Itaú cai 3%, Gerdau dispara 6% e small cap com planta no México afunda 7% após Trump

Confira os destaques da Bovespa na sessão desta quarta-feira (9)

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em terreno negativo nesta quarta-feira, embora a reação do mercado à surpresa da vitória de Donald Trump na corrida presidencial dos Estados Unidos tenha ficado mais branda nesta tarde. O principal índice brasileiro caiu 1,4%, a 63.258 pontos, na contramão de Wall Street, que marcava alta superior a 1%, com analistas vendo como menos provável que Trump consiga implementar o que prometeu durante a campanha. 

O estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Placido, fez uma comparação com o Brexit, que provocou uma derrocada no mercado brasileiro, mas logo os índices voltaram a subir. Segundo ele, uma correção da Bolsa vinda da vitória de Trump pode dar até uma oportunidade de compra na Bolsa. 

Na mesma linha, Adeodato Volpi Netto, head de mercados de capitais da Eleven Financial, disse que o resultado da eleição não muda o quadro que já estava desenhado. “O Brasil é o segundo maior parceiro comercial dos Estados Unidos e acho que vai continuar nessa posição. Um ou outra indústria pode ser beneficiada, mas não vejo uma transformação na relação entre os países”, disse.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Dentre as ações que ganharam hoje com a eleição, figuraram os papéis da Vale e siderúrgicas, com a postura de Trump propensa a corte de impostos e investimentos em infraestrutura no País, o que levou a disparada de 3,9% do minério de ferro nesta sessão. Entre as siderúrgicas, Gerdau era a que mais subia (6,6%). Mais cedo, o presidente da companhia, André Gerdau Johannpeter, disse que espera que o governo Trump gere crescimento e empregos.  

Do lado negativo, as ações do Kroton lideravam as perdas do Ibovespa após a Câmara dos Deputados aprovou ontem a Medida Provisória (MP) 741/16, que transfere às instituições privadas de ensino superior a responsabilidade pelo pagamento aos bancos dos encargos decorrentes da concessão do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) aos estudantes.

Confira abaixo os principais destaques da Bovespa:

Continua depois da publicidade

Petrobras (PETR3, R$ 18,25, +0,94%; PETR4, R$ 16,65, -2,29%)
As ações da Petrobras tiveram pregão volátil, apesar do petróleo ter ido na contramão das expectativas do mercado e fechado em alta hoje, após forte aversão ao risco gerada mais cedo com a vitória de Trump. O contrato WTI subiu 0,67%, a US$ 46,35 o barril, após ter caído para US$ 44,40 no intraday, no patamar mais baixo desde 11 de agosto. As ações PNs da Petrobras atingiram queda de 7,22% na mínima e alta de 0,35% no melhor momento do dia. 

Ainda no radar da empresa, ela anunciou redução dos preços dos combustíveis nas refinarias: o preço do diesel será cortado em 10,4% e da gasolina em 3,1%. Essa é a segunda redução nos valores dos dois derivados desde que a estatal sua nova política de preços, no mês passado. 

 Segundo a empresa, a combinação de queda dos preços de petróleo e derivados entre os dias 14 de outubro e hoje, de 12,1%, e a redução da participação da companhia nas vendas ao mercado interno, que têm impactos sobre o nível de utilização dos ativos da estatal, justificaram essa correção maior nos preços do diesel e gasolina.  “A metodologia definida pela Petrobras prevê a revisão dos preços cobrados nas refinarias pelo menos uma vez por mês após análise do comitê formado pelo presidente da companhia, o diretor de Refino e Gás Natural e o diretor Financeiro e de Relação com Investidores”, informou o comunicado. 

