Vale PN sobe até 5% e atinge máxima desde 2013; construtoras zeram ganhos de até 36% e small cap dispara 16%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão

Paula Barra

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SÃO PAULO – As ações da Vale e Bradespar dispararam nesta quarta-feira (18), mas não conseguiram sustentar a alta do Ibovespa, que virou para o campo negativo na reta final desta sessão, pressionado pelas ações de peso dos bancos e Petrobras. O benchmark da bolsa brasileira encerrou em leve queda de 0,36%, a 64.121 pontos. 

Entre as maiores quedas do índice figuraram as ações da Cyrela, que, depois de subirem 4,45% na máxima do dia, encerraram em queda de 5%. Vale menção que ela não foi a única imobiliária que perdeu força nesta sessão. O trio PDG Realty, Rossi e Viver, que subiu até 36% na máxima do dia, fecharam entre perdas e ganhos de até 5%. Na esteira, vieram os papéis da Eletrobras ON e as concessionárias CCR e Ecorodovias, que caíram entre 3% e 4%.

As educacionais também apareceram entre as maiores quedas do Ibovespa, com Kroton e Estácio, que corrigiram hoje uma alta “sem motivo” na véspera, segundo Adeodato Volpi Netto, head de mercados da Eleven Financial. Apesar da queda nesta sessão, a ação da Kroton está no “top 5” do Morgan Stanley para Brasil em 2017, conforme relatório do banco divulgado nesta quarta-feira. Figuram na lista lista do Morgan também as ações da Petrobras, Ultrapar, CVC e Gerdau. 

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Além disso, destaque para as ações da small cap Log-In, que acumulam ganhos de 20% nas últimas duas sessões. Ontem, o blogueiro do InfoMoney e diretor da Valor Gestora de Recursos disse que a ação é negociada muito barata na Bolsa e tem um forte potencial de valorização pela frente. A companhia, no entanto, procurada pela BM&FBovespa, disse que não sabe o motivo para a disparada recente dos seus papéis. Outra ação de “segunda linha” que chamou atenção foi a Springs Global, que subiram 16% nesta sessão, com volume atípico. Em entrevista ao InfoMoney, o gestor João Reis, da Venture Investimentos, disse que a empresa “irá se tornar uma Ambev do setor de cama, mesa e banho” (veja aqui a entrevista completa).

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

Vale (VALE3, R$ 32,11, +5,04%; VALE5, R$ 29,44, +3,33%)
As ações da Vale dispararam nesta sessão e apareceram entre os maiores ganhos do Ibovespa, entre alta do minério de ferro e rumor sobre novo acordo de acionistas, que poderia colocar um fim nas ações PNs da mineradora. Na máxima do dia, as ações PNs da mineradora atingiram alta de 5,55%, a R$ 30,07, indo para o maior patamar desde novembro de 2013.  O sentimento positivo foi visto também nas ações da Bradespar (BRAP4, R$ 20,54, +6,65%) – holding que detém participação na Vale -, que bateram na máxima do dia o maior patamar desde dezembro de 2014. Hoje, o minério de ferro cotado do porto de Qingdao, na China, fechou em valorização de 0,61%, a US$ 82,05 a tonelada.

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Por sua vez, as siderúrgicas perderam força e fecharam em queda, com Gerdau (GGBR4, R$ 12,61, -2,93%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 5,75, -1,03%), Usiminas (USIM5, R$ 4,63, -1,91%) e CSN (CSNA3, R$ 11,92, -2,30%).

No radar, o serviço de notícias Valor Pro afirmou que nas negociações do acordo de acionistas da Vale , existe a discussão para a migração das duas classes de ações da mineradora para apenas papéis ordinários, que dão direito a voto. Segundo fontes, este é um cenário provável, mas o acordo ainda não foi fechado. Vence em abril o atual acordo entre os acionistas da Vale, Bradespar, BNDES, a japonesa Mitsui e os fundos de pensão estatais (Previ, Funcef, Petro e Funcesp). Além disso, a publicação diz que circula a possibilidade do próximo acordo ser mais curto, de apenas seis anos, contra os 20 anos do acordo atual (o acordo vigente é de 1997, ano da privatização da Vale).

Caso ocorra realmente a união das ações, a mineradora iria pulverizar seu controle, diluindo a participação dos atuais acionistas. Mesmo assim, segundo a fonte do Valor, eles teriam como se proteger de eventuais ofertas hostis por meio de regras que devem ser estabelecidas já na renovação do acordo.

