Investidores embolsam lucros após máxima em 6 anos, e Bolsa cai 0,67% antes do Copom; dólar a R$ 3,07

Índice tem sessão de realização de ganhos pelos investidores antes de decisão sobre o novo patamar dos juros pelo Comitê de Política Monetária

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após renovar seu maior patamar em quase seis anos na véspera, o Ibovespa teve uma sessão de correção nesta quarta-feira (22), com os investidores aproveitando as expectativas pela decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) para embolsar lucros. Destoando do movimento mais moderado visto nos índices das principais bolsas internacionais, o benchmark da Bovespa encerrou o dia em queda de 0,67%, a 68.589 pontos. O giro financeiro negociado foi de R$ 8,71 bilhões.

Os contratos de dólar futuro com vencimento em março recuaram 1,02%, sinalizando cotação de R$ 3,068, aos passo que o dólar comercial caiu 0,65%, cotado a R$ 3,0705 na venda. A queda acompanhou desempenho dos Treasuries americanos, que viraram para queda acentuada após a divulgação dos dados de vendas de casas existentes no país. O indicador atingiu sua máxima em uma década em janeiro, em um sinal de demanda durável em face às taxas de hipoteca mais elevadas e oferta menores. As vendas de casas existentes tiveram um ritmo anual ajustado sazonalmente de 5,69 milhões, disse a Associação Nacional de Corretores de Imóveis. O resultado foi 3,3% acima dos 5,51 milhões de alta revisto em dezembro e 3,8% maior do que um ano atrás.

Apesar do recuo dessa sessão, o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, faz uma avaliação cautelosa ao investidor que está apostando na desvalorização da moeda americana ante o real. “A queda do dólar hoje não implica que as chances da moeda voltar a subir em direção a R$ 3,15 estão descartadas, que seria a região de venda de médio prazo”, escreveu em relatório a clientes. Para ele, o range da moeda está entre os patamares de R$ 3,03 e R$ 3,15.

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DIs andam de lado

Aguardando a divulgação da decisão do Copom, os contratos de juros futuros futuros com vencimento em janeiro de 2018 fecharam em queda de 5 pontos-base, a 10,44%, enquanto os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuaram 7 pontos-base, a 10,14%.

Mais cedo, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acelerou para 0,54% em fevereiro, ante avanço de 0,31% em janeiro. A alta foi mais forte com o esperado pelo mercado, que estimava uma alta de 0,50% no mês, segundo levantamento da Bloomberg. A taxa acumulada em 12 meses ficou em 5,02%. A projeção mediana dos economistas era de 4,99%. Desde 2010, o índice não fica abaixo de 5% nesta base comparativa .

Sobre o Copom, de 47 economistas consultados pela Bloomberg, 46 projetam que o corte será de 75 pontos-base, o que levaria a Selic para 12,25% ao ano. O único economista a apostar em uma redução de 100 pontos-base tem 9 argumentos que sustentam sua estimativa. Clique aqui para saber quais.

Confira os destaques do pregão:

Ata do Fomc sinaliza alta em breve
“Muitos” membros do Federal Reserve manifestaram posição de apoio a uma alta nos juros locais “em breve” se a economia seguir no caminho do fortalecimento, revelou a ata da última reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), divulgada na tarde desta quarta-feira (22). Os diretores da autoridade monetária norte-americana também chamaram atenção para o fato de levar algum tempo para que o cenário da política fiscal com o novo governo fique mais claro. Segundo o documento divulgado, um long tempo do encontro foi dedicado à discussão dos impactos de impostos e regulamentação mais baixos, esperados com a gestão de Donald Trump.

As minutas também relatam que “alguns” membros do Federal Reserve acreditam que elevar as taxas de juros em uma reunião próxima permitiria à autoridade monetária uma maior flexibilidade para responder a um crescimento econômico acima do esperado adiante. “Os participantes enfatizaram que o Comitê deve mudar sua comunicação sobre o caminho esperado para a política de juros se as condições econômicas vierem diversas ao que se esperava ou se as perspectivas econômicas mudarem”, dizia a ata.

Na última reunião, realizada em 1º de fevereiro, o Federal Reserve decidiu por unanimidade manter as taxas de juros locais na faixa de 0,50% a 0,75%. Na ocasião que marcou o primeiro encontro dos diretores desde que Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, a autoridade monetária norte-americana informou que os ganhos no emprego continuaram sólidos, que a inflação havia subido e que a confiança econômica estava crescendo, embora não tenha dado nenhum sinal firme sobre o momento de seu próximo ajuste da taxa de juros.

O Fed elevou as taxas de juros em dezembro apenas pela segunda vez em uma década e previu três aumentos em 2017. O Fed ainda está aguardando a clareza sobre o possível impacto das políticas econômicas de Trump. As promessas sobre gastos em infraestrutura, reduções de impostos, reversões de regulação e renegociação de acordos comerciais poderiam estimular rapidamente a inflação, o que pode exigir ritmo mais rápido de aumento de taxas.

Vitória do governo no Senado

Após sessão de sabatina de cerca de 11h realizada na Comissão de Constituição e Justiça na véspera, o ex-ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, foi aprovado pelo plenário do Senado como novo ministro do Supremo Tribunal Federal, por 55 votos favoráveis a 13 contrários — foram 14 votos a mais do que o necessário. Com isso, o ex-tucano assume a cadeira deixada por Teori Zavascki no STF, que morreu no mês passado após o avião em que ele viajava de São Paulo para Paraty (RJ) cair no litoral do Rio de Janeiro. Moraes herda 7,5 mil processos que estavam com Teori, mas não será o relator da Lava Jato, já que Edson Fachin foi sorteado, embora atue como o revisor dos processos.

Bolsas mundiais

As bolsas europeias fecharam praticamente estáveis neste pregão, nas máximas de 14 meses, sustentadas por resultados corporativos positivos. Já os principais índices acionários da China subiram pelo terceiro dia consecutivo, aproximando-se das máximas de três meses, embora os ganhos tenham sido limitados uma vez que especuladores venderam algumas ações do setor financeiro recentemente listadas.  Enquanto isso, o iene ganha forças ante o dólar após Loretta Mester, presidente do Federal Reserve de Cleveland, dizer que as autoridades monetárias não querem surpreender mercado. 

Na Europa, o mercado também absorveu os diversos indicadores econômicos do continente. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro subiu 1,8% na comparação anual de janeiro, ganhando força em relação ao aumento de 1,1% verificado em dezembro, resultado em linha com a estimativa do mercado. Já a  economia do Reino Unido acelerou e cresceu ao ritmo mais forte em um ano durante os últimos três meses de 2016, com alta de 0,7%, superando a estimativa preliminar e mostrando que a decisão de sair da União Europeia teve pouco impacto imediato sobre o crescimento.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.