Continua depois da publicidade

Segundo o Santander, o novo ajuste de preço evidencia compromisso em reforçar nova política de precificação e aderência à estratégia tem implicações positivas no longo prazo, segundo relatório dos analistas Christian Audi e Gustavo Allevato. “Essa arrumação para maior previsibilidade e visibilidade na geração de caixa, para potencialmente atrair players estrangeiros para áreas de transporte, distribuição e comercialização de derivados (downstream) e de refino e hidrocarbonetos, poderia, por sua vez, indiscutivelmente tornar qualquer reversão dessa nova política mais difícil de ser implementada”, afirmam. Já o UBS afirmou que a redução dos preços pode adiar o processo de desalavancagem da empresa. 

Bancos
O alívio do setor bancário durou pouco e as ações dos bancos voltaram a registrar fortes quedas nesta sessão, com Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 36,94, -3,20%), Bradesco (BBDC4, R$ 31,85, -2,75%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 27,28, -3,54%).

Durante a tarde, o Itaú Unibanco anunciou a saída de saída de Roberto Setubal da presidência do banco e sua substituição por Cândido Bracher.

Publicidade

Segundo comunicado enviado ao mercado, Setubal atingiu a idade limite para o exercício do cargo e deixará a presidência após mais de 22 anos liderando a organização. O executivo passará a atuar, em conjunto com Pedro Moreira Salles, como co-presidente do conselho de administração do banco. 

Bacher, que assumirá o lugar de Setubal, tem mais de 36 anos de experiência no mercado financeiro e esteve ligado, nos últimos 28, ao BBA Creditanstalt, ao Itaú BBA e ao Itaú Unibanco, com atuação destacada em diversas funções, contribuindo para a evolução das respectivas instituições

Vale (VALE3, R$ 25,00, +4,30%; VALE5, R$ 23,01, +1,86%)
As ações da Vale figuraram entre as maiores altas do Ibovespa, com a postura de Trump propensa a corte de impostos e investimentos em infraestrutura no País. Esse ponto levou o minério de ferro 
para disparada de 3,92%, a US$ 70,98 a tonelada, nesta sessão.

Continua depois da publicidade

Juntamente, as ações das siderúrgicas registraram fortes altas hoje, com Gerdau (GGBR4, R$ 12,04, +6,36%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,98, +3,75%), CSN (CSNA3, R$ 10,84, +2,75%) e Usiminas (USIM5, R$ 4,28, +0,47%). Com o rali, as ações da Vale e Gerdau renovaram hoje suas máximas desde setembro de 2014. 

Mais cedo, o presidente da companhia, André Gerdau Johannpeter, disse que espera um “bom governo” de Trump, com crescimento e geração de empregos.  

A Gerdau divulgou nesta manhã lucro líquido ajustado de R$ 95 milhões no terceiro trimestre, 50,8% menor em relação ao mesmo período um ano antes. A maior produtora de aços longos das Américas apurou geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 1,2 bilhão, 7% abaixo do obtido no mesmo período do ano passado. A companhia também afirmou que estima investir R$ 1,4 bilhão em 2017 ante expectativa de R$ 1,5 bilhão em 2016.

Publicidade

Fibria (FIBR3, R$ 25,56, +4,41%) e Suzano (SUZB5, R$ 10,61, +1,92%)
Com a alta do dólar frente ao real hoje, as ações das empresas do setor de papel e celulose Fibria e da Suzano subiram forte, já que suas receitas são relacionadas à cotação da moeda americana. A fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3, R$ 17,48, +1,16%) também encerrou em terreno positivo nesta sessão. O dólar comercial encerrou em alta de 1,33%, a R$ 3,2095 na venda. 

Tupy e Iochpe-Maxion
Por sua vez, as ações das small caps Tupy (TUPY3, R$ 12,00, -6,98%) e Iochpe-Maxion (MYPK3, R$ 14,35, -8,01%) afundaram, em meio aos receios gerados com a vitória de Trump. A Tupy, que tem planta no México, tira 21% de sua receita em vendas naquele país; enquanto a Iochpe-Maxion tem 34% de sua receita em vendas na América do Norte.

