Itaú e Vale amenizam alta e educacionais lideram perdas do dia; Petrobras cai mais de 1% com petróleo

Confira os destaques da Bovespa na sessão desta terça-feira (7)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após um início de sessão de forte alta, o Ibovespa perdeu força durante a tarde desta terça-feira (7),  com Itaú e Vale diminuindo os expressivos ganhos registrados na abertura do pregão em meio ao balanço e a alta do minério de ferro.

A Petrobras, por sua vez, virou para queda, em linha com a cotação do petróleo, que ampliou a baixa em Nova York. Enquanto isso, as companhias educacionais voltaram a cair forte com novidades envolvendo o Fies. Confira os destaques desta terça-feira:

Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 38,75, +1,95%) 

Os números do quarto trimestre do Itaú Unibanco foram fortes, bem superiores ao do Bradesco (BBDC4), que apresentou o balanço do quarto trimestre na última quinta-feira (2), de acordo com o BTG Pactual. O desempenho positivo chegou a puxar outros bancos, caso do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 30,40, +0,93%) e do Bradesco (BBDC4, R$ 31,25, -0,16%) que, contudo, diminuíram o ímpeto durante a sessão. Na máxima do dia, as ações chegaram a subir 4,05%. 

O maior banco privado do país  teve lucro líquido recorrente de R$ 5,817 bilhões de reais no quarto trimestre de 2016 ante R$ 5,595 bilhões no trimestre anterior e alta de 1,8% ante os R$  5,715 bilhões registrados em igual etapa de um ano antes.   De janeiro a dezembro de 2016, o banco lucrou R$ 22,150 bilhões, uma queda de 7%.

Os analistas do BTG apontam que houve baixas de títulos de crédito (os chamados impairments) de R$ 1,3 bilhão no último trimestre, que influenciaram a margem financeira gerencial do banco. Ela foi de R$ 17,32 bilhões, Contudo, mesmo assim, o resultado veio acima do consenso e com qualidade melhor.  A inadimplência (Non Performing Loans) caiu bem, inclusive de pequenas e médias empresas, e a indicação é de queda forte de PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) em 2017. As despesas líquidas com provisões caíram 0,8% no quarto trimestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015, para R$ 4,819 bilhões. Na comparação com o terceiro trimestre, a queda foi de 7,8%.

Além disso, o guidance indicou pelo menos uns 10% de crescimento de lucro em 2017, mas com o lucro pré-tax crescendo mais forte (a alíquota será maior). O banco ainda informou que alterou a prática de pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio da Companhia, que passará a ser de 35% a 45% do lucro líquido consolidado recorrente nos próximos exercícios. O Conselho aprovou a declaração de JCPs complementares do exercício de 2016 no valor de R$ 0,77540 por ação, equivalente a R$ 4,3 bilhões (líquidos de imposto de renda). Os JCPs complementares serão pagos em 3 de março de 2017, com base na posição acionária final do dia 20 de fevereiro de 2017 e com retenção de 15% de imposto de renda na fonte, resultando em juros líquidos de R$ 0,65909 por ação, excetuados dessa retenção os acionistas pessoas jurídicas comprovadamente imunes ou isentos. 

Já no radar do Bradesco, o banco fez uma proposta para aumento de capital a ser deliberado pelos acionistas em Assembleia Geral Extraordinária a ser realizada no dia 10 de março. O aumento será de R$ 8 bilhões, com o capital da companhia passando de R$ 51,1 bilhões para R$ 59,1 bilhões.

JBS (JBSS3, R$ 11,89, -1,25%)

A ação da JBS amenizou as perdas após chegar à mínima de 6,23%, após o Ministério Público Federal solicitou a Justiça Federal em Brasília a volta das medidas judiciais impostas inicialmente contra o presidente da holding J&F, Joesley Batista, e contra o presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich. Os dois são investigados na Operação Greenfield e são suspeitos de tentar burlar as apurações que apontam prejuízos acumulados registrados Funcef, o fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal, e pela Petros, fundo de pensão dos empregados da Petrobras, na Eldorado.

O procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes solicitou a proibição dos investigados de manter qualquer comunicação entre si e com qualquer investigado nas operações Greenfield, Sépsis e Cui Bono. Além disso, ele determinou o bloqueio das ações pertencentes a Joesley na J&F, o bloqueio de recursos dos dois no valor de R$ 3,8 bilhões e a suspensão do exercício de qualquer cargo e função de direção em empresas da holding, como a JBS. 

