Esqueça calmaria: 1ª semana de novembro promete turbulência para a Bolsa e o dólar

Feriado no Brasil deixará o mercado fechado na próxima quarta-feira, mas uma agenda econômica internacional movimentada promete trazer volatilidade; no radar, reuniões do Fomc e BOE, dados de emprego dos EUA e proximidade das eleições dos EUA

Paula Barra

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SÃO PAULO – Nem o feriado no Brasil na próxima quarta-feira (dia de Finados), que manterá a BM&FBovespa fechada, deverá trazer calma ao mercado na primeira semana de novembro. Uma agenda econômica movimentada no exterior, aliada à decepção com o fluxo da repatriação, poderão puxar o dólar para patamares mais elevados nos próximos dias e trazer volatilidade para a Bovespa.  

“Pelo jeito, as chances do dólar ir para baixo de R$ 3,10 (como era amplamente esperado pelo mercado no início dessa semana) são muito pequenas agora”, disse o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior. Para ele, a moeda americana deverá testar os R$ 3,25, mas será bastante difícil romper. “Não apostaria em um movimento tão forte, mas se as notícias continuarem negativas poderá subir para algo em torno de R$ 3,30/R$ 3,33”. 

Apesar do mercado doméstico fechado na quarta, os investidores estarão de olho no desfecho da reunião do Fomc (Federal Open Market Committee) no dia 2, que pode aumentar as chances de uma alta de juros na próxima reunião do Federal Reserve em dezembro. “As apostas devem aumentar em relação ao mês de dezembro. Espero mudança de placar de 7×3 para 6×4, em um claro recado para o mercado de que os juros deverão aumentar no próximo mês”, disse Faria Júnior. O mercado ainda segue complacente, com apostas de alta em torno de 75%. 

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Além disso, por aqui, há questões que prometem trazer mais pressão para o real, com expectativa de forte retirada de swaps do Banco Central na segunda-feira. O leilão de swap reverso desta sexta-feira não contempla o vencimento de novembro. Assim, serão retirados US$ 2,96 bilhões do vencimento de 01 de novembro. O volume total de swaps detidos pelo BC a partir da próxima segunda-feira estará em US$ 25,4 bilhões. 

De olho na agenda internacional
Para a equipe econômica do Bradesco, dados de mercado de trabalho dos EUA referentes a outubro, a serem divulgados na sexta-feira, deverão reforçar essa expectativa de que o aumento de juros se dará no final deste ano. Também merece destaque a reunião do Banco da Inglaterra, na quinta-feira, que deverá manter a política monetária inalterada, diante da alta das expectativas de inflação e do desempenho positivo da atividade nos últimos meses. Por fim, as leituras finais dos índices PMI da China, dos EUA e da Área do Euro de outubro serão divulgadas ao longo da semana.

Uma possível mudança de placar no Fomc e uma menor expectativa de corte de juros na Inglaterra, após o PIB (Produto Interno Bruto) vir acima do previsto, poderão puxar o dólar para cima, enfatiza Faria Júnior, que vê uma tendência de desvalorização de outras moedas, como a mexicana e dólar canadense.

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Pesa ainda sobre esse cenário a notícia desta sexta-feira de que o FBI (Federal Bureau of Investigation) decidiu reabrir a investigação sobre a candidata do partido democrata Hillary Clinton. “A poucos dias da eleição nos EUA (8/11), isso é claramente uma notícia bem negativa, dado que deixa Donald Trump ainda mais vivo na corrida presidencial”, disse Faria Júnior.

Agenda doméstica
Já a agenda doméstica terá poucos indicadores, com destaque para o resultado da produção industrial de setembro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, na terça-feira. Segundo o Bradesco, esse indicador deverá fortalecer nossa expectativa de contribuição negativa da atividade industrial para o PIB do terceiro trimestre. Apesar do banco projetar alta de 0,6% na margem, a elevação será aquém da necessária para reverter o forte recuo observado em agosto.

No mesmo dia, terá a divulgação do número de emplacamentos de veículos da Fenabrave, referente a outubro, um dos primeiros indicadores de atividade do início do quarto trimestre. Também na terça-feira, o País conhecerá o saldo da balança comercial de outubro, para o Bradesco espera um superávit de US$ 3 bilhões, resultado que ainda deverá mostrar exportações e importações em ritmo fraco. 

Entre os destaques corporativos, segue no radar do mercado a temporada de balanços do 3° trimestre. Os principais resultados serão divulgados na próxima segunda-feira, com Fibria, Embraer, TIM, SulAmérica, Itaú Unibanco e Magazine Luiza. Confira a agenda completa clicando aqui.    

Resumo da semana
A notícia de Hillary tirou o fôlego do Ibovespa nesta sexta-feira, mas não impediu que o índice marcasse sua quarta alta semanal seguida (+0,31%), entre uma enxurrada de balanços corporativos do 3° trimestre e rali do minério de ferro, que levou a ação da Vale para o “top 5” do Ibovespa no período, com alta de 11,5%. Os papéis ficaram atrás apenas de Usiminas (+16,92%), que reagiu também ao resultado trimestral. 

A semana foi positiva também para o dólar, que registrou alta de 1,13%, em meio à decepção do mercado com o fluxo vindo da repatriação. No início da semana, o mercado apostava que o dólar poderia ir abaixo de R$ 3,10, principalmente após o Banco Central sinalizar chance de forte entrada de capital nos próximos dias, e isso não ocorreu, o que contribuiu para esse movimento, comentou Faria Júnior.

Ele acredita que o câmbio está “voltando para a realidade” do mercado global, com o Dollar Index e Treasuries tentando romper os gráficos de longo prazo. Além disso, o S&P 500 segue em tendência de baixa de médio prazo e o VIX, conhecido como o índice do medo, em tendência de alta. “Por isso, nossos alertas que o real estava caro nesses dias”, comentou.