Bolsa mergulha 500 pontos desde abertura dos EUA e dólar opera na mínima do dia

Índice abriu no campo positivo, mas virou para queda no início da tarde

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O Ibovespa ampliou as perdas no início da tarde desta quinta-feira (19), após a abertura das bolsas norte-americanas e em meio a um movimento de correção, com as blue chips operando no campo negativo. Entre as 12h25 e as 13h, o principal índice acionário da Bolsa brasileira recuou 500 pontos, para 63.862, uma queda de 0,42%.

No câmbio, o dólar perde força ante o real, após o resultado da inflação medida pelo IPCA-15 vir abaixo do esperado pelo mercado e em meio às sinalizações do presidente-eleito norte-americano de que um dólar mais fraco favoreceria a economia dos Estados Unidos. Às 13h03, os contratos futuros de dólar com vencimento em fevereiro de 2017 registravam queda de 0,74%, a R$ 3,220.

O analista Raphael Figueiredo, da Clear Corretora, considera que as questões domésticas estão determinando o movimento da cotação neste pregão já que a moeda americana está perdendo força apenas contra o real. “Hoje teve leilão e o BC (Banco Central) conseguiu vender todos os cinco mil contratos de swap, tivemos a inflação abaixo do esperado, há a percepção de que o ritmo de queda dos juros aumentou o que gera expectativas melhores para a atividade no segundo semestre. Tudo isso isso atrai mais recursos para o Brasil”, detalhou. 

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No mesmo horário, os contratos de juros futuros operavam em queda. Os DIs com vencimento em janeiro de 2018 e janeiro de 2021 apresentavam recuos de 5 pontos-base, a 10,99% e 10,75%, respectivamente. Neste pregão, os mercados mundiais reagem à decisão de política monetária do BCE (Banco Central Europeu) e aguardam a fala da presidente do Federal Reserve Janet Yellen. 

Destaques da Bolsa
Do lado acionário, os papéis da Vale (VALE3; VALE5) recuam, na esteira do preço do minério de ferro negociado na Bolsa de Dalian, que caiu 0,78%, a 637 iuanes a tonelada e após a mineradora ter negado rumores sobre o “fim da VALE5” e afirmar que “não há qualquer discussão ou deliberação sobre eventual unificação das ações de sua emissão”. Além disso, a companhia confirmou que estão ocorrendo debates sobre o novo acordo de acionistas e que todas as condições do eventual acordo, como prazo de vigência, uma possível proposta de reestruturação societária e aperfeiçoamento da estrutura de governança da Vale, ainda estão em negociação e, tão logo sejam definidas, serão divulgadas ao mercado.

Já os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) abriram em alta, mas viraram para queda nesta tarde. Após um incêndio atingir a unidade de destilação da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na baixada fluminense, a petrolífera informou que o abastecimento de combustíveis ao mercado “está garantido”. A empresa afirmou ainda que não houve danos às pessoas nem ao meio ambiente. Ainda no noticiário da estatal, a companhia disse que irá recorrer de uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que suspendeu a licitação da plataforma piloto de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, após ação movida pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). O sindicato pediu à Justiça a suspensão da licitação, ao alegar que o processo não cumpre regras de conteúdo local estipuladas em contrato. Por fim, segundo o Estadão, o governo vai oferecer ao mercado em leilões que pretende realizar anualmente a partir de 2018 campos de óleo e gás da Petrobras.

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As ações do setor de papel e celulose lideram os ganhos do Ibovespa com reajuste dos preços da celulose, ofuscando dia de queda do dólar frente ao real. Ontem, a Suzano (SUZB5) anunciou alta no preço da tonelada de celulose vendida em todos os mercados a partir de 1° de fevereiro, acompanhando movimentos semelhantes promovidos por rivais nos últimos dias. Segundo a Suzano, para a China, o preço da tonelada de celulose será elevado para US$ 600. Na Europa, o preço vai para US$ 710 e na América do Norte o valor subirá para US$ 890 a tonelada.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 ELET3 ELETROBRAS ON 20,95 -3,99 -8,15
 NATU3 NATURA ON 24,50 -2,93 +6,43
 VALE5 VALE PNA 28,60 -2,85 +22,54
 VALE3 VALE ON 31,20 -2,83 +21,50
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,61 -2,43 +16,88

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 13,88 +3,97 -2,25
 FIBR3 FIBRIA ON 32,70 +3,55 +2,54
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 16,82 +2,44 -5,08
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 13,70 +2,16 +2,24
 MRVE3 MRV ON 12,06 +1,69 +10,24
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Inflação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,31% em janeiro, sobre alta de 0,19% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o menor resultado para o mês em 23 anos. No desempenho em 12 meses, o indicador teve avanço de 5,94%, contra 6,58% registrados no mês passado.

