Petrobras salta 5,6% com petróleo, Braskem dispara 10% e construtoras vão de alta de 36% à queda de 6%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quarta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O mercado viveu dia de extrema volatilidade nesta quarta-feira (28), entre petróleo e o Federal Reserve. O ânimo dos investidores foram exaltados nesta tarde após uma reportagem da Reuters apontar que membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) chegaram a um acordo para limitar a produção em novembro. Lá fora, os contratos futuros da commodity dispararam 5%, levando a Petrobras para forte alta nesta sessão. 

Diante da euforia, apenas 5 das 58 ações do Ibovespa registraram queda nesta tarde: Ecorodovias, Pão de Açúcar, Cetip, Raia Drogasil e CPFL Energia.

Mais cedo, o mercado sofreu forte volatilidade após fala da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, aumentar possibilidade de alta de juros nos Estados Unidos ainda este ano. O nervosismo foi amenizado nesta tarde, quando o comentário do presidente do Fed de Chicago, Charles Evens, apontou que “provavelmente” a economia americana terá juros mais baixos por algum tempo. 

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No índice, as maiores altas ficaram com as ações da Braskem, CSN e Usiminas, todas com ganhos acima de 6%. 

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão: 

Petrobras (PETR3, R$ 15,33, +4,64%; PETR4, R$ 13,85, +5,56%)
As ações da Petrobras dispararam nesta tarde, após membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) chegarem a um acordo para limitar a produção a partir de novembro, disseram duas pessoas com conhecimento no assunto à Reuters. Lá fora, o contrato futuro do Brent fechou em alta de 6%, a US$ 48,72 o barril, enquanto o WTI subiu 5,3%, a US$ 47,05 o barril.

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Segundo as fontes disseram à Reuters, a Opep chegou a um acordo para limitar a produção para 32,5 milhões de barris por dia — 740 mil abaixo dos níveis atuais. Os detalhes da negociação não foram informados. Com os países membros reunidos na Argélia para o Fórum Internacional de Energia, a Opep poderia anunciar um congelamento na produção nesta quarta-feira, afirmaram as fontes dentro da organização à Reuters sob condição de anonimato pelo fato de a decisão ainda não ter sido fechada.

Mais cedo, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) mostrou que os estoques de petróleo cru caíram 1,9 milhão no período, para um total de 502,7 milhões de barris, contra expectativa de analistas da Reuters, que previa crescimento de 3 milhões de barris. O número, no entanto, foi ofuscado pelo crescimento de 2 milhões de barris nos estoques de gasolina, contra expectativa de alta de 178 mil barris. Lá fora, os preços do petróleo praticamente zeravam ganhos: o contrato futuro do Brent avançava 0,33%, a US$ 46,12 o barril, enquanto o WTI subia 0,07%, a US$ 44,70 o barril. 

Além do “dia D” do petróleo, o noticiário da Petrobras também é movimentado. A Alpek prorrogou a exclusividade com a estatal por Suape e Citepe. Alpek conseguiu prorrogar por 30 dias a negociação exclusiva com a Petrobras para a potencial aquisição de sua participação na Petroquímica Suape e na Citepe, informou a empresa mexicana em comunicado divulgado ao mercado nesta terça-feira. Em 28 de julho, a diretoria de Petrobras aprovou negociar Suape e Citepe com Alpek. Caso ambas as partes cheguem a um acordo, fechamento da transação dependerá de aprovações de órgãos reguladores, disse a Alpek. 

Já o Globo informou que, com a prioridade de reduzir sua dívida e sem recursos suficientes para investir em todos os seus projetos, a Petrobras pretende buscar parceiros para explorar as reservas localizadas na chamada cessão onerosa, no pré-sal da Bacia de Santos. A área abrange seis campos com 5 bilhões de barris de petróleo, o que equivale a ao menos 20% das estimativas de reservas do pré-sal já descobertas, mas ainda não comprovadas, que variam de 20 bilhões a 25 bilhões de barris de petróleo. O entrave, segundo uma fonte do governo, é que a estatal não pode “fazer a cessão de direito” dessas áreas, conforme prevê o contrato entre a companhia e o governo, com base na Lei 12.276/2010, que criou o regime de cessão onerosa. Por fim, a Câmara dos Deputados se compromete a votar pré-sal na próxima semana sem alterações, diz o jornal Folha de S. Paulo.

