Alta de 6% da Vale não impede queda da Bolsa; dólar fecha a R$ 3,10, na mínima em 15 meses

Sessão de fortes ganhos da mineradora Vale e das exportadoras Fibria e Suzano é deixada em segundo plano por recuo de Petrobras, bancos e companhias educacionais e de consumo

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa amenizou o sentimento negativo na tarde desta terça-feira (25) e fechou em queda de 0,3%, a 63.866 pontos, entre queda da Petrobras e bancos e disparada da Vale. Na mínima do dia, o benchmark da Bolsa caiu 1,27%, a 64.266 pontos, diante da percepção de que o ciclo de afrouxamento monetário pode ser mais moderado e menos intenso, reforçada pela ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada hoje. O volume financeiro movimentado girado nesta sessão ficou em R$ 8,16 bilhões. 

Na ponta positiva do índice, o destaque ficou com a Vale (VALE3, R$ 21,35, +5,17%; VALE5, R$ 20,42, +6,52%), que disparou com a alta do minério de ferro. Na bolsa de Dalian, a commodity chegou a bater os 6% de alta, enquanto em Qingdao os ganhos foram superiores a 4,5%. Além disso, Fibria (FIBR3, R$ 24,10, +4,06%) e Suzano (SUZB5, R$ 10,79, +3,95%) registraram forte alta com os dados do Foex, que mostraram ganhos dos preços da celulose. 

O dia também foi de queda para o dólar comercial, que fechou em desvalorização de 0,45% ante o real, cotado a R$ 3,1065 na venda, indo para o menor patamar desde julho de 2015, em meio à aproximação do deadline para adesão ao programa de regularização de ativos mantidos no exterior e após mais uma cartada frustrada para ampliar o prazo. Para amenizar os efeitos de uma possível enxurrada de dólares na economia nacional e sua consequente desvalorização ante o real, o Banco Central comunicou que não rolaria os contratos de swap que vencem em 1º de novembro. “Decisão de suspender rolagem não fez verão”, diz Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica, conforme aponta a Bloomberg. Com isso, a moeda americana aqui tem o mesmo movimento que na maior parte das economias mundiais.

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As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 26,84 -5,06 +25,81 171,38M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 18,53 -2,98 +37,19 33,75M
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 62,66 -2,78 +66,29 25,59M
 BBAS3 BRASIL ON 27,55 -2,37 +93,34 316,45M
 PETR3 PETROBRAS ON 18,97 -2,12 +121,35 195,25M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VALE5 VALE PNA 20,42 +6,52 +99,22 854,60M
 BRAP4 BRADESPAR PN 12,89 +5,92 +158,32 83,12M
 VALE3 VALE ON 21,35 +5,17 +63,85 224,68M
 RENT3 LOCALIZA ON 40,61 +4,07 +66,50 74,77M
 FIBR3 FIBRIA ON 24,10 +4,06 -52,73 92,40M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Tom conservador da ata do Copom 
No noticiário doméstico, destaque para a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), situação que marcou a decisão do primeiro corte na Selic em quatro anos, agora a 14% ao ano. No documento divulgado nesta manhã, o Banco Central destacou que há sinais recentes de pausa no processo de desinflação de serviços, acrescentando que nesse contexto “uma maior persistência inflacionária requer persistência maior da política monetária”.

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“A pausa se dá em níveis cuja manutenção produziria trajetória de desinflação em velocidade aquém da contemplada no cenário básico do Copom. Esse cenário pressupõe uma trajetória de queda gradual à frente. Dessa forma, os membros do Comitê ressaltaram que é necessário monitorar a retomada dessa trajetória”, trouxe o documento.

Em resposta ao tom mais hawkish da autoridade monetária, os contratos de juros futuros curtos e longos operam em alta nesta sessão. Os DIs com vencimento em janeiro de 2018 subiam 0,07 ponto percentual, para 12,23%, enquanto os papéis com vencimento em janeiro de 2021 acumulavam alta de 0,02 ponto percentual, para 11,10%.

Para Bruno Marques, gestor do fundo multimercado XP Macro, a ata foi bem conservadora e evidencia um momento de curva de aprendizado sobre como o Banco Central está olhando a evolução dos preços e como vai agir. “Esse é um BC muito mais com cara de 2005, 2006, quando ocorreu última queda de juros com credibilidade e que surpreendeu pelo timing e magnitude”, afirmou o especialista em entrevista à Bloomberg. Para ele, a autoridade monetária mostrou que será mais “conservadora” e “preciosista”.