Com isso, o resultado ficou abaixo da mediana das projeções compiladas pela Bloomberg indicava uma alta de 0,38% na comparação mensal e 6,01% no anual.

Agenda doméstica
Além do IPCA-15, o BC aumentou a rolagem de contratos de swap cambial com vencimento em 1 de fevereiro. Nos dois primeiros dias a oferta foi de 12 mil contratos, por dia, e foram rolados integralmente. Para hoje o BC informou que irá aumentar o número de contratos para 15 mil, esta operação poderá somar US$ 750 milhões. O volume de contratos que vencem em 1º de fevereiro é de US$ 6,4 bilhões.

Vale destacar ainda que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, antecipou sua volta de Davos para tratar da renegociação da dívida do Estado do Rio de Janeiro. Meirelles se reúne com advogada-geral da União, Grace Mendonça, às 16h. Já o presidente Michel Temer embarca para Ribeirão Preto (SP), para cerimônia de Lançamento do Pré-Custeio da Safra 2017/2018 às 8:30, retorna a Brasília para encontro com senador José Medeiros (PSD-MT) às 15h30, e cerimônia de Apresentação de Cartas Credenciais às 16h30.

Agenda internacional e Davos
No exterior, as atenções se voltam para a decisão de política monetária da zona do euro. No primeiro encontro do ano, os membros do Banco Central Europeu decidiram manter a taxa de juros básica em 0% e a taxa de depósitos em -0,4% para estimular o aquecimento da economia local. Os representantes da autoridade monetária também optaram por manter o programa mensal de compra de ativos em 80 bilhões de euros até março. No mês seguinte, será aplicada uma redução na taxa para 60 bilhões de euros. A decisão veio em linha com as expectativas dos economistas.

Ainda no radar, os estoques norte-americanos de petróleo, às 14h, e ao discurso de Janet Yellen, presidente do Fed, às 23h. Na véspera, a chairwoman do Fed afirmou que vai acompanhar de perto as políticas econômicas que podem surgir na nova administração dos Estados Unidos e vai levá-las em consideração nas suas projeções e nas decisões futuras sobre a taxa de juros. O Fed também está prestando muita atenção ao impacto potencial do fraco crescimento global e dos preços das commodities na economia dos Estados Unidos, disse ela, mas considera que os riscos de curto prazo para a economia estão “equilibrados”.

No Fórum Econômico Mundial, os destaques ficam com a fala da primeira-ministra britânica, Theresa May, que afirmou que o Reino Unido “estará sempre aberto para negócios”, e do diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Roberto Azevedo, às 15h. Em Davos, o presidente do Banco Central do Brasil Ilan Goldfajn concederá entrevista coletiva às 14h30. 

Entrevista exclusiva
Na manhã desta quinta, o InfoMoney trará uma entrevista exclusiva feita com o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), candidato à presidência da Câmara. Durante a conversa, o parlamentar pediu o realinhamento da casa legislativa com os anseios da sociedade e chamou atenção para o fato de essa eleição ser uma das mais importantes dos últimos anos.

Líder do PSD mesmo em seu primeiro mandato na casa, o deputado falou sobre sua proximidade com Jovair Arantes (PTB-GO) e chegou a admitir a possibilidade de unificação de candidaturas antes mesmo do primeiro turno. Assim como os outros nomes que já oficializaram candidatura, Rosso critica as movimentações de Rodrigo Maia no sentido da reeleição e chama atenção para os riscos de mais insegurança jurídica ao País. Leia a íntegra da entrevista, clicando aqui

Bolsas mundiais
As bolsas europeias têm um dia de leve queda com os mercados atentos à decisão de política monetária do BCE (Banco Central Europeu) e para a fala do presidente da autoridade monetária Mario Draghi. Conforme destaca a Reuters, com o crescimento e a inflação na zona do euro acelerando lentamente o ritmo, o BCE deve argumentar nesta quinta-feira que sua postura de política monetária ultrafrouxa ainda é necessária para manter a recuperação no curso. O BCE deve deixar inalterada a política monetária e manter a promessa de estímulo prolongado, tendo prorrogado seu programa de compra de títulos no mês passado. 

Os mercados da China, por sua vez, registraram queda, com as empresas de energia e de infraestrutura recuando depois de uma correção de preços nesta semana e com os investidores cautelosos antes do feriado do Ano Novo Lunar. A queda foi liderada por grandes empresas estatais, em particular a China United Network Communications, que caiu 5,14% para perto da mínima de dois meses.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.