Dia de sell off na Bolsa: 14 das 58 ações do Ibovespa desabam mais de 5%; Cemig cai 8% após acordo com a Renova

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sexta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa desabou 3,7% nesta sexta-feira (9), indo a 57.999 pontos, no pior pregão desde 2 de fevereiro, seguindo a tendência das bolsas mundiais, que aumentaram suas quedas após o Federal Reserve de Boston, Eric Rosengren, dizer em discurso que as baixas taxas de juros estão aumentando as chances de um “superaquecimento” da economia norte-americano. Além dele, o diretor do Fed, Daniel Tarullo, afirmou hoje que não descarta possibilidade de alta de juros neste ano. Ele, no entanto, não quis dizer se acredita que a autoridade monetária deveria agir em sua próxima reunião, marcada para o fim deste mês. 

Em dia de sell off no mercado, 14 ações do Ibovespa afundaram mais de 5%, com a Cemig liderando as perdas, após acordo com a Renova. Os papéis fecharam em queda de 7%, seguidos por CSN e Cyrela, que registraram desvalorizações de cerca de 6%. Os bancos também chamaram atenção, com Bradesco e Banco do Brasil marcando queda superior a 5% (veja a lista completa das maiores quedas do Ibovespa clicando aqui).  

Segundo o trader profissional Wagner Caetano, diretor da Top Traders, o movimento da Bolsa de hoje cria uma expectativa de correção mais aguda no mercado doméstico, favorecendo sua posição na venda. O trader disse hoje que segue firme na venda dos minicontratos do Ibovespa Futuro, vendo correção até os 57.030 pontos. Caetano rolou, em 17 de agosto, uma venda em 250 minicontratos WINV16 (com vencimento em outubro de 2016) nos 59.666 pontos (operação que pode ser conferida aqui)

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Com as perdas de hoje, o índice acumulou na semana queda de 2,7%, sendo puxado principalmente pelas ações ligadas a commodities. Os setores de construção civil, com Cyrela e MRV Engenharia, e financeiro, com as ações da BM&FBovespa, Itaúsa (holding do Itaú Unibanco), foram fortemente penalizados no período. Na semana, apenas 8 das 58 ações do Ibovespa encerraram em alta, com destaque para as educacionais Kroton e Estácio, além da fabricante de aeronaves Embraer. 

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sexta-feira:

Petrobras (PETR3, R$ 15,50, -5,43%; PETR4, R$ 13,51, -4,99%)
Depois de dispararem na véspera, entre petróleo e elevação de recomendação do HSBC (que pode ser vista clicando aqui), as ações da Petrobras afundaram nesta sessão, em dia de correção dos preços do petróleo e forte queda do mercado doméstico. Lá fora, o contrato futuro do Brent registrava desvalorização de 3,86%, a US$ 48,06 o barril, enquanto o WTI caía 3,63%, a US$ 45,89 o barril. A commodity recuou com a alta do dólar, mas também com a percepção que a grande queda nos estoques na semana passada ocorreu por um fator pontual, a passagem do furacão Hermine perto do Golfo do México. O forte consumo do estoque interno foi provocado pelo atraso da chegada de óleo importado por navios após a passagem do furacão. 

No radar, a Petrobras confirmou na quinta-feira o acerto da venda de sua subsidiária de gasodutos Nova Transportadora do Sudeste (NTS) para um consórcio liderado pelo fundo canadense Brookfield. Pelo acordo, que ainda terá de ser aprovado pelo conselho de administração, a estatal seguirá como cliente da empresa, mas perdeu a exclusividade no uso da malha de gasodutos e vai precisar competir em condições de mercado para usar a infraestrutura de escoamento de gás, de acordo com fontes próximas à negociação. O valor do acordo não foi anunciado, mas é estimado em mais de US$ 5 bilhões.

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Segundo o BTG Pactual, a notícia é positiva para a petroleira e reforça sua visão de que a companhia tem feito o dever de casa na venda de ativos para endereçar suas necessidades de capital. Os analistas seguem com recomendação de compra para a ação. 