Em nota, o grupo J&F afirmou que foi surpreendido pelo pedido do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília das medidas judiciais contra o empresário Joesley Batista e José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado Celulose. O grupo disse que  o pedido do MPF-DF teve como base “denúncias estapafúrdias, infundadas e com caráter de interesses pessoais” de Max Mauran Pantoja da Costa. Ele é conselheiro indicado pela Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal. 

“A J&F refuta todas a alegações irresponsáveis feitas por Pantoja e pedirá ao MPF e ao juiz competente a oportunidade de provar a licitude, lealdade e boa-fé de todas decisões tomadas no âmbito da empresa e do seu conselho de administração, antes que tal ilação do conselheiro traga mais prejuízo para a empresa, clientes, colaboradores e os executivos mencionados”, diz a companhia.

Vale (VALE3, R$ 30,24, +1,07%;VALE5, R$ 28,95, +1,22%)

A ação da Vale fechou com ganhos após sessões de forte queda no mês, acompanhando o desempenho do minério de ferro. No mercado de commodities, o minério tem alta moderada após 2 dias de baixa expressiva em Dalian, com perspectiva de oferta apertada. Na bolsa de Dalian, o minério de ferro teve alta de 3,14%, a 625 iuanes, enquanto o negociado em Qingdao subiu 3,34%, a US$ 83,29 a tonelada.

A Vale informou ainda que precificou a oferta de bonds de sua subsidiária integral Vale Overseas de US$ 1 bilhão com cupom de 6,250% com vencimento em agosto de 2026, garantidos pela Vale. Os bonds serão consolidados, e formarão uma única série, com os bonds da Vale Overseas, emitidos em 3 de agosto de 2016, de US$ 1 bilhão com cupom de 6,250%.

Além das ações da Vale, a holding da mineradora Bradespar (BRAP4, R$ 19,90, +2,84%) subiu, enquanto as siderúrgicas ficaram entre perdas e ganhos: Gerdau (GGBR4, R$ 12,33, -0,56%), Usiminas (USIM5, R$ 5,08, -0,39%) e CSN (CSNA3, R$ 11,37, +2,16%). Ainda sobre a CSN, o governo concordou em aportar mais R$ 1,4 bilhão no projeto da Transnordestina nos próximos três anos. A CSN, sócia privada da ferrovia, promete colocar mais R$ 1,8 bilhão até 2021, quando a obra seria concluída.

A proposta financeira foi apresentada nesta segunda-feira, 6, pela Transnordestina Logística S/A, o braço da CSN responsável pelo projeto. A obra é alvo de uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que mandou paralisar os repasses do governo. Por isso mesmo, o governo concordou com os novos aportes, mas com uma condição: eles só serão feitos se a empresa cumprir as condições impostas em janeiro de 2016 pelo TCU.

Petrobras (PETR3, R$ 15,77, -1,25%;PETR4, R$ 14,70, -1,74%)

As ações da Petrobras chegaram a registrar ganhos, mas viraram para baixo com a ampliação das quedas do petróleo em Nova York. O barril WTI registrou perdas de 1,62%, a US$ 52,15 o barril, em meio à evidência crescente de que os EUA devem reviver a produção de shale oil.

No radar da estatal,  de acordo com o jornal Valor Econômico, a Petrobras e a Odebrecht devem iniciar em breve negociação para rever o acordo de acionistas da Braskem (BRKM5, R$ 32,75, +4,73%), que registrou forte alta na Bolsa. Desde 2010, as duas empresas dividem o controle da petroquímica com fatias muito semelhantes, mas direitos distintos. A Odebrecht é, na prática, a controladora e gestora do negócio. A conclusão do acordo de leniência da Braskem, em dezembro, permitiu que a petroleira começasse a preparar a venda do ativo. Tomando como base o valor de mercado da Braskem na BM&FBovespa, de R$ 25 bilhões, a Petrobras tem uma fatia de R$ 9 bilhões na empresa. 

Ainda no radar da Petrobras, o  governo federal adiou votação que seria feita na última  segunda-feira para decidir sobre mudança de regras em conteúdo local do setor de petróleo e gás natural, enquanto não há ainda um consenso sobre o grau de flexibilização que será aplicado.

O impasse, segundo representante da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), ocorre por demandas distintas entre fornecedores de bens e serviços da indústria e petroleiras. A decisão sobre o tema, importante fator a ser considerado nos leilões de áreas de petróleo este ano, seria tomada em um comitê integrado por ministérios e instituições. Enquanto fornecedores defendem que o governo exija diferentes percentuais de conteúdo local para cada segmento da indústria, como forma de estimular toda a cadeia, petroleiras querem apenas um percentual global para cada projeto realizado por empresas de petróleo no Brasil, em busca de simplificação das regras.

