Ibovespa respira após perder os 57.000 pontos e bater mínima em 3 meses; dólar cai abaixo de R$ 3,30

Índice chegou a perder importante patamar de olho na agenda agitada por aqui e na divulgação de uma série de dados nos EUA

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em uma sessão com baixo giro financeiro, o Ibovespa fechou com queda nesta quinta-feira (22) e chegou a perder o patamar dos 57 mil pontos puxado pelas ações da Vale e Petrobras. Na mínima do dia, em 56.828 pontos, o índice atingiu seu menor patamar desde 16 de setembro, quando atingiu os 56.694 pontos. O benchmark da Bolsa brasileira teve perdas de 0,68%, a 57.255 pontos, com um volume financeiro de R$ 6,053 bilhões – contra média dos últimos 21 dias de R$ 9,57 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial recuou 1,03% – quarta queda seguida -, para R$ 3,2968 na compra e R$ 3,2978 na venda, perdendo o patamar de R$ 3,30 pela primeira vez desde 10 de novembro. Já o dólar futuro para janeiro de 2017 teve queda de 0,93%, a R$ 3,305. Já os contratos de juros futuros operavam com quedas fortes -principalmente os contratos longos – após a divulgação do RTI. Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caíam 2 pontos-base, a 11,60%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuavam 10 pontos-base, a 11,42%.

Mais cedo, o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos levou a bolsa a acentuar as perdas. A economia dos EUA cresceu 3,5% no terceiro trimestre, resultado mais forte que o previsto pelos economistas, mostrando o melhor desempenho em dois anos, impulsionada pelos gastos dos consumidores. A expectativa dos economistas consultados pela Bloomberg era de avanço de 3,3%. Dados mais fortes reforçam a ideia de que os juros podem subir mais rápido nos EUA, assim como projetou o Federal Reserve em sua última reunião, quando elevou a projeção para três altas das taxas em 2017.

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Enquanto isso, o Departamento do Trabalho americano informou que os pedidos de seguro-desemprego no país subiram para o maior patamar desde a metade de junho. Na semana encerrada em 17 de dezembro, os pedidos de seguro-desemprego cresceram em 21.000 para 275.000, acima do esperado pelo mercado. Estimativas de economistas consultados pelo MarketWatch projetavam alta para 258.000.

Apesar da proximidade da maior calmaria de fim de ano, o pregão desta quinta-feira é marcado por uma série de eventos importantes também no mercado brasileiro. Em nível doméstico, o Banco Central apresentou o Relatório Trimestral de Inflação e o presidente Michel Temer anunciou pontos da reforma trabalhista e liberação do FGTS aos trabalhadores, além de medidas na área de crédito bancário.

Destaques da Bolsa
Do lado acionário, a Petrobras (PETR3; PETR4) abriu em alta mas logo virou para queda. No noticiário da companhia, destaque para o anúncio de um acordo estimado em 2,2 bilhões de dólares com a petroleira francesa Total, mas amenizou os ganhos acompanhando os preços de petróleo, que registram leve queda. O petróleo WTI tem baixa de 0,42%, a US$ 54,23, enquanto o WTI tem baixa de 0,42%, a US$ 52,26 o barril.

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O acordo com a Total envolve cessão de direitos em áreas no pré-sal, compartilhamento de terminal de regaseificação, transferência de fatias em térmicas, entre outros negócios. O montante inclui entrada de caixa de 1,6 bilhão de dólares após conclusão da operação, o que deve demorar cerca de 60 dias, além de pagamentos contingentes e um carrego de investimentos no desenvolvimento da produção de ativos comuns às duas empresas.

O acordo foi avaliado positivamente por analistas de mercado. Segundo o Santander, a materialização do acordo coloca a Petrobras perto de suas metas importantes de desinvestimento e desalavancagem, além de ajudar a reduzir investimentos futuros em capex. Já o Bradesco BBI avalia que o acordo seja o primeiro de vários outros nas atividades de transporte e distribuição de produtos. Já o Itaú BBA aponta que, mesmo se a Petrobras não cumprir o guidance de desinvestimento, “o que acreditamos ser possível, dada a proximidade do encerramento do exercício, consideramos que a administração foi bem-sucedida no programa de venda de ativos”. 

