Smiles dispara 5% e BB sobe 3% após balanço; “queridinha da Bolsa” cai 2% antes de resultado

Confira os destaques da Bovespa da sessão desta quinta-feira (16)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após uma forte disparada na véspera, o Ibovespa passou por uma sessão de realização nesta quinta-feira (16), com leve queda puxada pelas perdas das ações da Vale e de bancos (com exceção do BB).

Na ponta positiva, destaque para a Smiles, que teve fortes ganhos após a divulgação do balanço. Confira os principais destaques desta quinta-feira: 

Vale (VALE3, R$ 33,77, -0,15%;VALE5, R$ 31,85, -0,19%)

As ações da Vale mais uma vez ficaram voláteis entre a queda do minério de ferro na China e a produção recorde da mineradora. Os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian fecharam em queda de 2,42%, a 686 iuanes, enquanto Qingdao fechou em baixa de 1,08%, a US$ 90,60 a tonelada. As ações da holding da companhia, a Bradespar (BRAP4, R$ 22,58, -1,05%), também recuaram. 

Por outro lado, a mineradora divulgou seu relatório de produção na manhã desta quinta, produziu um recorde de 348,8 milhões de toneladas de minério de ferro em 2016, alta de 0,9% ante o ano anterior, devido à melhor performance operacional das minas e plantas no norte do país, que mais do que compensaram a redução de produção em outras regiões, informou a companhia nesta quinta-feira. Assim, ela bateu um recorde que já era seu. 

No quarto trimestre, a maior produtora global de minério de ferro teve produção de 92,39 milhões de toneladas, alta de 4,5% ante o mesmo período do ano anterior. A produção na região de Carajás, no Pará (sistema Norte), atingiu recorde de 148,1 milhões de toneladas em 2016, aumento de 14,3% em relação a 2015, principalmente devido a melhoras na performance operacional e ao início das operações do projeto S11D, o maior da história da companhia, no quarto trimestre.

Banco do Brasil (BBAS3, R$ 32,89, +3,23%)

As ações do Banco do Brasil abriram em queda de mais de 2% e puxaram outros bancos para baixo após a divulgação de resultados, mas logo diminuíram as perdas e viraram para alta já na primeira hora do pregão, chegando à ganho superior a 3% em meio às perspectivas positivas para 2017 com o guidance divulgado pela estatal.  As ações da BB Seguridade (BBSE3, R$ 29,44, +2,05%) também subiram. Por outro lado, outros bancos tiveram queda, caso do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 40,88, -1,92%), enquanto o Bradesco (BBDC4, R$ 32,98, -0,33%) também está próximo à estabilidade. 

Vale destacar ainda que, se o ano de 2016 foi de queda para o lucro do BB, as estimativas são positivas para 2017: o BB projeta ter um lucro líquido ajustado entre R$ 9,5 bilhões e R$ 12,5 bilhões neste ano, o que indica um crescimento na comparação com o lucro líquido ajustado de R$ 7,2 bilhões de 2016. Confira mais análises clicando aqui. O banco teve lucro líquido de R$ 963 milhões no quarto trimestre, queda de 61,6% ante mesmo período de 2015.

Na base ajustada, o lucro do maior banco do país em ativos somou R$ 1,747 bilhão no período, recuo de 34% na comparação com um ano antes. O dado exclui o impacto das despesas não recorrentes de R$ 1,401 bilhão com o plano de aposentadorias incentivadas lançado pela instituição. O número decepcionou as estimativas de analistas consultados pela Bloomberg, que esperavam lucro de R$ 1,94 bilhão na média. 

O presidente do BB, Paulo Caffarelli, também falou em conferência de resultados nesta manhã, o que ajudou os papéis a se recuperarem: ele afirmou que a  rentabilidade virá primeiro do que a participação de mercado para o Banco do Brasil, como parte dos esforços de reduzir o intervalo de retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) em relação aos seus concorrentes do setor privado. Caffarelli disse ainda que as receitas com juros do banco de controle estatal devem crescer mais rápido do que a média de seus rivais neste ano.

Por outro lado, nesta manhã, o presidente Michel Temer usou o lucro do BB em 2016 para pedir mais crédito no país. “Recebi hoje uma noticia que ano passado, sem embargo das dificuldades econômicas, o Banco do Brasil teve um lucro de 8 bilhões de reais”, afirmou Temer durante a cerimônia de sanção da reforma do ensino médio.

