Sem controlador, ação da CVC afunda na Bolsa; Gerdau dispara 4% e BM&FBovespa cai 2% com recomendações

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quinta-feira

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa teve pregão morno nesta quinta-feira (18), após ter marcado ontem seu maior patamar em dois anos. Uma série de revisões em recomendações movimentou ações do índice hoje: enquanto Gerdau disparou até 5,5% no dia com elevação do Morgan Stanley, as ações da BM&FBovespa afundaram após o JPMorgan cortar sua classificação para equivalente à venda. 

Além delas, os papéis das exportadoras tiveram dia de alta na Bolsa em meio à valorização do dólar frente ao real. Fibria e Klabin – ambas do setor de papel e celulose – subiram mais de 1%, com a moeda americana subindo pela sexta sessão seguida, com o mercado dando sequência a uma recomposição de posições após sinais de que pode ser freada uma queda contínua do dólar. A exceção no setor foi Suzano, que encerrou o dia em leve queda. Embraer, também exposta ao câmbio, caiu hoje após notícia de que o sindicato “exigiu o cancelamento imediato do programa de demissão voluntária” da fabricante de aeronaves. 

Fora do Ibovespa, o destaque ficou com as ações da CCX Carvão, única empresa do finado “grupo X” que ainda está nas mãos de Eike Batista, que afundaram até 44% nesta sessão, com forte giro finaneiro, após informar que fechou acordo para venda de ativos para a turca Yildirim, por um valor 64% menor do que o sinalizado na última proposta. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

BM&FBovespa (BVMF3, R$ 18,35, -2,19%) e Cetip (CTIP3, R$ 43,78%, -0,21%)
As ações da BM&FBovespa afundaram após ter recomendação cortada de neutra para underweight (exposição abaixo da média do mercado) pelo JPMorgan. O preço-alvo é de R$ 17,00 por ação. A queda ocorre após rali de 68% da ação em meio à fusão com a Cetip. Segundo a equipe de análise do banco americano, chefiada por Domingos Falavina, ganhos adicionais para a ação dependem de volumes de negociação mais fortes ou menor custo de capital.

Nesta quinta-feira, o Safra também divulgou um relatório elevando Cetip para outperform (desempenho acima da média), enquanto manteve recomendação da BM&FBovespa em neutra. Os analistas, no entanto, elevaram o preço-alvo de BVMF3 para R$ 20,60, já incorporando a Cetip e consequente diluição de ações com a nova companhia. Sem a união, eles comentam que o preço-alvo de BVMF3 seria de R$ 16,30, mostrando como o negócio tende a criar valor para os acionistas da Bovespa. Já para Cetip, o preço de ações estão seguindo a proporção previamente definida no contrato com a Bovespa, que hoje indica um valor justo de R$ 48,98 (12% de potencial de alta frente aos preços correntes).

Continua depois da publicidade

Apesar de ser meramente informativo, o novo preço-alvo do Safra para Cetip é de R$ 52,40 para 2017, considerando a empresa de forma independente. Portanto, o aumento de valor para os acionistas BVMF na aquisição da Cetip (de R??$ 4,30 por ação, segundo o preço-alvo do banco) não é apenas uma questão de sinergias, mas também um resultado de um bom preço pago pelo ativo, pelo menos, comentaram os analistas. Segundo eles, as taxas de desconto mais baixas no Brasil, além do forte desempenho recente de Cetip contribuíram para isso. 

Sobre BM&FBovespa, eles ressaltaram que estão preocupados com os volumes de médio prazo (de ações e derivados), que pode levar a um desempenho abaixo das expectativas de mercado existentes, que são atualmente elevadas. Além disso, eles acreditam que as chances de uma perda no Carf têm aumentado. Por outro lado, eles elevaram a Cetip, vendo assimetria no atual valuation. “É um veículo menos arriscado para capturar o lado positivo da nova companhia, que tem um bom potencial de valorização sobre o ratio definido e com uma oferta de valuation independente não oferece quase nenhum downside se o acordo não se materializar”, comentaram. 

Gol (GOLL4, R$ 6,79, +6,09%)
As ações da Gol dispararam com abertura do setor aéreo de volta à pauta do governo. Em entrevista para o Valor Econômico, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, comentou que com mais tempo para debate e com os argumentos que o ministério vai apresentar, não deverá ter dificuldades para aprovar a liberação de 100% de capital estrangeiro, afinal isso é bom para o setor. Além disso, comentou que tentarão aprovar isso o mais rápido possível.

Embora os papéis subam hoje, os analistas do BTG Pactual comentaram que essa potencial nova tentativa para aprovar essa flexibilização não é uma surpresa (logo não deveria fazer preço), uma vez que o governo já vinha apontando que iria voltar a discutir um aumento do teto de 20% de capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras.

