Por que o resultado da Vale animou a Bovespa mas o da Natura decepcionou? Confira

Ação da mineradora sobe após balanço do 3º trimestre e acumula ganhos de quase 40% em outubro; já a varejista de cosméticos toma um "duplo golpe" na Bolsa

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – Com a temporada de resultados trimestrais ganhando força, é comum vermos as ações negociadas em Bolsa reagirem aos números reportados. Nesta quinta-feira (27), tivemos dois exemplos bem claros de reações antagônicas do mercado: do lado positivo, a Vale (VALE5); do lado negativo, a Natura (NATU3).

A mineradora divulgou números sólidos, com forte crescimento do Ebitda e reversão do prejuízo líquido em lucro. Com isso, as ações sobem cerca de 1,5% e acumulam ganhos de quase 40% em outubro. Na ponta de baixo do Ibovespa, aparece a Natura, que decepcionou ao reportar lucro líquido de R$ 73,1 milhões – a estimativa do mercado era quase o dobro: R$ 144,3 milhões. Com isso, os papéis caíam mais de 5% no começo do dia, sofrendo assim o segundo golpe seguido na Bolsa, já que ontem eles já haviam despencado com a renúncia surpresa do CEO.

No vídeo abaixo explicamos com mais detalhes a reação do mercado a outros resultados divulgados, como Odontoprev e Sul América. Confira:

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Vale
A Vale se beneficiou de custos menores, preços maiores e produção recorde, entregando um lucro líquido de R$ 1,842 bilhão e um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 9,829 bilhões no terceiro trimestre, ante R$ 6,816 bilhões no mesmo período do ano passado. 

Segundo o Bradesco BBI, a Vale registrou cifras sólidas e Ebitda em linha com a estimativa. De acordo com os analistas, os resultados foram positivos em todos os negócios com custos de minério de ferro como destaque. Já o lucro ficou abaixo da estimativa do Bradesco BBI, principalmente, em consequência das despesas financeiras acima das expectativas e da variação monetária. A XP Investimentos destaca a forte geração de caixa das operações, que atingiu US$ 1,6 bilhão no trimestre com redução significativa na alavancagem.

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Já o Bank of America Merrill Lynch aponta que a Vale está se acostumando a bater as expectativas, com o resultado consistente dos metais básicos, com um Ebitda 5% acima do esperado, sendo guiado especialmente pela surpresa positiva com o níquel. O BTG Pactual também aponta números foram fortes, apontando que a desalavancagem começou a tomar forma. 

E o que dizer sobre o futuro da companhia? A XP Investimentos ressaltou que segue com um otimismo moderado em relação a empresa, ressaltando a recente alta na cotação do minério de ferro, que se sustenta com base em uma expectativa de melhora na demanda chinesa, com dados mais fortes. “Ainda assim, apontamos alguns riscos em relação ao case, como oscilações inesperadas no minério de ferro, dados piores que o esperado na China, e riscos na parte de governança”. 

Já o BofA mantém a recomendação de compra para Vale, apontando que a companhia vem registrando fortes resultados nos últimos trimestres e continua a ver catalisadores chaves, especialmente venda de ativos. Além disso, preços de commodities, corte de custos e realização de preços são fatores positivos. 

Natura
A empresa de cosméticos registrou lucro líquido de R$ 73,1 milhões no 3° trimestre, queda de 44,5% na comparação com o mesmo período de 2015. A estimativa dos analistas consultados pela Bloomberg era de R$ 144,3 milhões. A receita líquida ficou em R$ 1,9 bilhão, recuo de 4,7% utilizando a mesma base de comparação. Analistas esperavam receita de R$ 2,06 bilhões. O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado atingiu R$ 319,8 milhões no período, queda de 20%, enquanto a margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) ficou em 16,8%, frente 20% no 3° trimestre de 2015. 

O Itaú BBA destaca resultados “muito fracos”, que “trouxeram evidências determinantes sobre os desafios futuros para Natura no Brasil”. 

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers