Bolsa fecha quase estável, apesar de euforia com Petrobras e Vale; dólar sobe e se aproxima dos R$ 3,15

Ações da Petrobras subiram apesar da queda do petróleo, que contribuiu para o sentimento de cautela dos mercados; sessão foi marcada também por um turbilhão de notícias corporativas, uma delas que levou a ação da JBS para queda de até 21%

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou praticamente estável nesta quarta-feira (26), após cair até 1,23% na mínima do dia, em sessão marcada por cautela dos investidores internacionais e turbilhão de notícias corporativas, uma delas que levou a ação da JBS para queda de até 21,03% no pior momento do dia. O índice foi pressionado durante o dia pela queda do S&P 500 e dos preços do petróleo, mas a alta da Vale e Petrobras conseguiram amenizar o movimento. O índice encerrou a sessão em leve queda de 0,06%, a 63.825 pontos. O volume financeiro movimentado ficou em R$ 9,1 bilhões. Por outro lado, o dólar comercial subiu 1,15%, a R$ 3,1423 na venda.

Após alívio durante a tarde com dados melhores do que o esperado dos estoques da commodity nos Estados Unidos, incertezas sobre corte de produção pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) derrubaram novamente os preços do petróleo no exterior. Mais cedo, investidores reagiram com otimismo aos estoques do petróleo, que caíram 553 mil barris na semana encerrada em 21 de outubro, de acordo com o Departamento de Energia dos Estados Unidos, enquanto analistas consultados pela Bloomberg esperavam crescimento de 1,17 milhão de barris. 

 A notícia provocou uma virada para alta dos preços do petróleo no mercado internacional, mas a percepção de que o Iraque poderia não aderir ao acordo de congelamento de produção e os planos da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) puxaram os preços para baixo. O petróleo tipo WTI caiu 1,6%, a US$ 49,18 o barril, enquanto o Brent recuou 1,8%, a US$ 49,88 o barril.

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Destaques corporativos
Chamou atenção nesta sessão o mergulho das ações da processadora de carnes JBS (JBSS3, R$ 9,72, -17,56%), que respondem ao cancelamento do plano de reorganização societária após veto do BNDESPar. Os papéis do frigorífico Marfrig (MRFG3, R$ 5,74, -4,33%) acompanharam o forte movimento negativo. 

Destaque também para as ações da Natura, que desabaram após notícia de saída de Roberto Lima da presidência, após dois anos e dois meses no cargo. A saída de Lima ocorreu antes do esperado e sem um período de transição. 

Do outro lado, as ações do setor de papel e celulose novamente subiram forte, em meio ao pregão de alta do dólar frente ao real, que voltou a se aproximar dos R$ 3,15. A Suzano atingiu alta de até 5% nesta sessão, na maior valorização desde julho, com possível corte de produção em 2017. A empresa divulgou seu balanço nesta manhã, assim como o Santander, que também teve sessão positiva nesta quarta-feira. 

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As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 10,44 -11,45 -11,50 671,02M
 NATU3 NATURA ON 32,00 -4,28 +37,68 79,83M
 MRFG3 MARFRIG ON 5,75 -4,17 -9,45 26,32M
 CSAN3 COSAN ON 41,23 -4,09 +72,10 65,45M
 SMLE3 SMILES ON 57,34 -3,74 +77,33 28,94M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VIVT4 TELEF BRASILPN 44,80 +3,54 +31,16 172,27M
 VALE3 VALE ON 21,77 +1,97 +67,08 219,92M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 11,00 +1,95 -39,86 71,88M
 VALE5 VALE PNA 20,80 +1,86 +102,93 801,93M
 CMIG4 CEMIG PN 9,22 +1,77 +62,60 98,34M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Dólar sobe 1,15% e se aproxima de R$ 3,15
O dólar comercial subiu 1,15% ante o real, cotado a R$ 3,14,13 na compra e R$ 3,1423 na venda, em meio ao recuo dos preços do petróleo no exterior. Sobre o câmbio, destaque para a entrevista de Nathan Blanche, sócio-diretor da Tendências Consultoria, à Bloomberg. O especialista avalia que o Banco Central está mais comprometido com o câmbio flutuante, não carregando traços tão intervencionistas quanto as gestões anteriores. “O BC não deve intervir forte mesmo se o dólar furar R$ 3,00”, afirmou. Ele defende que a autoridade monetária só atue para amenizar a volatilidade, não para definir tendência. “O câmbio deve seguir em busca de ponto de equilíbrio, respondendo aos fundamentos”, recomendou.

