Disparada da Petrobras faz Ibovespa subir no que seria um dia de cautela antes do Fed

Dados abaixo do esperado nos EUA e falas de Temer também ficaram no radar dos investidores

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira (20), no que seria um dia de cautela apesar da opinião preponderante de que o Federal Reserve, a autoridade monetária dos Estados Unidos, não elevará as taxas de juros amanhã (21) e sinalizará que só o fará em dezembro. Lá fora, os índices Dow Jones e S&P 500 fecharam praticamente estáveis, com os investidores preocupados em não dormir posicionados antes da reunião. 

Por aqui, o que garantiu a alta da Bolsa foi que o mercado gostou muito do que leu no Plano Estratégico da Petrobras para 2017 – 2021, com queda de 25% nos investimentos e mais vendas de ativos. Ainda no radar, o presidente Michel Temer defendeu em discurso na ONU (Organização das Nações Unidas), o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e destacou a “diversidade” e a abertura comercial do Brasil. 

O benchmark da bolsa brasileira subiu 0,67%, a 57.736 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 5,325 bilhões. Já o dólar comercial recuou 0,53% a R$ 3,2595 na compra e a R$ 3,2610 na venda, enquanto o dólar futuro para outubro apresenta baixa de 0,38% a R$ 3,273 no after-market. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 opera em queda de 6 pontos-base a 12,48%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra ganhos de 2 pontos-base a 12,09% também no after-market. 

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Segundo o economista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, os dados mais baixos dos EUA divulgados hoje não exercerão influência sobre a decisão do Fed amanhã. “Provavelmente haverá manutenção de juros nos EUA. Vamos ter mais 2 reuniões até o fim do ano”, afirma. Para ele, o comunicado, até pelos números mais fracos dos últimos dias, deve pedir cautela. Além disso, ele credita ao plano de negócios da Petrobras uma parte da animação neste pregão, mas ressalva que a empresa não disse nada de muito novo. 

Entre as commodities, o petróleo WTI (West Texas Intermediate) terminou o dia em alta de 1,27% a US$ 43,85 o barril, enquanto o barril do Brent mostrou praticamente estabilidade, fechando com leves perdas de 0,02% a US$ 46,42. Já o minério de ferro spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve alta de 0,16% a US$ 55,77 a tonelada seca.

LDO
Por falta de quórum, a sessão conjunta do Congresso Nacional (Câmara e Senado) desta terça foi encerrada sem a conclusão da votação do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 (PLN 2/16). A LDO seria votada logo após a liberação da pauta do Congresso, trancada por sete vetos presidenciais. O texto principal da LDO foi aprovado no dia 24 de agosto, mas deputados e senadores ainda precisam analisar três destaques.

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A falta de quórum foi motivada pela realização de uma sessão do Senado no mesmo horário (11h) e pelo fato de alguns deputados deixarem de marcar presença em protesto contra a inclusão ontem, na pauta da terceira sessão extraordinária da Câmara, do Projeto de Lei (PL) 1210/07.

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 15,05, +1,07%; PETR4, R$ 13,50, +3,45%) subiram após a estatal divulgar o seu plano estratégico 2017-2021 em comunicado ao mercado nesta terça, afirmando que a carteira de investimentos do Plano prioriza projetos de exploração e produção de petróleo no Brasil, com ênfase em águas profundas.

Nas demais áreas de negócios, os investimentos destinam-se, basicamente, à manutenção das operações e à projetos relacionados ao escoamento da produção de petróleo e gás natural. Os investimentos totais foram reduzidos em 25% quando comparados à última revisão do Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, divulgada em janeiro de 2016, passando de US$ 98 bilhões para US$ 74 bilhões.

