BB cai 4% após cortar guidance, Marfrig afunda até 6% e small cap quase zera alta de até 14%, com OPA em risco

Confira os destaques da Bovespa na sessão desta segunda-feira (9)

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou praticamente estável nesta segunda-feira (9), entre a alta da Vale, queda de Petrobras e dia misto para os bancos. Enquanto Itaú Unibanco e Bradesco apresentaram leves ganhos, as ações do Banco do Brasil figuraram como a segunda maior queda do índice, em reação à revisão para baixo do guidance feita pelo banco para 2016. 

A sessão foi de queda forte também para as ações da Marfrig, que atingiram na mínima do dia desvalorização de 6%, após corte de recomendação pelo JPMorgan. As empresas do setor de papel e celulose também chamaram atenção no campo negativo, em meio à queda do dólar frente ao real. O dólar comercial encerrou esta sessão em queda de 0,78%, a R$ 3,1967 na venda. 

Do outro lado, destaque para as ações da Natura e Cyrela, que saltaram entre 4% e 5% neste pregão, seguidas por Bradespar – holding que detém participação na Vale -, que foi puxada pelo dia de alta do preço do minério de ferro.   

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 17,32, -0,97%; PETR4, R$ 15,33, -2,11%)
As ações da Petrobras caíram, seguindo o movimento negativo do petróleo no mercado internacional. Lá fora, o contrato Brent registrava queda de 1,96%, a US$ 55,98 o barril, enquanto o WTI caía 1,94%, a US$ 52,94 o barril.    

Vale mencionar que a ação ON da estatal amenizou as perdas após notícia de que a empresa planeja fazer uma emissão de ao menos US$ 3 bilhões em bônus de cinco a dez anos, segundo fontes. A ideia é financiar a recompra de papéis que estão no mercado com vencimento em 2019 e 2020. 

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Vale (VALE3, R$ 26,50, +2,04%;VALE5, R$ 24,62, +2,12%)
As ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 15,62, +2,43%) – holding que detém participação da Vale – apareceram entre as maiores altas do Ibovespa, entre elevação de recomendação pelo Barclays e alta do minério de ferro. 

Barclays elevou a recomendação dos ADRs (American Depositary Receipts) da Vale de equalweight (exposição em linha com o mercado) para overweight (exposição acima do mercado), equivalente à compra, elevando o preço-alvo de US$ 6 para US$ 9,50 por papel. Além disso, o minério spot negociado em Qingdao fechou em alta de 1,94%, a US$ 77,73 a tonelada métrica.

Contudo, atenção para o Departamento da Indústria, Inovação e Ciência australiano, que prevê que o preço do minério de ferro vai ficar em 51,60 dólares a tonelada em média neste ano e cair para 46,70 dólares em 2018. O nível atual do preço no mercado à vista é de cerca de 80 dólares, o dobro de um ano atrás. O departamento previu preço de 44,10 dólares em 2016.

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Já as siderúrgicas tiveram um movimento mais ameno do que a Vale nesta sessão, com Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 5,23, +0,77%), Usiminas (USIM5, R$ 4,50, +0,67%), CSN (CSNA3, R$ 11,45, +1,51%) e Gerdau (GGBR4, R$ 11,74, +0,09%). 

MRV Engenharia (MRVE3, R$ 11,46, +0,88%) 
O BTG Pactual elevou a recomendação das ações da MRV Engenharia para compra com um preço-alvo de R$ 14,00, dando um potencial de valorização de 23%, baseado na forte performance operacional, na mitigação de um risco importante para o setor (ajuste da remuneração do FGTS) pelo governo e principalmente por um valuation atrativo.

Os analistas destacaram que, nos últimos anos, a MRV investiu pesado nas suas operações e agora (com a operação sob controle), eles provaram a capacidade de expandir sem sofrer nenhuma deseconomia de escala. “Estamos muito confiantes que eles vão voltar a crescer, aumentando margens/retornos, com forte geração de fluxo de caixa livre”, comentaram.

