Rali do Ibovespa esfria com queda do Itaú e Bradesco; dólar cai 1,26% e bate os R$ 3,12

Índice atingiu alta de até 0,9% nesta sessão, mas perdeu força com queda dos bancos; Vale subiu pelo terceiro pregão seguido

Paula Barra

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SÃO PAULO – Após conquistar mais uma semana de ganhos e superar os 64 mil pontos, o Ibovespa perdeu força nesta segunda-feira (24). O índice não sustentou a euforia vista nesta manhã, quando subiu até 0,91%, e fechou em leve queda de 0,08%, a 64.059 pontos, pressionado pelas ações de peso dos bancos. O Itaú Unibanco e Bradesco recuaram cerca de 1%. Já o dólar comercial caiu 1,26% ante o real neste pregão, cotado a R$ 3,1202 na compra e R$ 3,1207 na venda. 

Segundo José Faria Júnior, diretor de câmbio da Wagner Investimentos, a proximidade do prazo final para a regularização (ou “repatriação”) dos recursos ajudam a puxar o câmbio para baixo. “Se o volume regularizado ficar acima de R$ 50 bilhões (na semana passada, Rodrigo Maia estimou R$ 90 bilhões), teremos fluxo interessante de entrada de recursos no País para pagamento de impostos. Esse é um fator que poderia derrubar a moeda em mais R$ 0,10 frente ao fechamento da semana passada e abrir ótima oportunidade de compra”, disse.  

No radar doméstico, os investidores se atentam também à pauta do Congresso, que terá as votações dos destaques na lei do pré-sal e o segundo turno da PEC 241, que estabelece um limite para o crescimento dos gastos públicos. 

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Segundo Pablo Spyer, diretor da mesa de trade da Mirae Asset, o mercado se animou mais cedo com o PMI acima do que o esperado na Europa e extensão do rali dos ferrosos, com a forte alta do minério de ferro na China. As ações da Vale avançaram pelo terceiro dia seguido. O minério de ferro negociado em Qingdao registrou alta de 0,95%, a US$ 59,28 a tonelada métrica. No noticiário internacional, informações de que o governo da China pode aumentar investimentos em infraestrutura e acelerar reformas em empresas estatais impulsionaram as mineradoras. 

Corroborou para o sentimento positivo desta manhã um relatório do BTG Pactual, que sinalizava uma entrada adicional de fluxo na BM&FBovespa de cerca de R$ 200 milhões, caso a alocação de fundos locais e estrangeiros em ações volte aos níveis de 2014 (veja mais clicando aqui).

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa foram:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RENT3 LOCALIZA ON 39,02 -4,36 +59,98 53,85M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 19,10 -2,40 +41,41 27,74M
 KROT3 KROTON ON 16,16 -2,36 +71,51 210,23M
 TIMP3 TIM PART S/AON 8,61 -1,82 +28,86 14,26M
 WEGE3 WEG ON 17,62 -1,62 +20,17 31,06M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa foram:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOAU4 GERDAU MET PN 4,61 +4,06 +177,71 250,46M
 CYRE3 CYRELA REALTON 11,06 +3,66 +51,38 42,49M
 USIM5 USIMINAS PNA 4,08 +3,03 +163,23 156,35M
 VALE5 VALE PNA 19,17 +2,84 +87,02 491,28M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 9,37 +2,40 +84,09 38,09M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Bolsas mundiais
A semana começou com fortes ganhos para as bolsas mundiais, que registram ânimo com resultados corporativos e também repercutindo dois dados econômicos, vindos da zona do euro e do Japão. 

A atividade empresarial na zona do euro expandiu em outubro ao ritmo mais rápido neste ano, mesmo com as empresas elevando os preços da forma mais acentuada em mais de cinco anos, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês). O PMI Composto preliminar do IHS Markit, considerado bom indicador do crescimento, saltou para 53,7 de 52,6 em setembro. Foi a leitura mais alta desde dezembro e ficou bem acima da marca de 50 que indica crescimento.

Já no Japão, dados do governo mostraram que as exportações caíram 6,9% em setembro na comparação anual, abaixo dos 10,4% esperados de acordo com os economistas consultados pela Reuters. Na China, as ações subiram com especulações de que governo pode aumentar investimentos em infraestrutura e acelerar reformas das empresas estatais.

