Ibovespa sobe 0,66% e renova máxima do ano, com disparada dos bancos; dólar volta para os R$ 3,15

Após três dias de apatia, índice renovou seu maior patamar desde 3 de abril de 2012; ações do BB lideraram os ganhos, com valorização de 5%

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após três pregões de leves perdas, o Ibovespa teve pregão de ganhos nesta quinta-feira (27) e renovou máxima do ano, puxado pelo desempenho dos bancos. A ação do Banco do Brasil liderou os ganhos do índice, com alta de 5,12%, enquanto Itaú Unibanco, Itaúsa e Bradesco avançaram mais de 1%. A alta do benchmark só não foi mais intensa por conta dos papéis da Vale e Petrobras, que fecharam em desempenho misto.

O índice fechou esta sessão em alta de 0,66%, a 64.249 pontos, na máxima desde 3 de abril de 2012, em dia de agenda forte de indicadores econômicos no Brasil e no mundo, além da continuidade da temporada de balanços corporativos. O volume financeiro movimentado nesta sessão ficou em R$ 8,08 bilhões. O dólar comercial registrou alta de 0,42%, a R$ 3,1535 na compra e R$ 3,1555 na venda.

O movimento do índice foi mais intenso que a recuperação vista nas principais bolsas internacionais, mas embalado sobretudo pelos balanços corporativos em nível doméstico. Conforme observou a equipe de análise da XP Investimentos em relatório a clientes, mais cedo a percepção maior de que o Federal Reserve aumentará os juros americanos em dezembro, a decepção com alguns balanços corporativos no exterior e a desaceleração do lucro industrial chinês faziam com que os investidores adotassem postura mais cautelosa.

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A leitura de mais espaço para menor flexibilidade monetária nos Estados Unidos ocorreu após a surpresa com a alta nas vendas de moradia e na atividade de serviços. De acordo com informações da Bloomberg, a probabilidade atribuída pelo mercado à alta nos juros do Fed em dezembro subiu para de 67,6% para 72,5%.

No gigante asiático, por sua vez, como temido por alguns analistas após o resultado mais fraco da produção industrial na semana passada, a China registrou uma alta de 7,7% no lucro industrial em setembro ante o mesmo período no ano anterior, contra 19,5% de alta no mês anterior, com muitos setores afetados pela atividade fraca. O dia foi de cautela nas bolsas asiáticas, com os principais índices fechando em queda.

No velho continente, o PIB (Produto Interno Bruto) do Reino Unido desacelerou de 0,7% para 0,5% entre o 2º e o 3º trimestre, mas ficou confortavelmente acima da projeção de 0,3%, reduzindo as chances de queda de juros por lá na próxima semana.

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Destaques da Bolsa
Pela temporada de balanços corporativos nacional, a Vale relatou lucro líquido de R$ 1,842 bilhão no terceiro trimestre, ante prejuízo de R$ 6,663 bilhões no mesmo período do ano passado, quando a variação cambial havia afetado os resultados da companhia. Além do desempenho das ações da própria mineradora, com os investidores respondendo bem aos números apresentados, contribuem para o dia positivo do índice o movimento dos papéis de bancos e siderúrgicas.

Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) subiram 5,12% nesta sessão, liderando os ganhos do Ibovespa. Itaúsa, Itaú Unibanco e Bradesco também registraram ganhos acima de 1%. Na véspera, o Deutsche Bank reiterou compra das ações do BB, elevando o preço-alvo de R$ 26 para R$ 33.

Já as ações da Petrobras (PETR3, R$ 19,25, +0,21%; PETR4, R$ 18,09, -0,06%) encerraram entre perdas e ganhos, apesar do dia positivo dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Ainda no noticiário da estatal, a companhia informou que poderá rever a lista de 32 empresas bloqueadas por conta da Operação Lava Jato até dezembro, e também convocou os acionistas para uma assembleia geral extraordinária em 30 de novembro na qual deverá ser aprovada a proposta de venda de 90% da participação da companhia na Nova Transportadora do Sudeste (NTS) para a Brookfield.