Cemig (CMIG4, R$ 8,87, -7,41%)
As ações da Cemig desabaram nesta sessão, liderando as perdas do Ibovespa, após acordo com a Renova. A Cemig concordou em antecipar R$ 118 milhões referente a entrega de energia futura contratada junta a sua controlada Renova Energia, sendo que a quitação do valor se dará com a entrega de energia a partir de maio de 2021 ou por meio da uma opção de compra em que a Cemig pode adquirir até 49,9% da participação no projeto Alta Sertão III, que vem sendo implementada pela Renova. 

Vale (VALE3, R$ 16,86, -5,23%; VALE5, R$ 14,49, -4,73%)
As ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 9,89, -4,90%) estenderam as perdas da véspera, acompanhando o movimento negativo dos preços do minério de ferro. A commodity cotada no Porto de Qingdao, na China, fechou em queda hoje de 0,62%, a US$ 57,78 a tonelada. 

Siderúrgicas
Acusada pelo setor siderúrgico de elevar sua produção de aço de forma desenfreada e praticar concorrência desleal, a China afirmou que pretende cortar de 100 milhões a 150 milhões de toneladas da capacidade produtiva de suas usinas nos próximos cinco anos. Embora ressaltada por analistas como positiva para o setor, a notícia não fez preço nas ações hoje, em pregão de forte desvalorização da Bolsa. Todos os papéis do setor afundaram nesta sessão, com Gerdau (GGBR4, R$ 9,27, -5,12%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,95, -5,28%), Usiminas (USIM5, R$ 3,85, -4,70%) e CSN (CSNA3, R$ 8,65, -6,49%). 

Em relatório, o BTG Pactual ressaltam que essas metas na China estão sendo discutidas desde 2005, “sempre prometeram e nunca cumprem”. Desta vez, no entanto, os analistas acreditam que o assunto pode ir para frente, com o País criando até um fundo de apoio a funcionários demitidos. “Se eles entregarem o prometido, seria positivo para o aço. Menos excesso de capacidade, o que geraria mais poder de preço”, comentaram. Eles mantiveram preferência para siderúrgicas, contra mineradoras, ressaltando a Gerdau como sua top pick no setor.

Ainda no radar, a Usiminas mostra uma queda mais amena nesta sessão após seu Conselho de Administração aprovar as cláusulas definitivas de renegociação das dívidas da companhia com bancos brasileiros como Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco e BNDES. O Conselho ainda aprovou rider da renegociação com japoneses. Desta forma, a diretoria executiva da empresa firmará os instrumentos definitivos da renegociação de dívida com os credores, a serem celebrados até a próxima segunda-feira. 

“Os instrumentos definitivos não alterarão as condições negociais que já haviam sido informadas no fato relevante datado de 15 de junho, quais sejam: (i) prazo total de 10 (dez) anos para pagamento; e (ii) período de carência de 3 (três) anos para o início do pagamento do principal, as quais também serão aplicáveis às dívidas perante os bancos japoneses”, afirma. 

Papel e celulose
As ações do setor de papel e celulose foram as únicas altas do Ibovespa nesta sessão, com Suzano (SUZB5, R$ 10,82, +0,93%) e (FIBR3, R$ 23,41, +2,90%). A exceção no setor foi a Klabin (KLBN11, R$ 16,69, -1,48%), que fechou no terreno negativo hoje. Em dia de pessimismo nos mercados globais, esses papéis são beneficiados pela alta do dólar frente ao real. O dólar comercial registrava alta de 1,5%, a R$ 3,2600 na compra e R$ 3,2612 na venda. 

Sobre a Fibria, vale menção que desde a mínima deixada no ano (no dia 5 de agosto) até agora os papéis subiram 26%, indo para o maior patamar de fechamento desde junho de 2016. No final de agosto, o blog O Investidor de Sucesso, do InfoMoney, alertava sobre uma oportunidade com a ação, após uma análise feita por William Alves, chefe de investimentos da Valor Gestora de Recursos. Ele postou no dia 23 do mês passado uma análise bem completa sobre Fibria no seu blog pessoal Bugg, ação que ele encarteirou a R$ 20,23. No texto, ele cita quatro motivos que o fizeram montar posição na ação: a relação do dólar e o preço da ação; a estabilidade no preço da celulose; a alavancagem operacional; e a saída maciça dos fundos que estavam comprados (confira a análise completa clicando aqui). 