Segundo a equipe de analistas do BTG Pactual, esta potencial melhoria da governança seria uma notícia positiva para os acionistas. “Isso poderia levar a um re-rating dos múltiplos da Vale mais para os níveis de pares”, disseram em relatório destacando que a Rio Tinto e a BHP negociam em múltiplos entre 7 e 7,5 vezes, enquanto a Vale está em 6 vezes. Supondo a convergência das ações, o patrimônio da Vale poderia sofrer uma reprecificação de mais de 30%, o que implicaria na criação de valor de US$ 18 bilhões para a mineradora, segundo o BTG. Entre diversos fatores que tornam este assunto bastante complexo, os analistas destacam a decisão de qual seria a relação de troca das atuais ações PN para ON.

Dados todos os pontos que precisam ser decididos, a equipe do BTG diz estar cética que este seria um evento para curto-prazo na Vale. “Embora claramente faria sentido de uma perspectiva de criação de valor e provavelmente será analisada a nível de acionista, permanecemos neutros com a Vale”, completaram os analistas. Confira mais clicando aqui. 

Ainda no noticiário da companhia, o ministro de Minas e Energia Fernando Coelho Filho afirmou em Davos que a Samarco, joint venture entre a Vale e a BHP, deve voltar a operar em dois meses. O ministro disse que a mineradora voltará aos negócios tendo abordado todos os problemas ambientais e legais que tinha.

Petrobras (PETR3, R$ 18,03, -0,77%; PETR4, R$ 15,79, -0,19%)
As ações da Petrobras fecharam entre leves perdas e ganhos, em dia de queda superior a 2% dos preços do petróleo no mercado internacional. O contrato do Brent registrava desvalorização de 2,51%, a US$ 54,08 o barril, enquanto o WTI recuava 2,44%, a US$ 51,20 o barril. 

No radar da estatal, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) e o Sindipetro Duque de Caxias reportam incêndio de “grandes proporções”, por volta das 14h (horário de Brasília), na Unidade 1210 de Destilação Atmosférica, da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio, segundo nota no site da entidade.  

Em nota, a FUP disse que “segundo informações preliminares dos trabalhadores que se encontram no local, o acidente pode ter sido provocado por vazamento de produto”. Ainda não há informações de vítimas. A assessoria de imprensa da Petrobras informou à Bloomberg que, no momento, a empresa não vai comentar. 

Educacionais
Entre as maiores quedas do Ibovespa apareceram as ações das educacionais, com Kroton (KROT3, R$ 14,29, -2,59%) e Estácio (ESTC3, R$ 16,96, -1,74%), que corrigiram uma alta “sem motivo” na véspera, segundo Adeodato Volpi Nettohead de mercados da Eleven Financial. Fora do índice, a ação da Ser Educacional (SEER3, R$ 18,74, -7,00%) desabou. 

Apesar da forte queda nesta sessão, a ação da Kroton está no “top 5” do Morgan Stanley para Brasil em 2017, conforme relatório do banco divulgado nesta quarta-feira. Figuram na lista lista do Morgan também as ações da Petrobras, UltraparCVC e Gerdau. 

Segundo Adeodato, a Kroton passa por uma correção na Bolsa, após valorização desproporcional registrada recentemente. Da metade de dezembro até a véspera, os papéis da companhias subiram 20%. Vale menção que ontem tanto a Kroton quanto a Estácio subiram 4%. 

“A Kroton ainda tem que definir seu modelo pós-transação com a Estácio, no mínimo, por conta de decisões regulatórias. Some-se a isso a pressão de eventual inadimplência oriunda de pagar o financiamento estudantil da parte que foi retirada do Fies. O risco desse papel, no atual patamar, é maior do que sua potencial de valorização”, comentou Adeodato. 

Suzano (SUZB5, R$ 13,35, +0,45%)
 A Suzano Papel e Celulose anunciou nesta quarta-feira alta no preço da tonelada de celulose vendida em todos os mercados a partir de 1o de fevereiro, acompanhando movimentos semelhantes promovidos por rivais nos últimos dias.  

Segundo a Suzano, para a China, o preço da tonelada de celulose será elevado para 600 dólares. Na Europa, o preço vai para 710 dólares e na América do Norte o valor subirá para 890 dólares a tonelada. “A Suzano entende que os fundamentos de mercado neste momento suportam esse anúncio”, afirmou a companhia em comunicado à Reuters.