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Blanche também chamou atenção para o fato de, apesar de um dólar mais alto favorecer as exportações, um real valorizado também poder ajudar a economia ao contribuir para reduzir a inflação e abrir espaço para o BC cortar mais os juros. O diretor da Tendências diz que o recente mergulho da moeda americana deveu-se a uma precificação de melhora de expectativas com reformas e que a repatriação ainda não foi registrada pelo fluxo.

No mesmo sentido de apostas em mais quedas da moeda americana, a XP Investimentos reviu suas projeções de R$ 3,13 ao final deste ano para algo entre R$ 3,00 e R$ 3,10. Em relatório a clientes, os analistas da companhia chamam atenção para as recentes conquistas do governo em direção ao ajuste fiscal planejado. É o caso da da PEC 241, que estabelece um limite para o crescimento das despesas públicas, aprovado no plenário da Câmara dos Deputados. O texto agora vai para o Senado Federal, com previsão de encerramento de tramitação na primeira metade de novembro.

“Acreditamos que a aprovação deve ter um efeito muito positivo junto aos investidores. Será extremamente simbólico a aprovação da medida, pois representará a primeira grande medida na direção de um governo comprometido com a responsabilidade fiscal. Isso deve provocar uma valorização cambial, se estabelecendo em um patamar entre R$/US$ 3,00 e R$/US$ 3,10”, escreveu o estrategista-chefe da XP Celson Plácido.

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“A aprovação final também melhorará o humor do investidor com a bolsa, provocando uma elevação do nível atual para um patamar entre 65.000 e 68.000 [pontos para o Ibovespa], pois acreditamos numa queda do risco-país, resultando num custo de capital menor, queda de juros no mercado doméstico, uma melhora da confiança, tanto do consumidor quanto do empresariado. Em suma, um cenário mais benigno para o país”, complementou o especialista.

Bolsas mundiais
O dia foi de queda para a maior parte das bolsas mundiais, com os mercados de olho nos balanços corporativos nos EUA e na Europa. As bolsas europeias têm 3ª baixa e o S&P futuro recuou; destaque para a projeção da Apple para vendas em feriado é menor que o previsto. Além disso, a companhia anunciou 1ª queda anual de vendas desde 2001. Entre os dados econômicos europeus, destaque para o índice de confiança do consumidor da Alemanha, que caiu para 9,7 na pesquisa de novembro do instituto GfK, de 10,0 na leitura de outubro. O resultado frustrou analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam estabilidade do indicador, a 10,0.

Já na Ásia, os mercados chineses tiveram a maior queda em uma semana nesta quarta-feira, parcialmente devido às preocupações com a liquidez mais apertada que elevaram os rendimentos dos títulos, com uma correção nas ações do setor de recursos básicos compensando a força nos setores de saúde e consumo. Embora a preocupação com a depreciação do iuan tenha diminuído nesta quarta-feira, há temores sobre a liquidez mais apertada, uma vez que os rendimentos dos títulos chineses de 10 anos se elevaram pelo terceiro dia. O restante da região também apresentou perdas, seguindo os passos dos mercados norte-americanos, que recuaram com resultados empresariais decepcionantes. Já a Bolsa de Tóquio fechou em leve alta, sustentada por balanços positivos no Japão.

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Do lado das commodities, o minério de ferro spot (à vista) negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza fechou em alta de 1,76% nesta sessão, a US$ 63,07 a tonelada.