JBS desaba 10% após Justiça afastar irmãos Batista da empresa; Oi dispara 23% e Petrobras salta 3%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta segunda-feira

Paula Barra

(Bloomberg)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em leve queda nesta segunda-feira (5), com o mercado suscetível à volatilidade em dia de baixo volume financeiro com feriado nos Estados Unidos, que manteve o mercado fechado por lá. 

Na Bolsa, destaque para as ações da JBS, que despencaram 8% após Wesley Batista ser conduzido para depor em operação da PF que mira fraudes em fundos de pensão de estatais. Nesta tarde, a Justiça decretou o afastamento do cargo de Wesley e Joesley Batista e as ações da JBS aprofundaram a queda. Santander e Bradesco Asset também são alvos da operação da PF. 

O dia foi importante também para os papéis da Oi, que dispararam mais de 20%, com a expectativa de que a companhia apresente hoje seu plano de recuperação judicial. Já a Vale caiu forte após a Vale ter sua recomendação cortada pelo UBS. A Bradespar – holding que detém participação na companhia – acompanhou o movimento. 

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta segunda-feira: 

JBS (JBSS3, R$ 11,20, -10,04%)
As ações da JBS desabaram após a Justiça pedir afastamento imediato dos irmãos Batista de seus respectivos cargos. Eles são donos da J&F, holding que controla a JBS. Mais cedo, a Polícia Federal levou para depor Wesley Batista, no âmbito da Operação Greenfield. O irmão Joesley Batista estaria no exterior, segundo a JBS. Diante das notícias, as ações da JBS atingiram queda de 8,43% na mínima do dia, a R$ 11,40. O volume financeiro movimentado com a ação foi de R$ 169,9 milhões, contra média diária de R$ 101,4 milhões nos últimos 21 pregões. 

Nesta tarde, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, decretou sete medidas cautelares a 40 investigados da Operação Greenfield. A ordem judicial mais contundente impõe aos alvos afastamento imediato dos Fundos de Pensão, de empresas e dos mercados financeiros e de capitais. A operação da PF investiga desvios de R$ 8 bilhões no Funcef, Petros, Previ e Postalis. Há mais de 20 inquéritos aberto envolvendo irregularidades com esses fundos. Entre os alvos: Santander, Bradesco Asset Management, Brookfield, Sete Brasil, Deloitte, Ecovix, Engevix, WTorre, Invepar, J&F e OAS, segundo informações do Valor Econômico e do jornal O Estado de S. Paulo. Além dessas, a vice-presidência de gestão e ativos da Caixa também é alvo, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão nesta segunda-feira no departamento do banco que fica em São Paulo. Das obras investigadas, aparece a do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. 

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Hoje pela manhã a Justiça Federal determinou a condução coercitiva dos empresários Joesley Batista e Wesley Batista, donos da Friboi. Wesley já estaria na PF de São Paulo, mas Joesley está no exterior, segundo a JBSComo parte da operação, os agentes buscam documentos na sede da J&F e da controlada Eldorado Celulose, na Marginal Tietê, em São Paulo, segundo o colunista Lauro Jardim, da Veja. A J&F é dona de uma série de empresas, desde a JBS, Vigor, Banco Original até Alpargatas e Flora, além da Eldorado.

A respeito da presença da Polícia Federal hoje nas sedes da J&F e da Eldorado por ocasião da operação Greenfield e que investiga os investimentos dos fundos de pensão por meio dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participações), a empresa esclarece que os investimentos feitos pela Petros e Funcef na Eldorado foram de R$ 550 milhões no ano de 2009. As informações foram divulgadas através da assessoria de imprensa da empresa. “De acordo com ultimo laudo independente (Deloitte) emitido em dezembro de 2015, a participação dos fundos atualizada é de R$ 3 bilhões, ou seja 6 vezes o valor investido inicialmente. A J&F e seus executivos esclarecem que colaboram com as investigações e estão à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários”, disse a JBS em nota. 

Oi (OIBR3, R$ 4,20, +6,33%; OIBR4, R$ 3,47, +23,05%)
As ações da Oi dispararam nesta sessão, com seus maiores acionistas próximos de fechar um acordo sobre o plano de recuperação judicial da empresa. Na máxima da sessão, os papéis preferenciais atingiram alta de 26,60%, a R$ 3,57, em dia de forte volume financeiro movimentado com o ativo de R$ 87,8 milhões, contra média diária de R$ 14,8 milhões dos últimos 21 pregões.