“O Banco do Brasil é um banco vocacionado para o crédito, portanto, na medida que ele tem essa possibilidade evidentemente que há, e vamos cobrar, o aumento do crédito no país”, afirmou. 

Hypermarcas (HYPE3, R$ 27,80, -2,25%)

O JPMorgan rebaixou a recomendação das ações da Hypermarcas de overweight para neutra, o que fez as ações caírem, destacando o potencial limitado de valorização para as ações, Os analistas ainda cortaram o preço-alvo das ações de R$ 30 para R$ 29,50.  

Conforme destaca o JPMorgan, embora o crescimento da Hypermarcas ultrapasse o mercado nos próximos cinco anos, a empresa poderá eventualmente precisar aplicar políticas de desconto mais elevada para “retirar espaço dos pares da prateleira”, afirma. 

Smiles (SMLE3, R$ 59,25, +5,09%)

 As ações da Smiles subiram forte após a administradora de programas de fidelidade registrar um salto de 44% no lucro do quarto trimestre, resultado apoiado no forte aumento do acúmulo e resgates de milhas, além do controle das despesas. Além disso, a companhia teve a recomendação elevada pelo Credit Suisse de neutra para outperform. 

Controlada pela Gol  e segunda maior empresa do setor no país, com 12 milhões de clientes, a Smiles anunciou nesta quarta-feira que seu lucro líquido de outubro a dezembro somou R$ 161,6 milhões, alta de 43,9% sobre um ano antes.

O resultado operacional da companhia medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou 188,6 milhões de reais, um aumento de 71,1% sobre mesma etapa de 2015. O faturamento líquido da companhia cresceu 28,8 por cento ano a ano, a R$ 449,4 milhões, impulsionado pelo aumento das receitas com resgates de milhas, que cresceram 26%. O resgate de milhas do programa no trimestre foi 16,9% maior, a 11,7 bilhões de milhas, recorde da companhia.

A receita com o chamado breakage, quando as milhas expiram sem que os clientes tenham resgatado, disparou 60%, para R$ 78,3 milhões. As despesas operacionais subiram 3,9% na comparação com o quarto trimestre de 2015, para R$ 39,27 milhões.

 Em relatório, o BTG Pactual destacou que os números foram novamente robustos, com destaque para a alta do lucro líquido da companhia, A recomendação do banco segue de compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 65,00. 

BM&FBovespa (BVMF3, R$ 19,58, +0,10%) e Cetip (CTIP3, R$ 47,34, +0,19%)

Em processo de fusão com a BM&FBovespa, as ações da Cetip não repercutiram o forte balanço da companhia. A maior depositária de ativos privados da América Latina, anunciou nesta quarta-feira lucro líquido de R$ 150,5 milhões no quarto trimestre, alta de 17,6% sobre um ano antes.

A empresa, que em abril passado anunciou união das operações com a BM&FBovespa, teve o resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) 16,5% maior na comparação anual, de R$ 232,4 milhões. A receita líquida somou R$ 334,8 milhões, montante 14,3% maior em relação a um ano antes, com destaque para a unidade de títulos e valores mobiliários, cujo faturamento cresceu 13,5%. 

Conforme destaca o Bradesco BBI, a Cetip teve resultados robustos, apoiando a visão de que a companhia deva ser uma das principais beneficiárias da aceleração do mercado de capitais. A expansão sólida do Ebitda,  impulsionada por melhores números na unidade de financiamento, juntamente com despesas moderadas. Apesar do trimestre positivo, Bradesco BBI vê a BM&FBovespa em melhor posição para se beneficiar da recuperação de mercado, o que impulsiona as ações. 

Brasil Agro (AGRO3, R$ 12,10, +3,68%)

A fala do ministro da Fazenda Henrique Meirelles para a GloboNews impulsionou as ações da Brasil Agro. Na máxima do dia, as ações chegaram a subir 6,77%. Ele afirmou que a venda de terras para estrangeiros será liberada “nos próximos 30 dias”. O objetivo da medida, segundo ele, é dar impulso ao agronegócio, “uma das áreas que está dando certo” no País. O ministro, no entanto, não informou que tipo de mecanismo legal será utilizado para liberar o acesso de investidores de fora do Brasil ao mercado de propriedades rurais.

