Petrobras dispara 4% e bate máxima de 2 anos; small cap salta até 20% com fusão

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão

Paula Barra

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SÃO PAULO – O rali das blue chips dão o tom ao movimento do Ibovespa dos últimos dias. Após passar por manhã de estabilidade, o índice encerrou esta quinta-feira em alta de 0,6%, a 60.630 pontos, renovando sua máxima desde setembro de 2014. 

Na ponta positiva, figuraram as ações da Petrobras, que saltaram 12% em 5 pregões, atingiram hoje sua máxima desde outubro de 2014. Enquanto isso, o Banco do Brasil, que subiu 3% nesta sessão, renovou seu maior patamar desde maio de 2015. Em meio à euforia, opções dessas ações que estavam rumo ao “pó” na Bolsa ganharam vida, saltando até 350% hoje (veja mais clicando aqui).

Destaque também para Embraer, que subiu mais de 2% após o presidente da Argentina, Maurício Macri, comunicar ao presidente Michel Temer que a aviação militar argentina tem interesse em comprar 24 Super Tucanos fabricados pela Embraer. Do outro lado, as ações das concessionárias cederam até 2% nesta sessão, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa. Sobre a CCR, o CEO da empresa, Renato Vale, disse ao Valor que que a companhia descartava devolver concessões, apesar de enfrentar problemas

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Fora do índice, chamou atenção as ações da small cap Magnesita, que dispararam até 20% após anunciar fusão com a austríaca RHI. O volume financeiro movimentado com o papel foi de R$ 15,6 milhões neste momento, contra média diária de R$ 3,2 milhões nos últimos 21 pregões. 

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 16,80, +4,35%; PETR4, R$ 15,10, +3,57%) 
As ações da Petrobras dispararam hoje, renovando máxima desde 2014, após o plenário da Câmara dos Deputados aprovar ontem o projeto de lei que retira a obrigatoriedade da participação da Petrobras na exploração do petróleo do pré-sal. O movimento positivo também foi sustentado pelos preços do petróleo. O contrato futuro do petróleo Brent subiu 1,2%, a US$ 52,54 o barril, enquanto o WTI avançou 1,2%, a US$ 50,44 o barril. 

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Atualmente, a lei que institui o regime de partilha do pré-sal estabelece que a exploração deverá, necessariamente, contar com pelo menos 30% de participação da Petrobras. Com o argumento de que a empresa não tem mais condições de arcar com essa obrigatoriedade, o projeto põe fim e essa obrigação, tornando facultativa à empresa a decisão de participar dos consórcios de exploração desses campos.

Segundo o Itaú BBA, a decisão da Câmara é positiva para Petrobras e para o setor, “uma vez que permitirá novos investimentos”. A mudança dá a outras empresas (locais e estrangeiros) maior flexibilidade para participarem de futuros leilões do pré- sal como operadoras.

“Isso não significa que a Petrobras vai perder o seu papel no setor Óleo & Gás brasileiro, já que vai manter direito de preferência sobre esses blocos, mas não a obrigação de participar”, destacam os analistas.

Para eles, o impacto para Petrobras no curto-médio prazo é “limitado”. A regra afeta apenas as áreas do pré-sal que foram ou serão leiloadas nos termos do contrato de partilha de produção – áreas que vão exigir uma parte relativamente pequena capex nos próximos cinco anos.

Libra é o único campo do pré-sal no portfolio atual da Petrobras leiloado sob o novo modelo, pelo qual a empresa pagou R$ 6 bilhões por uma participação de 40%. “Embora a Petrobras possa agora vender toda a participação no bloco, não acreditamos que a empresa queira deixar de ser operadora do bloco, dadas as perspectivas promissoras. Notamos que a Petrobras poderia vender uma participação de 10% em Libra e ainda manter-se como operadora”, destaca o Itaú BBA. Vale destacar ainda que o presidente da estatal, Pedro Parente, participa de road show com investidores em Nova York. 

A companhia informou ainda que está em negociação com a Karoon Gas Australia para venda de participação nos campos de Baúna e Tartaruga Verde.

A transação considera 100% do campo de Baúna, localizado no pós-sal da Bacia de Santos, e 50% no campo Tartaruga Verde, no pós-sal da Bacia de Campos. A Petrobras continuará como operadora do campo Tartaruga Verde. O projeto de venda dos campos faz parte do Plano de Desinvestimento 2015-2016 da Petrobras. 

