Ibovespa Futuro perde 800 pontos e dólar dispara com risco de PEC do Teto não ser votada

Contratos futuros do índice voltam a sinalizar pessimismo do mercado em meio às incertezas na política

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello de afastar Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado Federal provocou apreensão no mercado, que teme que o interino Jorge Viana (PT-AC), retire da pauta da casa votações consideradas importantes pelo governo Michel Temer — caso da PEC do Teto. Nesta terça-feira, o Ibovespa Futuro abriu em queda, respondendo ao aumento do risco político. Às 9h08 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice com vencimento em dezembro operavam em queda de 1,23%, a 59.130 pontos.

No mesmo horário, os contratos de dólar futuro com vencimento em janeiro de 2017 operavam em alta de 0,91%, sinalizando cotação de R$ 3,480. Do lado dos DIs, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 recuavam 5 pontos-base, a 11,95%, enquanto os de vencimento em janeiro de 2021 saltavam 7 pontos-base, a 12,10%, mesmo após a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizar corte mais expressivo na Selic.

Apesar das sinalizações de que adotaria posição mais cautelosa na presidência interina do Senado Federal, Jorge Viana (PT-AC) teria avisado líderes e o presidente afastado da casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), na noite da última segunda-feira, que iria suspender toda a pauta de votações dos projetos de interesse do governo. As informações são do jornal O Globo, em referência a reunião realizada na casa do peemedebista.

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De acordo com um dos líderes ouvidos pela reportagem, Viana estaria muito angustiado, não gostaria de prejudicar o Brasil, mas avisou que não havia como votar essa pauta. O governo esperava finalizar a aprovação do texto na próxima terça-feira, e teme que o calendário seja alterado com a mudança no comando da casa legislativa.

Confira no que se atentar na sessão desta terça-feira:

Bolsas mundiais
A sessão é mista para as principais bolsas europeias após um dia de recuperação na véspera, passado o “susto” do resultado do referendo na Itália e a decisão do premiê Matteo Renzi de renunciar ao cargo. A postura dos investidores locais é de espera pelas sinalizações da próxima reunião do Banco Central Europeu, marcada para a próxima quinta-feira. Na Ásia, os índices acionários da China caíram, com os investidores contemplando as possíveis repercussões, sobre o comércio, das declarações do presidente da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários — principal regulador de títulos no país –, Liu Shiyu, sobre aquisições “brutais”.

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Agenda de indicadores
O destaque doméstico desta terça-feira (6) é a divulgação da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), logo mais às 8h30. Lá fora, o principal indicador é o PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro, que será conhecido às 8h, e os números da balança comercial dos EUA de outubro, com divulgação prevista para as 11h30, sempre no horário de Brasília.

Agenda política
A decisão monocrática do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, em resposta a ação movida pela Rede Sustentabilidade, de suspender Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado pegou o mundo político de surpresa e pode provocar mudanças na agenda de votações da casa. Na atual situação, quem assume interinamente o comando da casa é o senador Jorge Viana (PT-AC). Espera-se que após reunião dos líderes se tenha maior clareza de como serão os trabalhos agora sem a presidência do peemedebista. Também é esperado que parlamentares defendam Calheiros contra o que entenderam como decisão abusiva do Judiciário por intervir em outro Poder e por se tratar de decisão liminar. O governo Michel Temer teme que a agenda de ajuste fiscal seja prejudicada pelo recente episódio, com a PEC do teto correndo o risco de ser adiada, como deverão pressionar correligionários de Viana. 
A decisão do ministro Marco Aurélio ofusca o anúncio da reforma da Previdência feito pelo presidente Temer nesta segunda-feira e adia os planos de que o projeto fosse enviado ainda nesta terça-feira ao Congresso.

Noticiário corporativo
Petrobras está no centro das atenções por dois motivos: o anúncio do reajuste dos preços dos combustíveis a partir desta terça e a decisão de Justiça de suspender a venda da BR Distribuidora. Além disso, o governo adiou o plano de vender ações do Banco do Brasil no Fundo Soberano e a Vale concluiu a venda de navios capesize à Polaris por US$ 140 milhões. Destaque também para a intenção da JBS Foods de fazer IPO nos Estados Unidos e para o interesse da Samsumg e da Alibaba na Via Varejo

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.