No radar da empresa, Pharol e Nelson Tanure, dois dos maiores acionistas da Oi, estão perto de chegar a um acordo sobre o plano de recuperação da empresa, disseram 4 pessoas, segundo a Bloomberg. 

O acordo, que pode prever gestão compartilhada da empresa, ainda não estará refletido no plano de reestruturação que deverá ser apresentado hoje, disseram as fontes. Enquanto isso, o juiz responsável pelo processo de recuperação judicial da Oi, Fernando Viana, decidiu na sexta, suspender cautelarmente a convocação de assembleias que votariam a destituição de membros do conselho de administração indicados pela Pharol (antiga Portugal Telecom, maior acionista individual da tele, com 22% de participação) e a eleição dos indicados pelo fundo Société Mondiale, ligado ao empresário Nelson Tanure, assim como adoção de medidas de responsabilização em face de administradores da empresa. As reuniões de acionistas estavam marcadas para 8 de setembro.

O titular da 7ª Vara Empresarial do Rio determinou ainda o encaminhamento da disputa para mediação. Caso não haja acordo, o magistrado decidirá sobre a realização da assembleia. A Pharol e o Société Mondiale serão encaminhados para o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflit0os (Nupemec)/Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc). O magistrado determinou que a mediação deverá ser concluída no prazo de 20 dias, prorrogável por vontade dos acionistas. A decisão seguiu a recomendação do Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ).

O juiz afirma ainda que a mediação se mostrou adequada “em razão do vínculo permanente que existe entre os envolvidos e dos prejuízos que este litígio societário pode potencialmente causar, neste momento delicado de sua existência, à empresa em recuperação (Oi), a seus credores e aos consumidores dos serviços por prestados pela concessionária”.

Ainda sobre a Oi, a troca de dívida por ações da Oi pode fazer com que os detentores de seus bônus atinjam fatia de 70% a 80% no capital, diz Valor Econômico, citando uma pessoa não identificada a par do assunto. A troca de dívida por ações faz parte do plano de recuperação judicial a ser apresentado pela companhia na noite desta segunda-feira, segundo o jornal.

Gol (GOLL4, R$ 7,15, +3,92%)
Em linha com o plano de racionalização de frota, a Gol anunciou um acordo com a Gecas (GE Capital Aviation Services), relacionado ao leasing de 12 aeronaves. Pelo acordo, 4 aeronaves serão adquiridas pela Delta; a Gol espera antecipar o final do leasing de outras 4 aeronaves recebidas nos últimos 2 anos e 3) também deve antecipar o fim do contrato para outras 4 aeronaves, que nos próximos 6 meses terão suas despesas de aluguel reduzidas e 2 motores (por aeronave) sub-leased para Delta.

O BTG Pactual escreveu que espera que tal anúncio gere redução de custo (de aproximadamente US$ 38 milhões por ano ou 1,2 ponto percentual de margem Ebitda). “Este foi mais um passo concluído que marca o turnaround da empresa”, escreveram os analistas. Eles atualizaram suas estimativas para a companhia, subindo o preço-alvo de R$ 4,00 para R$ 7,00 por ação.  

Vale (VALE3, R$ 18,35, R$ 17,90, -1,86%; VALE5, R$ 15,12, -2,39%)
As ações da Vale aceleraram as perdas nesta tarde, penalizadas por um relatório do UBS, que cortou a recomendação da companhia de neutra para venda. Os ADRs (American Depositary Receipts) possuem o preço-alvo de US$ 4,20 por ativo. Os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 10,58, -2,31%) – holding que detém participação na mineradora – acompanharam o movimento negativo, que também foram pressionado pela queda do minério de ferro. A commodity cotada no porto de Qingdao, na China, caiu 0,25% hoje, indo a US$ 59,24 a tonelada. 