Entre os destaques negativos na carteira teórica do índice, as ações da JBS (JBSS3, R$ 10,00, -4,21%) voltaram a cair nesta sessão. Após o fechamento do mercado na véspera, o BNDESPar informou que vetou a reorganização societária da companhia por não considerá-la uma alternativa que melhor atende aos interesses da empresa e de seus acionistas. Para o banco público, a operação da processadora de carnes implicaria na desnacionalização da empresa e alteraria substancialmente os direitos e deveres conferidos a todos os acionistas, com repercussões de diversas naturezas.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BBAS3 BRASIL ON 28,74 +5,12 +101,70 342,55M
 CSAN3 COSAN ON 42,93 +4,12 +79,19 34,92M
 CMIG4 CEMIG PN 9,48 +2,82 +67,18 89,16M
 CSNA3 SID NACIONALON 10,82 +2,37 +170,50 49,37M
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 26,85 +2,21 +25,85 82,43M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 10,00 -4,21 -15,23 258,85M
 NATU3 NATURA ON 30,69 -4,09 +32,05 143,09M
 RENT3 LOCALIZA ON 39,10 -2,25 +60,31 39,69M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 10,77 -2,09 -41,12 40,18M
 MRFG3 MARFRIG ON 5,64 -1,91 -11,18 13,15M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

 Agenda doméstica
O Brasil contabilizou 12,022 milhões de desempregados no terceiro trimestre, segundo os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado representa um aumento de 33,9% em relação ao mesmo período de 2015, o equivalente a 3,043 milhões de pessoas a mais em busca de uma vaga. A população ocupada encolheu 2,4% no terceiro trimestre, como consequência do fechamento de 2,255 milhões de postos de trabalho. “A redução na população ocupada é recorde, foi a maior queda na série”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A taxa de desemprego só não aumentou mais porque a população inativa cresceu 1,9%, o que significa que 1,205 milhão de pessoas optaram por deixar a força de trabalho em vez de procurar emprego. Conforme divulgação realizada nesta quinta-feira, 27, pelo IBGE, a taxa de desocupação no Brasil ficou em 11,8% no terceiro trimestre de 2016, mantendo-se no maior patamar já registrado pela série histórica da Pnad Contínua. Este resultado ficou dentro das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma taxa de desemprego entre 11,70% e 12,00%, com mediana de 11,90%.

Ainda na agenda de indicadores nacionais, destaque para a arrecadação de tributos, que voltou a sentir os efeitos da economia em retração. Em setembro, o recolhimento de impostos e contribuições federais somou R$ 94,770 bilhões, um recuo real (já descontada a inflação) de 8,27% na comparação com igual mês de 2015. Em relação a agosto deste ano, houve aumento real de 3,14%. Foi o pior desempenho para meses de setembro desde 2009. 

O resultado veio dentro do intervalo de expectativas de 20 casas ouvidas pelo Broadcast Projeções, de R$ 90,8 bilhões a R$ 101,2 bilhões, próximo da mediana de R$ R$ 94,9 bilhões. Entre janeiro e setembro deste ano, a arrecadação federal somou R$ 911,251 bilhões, o pior desempenho para o período desde 2010. O montante ainda representa recuo real de 7,54% na comparação com igual período do ano passado.

Já no noticiário político, o Planalto confirmou ontem à noite reunião dos 3 poderes na próxima sexta-feira às 10h (horário de Brasília), disse o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, a jornalistas em Brasília. O encontro com os presidentes do Senado, Renan Calheiros, da Câmara, Rodrigo Maia, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, para discutir segurança pública, poderia não ocorrer após o clima de mal-estar entre Renan e Cármen Lúcia criado depois que ambos fizeram críticas públicas e discordaram sobre a atuação da Justiça ao determinar a prisão de policiais legislativos durante operação da Polícia Federal no Senado.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.