Aliansce (ALSC3, R$ 15,87, -3,58%) 
A Aliansce comunicou que seus acionistas Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB) e Renato Rique exercerão o direito de preferência para acompanhar o aumento de capital da companhia, investindo respectivamente R$ 174,1 milhões e R$ 66,2 milhões. Já a gestora de private equity americana Jaguar Growth Partners fechou acordo para investir até R$ 250 milhões na operação. Com isso, a nova sócia poderá indicar um membro para compor o conselho de administração da companhia. A Aliansce aprovou em 29 de agosto um aumento de capital entre R$ 300 milhões e R$ 600 milhões.  

BRF (BRFS3, R$ 54,78, -2,25%)
A BRF acertou acordo com FFM e investimento de US$ 16 milhões na FFP. A controlada BRF Foods GmbH celebrou acordo com FFM Berhad prevendo cooperação na FFM Further Processing FFP, além de investimento pela BRF Foods GmbH na FFP de aproximadamente US$ 16 milhões, segundo comunicado.

Segundo o BTG Pactual, a sinalização é muito positiva para a empresa, sendo mais um passo na direção de construir a produção local e capacidade de distribuição no mercado muçulmano. Isso reforça também o objetivo da companhia, através da Sadia Halal, de fazer um “spin off” (separação) no futuro. Os analistas reiteraram a recomendação de compra na ação, vendo o papel se beneficiando de uma melhora no ciclo do frango.

Após a conclusão da transação,a BRF Foods GmbH deterá 70% das ações da FFP e a FFM Berhad deterá os 30% remanescentes. A FFP é processadora de alimentos com sede na Malásia: “a transação está em linha com a estratégia da BRF em expandir sua presença no sudeste asiático e seu contínuo comprometimento com os mercados muçulmanos”.

Oi (OIBR3, R$ 4,00, +5,26%; OIBR4, R$ 2,94, +6,91%)
Após derrocada nos últimos 2 pregões, as ações da Oi tiveram alívio nesta sexta-feira. No radar, rumores de que um grupo de credores da operadora de telefonia (com cerca de 60 da dívida da companhia) pretende apresentar uma alternativa ao plano de recuperação judicial divulgado nesta semana. Entre os pontos divergentes, os credores almejam uma diluição maior dos acionistas (entre 85% e 95%, contra proposta atual de 85%) e que a empresa reduza a sua dívida bruta para algo abaixo de R$ 20 bilhões, contra R$ 65 bilhões atualmente.  

Minerva (BEEF3, R$ 9,65, -1,53%)
Além de se beneficiar da alta do dólar frente ao real nesta sessão, as ações da Minerva reagiram à confirmação da empresa sobre a emissão de títulos representativos de dívida devidas em 2026 pela sua subsidiária Minerva Luxembourg. O valor total da emissão ficou em US$ 1 bilhão no mercado internacional. Segundo o BTG Pactual, a notícia é positiva para a empresa, vendo possibilidade de o papel reagir bem à confirmação. Os analistas do banco seguem otimistas com o case, reiterando recomendação de compra. 

Em comunicado, a Minerva explicou que os juros remuneratórios das notas serão pagos semestralmente, sob a taxa de 6,50% ao ano. Além disso, a empresa disse que a emissora pretende utilizar os recursos líquidos decorrentes da oferta das Novas Notas para pagar a oferta de recompra de todas e quaisquer 7.75% Notes remanescentes, de emissão e devidas em 2023. 

Conforme destaca o Valor, com a operação da Minerva, sobe para US$ 15,5 bilhões o total captado por empresas no exterior, além dos US$ 3 bilhões levantados pelo Tesouro Nacional – o volume, de US$ 18,5 bilhões, já supera em mais de 140% o registrado no ano passado (US$ 7,6 bilhões). Segundo estimativas de bancos que atuam na estruturação das ofertas, as captações externas podem fechar o ano em US$ 25 bilhões. 

De acordo com o jornal, ainda no setor de alimentos, a BRF (BRFS3) deve ser a próxima da fila. Já a companhia de logística JSL (JSLG3) iniciou ontem uma rodada de encontro com investidores, a fim de sondar o apetite para fazer sua estreia no mercado internacional de bônus, disse uma fonte a par do assunto ao Valor.