 4,36% ao fim de 2017. O PIB (Produto Interno Bruto) e o dólar se mantiveram em 0,48% e R$ 3,30, respectivamente.

Já entre os cinco economistas que mais acertam – o chamado “top 5” -, a expectativa de inflação recuou de 4,26% para 4,07%, enquanto para o dólar a projeção se manteve em R$ 3,20. No caso da Selic, os economistas do “top 5” reduziram ainda mais suas análises, passando de 9% para 8,50%.

Estoques de Petróleo
O Departamento de Energia dos Estados Unidos informou, nesta quarta-feira (1), que os estoques de petróleo no país cresceram 1,5 milhão de barris na semana encerrada em 24 de fevereiro. Analistas consultados pela Bloomberg esperavam um aumento de 564 mil barris. O último dado divulgado havia apontado para uma alta de 3,39 milhões de barris.

Ainda segundo o Departamento de Energia norte-americano, os estoques de gasolina caíram 546 mil barris – contra expectativa de queda de 2,6 milhões -, ao passo que os estoques dos destilados recuaram em 925 mil barris.

Carnaval de crises

Nem mesmo o Carnaval acalmou os ânimos em Brasília, com o governo sofrendo com os desdobramentos de uma nova crise política. Na última quinta-feira, o amigo e assessor presidencial de Temer, José Yunes, afirmou que foi “mula involuntária” do ministro da Casa Civil ao receber um pacote em seu escritório, a pedido de Padilha, do doleiro Lúcio Funaro. Padilha, que está em licença médica, é o principal articulador de Temer no Congresso e pode nem mesmo voltar a reassumir o cargo em meio à nova crise. Com isso, Temer terá que assumir o comando das negociações das reformas que tramitam na Câmara, em especial a da Previdência, como destacou o jornal O Globo de hoje.

Falando em reforma da previdência, metade dos deputados que compõem a comissão especial que analisa o texto enviado pelo governo Michel Temer para reforma da Previdência são contra a exigência por idade mínima de 65 anos para aposentadoria, enquanto a maioria também é resistente a apoiar pontos considerados cruciais da proposta. Segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo, 18 dos 36 integrantes do colegiado não concordam com a determinação etária, sendo que sete deles defendem idade inferior a 65 anos.

O mercado ainda fica de olho na lista do procurador-geral da República Rodrigo Janot. Conforme destacou a colunista do Estadão, Vera Magalhães, o PGR agiliza para finalizar os procedimentos e divulgar a segunda versão da lista de investigados contra autoridades com foro privilegiado, como a de 2015, que ficou conhecida como a Lista de Janot.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.