Após abrir em queda, Ibovespa Futuro zera perdas entre disparada do minério e ata do Copom

Com a aproximação do deadline para adesão ao programa de regularização de ativos no exterior, o dólar futuro opera em queda

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em sessão de disparada para as commodities metálicas e alta para as energéticas e com os investidores de olho na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) e agenda política, o Ibovespa Futuro zerou as perdas da abertura. Às 9h15 (horário de Brasília), o índice acumulava leves ganhos de 0,03%, a 65.190 pontos, após uma sessão de leves perdas para o principal benchmark acionário brasileiro. No mesmo horário, os contratos de dólar futuro apresentaram variação negativa de 0,46%, a R$ 3,115 em meio à aproximação do deadline para adesão ao programa de regularização de ativos mantidos no exterior e após mais uma cartada frustrada para ampliar o prazo. Para amenizar os efeitos de uma possível enxurrada de dólares na economia nacional e sua consequente desvalorização ante o real, o Banco Central comunicou que não rolará os contratos de swap que vencem em 1º de novembro, o que não tem evitado um mergulho na cotação da moeda americana.

Confira os destaques desta sessão:

Ata do Copom
O Banco Central destacou que há sinais recentes de pausa no processo de desinflação de serviços em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgada nesta terça-feira, acrescentando que nesse contexto “uma maior persistência inflacionária requer persistência maior da política monetária”, após decidir na semana passada iniciar um ciclo de afrouxamento na taxa básica de juros em meio à intensa recessão na economia.

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“A pausa se dá em níveis cuja manutenção produziria trajetória de desinflação em velocidade aquém da contemplada no cenário básico do Copom. Esse cenário pressupõe uma trajetória de queda gradual à frente. Dessa forma, os membros do Comitê ressaltaram que é necessário monitorar a retomada dessa trajetória”, trouxe o documento.

Na última quarta-feira, o BC reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual, a 14,00 por cento ao ano, primeiro corte em quatro anos, avaliando que uma flexibilização moderada e gradual é compatível com a convergência da inflação para a meta de 4,5 por cento nos próximos dois anos.

Em resposta ao documento, os contratos de juros futuros operam em alta, com destaque para os papéis curtos. Os DIs com vencimento em janeiro de 2018 subiam 0,05 ponto percentual, para 12,21%, ao passo que os contratos com vencimento em janeiro de 2021 subiam 0,01 ponto percentual, para 11,08%.

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Bolsas mundiais
A terça-feira é de baixa aversão ao risco para os mercados, com destaque para a valorização das commodities. Na bolsa de commodities de Dalian, na China, o contrato futuro de minério de ferro para janeiro de 2017, o mais negociado, atingiu o limite de alta ao subir 6%, o que impulsiona as ações do setor. Na agenda dos EUA, destaque para os dados de agosto sobre os preços das residências e para a confiança do consumidor, referente a outubro.

Na agenda europeia, chama a atenção o índice de sentimento das empresas da Alemanha, que subiu para 110,5 em outubro, de 109,5 em setembro, atingindo o maior nível desde abril de 2014, segundo o instituto alemão Ifo. O resultado surpreendeu analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam leve queda do indicador, a 109,3. Na Ásia, as bolsas de valores da China tiveram leves variações nesta terça-feira, consolidando ganhos recentes graças à demanda por ações do setor de matérias-primas, enquanto empresas de infraestrutura e transporte tiveram perdas. Já no Japão, a bolsa de Tóquio atingiu a máxima em 6 meses, com o dólar se fortalecendo ante o iene. A confiança subiu após dados de setores industriais nos Estados Unidos e na Europa mostrarem as melhores leituras até agora neste ano.

Disparada do minério
O dia foi de disparada para os contratos futuros de commodities negociados na Bolsa de Dalian, na China, com destaque para o minério de ferro e para o carvão.  O contrato de minério de ferro mais negociado, com vencimento em janeiro de 2017, atingiu o limite de alta de 6%, a 471,5 yuan, chegando ao maior nível desde agosto. Os contratos futuros de carvão também atingiram seu patamar máximo de alta de 7%, cotado a 1.680 yuan. 

Conforme destaca o Business Insider, por trás das altas, havia muitas hipóteses, mas não respostas definitivas. A escassez de oferta é citada como uma das razões, mas também foi destacado que o forte movimento se deu na sequência dos enormes lucros relatados pela gigante siderúrgica chinesa Baosteel na segunda-feira.

Segundo a Reuters, o lucro líquido da companhia, um termômetro da indústria de aço da China, aumentou 148,3% para 5,6 bilhões de yuans de janeiro a setembro na comparação com o mesmo período do ano anterior, apontando que medidas do governo chinês estão ajudando a recuperar a rentabilidade do setor. 

Vale destacar ainda que o minério de ferro spot negociado em Qingdao, na China, teve alta de 4,52%, a US$ 61,96 a tonelada métrica. 

PEC 241 e pré-sal
A poucos dias do segundo turno das eleições municipais, marcado para 30 de outubro, a Câmara dos Deputados pode ter pautada para esta terça a votação em segundo turno da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 241, que estabelece um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos e tem suscitado reações inflamadas por parte de quem é contra e a favor. 

O governo espera manter a mesma margem de votos que teve na aprovação em primeiro turno da proposta de emenda à Constituição que limita os gastos públicos, ou até ampliá-la. Ao participar de um coquetel na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente Michel Temer passou cumprimentando individualmente os deputados presentes, em busca de manter apoio à medida. Diferentemente do jantar que Temer organizou há três semanas, antes de conseguir ver a matéria aprovada por 366 deputados, o encontro de hoje foi menos protocolar e não houve um discurso formal feito pelo presidente.

Ainda na Câmara, ontem, mesmo sem concluir a votação dos destaques e emendas que visam modificar o projeto de lei que retira da Petrobras a obrigatoriedade de ser operadora exclusiva da exploração do petróleo da camada do pré-sal com participação de 30%, o presidente da Câmara,  encerrou a sessão e transferiu para hoje a conclusão da votação dos destaques. Segundo Maia, ficou para ser votado um destaque que visa modificar o projeto do pré-sal. Rodrigo Maia informou que a votação do último destaque que visa modificar o projeto do pré-sal será feita após a votação, em segundo turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita o teto de gastos públicos à inflação do ano anterior pelos próximos 20 anos. Segundo ele, como o tempo da sessão de hoje (24) tinha se encerrado, para votar o último destaque teria que ser aberta uma nova sessão da Câmara para a retomada da discussão e votação do destaque ao projeto do pré-sal.  

No noticiário político, destaque para a notícia do jornal O Globo de que Marcelo Odebrecht e mais 50 executivos fecharam acordo de delação premiada. Confira clicando aqui.

Agenda internacional
Na agenda internacional, Mario Draghi, presidente do BCE (Banco Central Europeu), fala hoje às 15h30. Nos EUA, o presidente regional do Federal Reserve de Atlanta, fala em conferência às 15h (horário de Brasília). Ainda no país, às 12h, será revelado o dado do consumidor em relação ao outubro.

Noticiário corporativo
O noticiário corporativo é movimentado. Em destaque, a Lojas Renner fechou o terceiro trimestre com queda de 3,9% nas vendas no conceito mesmas lojas em relação ao mesmo período de 2015, primeiro recuo anual desde 2009, afetada pelo ambiente econômico ainda desafiador no país, mas também baixas temperaturas e atualização de sistema. Já a Hypermarcasinformou que a família Gonçalves deixou o bloco de controle da companhia. Confira mais notícias clicando aqui.

(Com Reuters e Agência Brasil)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.