Trump? China? Um dos maiores riscos externos de 2017 não está sendo monitorado pelos mercados, aponta XP

Programa XP Connection falou hoje sobre os principais pontos a serem olhados com atenção no cenário internacional e destaca qual é o maior risco não precificado pelos mercados em 2017

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Se o noticiário brasileiro para 2017 será intenso e promete fortes emoções, o internacional não fica para trás. Desta forma, o XP Connection desta quarta-feira (veja no final da matéria o vídeo) tratou sobre os principais temas a serem monitorados com atenção no exterior, destacando relatório elaborado pela XP Investimentos sobre os maiores riscos para o ano que se inicia. 

Entre os destaques, estão as políticas a serem adotadas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, o Federal Reserve e a sua estratégia de elevação de juros e o ambiente econômico para a China. Além disso, a XP destacou no relatório um dos principais riscos que não está sendo precificados pelos mercados: as eleições na França, que ocorrerão entre abril e maio. 

A XP aponta que um dos grandes questionamentos de 2017 será em torno do governo de Donald Trump. Os analistas Celson Plácido e Gustavo Cruz apontam que o novo presidente dos Estados Unidos voltou a discursar no tom de sua campanha e colocou figuras polêmicas em seu time de governo. “Paira a dúvida se as instituições americanas se sobressairão à figura do novo presidente, amenizando medidas mais ‘extremas’. Temos uma visão otimista, de que ao menos neste ano o governo terá um impacto menos negativo do que o previsto pelo mercado”, avaliam. Já o Fed seguirá seu plano de voo que tinha em mente antes da definição de Trump, elevando juros entre duas e três vezes. 

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A China, por sua vez, deve trazer turbulência apenas no segundo semestre, com uma discussão mais forte de uma desaceleração mais rápida, afirmam os analistas.

Já para a Europa, eles apontam que a grande incerteza do ano paira então sobre os eventos políticos, com eleições importantes na Alemanha, França e Holanda, além do início do Brexit, com o Reino Unido devendo ativar o artigo 50 do Tratado de Lisboa no primeiro semestre.” 2017 marcará se a região vai embarcar em uma guinada populista e coloca em risco a continuidade do bloco, ou se mantém nomes alinhados com o desejo de uma Europa unida”, ressalta a XP.

Eleições na França podem gerar turbulência
Porém, o grande destaque no continente europeu fica para as eleições na França. “Reforçamos que a vitória de Le Pen na França representa um risco muito maior do que o atualmente precificado no mercado”, apontam os analistas. 

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A XP aponta que, com a baixa popularidade do atual presidente, François Hollande, as eleições do dia 23 de abril e 7 de maio (segundo turno caso necessário) tem seu desfecho mais incerto, com a candidata Marine Le Pen, representando um risco grande para o bloco europeu, por ter feito campanha pelo Brexit e defender abertamente uma consulta nos mesmos moldes para a população francesa. Do outro lado, François Fillon surge como favorito, com um discurso de austeridade e extinção de cargos públicos. Le Pen tem grandes chances de avançar para o segundo turno.

“De todos os temas do relatório, acreditamos que esse seja o que vem ganhando menos destaque no cenário dos investidores, e que tem grande potencial de turbulência nos mercados. Uma eventual vitória de Le Pen seria acompanhada de uma grande incerteza em torno da sobrevivência do bloco europeu, por conta de sua defesa pessoal por um Referendo na França, para a população decidir se permanece na Zona do Euro. Diferentemente do Brexit, no qual o Reino Unido faz parte da União Europeia, a França é um país membro da Zona do Euro, uma eventual ruptura poderia colocar em risco a continuidade do euro”.

E o Brasil, pode se beneficiar? 
Os analistas destacam ainda que os chamados ‘países pares’ do Brasil, ou aqueles que disputam o mesmo tipo de alocação de recursos no portfólio, não apresentam perspectivas boas para 2017, o que pode gerar maior atratividade para o Brasil. 

O México, por exemplo, é um dos alvos principais de Trump e certamente é um dos mais afetados pela troca de comando nos Estados Unidos. “Sua economia deixou de ser olhada por investidores com os mesmos olhos de anos anteriores, visto que o risco de se investir lá cresceu muito. O peso mexicano já demonstrou uma prévia desse sentimento, e sofreu grande depreciação no período após o resultado das eleições americanas”

Além disso, outro par com um ano crítico é a Turquia, que teve em 2016 uma tentativa de golpe e diversos ataques terroristas. O país deve ter no começo de abril um Referendo que discutirá uma nova Constituição. A alteração tem como principal ponto a possível ampliação de poderes ao presidente Recep Erdogan, com a mudança o cargo de primeiro-ministro seria excluído, e o novo regime concentraria os poderes no presidente. As mudanças políticas já provocam insatisfação interna, aumentando a incerteza para investidores, mas vale lembrar que o conflito na Síria, e as tensões com a Rússia estão longe de se acalmarem e devem trazer novos momentos tensos em 2017.

Por fim, na África do Sul, o presidente Jacob Zuma segue sendo alvo de processos por corrupção, o que vem gerando protestos nas ruas do país pedindo sua renúncia. Isso em meio a uma economia estagnada e com uma taxa de desemprego em torno de 27%.

Veja o programa XP Connection:

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.