Ibovespa sobe 1,9% e fecha na máxima em quase 5 anos puxado por Vale e bancos; dólar cai

Índice deixa para trás sessão negativa no exterior e fecha com fortes ganhos puxada por notícias envolvendo siderúrgicas, Vale e bancos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – No campo positivo desde o início do dia, o Ibovespa ganhou força na tarde desta segunda-feira (23), fechando em seu maior patamar desde 27 de março de 2012, quando estava em 66.037 pontos. O benchmark da bolsa brasileira subiu 1,90%, aos 65.748 pontos, puxado pelas ações da mineradora Vale e siderúrgicas – favorecidas pela alta do minério de ferro -, e os bancos – puxados pela notícia de um possível anúncio de reformulação nos depósitos compulsórios para esta semana.

“O mercado abriu em clima mais positivo e ampliou o bom humor, com Vale batendo nas máximas e bancos ganhando força”, disse Ari Santos, gerente de mesa da H. Commcor. Segundo ele, o mercado tem expectativa de que a Vale apresente resultados fortes no quarto trimestre, diante de alta dos preços do minério de ferro e desinvestimentos.

Para Pablo Spyer, diretor da mesa de trade da Mirae Asset, enquanto as siderúrgicas puxaram o índice de manhã por conta do minério, os bancos aceleraram os ganhos pela tarde após as novidades envolvendo uma reformulação nos compulsórios. Segundo a Agência Estado, o Banco Central deve anunciar ainda nesta semana uma reformulação nos depósitos compulsórios com o objetivo de reduzir o custo do crédito no Brasil.

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Uma fonte disse que, em um primeiro momento, a autoridade monetária deve unificar diversas alíquotas e prazos e, posteriormente, fará a redução gradual do nível dos compulsórios, deixando mais recursos disponíveis para os bancos liberarem na forma de empréstimos a pessoas e empresas. Ao reduzir as exigências do montante de dinheiro que bancos devem deixar “guardados” junto ao Banco Central, a autoridade monetária estaria diminuindo também os custos financeiros das instituições e incentivando a diminuição das taxas e dos spreads bancários.

Os contratos de juros futuros, por sua vez, tiveram perdas, com os DIs com vencimento em janeiro de 2018 caindo 1 ponto-base, a 10,93%, ao passo que os papéis com vencimento em janeiro de 2021 recuaram 3 pontos-base, a 10,59%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em fevereiro tiveram leves perdas de 0,17%, a R$ 3,173, enquanto o dólar comercial fechou com queda de 0,43%, cotado a R$ 3,1678 na compra e R$ 3,1688 na venda, em seu menor patamar desde 8 de novembro.

Destaques da Bolsa
Do lado acionário, os papéis da Vale, siderúrgicas e bancos ficam entre os maiores ganhos e ajudam a puxar o Ibovespa. Enquanto isso, as ações da TIM (TIMP3) subiram após o Morgan Stanley elevar a recomendação de equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para overweight (exposição acima da média do mercado), com o preço-alvo dos ADRs (American Depositary Receipts) sendo elevado de US$ 14,90 para US$ 16,40.

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Por outro lado, as ações da Kroton (KROT3) registraram queda. Nesta sessão, o destaque fica para a notícia da Veja do último final da semana, que apontou para a discussão dos preços praticados no programa, principalmente durante o período de 2010-2014 quando (segundo a matéria) os players privados usaram o programa para aumentar preço. Conforme destaca o BTG, a matéria traz, além de uma discussão ampla do setor, um enfoque na Kroton mencionando algumas supostas irregularidades, como a de que eles costumavam cobrar um valor adicional do aluno que era 100% financiado.

Em nota, a companhia educacional disse que está integralmente alinhada com o cumprimento da legislação educacional brasileira e com as regras do financiamento estudantil, segundo comunicado à CVM.  A “mensalidade escolar aplicada para os alunos de uma turma é exatamente a mesma independentemente de ser um aluno FIES ou não FIES”, disse a companhia.