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Banco do Brasil (BBAS3, R$ 27,80, -3,77%)
A ação do Banco do Brasil despencou 4,64% na mínima do dia, a R$ 27,55, após o banco anunciar que revisou parcialmente o guidance de 2016.

Faltando apenas o 4° trimestre para completar o ano, o banco decidiu revisar o guidance de 2016 para baixo, com ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) entre 7% e 8%, ante 8% e 10%.

Para atingir o novo guidance, o lucro líquido do 4° trimestre potencialmente será inferir a R$ 2 bilhões, contra projeção anterior de R$ 2,8 bilhões, comentaram os analistas do BTG Pactual. O Credit Suisse também apontou que, pela revisão, o lucro deve ficar na casa de R$ 2 bilhões e que o corte nas projeções deve levar o consenso do mercado a reduzir não apenas as estimativas para o 4° trimestre, como para 2017. “R$ 10,9 bilhões nos parece muito otimista, uma vez que a receita de serviços deve ser mais fraca do que o esperado e a recuperação nas despesas de provisão mais gradual”, comentaram. 

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De acordo com o documento, as razões para a revisão foram: I) evolução da receita de serviços abaixo do esperado; e II) a companhia decidiu reforçar as provisões para algumas grandes corporações e para o portfólio de pequenas empresas.

Alimentos
O JPMorgan revisou nesta segunda-feira suas estimativas para o setor de alimentos: o banco cortou suas recomendações das ações da BRF (BRFS3, R$ 45,70, -1,13%) de overweight (exposição acima da média) para neutra e Marfrig (MRFG3, R$ 6,07, -4,11%), de neutra para underweight (exposição abaixo da média). Já para Ambev (ABEV3, R$ 16,51, +0,30%), os analistas mantiveram o papel como top pick, enquanto citaram JBS (JBSS3, R$ 11,60, +0,87%) como o “call” para este início de ano. 

Com a notícia, a ação da Marfrig aparece como a maior queda do Ibovespa nesta tarde, atingindo na mínima do dia desvalorização de 6,16%, a R$ 5,94, quando bateu o menor patamar desde 17 de novembro. Segundo os analistas, as estimativas para o resultado da empresa no 4° trimestre ainda mostram perdas líquidas. 

O JPMorgan reiterou ainda recomendação overweight para M.Dias Branco (MDIA3, R$ 124,19, +1,54%), citando valuation atrativo e momentum, enquanto comentaram que seguem cautelosos com Marfrig e Minerva, dado a falta de potencial de valorização dos papéis. Sobre BRF, os analistas disseram que decidiram revisar para baixo pois os pilares-chave do case de investimentos do papel estão se tornando frágeis. 

Além disso, a BRF afirmou na sexta-feira que segue considerando a realização de oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da OneFoods, entre outras alternativas, mas que não há no presente momento qualquer aprovação nesse sentido do conselho de administração. A empresa disse que, se acontecer, o IPO da sua subsidiária focada em alimentos para o público muçulmano poderá ocorrer na Bolsa de Londres, mas que não descarta a realização de captação privada, dentre outras alternativas, de acordo com comunicado.

Na quinta-feira, a Reuters noticiou que a BRF está se preparando para tentar levantar cerca de 1,5 bilhão de dólares com a venda de participação de 20 por cento da unidade OneFoods, por meio de uma (IPO), conforme duas fontes com conhecimento direto do assunto.

Localiza (RENT3, R$ 36,85, +1,18%)
A ação da Localiza subiu 4,48% na máxima do dia, a R$ 38,05. Em relatório desta manhã, o Citibank destaca uma reunião entre a empresa e investidores em Nova York. Segundo os analistas, a reunião trouxe, no geral, uma perspectiva positiva sobre a empresa, que aparece como uma das companhias que mais devem se beneficiar do cenário de queda de juros no Brasil. Além disso, eles ressaltaram que os investidores veem os potenciais IPOs da Movida e Unidas como “não grandes o suficiente para diminuir o valor das ações da Localiza”. 