Em sua campanha, o novo presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte e repatriar até 11 milhões de imigrantes ilegais, num potencial golpe maior para o México 

Educacionais
As ações de empresas educacionais registraram um dia de forte baixa, com destaque para Kroton (KROT3, R$ 15,11, -4,55%) e Estácio (ESTC3, R$ 17,58, -2,39%). Além do cenário de aversão ao risco, a  Câmara dos Deputados aprovou ontem a Medida Provisória (MP) 741/16, que transfere às instituições privadas de ensino superior a responsabilidade pelo pagamento aos bancos dos encargos decorrentes da concessão do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) aos estudantes. De acordo com a MP, a remuneração será de 2% sobre o valor dos encargos educacionais liberados. A MP será agora encaminhada para apreciação do Senado.

Ainda no setor, a Anima divulgou resultados fracos, segundo análise do BTG Pactual. A companhia registrou lucro líquido de R$ 5,6 milhões no 3° trimestre, queda de 81% na comparação com o mesmo período de 2015. A receita líquida ficou em R$ 230,3 milhões no período, abaixo da média das projeções dos analistas consultados pela Bloomberg de R$ 239,4 milhões. O Ebitda ajustado ficou em R$ 35,7 milhões, enquanto a margem Ebitda ajustada caiu 7 pontos percentuais, para 15,5%. 

Minerva (BEEF3, R$ 9,97, +3,32%)
As ações da Minerva teve alta, após divulgar 
lucro líquido de R$ 47,4 milhões no 3° trimestre, contra prejuízo de R$ 446,1 milhões no mesmo período de 2015. A receita líquida ficou em R$ 2,53 bilhões, acima da média das estimativas compiladas pela Bloomberg de R$ 2,26 bilhões. Em relação a um ano antes, a receita cresceu 6,1%. O Ebitda somou R$ 249,3 milhões no período, queda de 10,4% na comparação anual, enquanto a margem Ebitda encolheu 1,8 ponto percentual, indo de 11,7% para 9,8%.  O BTG destacou que os resultados apresentaram performance operacional muito forte.

Cielo (CIEL3, R$ 31,68, -3,15%)
As ações da Cielo registraram queda, apesar do resultado melhor do que o esperado, em meio ao dia de aversão ao risco. A companhia 
viu seu lucro líquido subir 14,5% no 3° trimestre quando comparado com o mesmo período de 2015, para R$ 1,009 bilhão. O lucro líquido ajustado totalizou R$ 1,076 bilhão, aumento de 14%. A receita operacional líquida avançou 5,2% utilizando a mesma base de comparação, para R$ 3,1 bilhões.

Já o Ebitda atingiu R$ 1,4 bilhão no período, crescimento de 1,5%, enquanto a margem Ebitda caiu de 46,7% para 45,1% neste trimestre, ou 1,6 ponto percentual. “A companhia perdeu participação de mercado (esperado), mas trimestre mostrou que preços seguem resilientes”, afirmam os analistas do BTG.

Gafisa (GFSA3, R$ 2,39, -7,36%)
Dando continuidade à temporada de balanços, a Gafisa reverteu lucro líquido de R$ 13,49 milhões um ano antes em prejuízo líquido de R$ 72,6 milhões no 3° trimestre de 2016, e vê suas ações caírem forte. A divisão Gafisa teve prejuízo de R$ 95,67 milhões, enquanto a Tenda teve lucro líquido de R$ 23 milhões.

A receita líquida consolidada da empresa caiu 14% no período, para R$ 538,78 milhões. A geração de caixa líquido ficou em R$ 13 milhões no trimestre e R$ 8,8 milhões no ano.  

Lupatech (LUPA3, R$ 6,26, +13,20%)
A fabricante de equipamentos para a indústria de petróleo e gás Lupatech afirmou nesta terça-feira que uma assembleia geral de credores aprovou o novo plano de recuperação judicial da companhia. O plano foi apresentado em setembro, pouco mais de dois meses após a justiça aceitar recursos de credores e anular a homologação do plano de recuperação judicial. A empresa pediu recuperação judicial em maio de 2015, afetada pelos menores preços do petróleo e pelas turbulências envolvendo a Petrobras, sua principal cliente.