Temer dá sinais sobre novo CEO da Vale; Usiminas amarga 10º trimestre seguido de prejuízo e mais 5 balanços

Confira os destaques do noticiário corporativo desta sexta-feira (17)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O grande destaque desta sexta-feira fica para a temporada de balanços, que ganha forças em meados deste mês e hoje conta com a repercussão dos dados de empresas como Raia Drogasil e Gol. Além disso, atenção para os novos passos para a definição do novo CEO da Vale. Confira os destaques desta sexta-feira (17):

Vale (VALE3;VALE5)

Conforme informa o jornal Valor Econômico, Michel Temer se reuniu na terça-feira com os presidentes do Bradesco e do Banco do Brasil e garantiu que a escolha do novo executivo para o comando da Vale não terá ingerência política e a decisão vai considerar critérios de mercado. Em maio, termina o atual contrato de Murilo Ferreira, atual CEO da mineradora. 

Segundo relatado pelo vice-governador de Minas Gerais Antônio Andrade, Temer afirmou que a Vale vai ter um presidente que será uma pessoa de mercado. “Não vai ser indicação nem do Aécio nem indicação do PMDB”, contou Andrade. “Ele disse que a Vale tem ações em bolsas no exterior e que tem que ser um homem de mercado”, declarou o vice-governador mineiro. Ele disse ter conversado com o presidente da República na quarta-feira à tarde.

Andrade ainda disse que, pela conversa com o presidente Temer, pareceu que o Murilo Ferreira vai sair. “Se ele está falando em indicar um nome de mercado, entendi que vai ser outra pessoa”, disse o vice-governador, observando que Temer, entretanto, não chegou a declarar que já está definida a saída do executivo. 

Usiminas (USIM5)
A Usiminas, maior produtora de aços planos do país em capacidade instalada, anunciou nesta sexta-feira o seu décimo prejuízo líquido trimestral consecutivo devido ao menor volume de vendas em todas as unidades de negócios e ao aumento das despesas. A siderúrgica mineira teve prejuízo líquido de 195 milhões de reais no quarto trimestre, maior que o de 107 milhões de reais do terceiro trimestre, mas muito inferior ao prejuízo de 1,627 bilhão de reais apurado no mesmo período de 2015.

A receita líquida encolheu 6 por cento na comparação anual, para 2,12 bilhões de reais, pressionada pela retração das vendas. Entre outubro e dezembro, a Usiminas comercializou 891 mil toneladas de aço, volume 26 por cento inferior ao negociado no último trimestre de 2015. Já as vendas de minério de ferro recuaram quase 2 por cento, para 657 mil toneladas.

A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou 234 milhões de reais no quarto trimestre, após desempenho negativo de 250 milhões de reais em igual intervalo de 2015. Conforme material de divulgação do balanço, a linha Ebitda foi afetada por eventos extraordinários, incluindo uma gasto de 70,7 milhões de reais para antecipar término de contrato com fornecedor e provisão para devedores duvidosos de 32,9 milhões de reais.

As despesas gerais e administrativos somaram 90,9 milhões de reais no quarto trimestre, uma alta de 4 por cento em relação ao terceiro trimestre, enquanto as despesas com vendas aumentaram 64,1 por cento, para 85,3 milhões de reais. O resultado financeiro ficou negativo 87 milhões de reais no quarto trimestre, ante 24 milhões de reais negativos em igual trimestre do ano anterior.

A Usiminas, que vive há meses uma grave disputa de poder entre seus dois principais controladores – Nippon Steel e Ternium – reduziu a dívida líquida para 4,68 bilhões ao término de dezembro de 2016, valor 20,1 por cento menor ante os 5,86 bilhões de reais observados no fim de 2015. No quarto trimestre, a siderúrgica investiu 67 milhões de reais, queda de 60 por cento em relação ao desembolsado no mesmo período de 2015.

Segundo análise do BTG Pactual, o resultado a primeira vista foi fraco com Ebitda ajustado de R$ 234 milhões, abaixo da expectativa de R$ 353 milhões do banco. Já o nivel de dívida liquida em relação ao Ebitda continua alto em 7 vezes e a empresa queimou um pouco de caixa no trimestre (R$70 milhões). “O papel continua embutindo muito crescimento de earnings no preço e o track record dos últimos resultados nos deixa um pouco mais cautelosos com a velocidade da recuperação”, afirmam os analistas, que seguem com recomendação neutra.
 

Raia Drogasil (RADL3)
A Raia Drogasil reportou lucro líquido de R$ 87,1 milhões no quarto trimestre de 2016, crescimento de 11,2% na comparação com o mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o lucro da varejista chegou a R$ 451,2 milhões, montante 32% superior ao de 2015.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia entre outubro e dezembro de 2016 chegou a R$ 228,3 milhões, alta de 27,4% na comparação anual. Em doze meses, o Ebitda foi de R$ 979,9 milhões, expansão de 33,6%.