“Neste momento, não vemos qualquer evidência que as empresas do setor cometeram qualquer irregularidade. Continuamos achando que o ajuste do programa será feito daqui pra frente com as novas regras (FIES 2.0), mas reconhecemos que o fluxo de notícias como esse, apesar de não trazer grandes novidades, devem continuar pesando no setor”, aponta o BTG.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 5,22 +8,30 +27,32 160,21M
 QUAL3 QUALICORP ON 20,85 +5,57 +8,31 64,94M
 BRAP4 BRADESPAR PN 21,88 +5,19 +47,34 55,87M
 CMIG4 CEMIG PN 9,05 +4,99 +17,38 62,89M
 VALE5 VALE PNA 31,50 +4,83 +34,96 762,39M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 13,55 -4,44 +1,65 191,13M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 16,05 -2,85 +1,58 29,91M
 JBSS3 JBS ON 11,94 -1,16 +4,74 83,59M
 RENT3 LOCALIZA ON 36,50 -0,95 +6,66 88,59M
 FIBR3 FIBRIA ON 31,77 -0,66 -0,38 43,74M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 31,50 +4,83 762,39M 496,93M 30.853 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 37,83 +3,36 487,67M 321,97M 29.294 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,99 -0,06 401,37M 427,68M 27.681 
 BBDC4 BRADESCO PN 32,24 +2,28 346,73M 232,61M 22.465 
 CIEL3 CIELO ON 24,85 +1,26 258,45M 175,24M 21.509 
 BBAS3 BRASIL ON 30,68 +4,53 245,56M 155,56M 19.589 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 18,54 +1,76 235,24M 170,67M 27.468 
 KROT3 KROTON ON 13,55 -4,44 191,13M 86,81M 24.346 
 USIM5 USIMINAS PNA 5,22 +8,30 160,21M 69,67M 32.743 
 VALE3 VALE ON 33,31 +3,77 144,19M 127,12M 13.291 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 


Relatório Focus
O mercado elevou o nível de confiança para cortes mais profundos na taxa básica de juros ao constatar cenário benigno para o controle inflacionário. De acordo com o Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central na manhã desta segunda-feira (23), os economistas consultados reduziram as apostas para a Selic de 9,75% para 9,50% ao final deste ano e de 9,50% para 9,38% no ano seguinte.

A pesquisa mostra que os economistas passaram a apostar em um corte maior nos juros em fevereiro. Enquanto há quatro semanas a mediana das projeções era de Selic a 12,75% no segundo mês do ano, na semana passada houve um recuo para 12,50% e agora as projeções para a taxa marcaram 12,25% — o que corresponderia a um novo corte de 75 pontos-base pelo Copom (Comitê de Política Monetária).

Do lado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções para 2017 minguaram de 4,80% para 4,71% e se mantiveram em 4,50% no ano seguinte. Para o PIB (Produto Interno Bruto), a mediana das expectativas continuou em crescimento de 0,50% neste ano e de 2,20% no ano seguinte, ao passo que a taxa de câmbio seguiu em R$ 3,40 e R4 3,50, respectivamente. Manutenção também foi vista nas projeções para a dívida líquida do setor pública em relação ao PIB: 50,82% em 2017 e 54,75% em 2018.

Trump na Casa Branca
Após ser empossado presidente dos Estados Unidos na última sexta-feira (20), o mercado acompanha os primeiros atos de Donald Trump na Casa Branca e as sinalizações que o republicano dará sobre seu mandato. Em seu primeiro discurso, o republicano usou um tom patriota e reforçou o mote de campanha de que fará a “América grande novamente”. Segundo a Infinity Asset, o novo presidente não trouxe novidades. “O mercado ainda não entendeu o impacto da política dele e entrou em modo de espera, para evitar surpresas”, comentaram os analistas.

Já neste fim de semana, a Casa Branca prometeu que combaterá “com unhas e dentes” os ataques da imprensa que considera injustos contra o presidente norte-americano, Donald Trump, estabelecendo um novo nível de rancor em um relacionamento já tradicionalmente conturbado. Um dia depois do presidente republicano utilizar sua primeira visita às dependências da agência de espionagem dos EUA (CIA) no sábado para acusar a mídia de subestimar o público presente no dia de posse, o chefe de gabinete da Casa Branca Reince Priebus mostrou indignação com as reportagens, referindo-se a elas como “ataques”.

De olho na Lava Jato e agenda política
No Brasil, os investidores monitoram os reflexos da morte do ministro Teori Zavascki sobre o andamento dos processos da Operação Lava Jato no STF. Neste sentido, devem ser acompanhadas de perto as tratativas do presidente Michel Temer para a indicação de um substituto para a Corte e a situação da delação premiada da Odebrecht, que seria homologada em fevereiro. Temer afirmou que aguardará o nome do relator da Lava Jato para indicar o substituto de Teori.

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, defendeu que a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, considere assumir, de imediato, o processo de homologação das delações premiadas de executivos da Odebrecht. Contudo, segundo o jornal O Globo, ministros do Supremo criticaram essa possibilidade, alegando que a homologação antes da conclusão do trabalho dos juízes auxiliares deixaria o processo vulnerável a questionamentos legais, e o caminho mais seguro é ela fazer a redistribuição imediatamente, ainda no recesso, sorteando um novo relator definitivo. 

Chama a atenção ainda a disputa para a presidência da Câmara dos Deputados, com a votação ocorrendo em 2 de fevereiro. Segundo a consultoria de risco político Eurasia, apesar da decisão liminar de um juiz de Brasília, que suspendeu Rodrigo Maia da disputa pela presidência da Câmara, “lançar mais incerteza no processo, não somente Maia ainda vai disputar independentemente da liminar, mas ele também continua sendo o favorito para ganhar”. 

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.