Siderúrgicas
Seguindo a euforia do mercado, as siderúrgicas figuraram entre as maiores altas do Ibovespa, com Gerdau (GGBR4, R$ 9,31, +2,53%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,75, +3,88%) e CSN (CSNA3, R$ 9,83, +1,76%). A exceção foi a Usiminas (USIM5, R$ 3,65, -1,88%), que fechou no campo negativo. Ontem, saiu notícia de que o tribunal de Justiça de Minas Gerais decidiu anular a eleição de Sérgio Leite de Andrade para presidente da empresa, sob alegação de que essa eleição teria lesado o acordo de acionistas, já que não houve consenso prévio à reunião do colegiado sobre a nova diretoria executiva. 

Concessionárias
As ações das concessionárias cederam até 2% nesta sessão, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa, com Ecorodovias (ECOR3, R$ 9,17, -2,24%) e CCR (CCRO3, R$ 17,08, -1,67%). Sobre a CCR, o CEO da empresa, Renato Vale, disse ao Valor que que a companhia descartava devolver concessões, apesar de enfrentar problemas. 

Braskem (BRKM5, R$ 24,35, +0,79%)
jornal Valor Econômico informa que, na tentativa de conseguir um acordo de delação premiada no âmbito da operação Lava Jato, Carlos Fadigas, que foi presidente da Braskem entre 2011 e 2016, tem ajudado os investigadores a descobrir quanto da suposta propina, estimada em R$ 128 milhões destinados pelo conglomerado ao ex-ministro Antonio Palocci entre 2008 e 2013, teria cabido à empresa. A Braskem é o braço petroquímico da Odebrecht.

A Braskem, sociedade da Petrobras com a Odebrecht (que detém 38,3% do capital total da empresa), é mencionada no material apreendido pela PF pelas iniciais BK, e seria fonte de receita para pagamentos ilícitos.

O executivo pode ser peça-chave para esclarecer ao menos um de dois episódios considerados centrais pela Lava-Jato, sobre a suposta atuação de Palocci em favor da Braskem, em troca de vantagens indevidas.

Embraer (EMBR3, R$ 14,80, +2,42%)
Segundo o jornal O Estado de S. Pauloo presidente da Argentina, Mauricio Macri, disse ao presidente Michel Temer que a aviação militar argentina tem interesse em comprar 24 Super Tucanos fabricados pela Embraer. O negócio, estimado em US$ 400 milhões, precisa de linha de crédito, do BNDES preferencialmente. A força aérea argentina usa o Tucano A-27, antecessor do Super, para treinar pilotos. A expectativa é que o negócio seja concretizado.

“Sem dúvida a notícia é positiva, mas que não é tão representativa, dado que o negócio giraria ao redor de US$ 400 milhões – menos de 2% do backlog (carteira de pedidos) da empresa”, comentaram os analistas do BTG Pactual. Eles reiteraram recomendação neutra para a ação, dado o fraco momento de resultado (aviação executiva segue pressionada) e o cenário para novas ordens comerciais ainda aparece fraco no curto prazo.

A empresa reage também à divulgação de um relatório do JPMorgan sobre a empresa. O banco iniciou a cobertura para as ações EMBR3 com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) e preço-alvo de US$ 24,00 por ADR. Em relatório, os analistas Carlos Louro, Marcella Recchia e Seth M. Seifman comentaram que as expectativas de melhora nos resultados operacionais da Embraer não está devidamente refletida nos atuais preços das ações. Para eles, o setor de defesa vai apresentar oportunidades substanciais de crescimento. Além disso, eles veem potencial de melhora gradual das margens EBIT (de 7% em 2016 para 8,5% em 2018), como resultado dos cortes de custos e melhora do mix de produtos.

No radar, o Estadão também informa que a empresa abrirá, a partir de hoje, inscrições para um novo Programa de Demissões Voluntárias (PDV). A nova etapa desse programa será voltada para alguns setores específicos da companhia, como engenheiros, técnicos de nível médio e secretários. No primeiro PDV, 1.463 empregados tiveram suas inscrições aceitas, de um total de 1.470 cadastrados. O funcionário terá direito à indenização de 40% do salário nominal proporcional ao tempo de empresa, seis meses adicionais de plano de saúde e odontológico, além de apoio em programas de palestras e workshops de qualificação profissional.

