“Não é questão de multiplicar patrimônio”, diz Barsi, que encontrou sua fórmula mágica há 40 anos

Luiz Barsi tem dedicado as últimas semanas de dezembro para responder as dúvidas dos leitores

Paula Barra

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SÃO PAULO – Dando sequência aos artigos semanais da série “As Ações Garantem o Futuro”, o site Suno Research traz mais uma carta do megainvestidor Luiz Barsi, um dos maiores investidores pessoa física da BM&FBovespa, que têm dedicado as últimas semanas de dezembro para responder as dúvidas dos leitores.

Nas próximas semanas, as cartas ainda trarão as respostas das perguntas feitas por leitores, mas o relatório mais recente informa que o tópico de “perguntas e respostas”, que tinha sido aberto na página do Facebook da Suno Research, foi encerrado.

Confira abaixo as respondes de Luiz Barsi às dúvidas dos leitores:

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Nos relatórios mais recentes temos tratado de dúvidas dos leitores. 

Durante esta interação com os leitores recebemos centenas de perguntas. Tentamos responder todas as dúvidas que recebemos. 

Obviamente, muitas perguntas são de natureza semelhante, apenas mudando a forma da pergunta mas seu conteúdo é semelhante. Neste caso escolhemos uma delas. 

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O tópico de perguntas e respostas foi encerrado, mas ainda serão publicadas nas próximas semanas as respostas das perguntas que foram feitas. 

Em seguida, voltaremos a nos aprofundar sobre assuntos específicos de suma importância ao investidor. No futuro pretendemos abrir para perguntas novamente. 

Para saber quando iremos abrir novamente para perguntas, curta nossa página no Facebook: Suno Research. O conteúdo relacionado a investimentos que produzimos está tendo um engajamento intenso com nossa base de leitores. 

Seguem as perguntas: 

Floriano Paes: Como o senhor vê o atual momento econômico do país, e as reações do mercado a cada noticia? 

A situação econômica impacta minha decisão de investimento. Por quê? Porque ela gera um acontecimento que acaba interferindo no preço da ação, fazendo com que o papel caia. Então eu passo a contemplar a comprar.

Eu tenho uma certa fama que eu torço pela crise. Mas eu não torço pela catástrofe, eu não torço para ninguém morrer, etc. 

Eu torço para que haja o estouro de uma bolha, uma crise localizada ou sistêmica. Tudo isso gera uma interferência no mercado. Nem sempre gera uma interferência na produção. Nem sempre gera uma interferência no faturamento de uma empresa. Nem sempre gera uma interferência nos resultados e nas distribuições de dividendos. 

Muitas crises acabam gerando um fator psicológico no mercado. Alguns exemplos são ataques suicidas, alguns assassinatos. 

Como eu compro ações com a visão de participar de um projeto no futuro, eu interpreto que a crise é uma oportunidade de adquirir papéis a preços mais atrativos. 

Existe o exemplo de papéis como a própria PAR Corretora (código em bolsa: PARC3), que tem uma base acionária pequena. Esta base acionária pequena não permite entrar no papel na quantidade e preço desejado. Então você tem que fazer o que? Você tem que ficar aguardando uma pressão vendedora, que muitas vezes é gerada por uma crise. 

Mateus Miranda: O que o senhor pensa sobre o investimento em Fundos de Investimentos Imobiliários? Seria este uma alternativa para investidores que não tem tanto “apetite” para as ações? Gostaria de saber a sua opinião sobre esse assunto. 

Eu acho que o fundo imobiliários é uma alternativa, mas depende do valor da cota que você vai pagar. 

Na realidade, o fundo imobiliário acaba se constituindo como se fosse uma ação. Então, é preciso avaliar a perspectiva de retorno que existe daquela estrutura imobiliária e sua perenidade. 

Por exemplo, se você comprar um fundo imobiliário que é constituído por agências do Banco do Brasil, você sabe que na vigência do contrato vai ter sempre um nível previsível de resultados. Se você comprar um fundo imobiliário que tem na sua estrutura lajes corporativas, as perspectivas não são as mesmas. Então, você precisa analisar. 