Nesta segunda, atenção foi voltada também para as falas dos presidentes regionais do Federal Reserve William Dudley (Nova York), James Bullard (Saint Louis) e Charles Evans (Chicago).

Relatório Focus
Os economistas consultados semanalmente pelo Banco Central revisaram suas projeções para diferentes indicadores nacionais, conforme revela o último relatório Focus, divulgado na manhã desta segunda-feira (24). O documento referente ao período encerrado em 21 de outubro mostrou que as expectativas para o PIB (Produto Interno Bruto) migrou de -3,19% para -3,22% neste ano. Para 2017, as projeções para o indicador também recuaram, de crescimento de 1,30% para alta de 1,23%.

Já do lado da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), as expectativas dos especialistas consultados pela autoridade monetária melhoraram, ao minguar de alta de 7,01% para 6,89% em 2016, enquanto para o ano seguinte foram de 5,04% para 5%. Mesmo com o otimismo quanto ao desempenho dos preços, os economistas não alteraram as projeções para a Selic ao final de 2016 e 2017, em 13,50% e 11% ao ano, respectivamente. As expectativas para o dólar ao final deste ano caíram de R$ 3,25 para R$ 3,22, enquanto para o ano seguinte foram mantidas em R$ 3,45.

Entre os cinco economistas que mais acertam, as projeções para o IPCA caiu nos dois anos, de 7,02% para 6,81% ao final de 2016, e de 5,05% para 4,97% em 2017. Já a mediana do “top 5” para a taxa básica de juros ficou em 13,63% neste ano e em 11% no período seguinte. Para o câmbio, também foram mantidos os respectivos R$ 3,20 e R$ 3,50 em relação ao dólar previstos no último relatório.

PEC do teto
O grande destaque desta semana fica para a votação em segundo turno da PEC do teto de gastos na Câmara dos Deputados, que deve ocorrer até terça-feira (25).  O governo tenta agora conquistar 400 votos para indicar que a Lava Jato não atrapalha o ritmo do Congresso, segundo o Estado. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia,  disse que a prisão do deputado cassado e ex-presidente da Casa Eduardo Cunha não atrapalha votações, apontando ainda que o pré-sal será votado nesta segunda-feira. 

O presidente Michel Temer participa hoje à noite de coquetel para alinhamento final da votação da PEC do teto. São esperados cerca de 300 deputados na residência oficial do presidente da casa, diz o Globo. A ideia é atrair parte dos 33 ausentes no primeiro turno e reverter votos contrários para registrar placar superior ao primeiro turno. Nesta segunda, Maia participa de almoço-debate em evento promovido pelo Lide em São Paulo, 12h.

Agenda doméstica
Ainda na agenda doméstica, destaque para a Ata do Copom, a ser revelada na próxima terça-feira. O Banco Central confirmou a expectativa da maioria dos economistas de um corte de 0,25 pp da Selic, mas o teor “hawkish” do comunicado surpreendeu parte do mercado. O mercado espera que a ata traga mais informações sobre a visão do BC.

Destaque ainda para os dados de mercado de trabalho de setembro, com a divulgação da Pnad Contínua na quarta-feira, deverá indicar que a taxa de desemprego chegou a 11,8% no período, e as informações do Caged, sem data definida, apontarão para saldo negativo de 10 mil vagas formais, projeta o Bradesco.

Agenda internacional
O destaque na agenda americana desta semana fica para a primeira prévia do PIB dos EUA para o terceiro trimestre, que será conhecida na sexta-feira (28) às 10h30. O mercado espera aceleração do ritmo de crescimento ante os três meses anteriores. “Assim, juntamente com os sinais adicionais de aperto do mercado de trabalho e aceleração da inflação, os dados deverão reforçar nossa expectativa de alta da taxa de juros dos EUA em dezembro”, comentou o economista-chefe do Bradesco. 

Além disso, atenção para as divulgações das leituras preliminares dos índices PMI compostos dos Estados Unidos na quarta-feira. Na Europa, o presidente do BCE (Banco Central Europeu) Mario Draghi falará em evento em Berlim na próxima terça-feira. Na China, o destaque fica para a divulgação dos lucros industriais na quarta-feira.

Também chama atenção dos investidores globais a divulgação de balanços das empresas high techs, como Apple e Alphabet, além dos demonstrativos de Boeing, do tão aguardado Deutsche Bank, GM e Visa.

Os 9 eventos que agitarão a Bolsa nesta semana 

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