Ibovespa Futuro ignora exterior e commodities, e abre em alta; DIs e dólar caem

Contratos futuros sinalizam sessão de leves ganhos

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após uma semana positiva para o principal índice do mercado acionário nacional, o Ibovespa Futuro iniciou a segunda-feira (23) em leve alta. Às 9h03 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice com vencimento em fevereiro operavam com variação positiva de 0,08%, a 65.085 pontos, ignorando o cenário de queda das bolsas internacionais e commodities. [Clique aqui para ver mais cotações do mercado futuro].

No mesmo horário, os contratos de juros futuros recuavam, com os DIs com vencimento em janeiro de 2018 caindo 1 ponto-base, a 10,92%, ao passo que os papéis com vencimento em janeiro de 2021 caíam 4 pontos-base, a 10,58%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em fevereiro deste ano caíam 0,31%, a R$ 3,169.

Confira os destaques deste pregão e da semana:

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Bolsas mundiais
A sessão é de queda para as principais bolsas europeias após o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterar a sua agenda protecionista, aguardando também por mais detalhes do novo governo americano, enquanto o dólar recua fortemente ante as principais moedas. 

Vale destacar que o presidente dos Estados Unidos disse que planeja conversar em breve com os líderes do Canadá e do México para iniciar a renegociação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês). “Vamos iniciar negociações que temos a fazer com o Nafta”, disse Trump em cerimônia de posse de seus principais assessores na Casa Branca, no domingo. “Vamos começar a renegociar o Nafta, a imigração e a segurança na fronteira”.

Por outro lado, a maior parte dos metais avança após Trump reiterar promessa de investir em infraestrutura e retomar crescimento anual de 4%; minério de ferro cai na China, com mercado se preparando para início do feriado de ano novo lunar chinês, na sexta-feira. O petróleo, por sua vez, recua após dois dias de alta, em meio às preocupações com o aumento da produção nos EUA. 

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Este era o desempenho dos principais índices:

* FTSE 100 (Reino Unido) -0,54%

* CAC-40 (França) -0,41%

*DAX (Alemanha) -0,50%

* Xangai (China) +0,43% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) +0,06% (fechado)

* Nikkei (Japão) -1,29% (fechado)

*Petróleo brent -1,14%, a US$ 54,86 o barril

*Minério de ferro negociado na Bolsa de Dalian, na China, -3,03%, a 608 iuanes

Relatório Focus
O mercado elevou o nível de confiança para cortes mais profundos na taxa básica de juros ao constatar cenário benigno para o controle inflacionário. De acordo com o Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central na manhã desta segunda-feira (23), os economistas consultados reduziram as apostas para a Selic de 9,75% para 9,50% ao final deste ano e de 9,50% para 9,38% no ano seguinte.

A pesquisa mostra que os economistas passaram a apostar em um corte maior nos juros em fevereiro. Enquanto há quatro semanas a mediana das projeções era de Selic a 12,75% no segundo mês do ano, na semana passada houve um recuo para 12,50% e agora as projeções para a taxa marcaram 12,25%.

Do lado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), as projeções para 2017 minguaram de 4,80% para 4,71% e se mantiveram em 4,50% no ano seguinte. Para o PIB (Produto Interno Bruto), a mediana das expectativas continuou em crescimento de 0,50% neste ano e de 2,20% no ano seguinte, ao passo que a taxa de câmbio seguiu em R$ 3,40 e R4 3,50, respectivamente. Manutenção também foi vista nas projeções para a dívida líquida do setor pública em relação ao PIB: 50,82% em 2017 e 54,75% em 2018.

Agenda na semana
O destaque da semana é o feriado do aniversário da cidade de São Paulo na quarta-feira (25), dia em que a Bovespa permanecerá fechada. Entre os indicadores mais importantes estão as notas do BC: do setor externo, na terça-feira (24), de mercado aberto, na quarta-feira, e de política monetária e operações de crédito, na quinta-feira (26), sempre às 10h30. Na quinta, às 11h30, o Tesouro Nacional realiza leilão tradicional de LTN e LFT. Ainda sem data definida, serão conhecidos também os números da dívida pública e da arrecadação federal de impostos. O mercado deve se atentar também à reunião do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, sobre a renegociação da dívida do Estado do Rio de Janeiro.