CVC (CVCB3, R$ 27,90, -0,71%)

As ações da CVC caíram após a companhia divulgar seus números do quarto trimestre, que foram vistos por analistas como em linha com o esperado, enquanto o BTG destacou visão positiva. O lucro líquido ajustado no quarto trimestre de 2016 de R$ 72,3 milhões, com leve queda de 1,80% frente os R$ 71 milhões do mesmo período do ano anterior. Já a receita líquida somou: R$ 292,1 milhões, ante R$ 283,3 milhões na base de comparação anual. O Ebitda ajustado, por sua vez, foi de  R$ 155 milhões, ante R$ 147,4 milhões no quarto trimestre de 2015. 

“Tendo em vista haver algumas oportunidades de M&A em avaliação, a Administração da CVC (diretoria e conselho de administração) propõe o pagamento de dividendo mínimo de 25% sobre o lucro líquido de 2016, equivalente a R$ 44,4 milhões (incluindo R$ 22 milhões de Juros sobre capital próprio). Se durante o ano de 2017 as alternativas de M&A não prosperarem, a administração proporá o pagamento de dividendos adicionais. A CVC tem por política pagar no mínimo 50% de dividendos sobre o lucro, desde que a empresa não tenha qualquer outra necessidade de capital para desenvolver seus negócios e/ou projetos estratégicos”, afirmou a empresa. 

De acordo com o BTG, o forte desempenho de vendas reforça a visão positiva sobre a companhia, que segue top pick do banco apesar da alta recente dos ativos. 

Endividadas com o dólar

A virada do dólar para alta amenizou os ganhos de algumas ações da Bolsa, enquanto outros papéis seguiram com ganhos por conta do patamar baixo da moeda. Algumas ações das empresas endividadas na divisa voltaram a subir, caso de Cemig (CMIG4, R$ 10,34, +3,09%), Light (LIGT3, R$ 21,19, +2,62%) e Rumo (RUMO3, R$ 8,80, +0,69%), enquanto a CSN (CSNA3, R$ 12,53,  -0,95%) registrou queda.  

Além disso, destaque para o relatório do Santander da véspera com prévia do resultado do quarto trimestre para o setor de utilities. o Santander antecipou números positivos para a Cemig, Light e Sabesp. 

Ainda em destaque, estão as ações da Gol (GOLL4, R$ 8,22, +5,38%), também beneficiada pela queda do dólar e repercutindo positivamente o balanço da Smiles.  No radar da companhia, o presidente Michel Temer enviará ao Congresso uma MP que pretende eliminar o limite à participação estrangeira no capital das empresas aéreas domésticas, disse uma pessoa com conhecimento do assunto à Bloomberg. A Casa Civil tem texto quase pronto e deve enviá-lo aos parlamentares nos próximos dias, disse a pessoa, que pediu anonimato por não ter permissão para discutir o assunto publicamente. A lei atual limita a propriedade estrangeira a uma participação de 20 por cento. 

A entrada de investimentos poderia ajudar as empresas aéreas a acrescentar novas rotas e aumentar o tráfego no Brasil. O setor de aviação do país encolheu 5,5 por cento no ano passado, segundo a Associação Brasileiras das Empresas Aéreas (Abear), e firmas como Gol Linhas Aéreas Inteligentes, Latam Airlines Group e Azul Linhas Aéreas Brasileiras reduziram capacidade em meio à longa recessão do país.

Raia Drogasil (RADL3, R$ 64,65, -2,03%)

 As ações da Raia Drogasil, uma das queridinhas dos analistas de mercado, chegaram a cair 2,65%, maior queda intradiária desde 9 de fevereiro. A empresa divulga os resultados do quarto trimestre hoje pós-mercado. O analista da Lerosa Investimentos, Vitor Suzaki, disse em entrevista à Bloomberg que os investidores esperam um “não tão forte” quarto trimestre em meio à compressão de margem e mais investimentos. Suzaki tem visão positiva para ações da Raia Drogasil no longo prazo.

O Brasil Plural disse esta semana que Raia Drogasil provavelmente apresentará resultados relativamente fracos no quarto trimestre comparado com o forte desempenho dos trimestres anteriores. 

(Com Bloomberg, Reuters e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.