“O parágrafo 19 [da ata] mostra que o sarrafo é bem mais alto para acelerar queda nos juros”, observou Marques. No trecho destacado, o Copom ressalta que a pausa no processo de desinflação da inflação de serviços “se dá em níveis cuja manutenção produziria trajetória de desinflação em velocidade aquém da contemplada no cenário básico”.

Disparada do minério
O dia foi de disparada para os contratos futuros de commodities negociados na Bolsa de Dalian, na China, com destaque para o minério de ferro e para o carvão.  O contrato de minério de ferro mais negociado, com vencimento em janeiro de 2017, atingiu o limite de alta de 6%, a 471,5 yuan, chegando ao maior nível desde agosto. Os contratos futuros de carvão também atingiram seu patamar máximo de alta de 7%, cotado a 1.680 yuan. 

Conforme destaca o Business Insider, por trás das altas, havia muitas hipóteses, mas não respostas definitivas. A escassez de oferta é citada como uma das razões, mas também foi destacado que o forte movimento se deu na sequência dos enormes lucros relatados pela gigante siderúrgica chinesa Baosteel na segunda-feira.

Segundo a Reuters, o lucro líquido da companhia, um termômetro da indústria de aço da China, aumentou 148,3% para 5,6 bilhões de yuans de janeiro a setembro na comparação com o mesmo período do ano anterior, apontando que medidas do governo chinês estão ajudando a recuperar a rentabilidade do setor. 

Vale destacar ainda que o minério de ferro spot negociado em Qingdao, na China, teve alta de 4,52%, a US$ 61,96 a tonelada métrica. 

PEC 241 e pré-sal
A poucos dias do segundo turno das eleições municipais, marcado para 30 de outubro, a Câmara dos Deputados pode ter pautada para esta terça a votação em segundo turno da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 241, que estabelece um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos e tem suscitado reações inflamadas por parte de quem é contra e a favor. 

O governo espera manter a mesma margem de votos que teve na aprovação em primeiro turno da proposta de emenda à Constituição que limita os gastos públicos, ou até ampliá-la. Ao participar de um coquetel na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente Michel Temer passou cumprimentando individualmente os deputados presentes, em busca de manter apoio à medida. Diferentemente do jantar que Temer organizou há três semanas, antes de conseguir ver a matéria aprovada por 366 deputados, o encontro de hoje foi menos protocolar e não houve um discurso formal feito pelo presidente.

Ainda na Câmara, ontem, mesmo sem concluir a votação dos destaques e emendas que visam modificar o projeto de lei que retira da Petrobras a obrigatoriedade de ser operadora exclusiva da exploração do petróleo da camada do pré-sal com participação de 30%, o presidente da Câmara,  encerrou a sessão e transferiu para hoje a conclusão da votação dos destaques. Segundo Maia, ficou para ser votado um destaque que visa modificar o projeto do pré-sal. Rodrigo Maia informou que a votação do último destaque que visa modificar o projeto do pré-sal será feita após a votação, em segundo turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita o teto de gastos públicos à inflação do ano anterior pelos próximos 20 anos. Segundo ele, como o tempo da sessão de hoje (24) tinha se encerrado, para votar o último destaque teria que ser aberta uma nova sessão da Câmara para a retomada da discussão e votação do destaque ao projeto do pré-sal.  

No noticiário político, destaque para a notícia do jornal O Globo de que Marcelo Odebrecht e mais 50 executivos fecharam acordo de delação premiada. Confira clicando aqui.

Agenda internacional
A terça-feira foi de baixa aversão ao risco para os mercados, com destaque para a valorização das commodities. Na bolsa de commodities de Dalian, na China, o contrato futuro de minério de ferro para janeiro de 2017, o mais negociado, atingiu o limite de alta ao subir 6%, o que impulsiona as ações do setor. Na agenda dos EUA, destaque para os dados de agosto sobre os preços das residências e para a confiança do consumidor, referente a outubro.

Na agenda europeia, chamou a atenção o índice de sentimento das empresas da Alemanha, que subiu para 110,5 em outubro, de 109,5 em setembro, atingindo o maior nível desde abril de 2014, segundo o instituto alemão Ifo. O resultado surpreendeu analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam leve queda do indicador, a 109,3.

Na Ásia, as bolsas de valores da China tiveram leves variações nesta terça-feira, consolidando ganhos recentes graças à demanda por ações do setor de matérias-primas, enquanto empresas de infraestrutura e transporte tiveram perdas. Já no Japão, a bolsa de Tóquio atingiu a máxima em 6 meses, com o dólar se fortalecendo ante o iene. A confiança subiu após dados de setores industriais nos Estados Unidos e na Europa mostrarem as melhores leituras até agora neste ano.