“O PIB deve cair em 2017 e a Bolsa a 62.000 pontos é uma ‘exuberância irracional'”

"Eu não entendo esse otimismo do mercado (...) O PIB não vai crescer ano que vem. Acredito que será negativo. Sem investimentos, a economia não tem como voltar a crescer", comentou Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset, ao InfoMoney

Paula Barra

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SÃO PAULO – Os sinais de alívio na economia brasileira vistos no segundo trimestre deste ano ficaram para trás e começam a dar lugar a expectativas cada vez mais sombrias para o próximo ano. mercado ainda não acordou para isso, mas o Brasil está entrando em uma situação crítica, avalia Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset, em entrevista ao InfoMoney.

“Eu não entendo esse otimismo do mercado. A Bolsa a 62.000 pontos é uma ‘exuberância irracional’. O PIB não vai crescer ano que vem. Acredito que será negativo. Sem investimentos, a economia não tem como voltar a crescer”, comentou Spyer

Para ele, o PIB (Produto Interno Bruto) vai ser negativo ano que vem, contrariando expectativas de crescimento do relatório Focus, do Banco Central. Embora o boletim do BC venha mostrando a cada semana queda acelerada nas projeções, a mediana dessas projeções apontava na última segunda-feira uma expectativa de crescimento de 0,8% em 2017, contra avanço de 0,98% sinalizado na semana anterior.

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Os três principais fatores que puxariam um crescimento do PIB não vão avançar, explica Spyer. Segundo ele, não dá para ter esperança com o avanço no consumo das famílias, investimentos (lembrando que a indústria do País, além de ociosa, está endividada) e gastos públicos (com a PEC do Teto limitando o crescimento dos gastos pelos próximos 20 anos). “Então, como o PIB vai crescer? Não dá para esperar que esse avanço venha do único fator sobrou para a fórmula do PIB, a balança comercial [exportação – importação], que representa uma parcela pequena”, comentou. 

Segundo ele, o mercado ainda não acordou para o problema de saúde que vive o setor privado. “Essa fórmula de alto endividamento das empresas torna a continuidade dos negócios muito difíceis. Recuperar a saúde do setor privado é mais importante do que o ajuste fiscal em si”, comentou.

De acordo com um estudo do Cemec (Centro de Estudos do Instituto Ibmec), que foi publicado recentemente pela Folha de S. Paulo, 48,7% das empresas não conseguiram gerar caixa suficiente para cobrir suas dívidas financeiras no terceiro trimestre. Vale lembrar que, em 2013, antes do início da atual recessão econômica, 29,6% das empresas não conseguiram faturar o suficiente para pagar os bancos.