Vale e siderúrgicas lideram ganhos da semana com altas de até 9%; educacionais afundam

Confira os destaques da sessão desta sexta-feira (10)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa registrou um dia de fortes ganhos, com 6 notícias que impulsionaram diversas ações da Bolsa, indo de China a Donald Trump, com destaque ainda para a elevação do rating da Petrobras. Com isso, o índice fechou a semana com ganhos de 1,80%, com 9 das 59 ações que fazem parte da carteira teórica subindo mais de 6%, enquanto outras 7 recuaram mais de 2%.

A liderança da semana ficou com a Braskem, que disparou 10,19%, a R$ 33,95, após a Petrobras negar que tenha entrado com processo contra a empresa. Enquanto isso, a Vale e as siderúrgicas seguiram o forte rali das últimas semanas e subiram entre 5% e 10%, ficando entre os maiores ganhos dos últimos cinco pregões.

Na ponta negativa, destaque para as empresas de educação, com a Estácio caindo 5,10%, para R$ 14,70, enquanto a Kroton recuou 2,17%, a R$ 13,08, com as notícias recentes sobre as mudanças do Fies. Na ponta negativa, chamaram atenção ainda a JBS, com perdas de 3,21%, e a BRF, que desabou 3,79% nesta semana.

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Confira os destaques corporativos desta sexta-feira (10): 

A alta é impulsionada pelos dados comerciais melhores do que o esperado para janeiro da China, uma vez que a demanda acelerou tanto no país quanto no exterior, um início encorajador de 2017 mesmo que os exportadores asiáticos estejam se preparando para um aumento do protecionismo por parte dos Estados Unidos.

As exportações em janeiro avançaram 7,9% sobre o ano anterior já que a demanda global aumentou, enquanto as importações cresceram 16,7 por cento devido ao melhor apetite por carvão, petróleo e minério de ferro. Isso deixou o país com um superávit comercial inicial de US$ 51,35 bilhões  para o mês, disse a Administração Geral de Alfândega.

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A holding da Vale, a Bradespar (BRAP4, R$ 21,80, +5,62%) saltou mais de 5%, enquanto as siderúgicas também acompanharam os ganhos, como a CSN (CSNA3, R$ 12,29, +8,38%), Gerdau (GGBR4, R$ 12,89, +3,12%) e Usiminas (USIM5, R$ 5,37, +5,71%). 

Lojas Renner (LREN3, R$ 24,72, +3,87%)
A varejista subiu forte após divulgar seus números. A companhia teve lucro líquido de R$ 299,8 milhões no 4º trimestre de 2016, alta de 19% em relação ao mesmo período de 2015. O número superou as estimativas do mercado, cuja mediana apontava para R$ 280 milhões, segundo compilação da Bloomberg. A receita operacional líquida ficou em linha com o esperado (R$ 2,11 bilhões) e as vendas mesmas lojas voltaram a cair (-0,8%), mas o Ebitda mostrou crescimento de 16%, chegando a R$ 567,7 milhões – bem acima dos R$ 521,4 milhões esperados.

De acordo com o BTG Pactual, o balanço apresentou números mistos, com receita líquida fraca como o esperado em meio ao cenário macroeconômico complicado. Contudo, apesar dos desafios, a margem Ebitda apresentou ganhos. Os analistas seguem com recomendação de compra para os papéis de olho na perspectiva de longo prazo, apontando ainda para as iniciativas de corte de despesas e de preservação da lucratividade da companhia.

A companhia anunciou ainda a proposta de realização de AGE, ainda sem data marcada, para decidir sobre o aumento do capital social da empresa no valor total de cerca de 1,318 bilhão de reais, de acordo com fato relevante divulgado na noite de quinta-feira. A varejista pode levantar 237,8 milhões de reais através da incorporação de parte do saldo da conta de Reservas de Lucros e 1,08 bilhão de reais por meio da emissão de 64.355.058 novas ações ordinárias ao valor unitário de 16,78 reais.

Petrobras (PETR3, R$ 16,35, +2,44%; PETR4, R$ 15,58, +3,52%)
Os papéis reagiram à alta dos preços do petróleo nos mercados internacionais, em meio a informações de que membros da Opep (Organização dos Países Exportadoras de Petróleo) reduziram, de fato, a produção da commodity. Além disso, a companhia teve o rating elevado de B+ para BB-, com perspectiva estável, pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s no final da tarde, o que ajudou a impulsionar as ações. 