São Martinho (SMTO3, R$ 19,70, -2,72%)

As ações de São Martinho chegaram a recuar 4,8%, a R$ 19,27, a maior queda intradiária desde 16/novembro, mas amenizaram as baixas durante a sessão. A empresa divulga resultados nesta quarta-feira, após o fechamento do mercado. 

Educacionais

Mais uma notícia negativa afeta as ações do setor de educação. Os papéis da Kroton (KROT3, R$ 12,89, -1,53%), Estácio (ESTC3, R$ 14,55, -3,39%), Ser Educacional (SEER3, R$ 16,80, -1,70%), Anima (ANIM3, R$ 12,97, -2,55%) registraram baixa superior a 1%. Isso ocorre após o  teto semestral do Fies por aluno, já válido a partir do 1º semestre de 2017, será reduzido de R$ 42 mil (ou R$ 7 mil por mês) para R$ 30 mil (ou R$ 5 mil por mês), disse o ministro da Educação, Mendonça Filho, em entrevista coletiva. Se fosse corrigido pela inflação, teto iria para R$ 46 mil por semestre, segundo o ministro.

Segundo o Santander, o número de contratos “menor que as expectativas” do banco é visto como “negativo”. Contudo, o impacto potencial negativo pode ser limitado já que a “importância do Fies nas novas matrículas caiu significativamente desde 2015”.

Construtoras

O governo federal anunciou na segunda-feira mudanças nas regras do Minha Casa Minha Vida, que incluem reajuste no perfil de renda dos beneficiários das faixas 1,5; 2 e 3, bem como aumento no valor máximo dos imóveis enquadrados, com vistas a revigorar o programa habitacional. A meta do Ministério das Cidades é contratar 610 mil unidades em 2017 em todas as faixas do programa, segundo comunicado divulgado durante evento no Palácio do Planalto. 

Com o reajuste de 7,69 por cento proposto no pacote de medidas anunciado nesta segunda-feira, o limite de renda dos beneficiário da faixa 1,5 passa de 2.350 reais para 2.600 reais; da faixa 2 aumenta de 3.600 para 4.000 reais; e da faixa 3, de 6.500 para até 9.000 reais. De acordo com o BTG Pactual, as medidas são positivas para as construtoras, particularmente aquelas focadas no segmento de baixa renda como MRV (MRVE3, R$ 13,27, -0,60%), Direcional (DIRR3, R$ 5,99, -2,44%), Gafisa (GFSA3, R$ 2,60, -1,14%) – via Tenda -, Cyrela (CYRE3, R$ 13,65, +1,49%) – via Cury – com elas podendo se beneficiar de maiores margens e vendas mais fortes. O Itaú BBA destacou que esperava reação neutra ao anúncio, que era amplamente esperado. “As medidas como a regulação para distratos e novo teto para o SFH ainda estão pendentes”; “ as medidas são positivas para os players do MCMV, bem como aqueles que operam no segmento média-baixa”, apontam os analistas. 

Viver (VIVR3, R$ 2,46, -5,75%)

As ações da construtora Viver tiveram leves ganhos após disparar 13,48% na véspera. A companhia apresentou  planos de recuperação judicial nos autos do processo em andamento na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central Cível da Comarca da Capital de São Paulo, segundo comunicado à CVM.

A companhia ressalva que ainda está em curso discussão judicial, quanto a apresentação de um único plano de recuperação judicial com consolidação substancial do quadro de credores

Profarma (PFRM3, R$ 8,49, -2,41%)

A Profarma registrou leve queda após informar que planeja aumento de capital privado de até R$ 100 milhões. O Conselho fiscal foi favorável à emissão de 11,5 milhões de novas ONs a R$ 8,69 por ação para colocação privada, em reunião na segunda-feira, diz a Profarma em ata do encontro.

 Paralelamente ao anúncio, a Profarma anunciou a contratação do Diretor de Expansão de Raia Drogasil, João Curvello. “Nossa opinião é que esses dois movimentos sugerem que a administração está confiante na reviravolta de Rosario e acredita que a Profarma está pronta para retomar sua incursão orgânica no varejo, o que vemos como positivo, mudando seu foco para operações de maior retorno. Estimamos que, com R $ 100 milhões, a Profarma pode acelerar seu ritmo de abertura de lojas orgânicas e antecipar nossa previsão atual em cinco anos. No entanto, não esperamos que o preço das ações a subir sobre este anúncio, como vemos um overhang até a conclusão do negócio, no final de março”avalia o Brasil Plural. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.