O presidente da estatal, Pedro Parentes, explicou que o plano trabalho vai contemplar diferentes cenários. “Nos primeiros dois anos estaremos apertando o passo para alcançar a saúde financeira e assim antecipando a nossa meta de endividamento em dois anos. A partir destes dois anos recuperamos o crescimento da nossa curva de produção, registrando crescimentos mas operando de forma disciplinada e equilibrada”, disse.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 CSAN3 COSAN ON 37,05 +3,87 +54,65
 PETR4 PETROBRAS PN 13,50 +3,45 +101,49
 RADL3 RAIADROGASILON 68,45 +2,78 +93,94
 CPLE6 COPEL PNB 34,20 +2,76 +46,95
 BBAS3 BRASIL ON EJ 22,61 +2,73 +58,68

Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes subiram, mas ficaram longe das máximas. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,31, +0,23%), Bradesco (BBDC3, R$ 28,09, +1,44%; BBDC4, R$ 28,55, +1,10%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 22,61, +2,73%) avançaram. Juntas, as quatro ações respondem por 23% da participação na carteira teórica do Ibovespa.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 GOAU4 GERDAU MET PN 3,50 -5,66 +110,84
 RUMO3 RUMO LOG ON 6,26 -4,86 +0,32
 FIBR3 FIBRIA ON 22,61 -3,79 -55,66
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 9,94 -3,02 -45,66
 BRKM5 BRASKEM PNA 22,81 -2,31 -12,68

Entre as quedas estiveram as exportadoras de papel e celulose. Fibria (FIBR3, R$ 22,61, -3,79%) e Suzano (SUZB5, R$ 9,94, -3,02%) fecharam em fortes quedas por conta do desempenho negativo do dólar. Por possuírem suas receitas na moeda norte-americana, essas empresas têm as suas rentabilidades reduzidas quando há desvalorização da divisa dos EUA ante o real.

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN 13,50 +3,45 698,16M
 BBDC4 BRADESCO PN 28,55 +1,10 218,52M
 VALE5 VALE PNA 14,36 +0,77 215,47M
 PETR3 PETROBRAS ON 15,05 +1,07 181,65M
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 35,31 +0,23 179,54M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,49 +0,21 159,45M
 FIBR3 FIBRIA ON 22,61 -3,79 150,28M
 RUMO3 RUMO LOG ON 6,26 -4,86 143,97M
 BBAS3 BRASIL ON EJ 22,61 +2,73 131,43M
 RADL3 RAIADROGASILON 68,45 +2,78 118,01M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Fomc
As apostas de aumento de juros já nesta reunião do Fomc são extremamente baixas, de modo que o mercado em geral espera manutenção das taxas na banda entre 0,25% e 0,5%. A expectativa é de que a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, sinalize um aumento de juros em dezembro. Caso a mensagem entregue ao mercado amanhã seja ainda mais “dovish” (moderada, no sentido de cortar juros), fará com que os investidores movam as suas apostas para 2017.  

Dados dos EUA
No primeiro dia de reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), que fará amanhã o anúncio de taxa de juros, o Departamento de Comércio dos EUA divulgou que o número de novas casas construídas no país foi de 1,142 milhão em agosto, abaixo da expectativa mediana dos economistas, que era de construção de 1,186 milhão. O número de de autorizações para a construção de imóveis nos EUA, também decepcionou, ficando em 1,139 milhão, contra 1,160 milhão esperados. 

Agenda de Temer
O presidente Michel Temer proferiu, na manhã desta terça, o discurso de abertura da 71ª Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Nela o peemedebista fez referência ao impeachment de Dilma Rousseff — que culminou em sua efetivação na Presidência da República — como um “longo processo” que “transcorreu dentro do mais absoluto respeito constitucional”. Ele defendeu que o momento é de virar a página e que o Brasil já começa a recuperar a confiança dos mais diversos atores econômicos globais. O presidente destacou que a meta é a busca de responsabilidade fiscal e social.

“O Brasil traz às Nações Unidas sua vocação de abertura ao mundo. Somos um país que se constrói pela força da diversidade. Acreditamos no poder do diálogo. Defendemos com afinco os princípios que regem esta Organização. Princípios que são, hoje, mais necessários do que nunca”, iniciou Michel Temer. Ao longo do discurso que durou 20 minutos, o peemedebista criticou protecionismos econômicos e o isolacionismo frente à globalização. Ultranacionalismo, crises políticas e a dificuldade de o sistema internacional aos novos tempos também estiveram presentes na fala do presidente. “O mundo apresenta marcas de incerteza e instabilidade. O sistema internacional experimenta um déficit de ordem. A realidade andou mais depressa que nossa capacidade coletiva de lidar com ela”, afirmou.