Já as ações da Vale (VALE3; VALE5) caíram forte acompanhando o movimento do minério de ferro. A commodity negociada em Qingdao fechou em baixa de 4%, a US$ 76,19 a tonelada métrica. O movimento também é visto nos papéis do setor siderúrgico.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VALE5 VALE PNA 21,78 -5,18 +113,89 417,17M
 GGBR4 GERDAU PN 10,32 -4,27 +122,95 99,43M
 BRAP4 BRADESPAR PN 14,32 -4,21 +186,97 22,49M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 16,54 -4,17 -27,93 35,09M
 VALE3 VALE ON 25,38 -4,15 +95,93 100,41M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 12,90 +4,45 +37,62 161,05M
 ESTC3 ESTACIO PARTON ED 14,80 +3,89 +19,73 64,02M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 7,70 +3,22 +54,70 17,50M
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 27,10 +3,12 +18,39 92,39M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 13,50 +3,05 +18,06 16,06M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 14,01 -2,30 596,03M 712,75M 30.722 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 32,05 +0,82 480,27M 432,82M 27.572 
 VALE5 VALE PNA 21,78 -5,18 417,17M 626,30M 31.238 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 26,75 -0,59 272,64M 280,23M 21.406 
 CIEL3 CIELO ON 28,20 +0,36 239,89M 187,87M 30.153 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 26,00 -0,95 209,94M 216,28M 13.718 
 ABEV3 AMBEV S/A ON EJ 15,82 -2,06 207,51M 233,92M 21.251 
 PETR3 PETROBRAS ON 16,35 -1,21 169,91M 191,61M 15.240 
 KROT3 KROTON ON 12,90 +4,45 161,05M 138,41M 18.449 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON EJ 15,30 -0,68 133,46M 154,22M 12.177 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Relatório Trimestral de Inflação

O Banco Central manteve suas estimativas para a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) abaixo do centro da meta (estabelecida em 4,5%) em cenário referência para o ano que vem, em 4,4%, mas reduziu projeções para o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) no período, de alta de 1,3%, para 0,8%.

O RTI, divulgado na manhã desta quinta-feira (22), também mostrou recuo de +3,8% para +3,6% para o IPCA em 2018 no mesmo cenário referência, ao passo que, no cenário mercado, as apostas para o indicador foram de +4,9% para +4,7% em 2017 e de +4,6% para +4,5% no ano seguinte.

“O processo de desinflação pode estar se disseminando”, dizia o documento da autoridade monetária nacional em tom que pode indicar um ritmo mais intenso no corte dos juros. Hoje, a Selic marca 13,75% ao ano e o Banco Central tem sido pressionado pelo empresariado e mundo político para acelerar o ciclo de redução na taxa, tendo em vista os riscos sobre o processo recessivo vivido pelo país.

Agenda do governo
Em coletiva de imprensa, o presidente Michel Temer anunciou que o governo vai permitir que os trabalhadores saquem integralmente as contas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) inativas até o dia 31 de dezembro de 2015. No total, a medida possibilita o saque para cerca de 10,2 milhões de trabalhadores e vai injetar R$ 30 bilhões na economia. 

Indicadores domésticos 
Além do já anunciado (Relatório Trimestral de Inflação) por aqui, no exterior os destaques são o PIB dos Estados Unidos referente ao terceiro trimestre, que será conhecido às 11h30, mesmo horário em que saem os números de pedidos de auxílio desemprego e as encomendas de bens duráveis; ambos referentes a novembro. 

Além disso, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu nesta quarta-feira prazo de 30 dias para bancos e administradoras de cartão de crédito reduzirem os juros cobrados dos consumidores. Caso contrário, o Conselho Monetário Nacional (CMN) vai aprovar resolução na próxima reunião, em janeiro, reduzindo o prazo para as administradoras repassarem o valor da venda para os lojistas. Esse prazo atualmente é de 30 dias e o governo trava nos bastidores uma queda de braço com os bancos para conseguir queda maior das taxas. Ontem, o CMN manteve a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) em 7,5% ao ano, porcentual que vigorará pelos próximos três meses (janeiro, fevereiro e março de 2017). Esta é a quinta vez consecutiva em que a taxa é fixada neste patamar.

Destaque ainda para relatório da consultoria de risco político Eurasia, que elevou a chance de aprovação da reforma da previdência de 60% para 70%. “Com a classe política à beira do precipício, perspectivas melhoram para aprovação da reforma da Previdência, diz Eurasia Group, em relatório. As perspectivas econômica e política mais negativas, bem como dramática crise fiscal enfrentada pelos estados, está gerando condições para Congresso aprovar reforma mais abrangente da Previdência. A deterioração de perspectivas econômicas e políticas, combinada com investigações da Lava Jato, torna 2017 um ano muito difícil para Temer. A sobrevivência do governo está em risco; probabilidade de Temer não terminar mandato segue em 20%, mas com viés de alta. Ainda que Temer possa vir a ser afastado pelo TSE no próximo ano, sua substituição manteria a atual agenda de reforma fiscal”, avalia a consultoria.

InfoMoney TV entrevista Zeina Latif e Alexandre Schwartsman
O InfoMoney TV exibe um debate ao vivo entre a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman sobre as expectativas para a economia em 2017. O programa especial começa às 15h.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.