Eu comprei um fundo imobiliário e o resultado não foi aquilo que eu esperava. E eu aguardei oito anos. Então, nas ações eu teria tido um ganho muito superior. 

O fundo imobiliário dificilmente te propicia uma capacidade de alavancagem de resultado maior, ao passo que as ações no momento de vibração de mercado o preço da ação pode evoluir significativamente. 

Marcelo Caminha: Sr. Barsi, o senhor defende a gestão da Klabin. Mas os relatórios financeiros deles mostram que eles possuem dívidas inclusive em dólares, como o senhor vê isso? A Taesa outra empresa que o senhor investe também possui dívidas, são dividas confortáveis? Com baixos juros? O senhor analisa também o fator alavancagem e pagamento de dívidas nas suas análises de investimento?

É claro que eu analiso o endividamento. 

Inclusive o Fábio Schvartsman (CEO da Klabin) disse com todas as letras em uma apresentação publica recente que a empresa irá neste ano e no próximo passar por um processo de desalavancagem (redução da dívida). Então, os investimentos maiores já foram feitos. Os novos investimentos serão de menor porte e de retorno expressivo, como acabar com pequenos gargalos da produção. 

Então, quando é feita a analise o endividamento é preciso avaliar a capacidade da empresa de cumprir com esses compromissos. Em muitas ocasiões o endividamento é saudável, e até necessário. 

Por exemplo, uma empresa que seja caracterizada como de capital intensivo, não pode parar de investir. É preciso investir sistematicamente. 

Empresas como a Klabin e a Unipar Carbocloro, que são empresas que normalmente se endividam para poder executar projetos de bons retornos, elas irão honrar suas dívidas. E não deixam de contemplar os acionistas. Existem estudos internos bastante profundos para que a empresa não entre em um rodamoinho de dívidas que elas não possa sair. 

Então, a Klabin é uma empresa que se endivida, mas ela tem um lucro operacional generoso que suporta este endividamento. 

A Taesa é uma empresa que distribui todo seu lucro, por necessidade de suprir o caixa da Cemig. Então para os investimentos, a empresa acaba se endividando. Estes financiamentos não tem a mesmas condições que teriam caso fossem feitos no mercado, pois a Taesa acaba tomando dívida com organismos especializados com condições (taxas de juros e prazos) mais favoráveis. 

João da Silva: Diversas reportagens a seu respeito o descrevem como uma pessoa de hábitos simples. Por outro lado, seu patrimônio em ações indica que hoje o Sr. tem recursos em quantidade muito mais do que suficiente para manter este estilo de vida. Por que continuar dedicando grande parte do seu tempo a multiplicar ainda mais seu patrimônio? 

Não é questão de multiplicar patrimônio. Eu vivo muito bem. 

Eu acho que o cidadão que compra um carro de duzentos mil dólares é um “patrocinador” (conceito descrito em relatórios anteriores). Eu sinto que não existe a necessidade de comprar um carro desses. Ainda mais em um país como o nosso. É como se você comprasse uma bengala de ouro, e esta bengala de ouro está no foco de muita gente para tirar ela de você. 

Eu tenho todo o conforto que eu preciso. Eu não preciso de mais conforto do que eu tenho. 

Faz quarenta anos que eu não trabalho. Eu venho “fazer tricô”, é diferente. Ir na corretora diariamente é uma atividade prazeirosa. Chega até a ser uma recomendação médica.

Por que eu não venho só de carro? Porque existem recomendações para andar e se movimentar. Eu tenho 78 anos de idade e parte do motivo por eu estar aqui é por seguir essas recomendações. 

Não há um volúpia por aumentar o patrimônio de maneira significativa. Eu apenas continuo a fazer aquilo que eu comecei a fazer quarenta e poucos anos atrás. Deu certo naquela época e eu não mudei. Eu continuo fazendo a mesma coisa que eu fazia antes, com um pouco mais de mais recursos.