O último aumento de preços promovido pela Suzano entrou em vigor no primeiro dia do ano, depois de uma elevação de 20 dólares no início de dezembro. O anúncio desta terça-feira segue-se a reajustes de mesma intensidade divulgados nos últimos dias pelas rivais Fibria e Eldorado Brasil, também válidos a partir de 1o de fevereiro.

Construtoras
As ações do setor de construção perderam força, após subirem até 36%, entre apostas de Selic mais baixa em 2017 e expectativas por uma decisão sobre as regras de distratos. Com isso, as ações da PDG Realty (PDGR3, R$ 3,22, -8,00%), Rossi (RSID3, R$ 7,00, +5,42%) e Viver (VIVR3, R$ 2,79, +1,45%) fecharam entre leves perdas e ganhos. Ainda assim, contudo, esses papéis acumulam ganhos de até 170% em 2017.

Veja mais: De “quebradas” em 2016 para altas de até 300% em 2017: dá para confiar no rali das construtoras?

As construtoras ganham o holofote do mercado neste início de 2017, em meio às projeções de juros em queda livre, reforçadas nesta manhã pela divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que reforçou a expectativa de corte de 0,75 ponto percentual na próxima reunião e a perspectiva de uma Selic a um dígito ainda esse ano (confira mais projeções clicando aqui). 

Além da Selic, outro fator tem levado à disparada das ações do setor: a expectativa de uma decisão sobre as regras de distratos. Segundo disseram três fontes para a agência Reuters, o governo e representantes da indústria de construção estão perto de um acordo sobre novas regras que dão às empresas o direito de manter uma parcela do valor do imóvel no caso de cancelamento da venda. 

Duas prévias do 4° trimestre
Também dentro do setor de construção civil e shopping centers destaque para outras duas empresas Cyrela (CYRE3, R$ 12,11, -5,39%) e Multiplan (MULT3, R$ 63,59, -0,64%), que divulgaram suas prévias operacionais do 4° trimestre. 

A construtora e incorporadora Cyrela informou que suas vendas líquidas contratadas no quarto trimestre somaram R$ 1,09 bilhão, alta de 29,2% ante mesma etapa de 2015. Segundo afirmou a companhia em comunicado, das vendas realizadas no período, 42% foram de estoques e 58%, de lançamentos. Embora operem no negativo neste momento, as ações atingiram na máxima do dia valorização de 4,45%, a R$ 13,37.

Analistas do mercado ressaltaram dados positivos no período, acima das expectativas. Dos três relatórios compilados, apenas o Bradesco BBI preferiu manter se manter cauteloso sobre a ação. Apesar da forte recuperação dos números operacionais, o banco manteve a recomendação de venda para a ação, por conta da valorização alongada. Por outro lado, o BTG Pactual reiterou a recomendação de compra, tendo a ação como uma das suas preferidas para potencial recuperação do setor imobiliário, em meio ao juros mais baixos. Enquanto isso, o Itaú BBA disse que manteve a recomendação de compra da ação, apesar de potencial baixo diante dos preços atuais (preço-alvo de R$ 12,00 no fim de 2017). Para o banco, a empresa pode continuar se beneficiando de projeções de melhora de demanda por conta de taxas mais baixas de financiamento e melhor perfil de entregas.   

Já a Multiplan, administradora de shopping centers, divulgou que as suas vendas nominais somaram R$ 4,4 bilhões no quarto trimestre de 2016, 3% superior frente o mesmo período de 2015. Já as vendas na mesma área (SAS) subiram 2,5%, enquanto as vendas nas mesmas lojas (SSS, que existem há mais de 12 meses) subiram 1,5%. No quarto trimestre, a Multiplan mostrou  uma taxa de ocupação de 97,3%, uma leve variação ante os 97,4% obtidos na comparação com 2015. O  Itaú BBA espera reação neutra a dados de vendas “suaves”.

Log-In (LOGN3, R$ 3,45, +6,48%)
As ações da Log-In seguiram em forte alta nesta sessão, acumulando nos dois últimos pregões ganhos de 20%. Nas últimas cinco sessões, a alta é de 32%. 

Ontem, William Castro Alves, diretor da Valor Gestora de Recursos e blogueiro do InfoMoney, comentou porque considera esse um case interessante na Bovespa (ação que ele tem em carteira e corresponde a 2% do seu capital). Segundo ele, a companhia poderia valer hoje entre duas e três vezes mais do que vale. “O desconto de mais de 60% ao seu valor de patrimônio e a mudança decorrente do novo management da empresa me fazem acreditar que há espaço para o ativo ser reprecificado em bolsa”, escreveu em seu blog no InfoMoney. 