Os analistas do UBS citam cinco razões para a correção dos preços do minério: desaceleração do apoio ao crédito, construção e demanda sazonalmente mais baixas, oferta sazonalmente mais alta do minério, custo marginal maior e maior estoque. A expectativa é de que os preços do minério saiam dos US$ 59 a tonelada atuais para US$ 50 a tonelada no quarto trimestre deste ano e US$ 46 no quarto trimestre no ano que vem. A Vale também é afetada pelo real mais forte e menores ganhos no segmento de fertilizantes.  

Petrobras (PETR3, R$ 16,08, +2,88%; PETR4, R$ 13,83, +1,92%)
As ações da Petrobras subiram entre interesse da Cosan nos ativos da petroleira e alta dos preços do petróleo no mercado internacional. O contrato futuro do Brent registrava alta de 1,22%, a US$ 47,40 o barril, enquanto o WTI subia 1,64%, a US$ 45,17 o barril.

A Arábia Saudita e Rússia chegaram a um acordo de cooperação com o objetivo de estabilizar os mercados de petróleo, mas não acertaram nada sobre um eventual congelamento de sua produção. Os ministros de energia dos dois maiores produtores de petróleo do mundo, que anunciaram o pacto às margens da reunião de cúpula do G-20, na cidade chinesa de Hangzhou, disseram que os dois países irão criar um grupo de trabalho que se encontrará regularmente e monitorará os mercados. No entanto, as duas autoridades – o russo Alexander Novak e o saudita Khalid alFalih – não disseram se seus países vão se juntar a esforços de congelar a produção.

Posteriormente, Falih declarou em entrevista à emissora de TV Al Arabiya que, no momento, não há necessidade de congelamento da produção. Trata-se de uma opção favorável, mas não necessária hoje”, afirmou o ministro saudita.

Cosan
Fundador de um dos maiores grupos de energia e infraestrutura do Brasil, o empresário Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do conselho de administração do grupo Cosan (CSAN3, R$ 38,26, +0,60%), não descarta comprar ativos da Petrobras (PETR3;PETR4) que sejam complementares aos seus negócios.

Sócio da Shell na Raízen (terceira maior distribuidora de combustíveis do País), controlador da Comgás (maior companhia de gás canalizado) e dono da Rumo ALL (maior ferrovia nacional), o empresário disse que “tem interesse em tudo” e está aguardando os planos de desinvestimentos da estatal para saber quais empresas poderiam ser negociadas.

Tudo, nesse caso, seriam ativos da área de distribuição de combustíveis – BR Distribuidora, líder nesse segmento -, logística e gás. “Refinaria é mais complexo. Estou esperando (a Petrobrás) divulgar o plano de desinvestimento estruturado para saber exatamente qual tipo de ativo vai ser vendido”, disse o empresário. A compra da BR Distribuidora, alvo de cobiça da Cosan e de outros grupos, teria um complicador: o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por causa da concentração de mercado.

Além disso, a Petrobras prestou esclarecimento em comunicado, ressaltando que não há qualquer acordo firmado para venda da Liquigás. “Não houve deliberação por parte da diretoria executiva ou do conselho de administração da Petrobras no sentido da venda daquela empresa”; “não há, até o momento, qualquer acordo firmado que confira certeza quanto à conclusão da transação”, diz Petrobras em comunicado em resposta a pedido de esclarecimento sobre reportagem de O Estado de S. Paulo. “O processo competitivo para venda da Liquigás Distribuidora S.A. encontra-se em andamento”. “As propostas recebidas estão sendo analisadas pela companhia, considerando diversos aspectos”. “A ´Petrobras não comenta estimativas sobre o valor de seus ativos, tampouco o valor das ofertas recebidas ao longo do processo de desinvestimento, por questões estratégicas e em virtude dos acordos de confidencialidade”.

Cesp (CESP6, R$ 13,68, +0,29%)
Depois cair 1,69% na mínima do dia, as ações da Cesp ganharam força e conseguiram encerrar o pregão no positivo. No radar da empresa, a nova carteira do Ibovespa, que marcou a saída da elétrica do índice. Mas esta não é a única mudança e outros índices importantes da Bolsa também sofrerão alterações. No IBrX 100 haverá a retirada da Anima e da Linx, enquanto passarão a integrar o índice a Alpargatas PN, Fleury, Metal Leve e Tupy. Já no IBrX 50 a Bradespar e a TIM deixarão a carteira teórica enquanto a Energias do Brasil e a Rumo entram no índice.