No exterior, a semana terá diversos indicadores na Europa. Na terça-feira entre 6h30 e 7h serão divulgados PMIs da indústria e serviços na Alemanha e na zona do euro. Já na quinta-feira, às 7h30, será a vez do PIB do Reino Unido. Por fim, na sexta-feira (27), às 11h30, sai o PIB dos EUA, com a expectativa do mercado de uma alta de 2,1% da economia norte-americana no quarto trimestre, ante resultado de 3,5% entre julho e setembro de 2016.

Trump na Casa Branca
Após ser empossado presidente dos Estados Unidos na última sexta-feira (20), o mercado acompanha os primeiros atos de Donald Trump na Casa Branca e as sinalizações que o republicano dará sobre seu mandato. Em seu primeiro discurso, o republicano usou um tom patriota e reforçou o mote de campanha de que fará a “América grande novamente”. Segundo a Infinity Asset, o novo presidente não trouxe novidades. “O mercado ainda não entendeu o impacto da política dele e entrou em modo de espera, para evitar surpresas”, comentaram os analistas.

Já neste fim de semana, a Casa Branca prometeu que combaterá “com unhas e dentes” os ataques da imprensa que considera injustos contra o presidente norte-americano, Donald Trump, estabelecendo um novo nível de rancor em um relacionamento já tradicionalmente conturbado. Um dia depois do presidente republicano utilizar sua primeira visita às dependências da agência de espionagem dos EUA (CIA) no sábado para acusar a mídia de subestimar o público presente no dia de posse, o chefe de gabinete da Casa Branca Reince Priebus mostrou indignação com as reportagens, referindo-se a elas como “ataques”.

De olho na Lava Jato e agenda política
No Brasil, os investidores monitoram os reflexos da morte do ministro Teori Zavascki sobre o andamento dos processos da Operação Lava Jato no STF. Neste sentido, devem ser acompanhadas de perto as tratativas do presidente Michel Temer para a indicação de um substituto para a Corte e a situação da delação premiada da Odebrecht, que seria homologada em fevereiro. Temer afirmou que aguardará o nome do relator da Lava Jato para indicar o substituto de Teori.

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, defendeu que a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, considere assumir, de imediato, o processo de homologação das delações premiadas de executivos da Odebrecht. Contudo, segundo o jornal O Globo, ministros do Supremo criticaram essa possibilidade, alegando que a homologação antes da conclusão do trabalho dos juízes auxiliares deixaria o processo vulnerável a questionamentos legais, e o caminho mais seguro é ela fazer a redistribuição imediatamente, ainda no recesso, sorteando um novo relator definitivo. 

Chama a atenção ainda a disputa para a presidência da Câmara dos Deputados, com a votação ocorrendo em 2 de fevereiro. Segundo a consultoria de risco político Eurasia, apesar da decisão liminar de um juiz de Brasília, que suspendeu Rodrigo Maia da disputa pela presidência da Câmara, “lançar mais incerteza no processo, não somente Maia ainda vai disputar independentemente da liminar, mas ele também continua sendo o favorito para ganhar”.

Noticiário Corporativo
O noticiário de empresas é bastante movimentado nesta segunda-feira. Itaú Unibanco prorrogou aquisição de ações do CorpBanca Colômbia para 2022. Já a BM&FBovespa deixou de ter membro nomeado pela CME no conselho. A BRF, por sua vez, se candidatou a assumir controle indireto da Banvit. Na Tecnisa, Flavio Vidigal de Capua é novo diretor financeiro e diretor de RI.

(Com Bloomberg, Agência Brasil e Reuters)

Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.