Procurada pela BM&FBovespa para esclarecer o motivo da alta atípica das ações, a Log-In disse, na última terça-feira, que não tem conhecimento do motivo da alta. “A Log-In vem esclarecer que não tem conhecimento de quaisquer fatos, relacionados ou não aos seus negócios, que possam justificar as oscilações atípicas relativas ao número de negócios e quantidade negociada de ações de emissão da companhia“, disse a empresa em comunicado enviado ao mercado. 

Frigoríficos
As carnes vendidas no varejo do estado de São Paulo deverão ficar mais cara a partir de 1º de abril, em função de um decreto editado pelo governador Geraldo Alckmin extinguindo a isenção de ICMS que beneficiava o segmento desde 2009. As informações foram dadas pelo jornal Valor Econômico, que diz que a medida pode provocar uma elevação de até 8% nos preços das carnes no maior mercado consumidor do país.

No noticiário das empresas do setor, a Marfrig (MRFG3) informou o mercado que recebeu comunicado de aumento de participação relevante de seus controladores MMS Participações, Marcos Molina dos Santos e Marcia Aparecida Marçal dos Santos, que em conjunto passaram a deter diretamente 209.703.592 ações ordinárias, o que corresponde a participação de 40,23% do total de ações que compõem o capital social.

Já a Minerva (BEEF3) comunicou os investidores que “restou considerada extinto de pleno direito” a obrigação de aquisição de ações de emissão da Frisa Frigorífico Rio Doce representativas de 99,56% do capital social total, informada em fato relevante de 7 de novembro do ano passado. De acordo com o texto assinado pelo diretor de relações com investidores Eduardo Pirani Puzziello, a decisão se deu “por não terem sido satisfeitas, pelos vendedores, todas as condições precedentes avançadas entre as partes”.

Para a equipe do Itaú BBA, o anúncio é negativo para a companhia. Os analistas esperam impacto negativo de 6% no valor patrimonial da Minerva e redução de 7% no Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deste ano. “O cancelamento do acordo e a apreciação do câmbio reduziram a atratividade do call“, escreveram em relatório a clientes.

Oi (OIBR4, R$ 2,50, -4,21%)
Segundo fonte ouvida pela Bloomberg, a Oi concorda em converter dívida em ações já em novo plano. A companhia telefônica afirmou que quer apresentar novo plano de recuperação até o fim de março, segundo pessoa com conhecimento direto do assunto que pediu anonimato proque não está autorizada a falar publicamente.

A companhia já se encontrou com Elliott, Cerberus e grupo do bilionário Naguib Sawiris neste ano, disse a pessoa. A Oi tem mantido discussões com grupos de credores liderados pela Moelis e pela G5. Ela teria concordado em usar parte dos recursos da venda de ativos para pagar os credores, segundo a pessoa. O grupo de Sawiris anunciou objeção a plano da Oi na Justiça nesta terça, disseram 2 pessoas com conhecimento direto do assunto mais cedo.

Springs Global (SGPS3, R$ 7,50, +15,92%) 
A small cap Springs Global voltou a disparar nesta quarta-feira, atingindo na máxima do dia alta de 17,47%, a R$ 7,60. Nos 13 pregões de 2017, a ação acumula ganhos de 70% e vai para seu maior patamar na Bovespa desde novembro de 2013. O volume financeiro movimentado hoje alcançou os R$ 5,05 milhões, contra média diária de R$ 1,4 milhão dos últimos 21 pregões.  

Nos últimos dias, os papéis da companhia dispararam e chamaram a atenção da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que questionou a empresa. Na noite de terça-feira (17), a Springs respondeu dizendo que um dos motivos que poderiam explicar a recente alta das ações seria exatamente o corte de Selic.

Veja mais: Small cap dispara 60% em duas semanas e gestor afirma: “será uma Ambev em seu setor”

Em entrevista ao InfoMoney, a diretora de Relações com Investidores da companhia, Alessandra Gadelha, destacou que a dívida atrelada ao CDI estava em cerca de R$ 600 milhões no 3º trimestre de 2016. “Assim, a redução de 1% da taxa de juros representa economia ou ganho R$ 6 milhões por ano, equivalente a 25% do lucro realizado em 2015.”, explicou.