Cunha, Ilan e Draghi: como esses três personagens mexeram com a Bolsa nesta quinta-feira

De queda de 1,22% à alta de 0,40%, o Ibovespa tem um pregão de volatilidade nesta quinta

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A quinta-feira começou movimentada no mercado, com os investidores digerindo o primeiro corte nos juros promovido pelo Copom em quatro anos e ainda os possíveis desdobramentos da prisão do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha, além do discurso do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, com possíveis indicações dos rumos da política monetária no velho continente.

Apesar de soar inicialmente como uma boa notícia para o mercado, a redução da Selic em 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano, a percepção de que a política monetária brasileira manter-se-á cautelosa trouxe pessimismo aos investidores. O tom hawkish da equipe de Ilan Goldfajn refletiu-se logo cedo na abertura em queda do Ibovespa Futuro e dos contratos de juros futuros, com os papéis curtos e longos em disparada.

Dois principais motivos justificam essa frustração do mercado: as “surpresas” com a inflação do setor de serviços e o aumento da meta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para 2018; e a condição de que novas medidas de controle das contas públicas precisam ser aprovadas para a Selic cair mais fortemente.

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Do lado político, pairam muitas dúvidas sobre o poder de destruição de Eduardo Cunha sobre o mundo político e os problemas que isso pode acarretar ao ajuste fiscal a ser implementado pelo governo Michel Temer. Um possível acordo de delação premiada do peemedebista não está descartado e é fonte de grande preocupação em Brasília.

Em paralelo a esses dois acontecimentos, chama atenção a decisão do Banco Central Europeu por manter os juros básicos a 0% e seu programa de estímulos em 80 bilhões de euros, em linha com o que esperava a maior parte dos especialistas do mercado, e contrariando alguns rumores de que a política de afrouxamento monetário poderia começar a ser modificada.

Apesar da ausência de surpresas no anúncio da autoridade monetária europeia, o presidente Mario Draghi fez um discurso que mexeu com os ânimos dos investidores. Em coletiva de imprensa, o dirigente chamou atenção para o fato de a conjuntura econômica seguir sujeita a riscos negativos. O tom de pessimismo provocou uma queda nas bolsas europeias e uma disparada nos yields dos bonds dos mais diversos países da região — casos de Alemanha, França e Espanha. O movimento foi acompanhado pelo Ibovespa, que já repercutia uma espécie de “frustração” com o Copom e o próprio cenário nebuloso no campo da política, além de um momento que poderia ser propício para vendas em um movimento de realização de ganhos após as fortes altas recentes.

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O pessimismo europeu, porém, acabou novamente revisto. Contribuindo para o movimento de recuperação das bolsas europeias e mergulho dos yields dos bonds veio outro trecho do discurso de Draghi, no qual o presidente do BCE disse que, na última reunião, não foi discutida qualquer mudança no programa de compra de ativos — seja para cortes ou prorrogações. “Às vezes é importante dizer o que não discutimos. E não discutimos a redução ou o horizonte pretendido do nosso programa de compra de ativos”, afirmou em entrevista à imprensa.

Com isso, cresceu a especulação de que o BCE vai prorrogar suas compras de títulos de 80 bilhões de euros por mês, destinadas a impulsionar a economia e a inflação. Também há relatos de que o banco está pensando em como eventualmente encerrar o programa. O presidente da autoridade monetária europeia disse que um fim abrupto do programa é improvável.

A recuperação das bolsas europeias foi acompanhada pelos demais mercados mundiais. No mercado brasileiro, o Ibovespa devolveu as perdas que chegaram a 1,22% durante a manhã. Às 12h30 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira acumulava ganhos de 0,23%, a 63.650 pontos, puxado sobretudo pela virada das ações dos bancos e elétricas e amenizada nas perdas da Petrobras (PETR3, R$ 18,75, -1,26%; PETR4, R$ 17,51, -0,62%), apesar da forte queda dos preços do petróleo nesta sessão. Também ajuda no dia positivo do índice o desempenho das ações da Vale (VALE3, R$ 18,83, +1,13%; VALE5, R$ 17,57, +2,39%), que dispara com recomendação do Itaú BBA e na esteira da alta dos preços do minério de ferro.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 QUAL3 QUALICORP ON 20,72 +3,60 +54,91 22,14M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 15,63 +2,22 +36,69 8,42M
 VALE5 VALE PNA 17,52 +2,10 +70,93 181,05M
 GOAU4 GERDAU MET PN 4,13 +1,98 +148,80 61,98M
 EQTL3 EQUATORIAL ON 53,55 +1,88 +58,96 23,11M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR3 PETROBRAS ON 18,59 -2,11 +116,92 99,30M
 KROT3 KROTON ON 16,60 -1,78 +76,18 65,19M
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 64,20 -1,74 +70,37 15,58M
 CSNA3 SID NACIONALON 10,16 -1,55 +154,00 27,10M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 19,70 -1,50 +45,85 7,59M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.