Juros curtos disparam após Copom cauteloso; Ibovespa Futuro abre em queda

Tom mais "hawkish" do Banco Central promove elevação nos DIs nesta sessão

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em meio a um noticiário movimentado, o Ibovespa Futuro iniciou a quinta-feira (20) em queda, em sessão com os investidores digerindo o primeiro corte nos juros em quatro anos pelo Copom (Comitê de Política Monetária) — de 0,25 ponto percentual –, a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pela Operação Lava Jato e os efeitos do último debate presidencial americano entre Hillary Clinton e Donald Trump. Às 9h12 (horário de Brasília), o índice acumulava perdas de 0,80%, a 64.135 pontos. No mesmo horário, os contratos de juros futuros disparavam, com os DIs com vencimento em janeiro de 2017 subindo 12 pontos, para 13,72%, e os papéis com vencimento em janeiro de 2018 em alta de 15 pontos, a 12,16%. Confira os destaques desta sessão:

Bolsas mundiais 
Os mercados mundiais registram um dia de cautela, à espera da bateria de indicadores nos EUA e à reunião do BCE (Banco Central Europeu); a expectativa é por manutenção da política monetária, mas abrindo caminho para mais afrouxamento.  No mercado de câmbio, o dólar avança contra maioria dos pares e enquanto investidores aguardam decisão do BCE e fala de Draghi. Já os mercados chineses tiveram pouca variação nesta quinta-feira, com os investidores avaliando as implicações de uma série de dados econômicos divulgados nesta semana. Os investidores avaliavam os recentes dados econômicos da China, incluindo o crescimento de empréstimos mais forte que o esperado em setembro e o crescimento econômico de 6,7% no terceiro trimestre, em linha com as expectativas. O destaque na Ásia ficou para o japonês Nikkei, que teve ganhos superiores a 1%.

Agenda doméstica
Após nove reuniões em que manteve a Selic em 14,25%, o Copom (Comitê de Política Monetária) fez a primeira redução na taxa básica de juros desde 2012 e a primeira realizada sob o comando de Ilan Goldfajn no Banco Central. O corte foi de 0,25 ponto percentual: com isso, a Selic passou de 14,25% para 14% ao ano, em linha com a expectativa da maior parte dos economistas.  

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A cautela prevalece e o mercado deve retrair aposta agressiva, segundo analistas, que apontam como principais surpresas do comunicado o aumento das projeções de inflação do BC para 2018 e a demonstração de insatisfação com o ritmo de desaceleração dos preços em serviços. Conforme destaca o economista sênior do Goldman Sachs Alberto Ramos, a aceleração do ritmo de cortes não está no piloto automático. “O Copom ainda está focado em assegurar convergência da inflação para a meta no fim de 2017 e também no fim de 2018, o que, considerando o perfil das projeções de inflação, poderia, provavelmente, apenas ser conciliada com ritmo muito gradual de corte no curto prazo e apenas aceleração do ritmo no segundo trimestre do ano que vem”, aponta. Veja mais análises clicando aqui.

Ainda no noticiário econômico, o mercado ficará de olho no IBC-BR (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de agosto, que será divulgado às 8h30, com a expectativa mediana dos economistas sendo de recuo de 0,5% na economia brasileira no período.

O mercado ainda deve ficar de olho nas próximas notícias sobre Eduardo Cunha (PMDB-RJ) após o ex-presidente da Câmara dos Deputados ser preso no âmbito da Operação Lava Jato. Os temores são de que uma eventual delação do peemedebista possa gerar efeito na aprovação das medidas de ajuste fiscal, uma vez que ele pode envolver integrantes do governo. Porém, segundo um integrante do governo ouvido pela Bloomberg, a prisão do deputado cassado já era esperada, não deve alterar a cronograma da votação da PEC do teto de gastos. “Não tem como saber se Cunha vai assinar uma delação premiada nem o que ele diria; então, o governo não vai sofrer por antecipação, ainda está focado nas medidas econômicas”, disse a pessoa. O presidente Michel Temer retorna de viagem à Índia e Japão, com previsão de chegada em Brasília às 11h30. 