No ano, o resultado ajustado chegou a R$ 987,6 milhões, aumento de 32,8%. Os ajustes consideram eventos não recorrentes. A receita líquida da Raia Drogasil atingiu R$ 3,056 bilhões nos três meses finais de 2016, expansão de 24,3% ante igual período de 2015. No ano, a receita foi de R$ 11,256 bilhões, aumento de 24,7%.

De acordo com o Itaú BBA, os números foram positivos, como já esperado, impulsionados pelo “respeitável” crescimento em SSS (vendas nas mesmas lojas) e boa lucratividade. Conforme destacam os analistas, apesar do desafio de expandir margens operacionais em 2017 em meio ao menor reajuste anual do preço de remédios, a companhia tem focado em diluir os custos e aumentar a produtividade. O banco segue com recomendação outperform para os ativos, com preço-alvo de R$ 76,1 por ação. 

Grendene (GRND3)
A Grendene reportou um lucro líquido de R$ 634,5 milhões em 2016, o que representa um aumento de 15,1% em relação ao ano anterior. Considerando apenas o quarto trimestre do ano passado, o lucro líquido da companhia avançou 2,8%, para R$ 247 milhões.

Segundo a empresa, a política rígida de disciplina nos custos e despesas mais do que compensou a queda nas vendas em função do cenário de recessão no Brasil e das dificuldades para exportação no período.

A receita líquida no quarto trimestre recuou 7,2%, para R$ 626 milhões, enquanto no acumulado do ano a receita caiu 7,1%, a R$ 2,045 bilhões. Em relação ao volume de vendas, houve queda de 8% no período de outubro e dezembro, para 50,5 milhões de pares.

Cosan (CSAN3)
A Cosan encerrou o quarto trimestre de 2016 com lucro líquido de R$ 178,3 milhões, uma queda de 70,9% ante o mesmo período do ano anterior, quando o lucro foi de R$ 612,5 milhões. No acumulado do ano, por sua vez, o lucro subiu 78,6%, para R$ 1,04 bilhão. O Ebitda entre outubro e dezembro caiu de R$ 1,72 bilhão para R$ 1,35 bilhão, um recuo de 21,4%, enquanto no anualizado o Ebitda avançou 26,9%, atingindo R$ 5,54 bilhões.

Já a receita líquida da companhia ficou praticamente estável no quarto trimestre, em R$ 12,05 bilhões, leve queda de 1,4% ante os R$ 12,22 bilhões de um ano antes. Entre janeiro e dezembro, por sua vez, a receita subiu 7,2%, passando de R$ 43,84 bilhões para R$ 47,01 bilhões.

Os analistas do BTG Pactual destacam que os números da Cosan foram fortes novamente, com a estratégia bem definida da Raízen de distribuição e no segmento de açúcar e álcool batendo as estimativas do mercado. Os analistas do banco seguem com recomendação de compra para os ativos com preço-alvo de R$ 51,00, vendo um bom momentum para os resultados, exposição ao cenário mais positivo do Brasil e com ciclo forte do açúcar fazendo com que a ação seja um bom nome com um valuation razoável. 

Rumo (RUMO3)

Outra companhia que reportou seu resultado foi a Rumo, com prejuízo líquido de R$ 319 milhões no quarto trimestre, uma evolução de 96% ante os R$ 162,7 milhões de prejuízo um ano antes. No acumulado de 2016, o prejuízo da companhia piorou 56,2%, passando de R$ 469,5 milhões para R$ 733,5 milhões.

A receita líquida, por sua vez, caiu 19,1% no período de outubro a dezembro, passando de R$ 1,25 bilhão para R$ 1,01 bilhão, enquanto no anualizado a receita subiu 4,4%, fechando o ano passado em R$ 5,01 bilhões. Já o Ebitda caiu 25,6% no fim de 2016, atingindo R$ 348 milhões, conta R$ 467,9 milhões um ano antes. No acumulado do ano, por sua vez, o Ebitda avançou 5,8%, indo de R$ 1,92 bilhão para R$ 2,03 bilhões.

De acordo com o BTG, os números foram fracos, com destaque para a queda dos volumes e de vendas. Contudo, apesar do result pior, o guidance para 2017 veio muito bom, ressaltam os analistas com (i) Ebitda de R$2.6-2.8 bilhões (alta de 33% na comparação anual) e (ii) capex de R$2-2.2 bilhões (13% abaixo do guidance anterior). Já o Itaú BBA elevou a recomendação para as ações e market perform para outperform, com o preço-alvo sendo elevado de R$ 7,50 para R$ 10,50. 

Gol (GOLL4)

A Gol reportou nesta sexta-feira um prejuízo líquido de 30,2 milhões de reais no quarto trimestre de 2016, ante resultado negativo de 1,13 bilhão de reais em igual período de 2015.

A companhia aérea apurou geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e aluguel de aeronaves (Ebitdar) de 440,5 milhões de reais no trimestre de outubro a dezembro, 10,4 por cento superior aos 398,9 milhões de reais do último trimestre de 2015. A receita operacional líquida subiu 0,5 por cento na comparação anual, para 2,664 bilhões de reais. Segundo o BTG, a primeira leitura é de um resultado positivo, com destaque para a margem operacional acima da esperada. Além disso, o guidance de 2017 também veio positivo, guiando o mercado para uma margem operacional entre 6% e 8% (versus 5% a 7% anteriormente). 