Suzano (SUZB5, R$ 10,35, +3,09%)
As ações da Suzano subiram após anunciar que aumentou no preço lista da celulose fibra curta para a China para US$ 530 a tonelada; o novo preço é válido a partir de 1º de outubro. O último ajuste de preços anunciado pela Suzano foi em maio deste ano, válido a partir de 1º de junho, quando o valor na China passou para US$ 570 a tonelada. Segundo dados semanais dos preços mundiais de referência da celulose obtidos pela Agência Estado, o valor médio na China atingiu US$ 486,42/ton ontem (27), um leve avanço de 0,13% contra a semana passada, após uma outra alta, de 0,08%, na semana anterior. 

Apesar da alta, o movimento da ação aparece tímido hoje, dado que já tinham repercutido positivamente nos papéis na semana passada essa expectativa por aumento dos preços da celulose e no pregão de ontem. 

Para o BTG Pactual, a companhia foi mais agressivos no movimento, o que alguns podem questionar. Por enquanto, não há notícias sobre a Fibria (FIBR3, R$ 22,39, +1,91%), mas ajuda o sentimento.

Os analistas do banco seguem cautelosos sobre o momento para revisão dos preços, achando desafiador implementá-lo, lembrando que esse ano os aumentos de preços não emplacaram (na totalidade dos anúncios) e que esse tem risco também. “O ponto aqui é que a demanda está ok e tem um expectativa de uma grande adição de oferta alguns meses à frente. Parece mais um movimento para estancar as quedas fortes dos últimos meses”, comentaram. Eles reiteraram recomendação de compra em Suzano por valuation, mas reforçaram que momentum de curto prazo segue desafiador.

Braskem (BRKM5, R$ 25,41, +10,29%)
As ações da Braskem lideraram os ganhos do Ibovespa, após anúncio de que o seu Conselho de Administração aprovou o pagamento de dividendos no valor de R$ 1 bilhão aos seus acionistas, o que corresponde a R$ 1,25715870797455 por ação (seja ela ordinária ou preferencial classe “A”) e R$ 2,5143174159491 por ADR (American Depositary Receipt). Só vai ter direito ao provento o investidor que detiver ações da Braskem em carteira no fechamento do pregão da segunda-feira, 3 de outubro. O pagamento dos dividendos será realizado a partir do dia 11 de outubro.

Para a agência Standard & Poor’s, o enfraquecimento dos sócios levou a Braskem a pagar o dividendo bilionário. “Vemos o enfraquecimento da qualidade de crédito dos principais acionistas da Braskem como desencadeadores do pagamento extraordinário de dividendo”, disse, em relatório assinado pelos analistas Renata LotfiFelipe Speranzini. Segundo a agência, a política financeira mais agressiva ou qualquer mudança na estrutura acionária poderia impactar rating da Braskem, principalmente se uma contraparte mais fraca passar a controlar a empresa, sem acionistas minoritários significativos com interesse econômico ativo. 

A S&P disse que monitora o impacto de alavancagem decorrentes de exposição da companhia ao risco relacionado ao projeto EXXIainda que considere “remoto”. Também acompanha os riscos relacionados a pagamentos indevidos oriundos do contrato de fornecimento com a Petrobras. 

Além disso, a Camex também prorrogou direito antidumping, por um prazo de até 5 anos, aplicado às importações brasileiras de resinas de policloreto de vinila obtido por processo de suspensão (PVC-S), originárias do México. No caso do PVC-S, a Braskem é citada como tendo apresentado petição de início da revisão do assunto pela Camex ** Para os produtores/exportadores dos EUA, será aplicado antidumping de 16%; para os do México, de 18%. No caso do éter, assunto foi avaliado pela Camex a pedido da Oxiteno do Nordeste e culminou com aplicação de direito antidumping de US$ 670,42 a tonelada. 

Vale (VALE3, R$ 18,19, +3,35%; VALE5, R$ 15,80, +3,61%)
As ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 10,00, +2,56%) – holding que detém participação na Vale – subiram forte apesar do pregão negativo dos preços do minério de ferro. A commodity com 62% de pureza cotada no Porto de Tianjin, na China, caiu 0,5% no mercado à vista, fechando a US$ 55,90 a tonelada seca, segundo dados da The Steel Index

No radar, o CEO da mineradora, Murilo Ferreira, fala hoje em conferência anual de Commodities do Itaú BBA“Os preços estáveis e contínua disciplina de custo impulsionaram o Ebitda ajustado da Vale em 2016”, disse. A estimativa é que o Ebitda ajustado esse ano fique entre US$ 4,5 bilhões e US$ 5,4 bilhões, considerando o dólar a R$ 3,30, em média, no segundo semestre, preços de níquel de US$ 10.500 a tonelada e preços de cobre de US$ 4.750 a tonelada. 