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EUA
A 20 dias das eleições para a presidência dos Estados Unidos, os candidatos republicano Donald Trump e democrata Hillary Clinton voltaram a trocar acusações no terceiro e último debate da corrida eleitoral. Transmitido ao vivo nesta quarta-feira (19), a partir de Las Vegas, cidade do estado de Nevada,  para todo o território norte-americano por redes de televisão, de rádio, pela internet e até em salas de cinema, o debate, em determinados momentos, passou longe das propostas políticas de cada um dos partidos e resvalou para ataques pessoais. Hillary chamou Trump “fantoche” do presidente da Rússia, Vladimir Putin. E Trump se referiu a Hillary como “mulher desagradável”.

Sob pressão para conter a queda nas pesquisas, desde que nove mulheres o acusaram de assédio sexual, e também desde que foi divulgado um vídeo em que faz comentários desrespeitosos às mulheres, Donald Trump procurou, durante o debate, desqualificar as acusações das mulheres. Ele disse que elas são “falsas” e que as mulheres que o acusam provavelmente só desejam a “fama”. Trump procurou garantir os votos dos eleitores conservadores com a promessa de deportar imigrantes ilegais, apoiar o direito de uso de arma e de nomear juízes da Suprema Corte que possam derrubar propostas que defendam o direito do aborto.

Além disso, destaque para a bateria de indicadores. Às 10h30, sairá os dados de seguro-desemprego: a expectativa é de 250 mil pedidos. Às 12h, serão revelados os números de venda de casas usadas. No mesmo horário, serão divulgados os dados de indicadores antecedentes. Por fim, destaque para a fala de William Dudley, presidente do Federal de Nova York“Se a economia permanecer em sua atual trajetória acho…que veremos uma alta dos juros mais tarde neste ano”, afirmou ele em um jantar, minimizando qualquer risco relacionado ao mercado em função de um esperado aperto da política monetária em dezembro. 

Reunião do BCE
Na Europa, às 9h45, sai a decisão de política monetária do Banco Central Europeu, que promete agitar o mercado após os recentes boatos de que a autoridade monetária europeia poderia anunciar um corte nos estímulos à economia. Apesar de ter desmentido a informação, analistas e investidores ficam atentos para o rumo da economia na região e sobre os efeito do Brexit ao grupo europeu. A expectativa é que a autoridade deixe inalterada a política monetária nesta quinta-feira mas pode abrir caminho para mais afrouxamento em dezembro, conforme tenta sustentar uma aguardada recuperação nos preços ao consumidor. 

Noticiário corporativo 
Além da temporada de balanços, os investidores ficam de olho em uma série de outras notícias corporativas. A Gafisa anunciou a oferta secundária de ações da Tenda, que será listada no Novo Mercado. A Ambev informou que vai distribuir R$ 2,5 bilhões em dividendos a partir de 25 de novembro. A Direcional mais que triplicou seu VGV (Valor Geral de Vendas) para R$ 151 milhões no 3° trimestre, conforme prévia operacional divulgada ontem à noite. Por fim, a Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) adiou novamente, desta vez por pedido de vista, o julgamento do caso envolvendo a BM&FBovespa, no processo que trata da acusação de a bolsa ter usado critério fiscal equivocado na fusão que deu origem à companhia, em 2008, para pagar menos impostos. Entre as recomendações, o Banco do Brasil foi elevado de manutenção para compra pelo Santander, sendo colocado como o novo “top pick” entre bancos brasileiros. A Vale, por sua vez, teve a recomendação elevada de marketperform para outperform pelo Itaú BBA. Destaque ainda para o início da temporada de resultados do terceiro trimestre, com a divulgação do balanço da Localiza após o fechamento do mercado. 

(Com Bloomberg e Reuters)

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.