A estatal informou ainda que os detentores de US$ 5,58 bilhões em títulos aceitaram a oferta de recompra. Desse montante, US$ 5,56 bi em volume equivalente foram aceitos para recompra no dia 25 de janeiro de 2017, informou a companhia. Vale destacar ainda a notícia do jornal O Estado de S. Paulo de que o controle da Usina de Belo Monte foi colocado à venda por R$ 10 bilhões. O que está à venda é a participação de 50,02% na Norte Energia detida por Neoenergia, Cemig, Light, Vale, Sinobras, J. Malucelli, Petros e Funcef, diz o jornal. Por fim,  Hermes Pardini e Unidas definem preço de ações para ofertas públicas nesta sexta; os papéis começam a ser negociados em 14 de fevereiro.

PetroRio (PRIO3, R$ 33,00, +9,56%)

Outra petroleira que subiu forte na sessão de hoje foi a PetroRio, que chegou à variação máxima de 8,86% na sessão desta sexta. A companhia anunciou nesta sexta-feira acordo para deter 100% da Brasoil, que possui indiretamente participação de 10%  do contrato de concessão do campo de Manati, um dos mais importantes produtores de gás natural do Brasil. O anúncio ocorreu após o término dos prazos para o exercício do direito de venda conjunta (Tag Along) pelos demais investidores da Brasoil. A PetroRio informou que recebeu a informação de total aderência destes investidores aos termos já acordados no negócio.

  • A conclusão da transação, entretanto, ainda depende do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), explicou a PetroRio. “A celebração deste acordo está alinhada com o modelo de negócios da companhia e sua estratégia de aquisições, além de representar uma diversificação de seu portfólio de ativos e de fontes geradoras de receita”, disse a PetroRio em nota.

    Manati produziu 4,2 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia em dezembro, figurando como oitavo maior campo produtor de gás natural do Brasil, segundo dados mais recentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Além da participação no campo de Manati, outros ativos relevantes da Brasoil incluem a participação indireta de 100 por cento nas concessões do campo de Pirapema –ativo de gás atualmente em desenvolvimento– e do Bloco FZA-M-254, ambos na Foz do Rio Amazonas.

CCR (CCRO3, R$ 17,28, +3,97%)
A ação da CCR sobe forte em meio ao anúncio de que a oferta restrita da empresa aumentou o capital social em R$ 4,07 bilhões. O Conselho aprovou a fixação do preço por ação de R$ 16,00 no âmbito da oferta pública de distribuição primária com esforços restritos de colocação de 254,4 milhões de novas ações ON, “já considerando as ações suplementares”, segundo comunicado. Contudo, outra ação do setor de concessionárias sobe forte, a Ecorodovias (ECOR3, R$ 9,16, +4,45%), com ganhos de mais de 4%.

As ações do setor reagem também às revisões por diversos analistas de mercado sobre a Selic após o corte de janeiro, além da notícia do Valor Econômico de que o Conselho Monetário Nacional pode retomar o processo de redução da meta de inflação em junho. A ideia preliminar é de que, se os juros estiverem em pronunciada queda rumo à taxa neutra e as expectativas de inflação estiverem muito bem ancoradas, seria possível e útil reduzir a meta para o IPCA anual dos atuais 4,5% para 4,25%, por exemplo. Uma consultoria americana cortou sua projeção para Selic este ano para 8,25% – a menor do mercado -, enquanto o Itaú projetou os juros em 9,25% em 2017 e 8,25% em 2018.

Carteira Itaú BBA
O banco de investimento adicionou a Fleury (FLRY3, R$ 40,74, +0,57%) e Smiles (SMLE3, R$ 53,10, +1,63%) a portfólio, enquanto a Ambev (ABEV3, R$ 17,14, +1,48%) foi excluída. A Fleury e Smiles foram acrescentadas devido à expectativa de bons resultados do quarto trimestre. A Fleury tem mais espaço para expansão de margem, é a melhor escolha em saúde, enquanto a Smiles tem múltiplos descontados, rendimento de dividendo atrativo; a companhia terá melhor impulso em 2017, segundo o relatório.