Embraer (EMBR3)
A Embraer anunciou que Michael Almafitano será o novo presidente da divisão de jatos executivos da companhia. Amalfitano entra no lugar de Marco Tulio Pellegrini a partir de 1º de março.

Amalfitano já atuou em empresas globais de leasing de equipamentos, como Stonebriar Commercial Finance, Bank of America Leasing, Fleet Capital e GE Capital. Segundo a Embraer, Pellegrini assumirá outra posição de liderança na empresa, que ainda será anunciada.

CCR (CCRO3)
A CCR comunicou o encerramento da oferta pública de distribuição primária, com esforços restritos de colocação, de acordo com fato relevante divulgado nesta quinta. A operação permitiu à empresa captar R$ 4,07 bilhões por meio da emissão de 254.412.800 novas ações ordinárias ao preço de R$ 16 por ação.

Com isso, o capital social da operadora de infraestrutura logística passa a ser de aproximadamente R$ 6,126 bilhões, dividido em 2,02 bilhões de ações ON, conforme comunicado em 9 de fevereiro.

Além disso, o BTG reiniciou a cobertura para CCR com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 21. “Nossa visão mais otimista consiste na sinalização de que a companhia está bem posicionada para capturar oportunidades de crescimento,  além do cenário de queda nos juros e forte tendência de alta do lucro por ação. “O portfólio atual está bem precificado e vemos upside vindo de fusões e aquisições”, apontam os analistas. 

 BTG (BBTG11)

O Conselho do BTG Pactual Participations aprovou recompra de até 2,87 milhões de units BBTG12, “considerando que os os BDRs representativos de ações de emissão da companhia passarão a também ser negociados na BM&FBovespa de forma segregada das ações de emissão do Banco BTG Pactual”, segundo comunicado. A companhia “não irá adquirir, no âmbito do programa e recompra BBTG12, units sob o ticker BBTG11”. 

Na terça-feira, os conselhos do Banco BTG Pactual e BTG Pactual Participations aprovaram dois novos programas de units que poderão ser negociados na BM&FBovespa a partir de 16 de fevereiro. 

Eternit (ETER3)

A Eternit desativou unidades e aprovou impairment de R$ 15 milhões, após o Conselho aprovar a reestruturação das unidades produtivas da Tégula. As atividades de produção de telhas de concreto das unidades de Frederico Westphalen/RS, Içara/SC, Anápolis/GO e Camaçari/BA serão encerradas a partir deste mês, disse a empresa. A baixa destes ativos, na ordem de R$ 15 milhões, será reconhecida ainda no exercício de 2016 e os imóveis próprios destas unidades serão colocados à venda. As unidades empregavam 90 postos de trabalho. A produção de telhas de concreto passa a ser feita de forma concentrada na unidade de Atibaia/SP. 

 Triunfo (TPIS3)

A Triunfo informou que a movimentação de contêineres tem alta de 9,9% em janeiro na comparação anual. O tráfego equivalente de veículos nas rodovias caiu 0,7% em janeiro na base anual, disse a companhia em comunicado de dados operacionais. O volume de cargas no aeroporto de Viracopos cresceu 40%. O total de passageiros subiu 0,1%. 

Construtoras

As construtoras podem reagir à  decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), que aprovou na quinta-feira a elevação para 1,5 milhão de reais do valor máximo dos imóveis residenciais que podem ser financiados no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). 

O novo valor, temporário, é destinado apenas para imóveis novos, em todas a regiões do país, e terá vigência entre 20 de fevereiro de 2017 e 31 de dezembro de 2017. Na avaliação do governo, com a mudança, os mutuários passarão a ter acesso às taxas de juros mais baixas, aplicáveis ao SFH, e também poderão movimentar os recursos de suas contas vinculadas do FGTS para o pagamento de parte das prestações ou para a amortização dos financiamentos.

Brasil Agro (AGRO3)

As ações da Brasil Agro subiram quase 3% ontem na esteira da definição do projeto para liberar venda de terras a estrangeiros. Hoje, o Estadão informa que o governo trabalha nos últimos detalhes de um projeto de lei neste sentido. O tema, que era considerado fora de questão no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, tem sido tratado diretamente pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. A intenção do governo é que o texto seja votado pelo Congresso já após o carnaval.

A venda de terras a estrangeiros vem provocando polêmicas há algum tempo. Até 1998, uma lei de 1971 permitia que empresas estrangeiras com sede no Brasil comprassem terras no País. Naquele ano, a Advocacia-Geral da União (AGU) interpretou que empresas nacionais e estrangeiras não poderiam ser tratadas de maneira diferente, e, por isso, liberou a compra.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, defende que haja restrições no caso das chamadas “culturas anuais”, como a soja e o milho, dois dos principais produtos de exportação do Brasil.

(Com Reuters, Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.