Eleições nos EUA, balanços da Petrobras e de mais 54 empresas: por que semana que vem pede cautela?

Para diretor de câmbio da Wagner Investimentos, aversão ao risco segue muito elevada e possível vitória de Trump está mal precificada

Paula Barra

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SÃO PAULO – A eleição nos Estados Unidos é o principal fator de decisão para os mercados na próxima terça-feira (4) e foi o que guiou os investidores nesses últimos pregões, lembrando que o Ibovespa teve sua primeira queda semanal em 5 semanas, enquanto o dólar comercial registrou alta de 1,21% no período. Há um temor por parte dos investidores globais com relação ao que a possível — apesar de menos provável — vitória de Donald Trump poderia representar em mudanças no ordenamento político norte-americano e internacional.

Segundo o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, a aversão ao risco segue muito elevada e a vitória de Trump ainda está mal precificada. “Já vimos muitas coisas estranhas esse ano: vitória do partido de Beppe Grillo para prefeitura de Roma, Brexit, não na Colômbia e isso somente para ficar lá fora. A vitória de Trump não era para ser, com isso, tão impensável”, disse. Para ele, se Trump ganhar, o dólar deve caminhar em direção aos R$ 3,35, enquanto o cenário oposto abriria caminho para queda da moeda frente ao real.

Fora a eleição dos EUA, a agenda econômica é fraca nos Estados Unidos, mas forte no Brasil, com IPCA previsto para ser divulgado na quarta-feira. Além disso, balanços da Petrobras, na próxima quinta-feira, e de mais 54 empresas devem provocar turbulência no mercado. No front político, investidores estarão de olho na PEC do Teto, que pode ser avaliada em CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado na terça-feira e votada na quarta-feira. Lá fora, dados da China devem movimentar as bolsas, com indicadores da balança comercial entre os dias 7 e 8.   

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“Risco-Trump”: um impacto ainda maior do que o Brexit
Alguns analistas dizem que o poder do impacto poderia ser maior do que o do Brexit. Não por menos, o “sell off” das ações globais se prolongou nesta sexta-feira. Um dos principais índices acionários norte-americanos – o S&P 500 – teve sua nova queda seguida, na maior sequência de perdas desde 1980. 

Em caso de vitória de Trump, analistas veem aumento da volatilidade do real e ativos de emergentes em geral devido ao discurso protecionista e incertezas sobre muitas das posições do republicano. A incerteza assusta o mercado, com Trump eleito significando uma nova ruptura global rumo ao desconhecido”, afirmam os analistas da Rosenberg Associados em relatório a clientes.

“A vitória de Donald Trump seria a maior mudança de status quo dos últimos tempos”, observa Bruno Marques, gestor do fundo multimercado XP Macro. Para ele, o êxito do candidato republicano provocaria efeito mais perverso aos mercados por um período mais duradouro. “Trump não será um ‘novo Brexit’, em que o mercado despencou no dia seguinte e se recuperou logo depois. Acredito que a queda será mais longa”, avaliou em tom pessimista. Para além da agenda contestada do magnata, os players do mercado veem no republicano a incorporação das maiores incertezas no campo político. Como se sabe, o mercado é profundamente avesso a incertezas.

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Já uma eventual eleição de Hillary, tida ainda como mais provável no mercado, traria alívio. “O plano econômico de Hillary é tão ruim quanto o de Trump. O problema é que algumas ideias de Trump podem ser colocadas em vigor com apenas uma canetada. Isso tira a credibilidade dos Estados Unidos”, complementou Marques. Considerando-se que o voto é facultativo por lá, tal sentimento de baixa representatividade com ambos os nomes deve provocar elevados níveis de abstenção.

Outros eventos para ficar de olho
Por aqui, o evento mais importante da agenda econômica ficará com a divulgação do IPCA na próxima quarta-feira. A equipe econômica do Bradesco, chefiada por Octavio de Barros, projeta uma alta de 0,28% para o indicador. “Apesar da aceleração do indicador em relação ao IPCA-15, esperamos que os núcleos mantenham ritmo de expansão próximo ao observado nas últimas divulgações”, comentaram. Além disso, eles esperam que o IGP-DI, que será divulgado na terça-feira, mostre elevação de 0,27%, refletindo menor deflação do IPA agropecuário.

Do lado corporativo, investidores estarão de olho principalmente no balanço da Petrobras, após o fechamento do pregão do dia 10 de outubro, e mais 54 empresas. Entre os destaques, o mercado ficará atento na segunda-feira (7) os números de BB Seguridade, Gol e Qualicorp; terça-feira (8), Minerva, Cielo, Gafisa e Cyrela; na quarta-feira (9) é a vez de Gerdau, Eztec, Ecorodovias, Cosan, MRV Engenharia, São Martinho e Rumo; na quinta-feira terão os números também de Oi, Sabesp, Banco do Brasil, Cetip, Log-In, B2W, Even, Estácio, Helbor, Tecnisa e Copel; e, por fim, na sexta-feira, os resultados de BM&FBovespa e PDG Realty (confira aqui a agenda completa dos resultados).

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Já no cenário externo, depois de os índices PMI da China reduzirem as preocupações de curto prazo acerca da economia chinesa, as atenções estarão voltadas à divulgação de diversos indicadores do país referentes a outubro, como por exemplo os resultados de balança comercial, concessões de empréstimos e inflação.