Elétricas
O BTG Pactual divulgou nesta segunda-feira um relatório sobre o setor elétrico. Os analistas do banco seguem “bullish” com as elétricas, vendo o copo meio cheio e com muitas assimetrias à frente.

Eles comentaram que têm cinco top picks pra 2017 (todas as ações com recomendação de compra), sendo três com menor risco e volatilidade: Equatorial (EQTL3), Energisa (ENGI11) e a Transmissão Paulista (TRPL4); e duas ações com maior risco e volatilidade: Cesp (CESP6) e Light (LIGT3).

Segundo eles, a tendência também é positiva para saneamento, tanto Copasa (CSMG3), que os analistas revisaram para compra, quanto para Sabesp (SBSP3).

Além disso, os analistas comentaram que as ações da Alupar (ALUP11) e Energias do Brasil (ENBR3) também estão entre suas recomendações de compra. Por outro lado, os nomes a serem evitados são as geradoras, como AES Tietê, Engie (antiga Tractebel) e Copel. Já as empresas que estão no seu preço justo são Cemig, Eletropaulo e Taesa. 

CCR (CCRO3, R$ 16,40, +1,05%)
Os analistas do BTG Pactual revisaram suas estimativas para a CCR, após um período restritos no papel. Eles reiteraram a recomendação de compra na ação, com preço-alvo de R$ 19,00 (sendo R$ 16 correspondentes ao portfólio atual + R$ 3 vindos de novos projetos).

Segundo os analistas, a visão positiva para o case baseia-se em 4 pontos principais: I) potencial de valorização vindo do uso do caixa (oportunidade de crescimento deve ser um tema importante esse ano); II) valuation descontado (papel a uma TIR real de 7%); III) bom momento de LPA (Lucro por Ação), refletindo o rampup de novos projetos, potencial recuperação do tráfego e cortes agressivos da Selic; e IV) custo capital/dívida menores, assumindo que a projeção para a Selic esteja certa e vá terminar o ano em 10,25%.

Eles comentaram que a CCR sempre enfrentou o dilema do valuation (que parece caro), mas acreditam que o grande trigger para o papel este ano serão as oportunidades de crescimento e, quando assumem isso, o papel parece mais descontado. 

Prumo (PRML3, R$ 8,12, +1,88%)
As ações Prumo praticamente zeraram os ganhos de até 14,18% vistos nesta manhã, quando chegaram a ser cotadas a R$ 9,10, em meio à notícia de um novo laudo sobre a OPA (Oferta Pública de Aquisição) de ações, que trouxe uma faixa de preço acima do proposto. O volume financeiro movimentado com o papel atingiu R$ 3,6 milhões nesta sessão, contra média diária de R$ 974,6 mil dos últimos 21 pregões. 

Segundo a empresa, o laudo de avaliação realizado pela Brasil Plural para a oferta pública que vai tirar a companhia do Novo Mercado da BM&FBovespa trouxe uma estimativa de preços entre R$ 9,98 e R$ 11,03, ante limite ofertado de R$ 6,69.

Como o laudo aponta um intervalo de preços superior ao limite máximo ofertado na OPA, de R$ 6,69 por ação, os controladores vão se manifestar sobre a revisão dos termos da oferta ou seu cancelamento até o dia 13 de janeiro. 

Unipar (UNIP6, R$ 6,80, +0,29%)
A Unipar confirmou, por meio de comunicado ao mercado, que a CNV (Comisión Nacional de Valores), regular do mercado argentino, aprovou valor de 3,47 pesos argentinos para o preço a ser adotado por ação na oferta pública de até todas as ações em circulação da Unipar Indupa, atualmente negociadas na Bolsa de Comercio de Buenos Aires.

O preço das ações adquiridas no âmbito da OPA será pago pela companhia e pela Solvay S.A., antiga controladora indireta da Unipar Indupa. A Comisión Nacional de Valores aprovou ainda que a OPA deverá permanecer aberta para aceitação durante um período de 25 dias após o seu lançamento. O efetivo lançamento da oferta está sujeito a formalidades adicionais, incluindo a finalização do prospecto.