Além disso, o HSBC reiterou hoje recomendação de manutenção das ações da Vale. A atualização veio após a Samarco, joint venture entre Vale e BHP Billiton, deixar de pagar juros de um bônus que venceram na segunda-feira (26), informou à Reuters o banco custodiante Bank of New York Mellon Corp. Como resultado, a Samarco tem 30 dias para fazer o pagamento, ou então investidores que detêm ao menos 25% do bônus de US$ 500 milhões poderão declarar o vencimento imediato do principal, de acordo com termos contratuais do bônus com vencimento em setembro de 2024 e cupom de 5,375%.

CPFL Energia (CPFE3, R$ 24,31, +0,21%)
O Fundo de Investimentos em ações Energia São Paulo decidiu alienar totalidade de suas ações na CPFL Energia à subsidiária da chinesa State Grid. O anúncio vem na esteira do anúncio feito na sexta-feira, de que o Previ também vai exercer seu direito de acompanhar a oferta da chinesa oferecida a Camargo Corrêa.

A decisão implica em direitos de “tag along” aos acionistas minoritários no preço de R$ 25,00, que ajustado pode atingir aproximadamente R$25,50 atualmente. O preço oferece um prêmio de 5% em relação ao fechamento de ontem. Os minoritários ainda terão direito ao CDI após a conclusão do pagamento aos controladores. 

Educação
O Ministério da Educação deu aval nesta quarta-feira para que Estácio (ESTC3, R$ 18,95, +1,01%) e Kroton (KROT3, R$ 15,46, +1,18%) ofereçam cursos de graduação. Esse é o terceiro pregão seguido de alta dessas ações.

Vale mencionar que na sexta-feira passada essas ações caíram forte penalizadas por notícias que apontava que o MEC já devia R$ 5 bilhões em repasses de Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) às instituições de ensino superior. O valor refere-se às parcelas de julho, agosto e setembro que ainda não foram pagas porque as renovações dos contratos deste segundo semestre ainda não foram abertas. A renovação depende da votação dos projetos de lei de crédito orçamentário no Congresso. A votação deveria ter ocorrido esta semana, mas foi cancelada por falta de quórum, sendo remarcada para o dia 4 de outubro, prologando a tensão no setor de educação. O adiamento por pelo menos mais uma semana na liberação dos recursos para o Fies preocupa instituições de ensino que estão sem receber desde agosto os montantes devidos pelo governo referentes a mais de dois milhões de estudantes do programa. 

Na ocasião, Adeodato Volpi Netto, head de mercados de capitais da Eleven Financial, disse que a reação do mercado foi exagerada à notícia, dado que não dava para prever ainda qual o real impacto disso. “É importante saber quanto desse valor já estava provisionado nos balanços das empresas. O mercado pode estar tentando fazer preço hoje a algo que nem parou para averiguar”, comentou naquele pregão.  

Construção civil
As ações da construtora Viver (VIVR3, R$ 2,69, +31,86%) dispararam pelo segundo dia, na esteira de um pedido de recuperação judicial, apresentado há pouco mais de uma semana. Na máxima do dia, os papéis atingiram alta de 36,27%, a R$ 2,78. O volume financeiro movimentado com os papéis atinge R$ 750,1 mil nesta tarde, contra média diária de R$ 57,5 mil dos últimos 21 pregões. 

Por outro lado, a PDG Realty (PDGR3, R$ 2,68,  -6,29%) – outra ação ‘problemática’ do setor – afundava na Bovespa. Segundo reportagem desta quarta-feira do Valor, com a crise, mais incorporadoras podem pedir recuperação judicial. Das empresas em dificuldade, mais sensíveis a esse cenário, a matéria cita PDG e Rossi (RSID3, R$ 3,82, -1,29%). 

Marcopolo (POMO4, R$ 3,13, -1,57%) 
A Marcopolo teve a recomendação elevada pelo Itaú BBA para market perform (desempenho em linha com a média do mercado). O preço-alvo é de R$ 3,00 por ação.
Cielo (CIEL3, R$ 32,61, +1,43%) 
A administradora de meios de pagamento Cielo comunicou ao mercado que distribuirá R$ 612,365 milhões em dividendos e juros sobre capital próprio, que correspondem a R$ 0,271011056 por ação. O pagamento será realizado na sexta-feira 30 de setembro e só terão direito ao provento os investidores que tinham ações da Cielo em carteira no fechamento do dia 16 de setembro.