Já a Smiles está, de alguma maneira, protegida do cenário de corte da taxa de juros, pelo menos temporariamente, dado que o pré-pagamento por passagens feito pela Gol no início de 2016 tem taxa de juros fixa. Por outro lado, a Ambev foi removida com expectativa de que resultado “possa ser um vento contrário para ações”. O portfólio para o Brasil contém ainda Smiles, São Martinho, Petrobras, Bradesco, Itaú / Itaúsa, Fleury, Randon, Vale, Telefonica Brasil, Sabesp e Energias do Brasil. 

Biosev (BSEV, R$ 7,35, -4,05%)

A ação da Biosev registrou queda em meio ao anúncio de que pretende fazer oferta pública de ações para investidores do Brasil, para investidores qualificados nos Estados Unidos e para investidores não-americanos. Ela pretende utilizar recursos para fortalecer sua estrutura de capital. Considerada “patinho feio” do setor de açúcar e álcool, a companhia nem de longe conseguiu performar como pares maiores Cosan (CSAN3) e São Martinho (SMTO3) nesta década na Bolsa.

A companhia também divulgou seus números do terceiro trimestre da safra 2016/2017, encerrado em dezembro. A companhia teve lucro de R$ 42,7 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 96,2 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. 

Já a receita líquida caiu 11%, somando R$ 1,5 bilhão, afetada pela ausência de exportações de etanol e pela queda das vendas de subprodutos (levedura seca, melaço em pó, bagaço, entre outros. O Ebitda ajustado somou  R$ 395,7 milhões, 9,6% menor ante os R$ 437,6 milhões do mesmo intervalo da safra anterior. A margem Ebitda caiu 0,3 ponto percentual, a 25,5%. 

Braskem (BRKM5, R$ 33,95, +0,09%)

As ações da Braskem viraram para alta após chegarem a cair quase 3% durante a manhã.  A Odebrecht informou que não tem, até o momento, um processo de negociação estabelecido com a Petrobras para rever o acordo de acionistas da companhia, conforme informou a petroquímica em resposta à questionamento da CVM, a respeito de reportagem sobre o tema.

Na véspera, a Petrobras já havia informado que avalia “possíveis alterações” nos acordos de acionistas nas companhias em que tem participação, como na petroquímica. “No entanto, até o momento, não foi iniciado processo para alienação da participação acionária detida na Braskem”,

Papel e celulose

As ações da Suzano (SUZB5, R$ 13,03, -2,10%) registram queda após subirem quase 4% na véspera, na sequência de fortes resultados do quarto trimestre. Contribui ainda para esse movimento a queda do dólar: o contrato futuro da divisa com vencimento em março registra baixa de 0,64%, a R$ 3,125, enquanto o comercial é negociado em baixa de 0,48%, a R$ 3,1146 na venda. Do mesmo setor, as ações da Fibria (FIBR3, R$ 26,70, -1,11) também caíram.

Oi (OIBR3, R$ 3,76, +0,53%; OIBR4, R$ 3,20, +1,91%)

As ações da Oi registram ganhos, em meio às notícias sobre o salvamento da companhia telefônica. Um grupo de investidores liderados pela Cerberus Capital Management planeja apresentar uma proposta alternativa de recuperação judicial para a operadora de telefonia brasileira Oi no mês que vem, logo após a finalização o processo de due diligence, disse nesta sexta-feira uma fonte com conhecimento direto do plano à agência Reuters.

A Cerberus, com sede em Nova York, ainda está avaliando o tamanho das necessidades futuras de capital da Oi e como os credores da operadora terão que ser compensados, disse a fonte, que pediu anonimato porque o processo está em andamento. A Oi apresentou o maior pedido de recuperação judicial do Brasil em junho.

A Cerberus, que é especializada em investimentos de capital de risco e ativos problemáticos, ainda poderia organizar parceiros para avançar na proposta da Oi, se os acionistas da companhia e detentores de bônus concordarem em discutí-la, acrescentou a fonte. Os acionistas e credores da Oi disputam o controle da quarta maior operadora de telefonia móvel do Brasil, que tem 65,4 bilhões de reais de dívida.

(Com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.