Ainda no noticiário da companhia, a Folha de S. Paulo informa que autoridades americanas apuram a venda de 2 jatos 190 da Embraer para a Linhas Aéreas de Moçambique em 2008 como parte das investigações sobre suspeitas de que Embraer teria subornado agentes públicos para obter contratos no exterior. A Embraer não quis dar mais detalhes à Folha sobre a venda dos aviões para Moçambique, dizendo que desde 2011 tem informado publicamente que vem conduzindo uma ampla investigação interna e cooperando com as autoridades competentes. A companhia está na fase final de negociação com autoridades dos EUA e Brasil sobre o valor da multa e qual percentual ficará com o governo dos EUA e quanto será do Brasil, ressalta o jornal.

JBS (JBSS3, R$ 12,53, -2,57%)
As ações da JBS corrigiram a euforia na véspera, quando os papéis saltaram 6%, após notícia apontar para queda no preço de gado nos Estados Unidos nas últimas semanas, o que deve assegurar margens fortes na divisão de bovinos nos EUA no 2° semestre de 2016, na contramão do que foi visto no 1° semestre, comentaram os analistas do BTG Pactual.

Segundo eles, esse é um negócio muito relevante para a JBS (representando 40% da receita da companhia). “No 1° semeste, as margens registraram queda de 0,5% e qualquer melhora aqui (o que achamos bastante factível, com as margens se recuperando para o nível normalizado de 4%), poderia adicionar Ebitda superior a R$ 1 bilhão para a empresa”, comentaram. Para eles, o momento de resultados é favorável nos próximos trimestres, mas continuam neutros no papel dado os eventos recentes e incertezas envolvendo a companhia e sua listagem nos EUA.

Educacionais
A sessão do Congresso Nacional convocada para a noite de quarta-feira (5) foi suspensa na madrugada desta quinta-feira (6) por falta de quórum. A reunião de deputados e senadores era destinada para a apreciação de vetos, dos destaques à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a votação do projeto de lei que libera créditos extraordinários para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) no valor de R$ 1,1 bilhão. O governo não faz os repasses ao programa desde julho.

A notícia, segundo o BTG Pactual, é negativa para o setor. Essa é a terceira vez que a reunião é adiada por falta de quórum, o que aumentam as chances de que boa parte da geração de caixa Fies do segundo trimestre entre no caixa somente em janeiro, comentaram os analistas. A parte positiva, ressaltam, é a maioria dos deputados presentes ontem eram a favor da aprovação do crédito, incluindo os de partidos de oposição, o que aumenta nossa tese de que é mais uma questão de quando (e não se) o orçamento extra vai ser aprovado. Eles lembram que o governo tem ainda a opção de aprovar o crédito através de uma Medida Provisória, que entraria em vigor imediatamente. 

Apesar da notícia negativa, as ações das educacionais expostas ao programa fecharam em alta hoje, com Kroton (KROT3, R$ 15,87, +1,41%), Estácio (ESTC3, R$ 18,76, +2,23%), Anima (ANIM3, R$ 12,70, +3,25%). A exceção era a Ser Educacional (SEER3, R$ 18,52, -0,16%), que registrou leve queda. 

Oi (OIBR3, R$ 3,73, -1,32%; OIBR4, R$ 2,84, -1,05%)
A Oi afirmou nesta quarta-feira que manteve negociações com o fundo de hedge norte-americano Elliott Management sobre um eventual investimento na companhia, mas as conversas não geraram uma proposta firme. 

As afirmações da Oi nesta quarta-feira ocorreram em resposta a informações da imprensa de que a companhia estava negociando receber investimentos de até 10 bilhões de reais do fundo de hedge.

Já de acordo com o Valor, os detentores de títulos da Oi terão direito de voz e voto individual numa futura assembleia geral de credores da operadora, conforme consta de despacho do juiz Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, datado de terça-feira. O Citicorp Trustee Company Limited – agente fiduciário que representa interesses de “bondholders” com mais de R$ 15 bilhões a receber – havia se manifestado contrário ao pleito. Alegou que esses direitos deveriam ser exercidos apenas pelo próprio Citicorp.

Magnesita (MAGG3, R$ 24,24, +12,74%)
As ações da Magnesita disparam nesta sessão, atingindo o maior patamar desde maio de 2014, após o grupo austríaco de materiais térmicos refratários RHI anunciar acordo para combinar suas atividades com a Magnesita por meio da compra de uma participação de pelo menos 46% e não mais que 50% mais uma ação da fabricante brasileira de produtos refratários. Na máxima desta sessão, os papéis atingiram alta de 19,95%, a R$ 25,79. 

A aquisição da fatia de 46% será paga em dinheiro pelo valor de 118 milhões de euros. A transação prevê a emissão de 4,6 milhões de novas ações a serem emitidas pela companhia combinada, a RHI Magnesita.