Gerdau (GGBR4, R$ 10,34, +4,23%)
As ações da Gerdau dispararam, renovando máxima desde maio de 2015, após a elevação de recomendação pelo Morgan Stanley de equal-weight (exposição em linha com a média) para overweight (exposição acima da média do mercado). Já o preço-alvo passou de R$ 7,10 para R$ 12,20, o que implica um potencial de valorização de 16% em relação ao fechamento da véspera. As demais siderúrgicas da Bolsa, por sua vez, perderam força e viraram para queda, com Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,91, -0,26%), Usiminas (USIM5, R$ 3,88, -0,77%) e CSN (CSNA3, R$ 10,16, -1,74%). No relatório, o banco manteve a recomendação da CSN em underweight (desempenho abaixo da média). 

Além disso, a siderúrgica negocia o possível fechamento temporário de uma usina que possui em Calvert, no Kentucky, Estados Unidos. As conversas com a United Steelworkers, representante dos trabalhadores, tem como objetivo suspender as atividades a partir de novembro. De acordo com a companhia, a unidade enfrenta grandes problemas de perda de competitividade, em um ambiente já mais deteriorado para a siderurgia global. 

 A empresa disse que “foram feitas várias tentativas nos últimos anos para tornar a unidade bem-sucedida”. “Infelizmente, os esforços não levaram ao aumento da competitividade em custos”, completa a Gerdau em comunicado.

Petrobras (PETR3, R$ 15,18, +1,81%; PETR4, R$ 12,88, +0,94%)
As ações da Petrobras ganharam força nesta tarde, acompanhando os preços do petróleo no mercado internacional. O contrato futuro do Brent registrava alta de 0,20%, a US$ 49,97 o barril, enquanto o WTI subia 1,00%, a US$ 47,26 o barril. Desde a mínima deixada em janeiro deste ano até agora, os papéis da estatal triplicaram de valor na Bolsa, renovando hoje a máxima desde junho de 2015.  

No radar, empresas como a Petrobras, a Caixa Econômica Federal, o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Apex e Embratur irão pagar R$ 100 milhões para a Rio 2016 referentes à Paraolimpíada, disse a Bloomberg citando uma uma pessoa que participou das negociações entre as empresas e a organização do evento.

Segundo esta fonte, o governo municipal do Rio de Janeiro é responsável por outros R$ 150 milhões. Na quarta-feira (17), o TRF (Tribunal Regional Federal) suspendeu uma liminar que impedia o repasse de verbas para os Jogos Paraolímpicos.

Segundo o desembargador federal Guilherme Couto de Castro, sem recursos houve risco de não poder viabilizar a Paraolimpíada, que começa no dia 7 de setembro. As empresas não deram respostas para a Bloomberg, lembrando que ontem a Petrobras disse que considerava a possibilidade de patrocinar os Jogos Paraolímpicos.

CVC (CVCB3, R$ 22,15, -1,99%)
As ações da CVC caíram hoje após a companhia informar que, por conta da nova participação acionária do BTC, a empresa pode não ter mais um controlador definido, caso apareça um grupo de acionistas que aja em conjunto para eleger a maioria do conselho de administração e passa a exercer o controle acionário. 

Juntamente, a empresa comunicou que os fundos de investimentos BTC e GJP reduziram participação acionária na companhia para 15,68% e 8,44% das ações ordinárias em emissão. Em última divulgação da CVC, no dia 11 de agosto, o BTC detinha 44,82% das ações, enquanto o GJP possuía 24,3% do capital votante da empresa.  

CCX Carvão (CCXC3, R$ 1,90, -35,59%)
As ações da CCX desabaram na Bolsa, indo para o menor patamar desde março de 2015, com forte volume financeiro, após a companhia fechar novo acordo de venda de ativos para a Yildirim. Na mínima do dia, os papéis afundaram 44,07%, a R$ 1,65. O volume financeiro foi de R$ 5,6 milhões, contra média diária de R$ 285,7 mil dos últimos 21 pregões. 

Em comunicado divulgado ao mercado nesta manhã, a CCX Carvão Colômbia informou que firmou acordo com a Yildirim para a suspensão por 60 dias da arbitragem sobre operação de transferência de ativos e com mudança dos termos da transferência. Os ativos à venda, conforme o primeiro termo de transferência assinado em março de 2014, eram as minas de Cañaverales e Papayal e o complexo subterrâneo de San Juan. O preço total da transação foi definido em US$ 45 milhões, incluindo os US$ 30 milhões já pagos à CCX quando da assinatura do primeiro termo de transferência de ativos em março de 2014. A Yildirim já tinha pago US$ 5 milhões pela exclusividade das negociações em novembro de 2013. Ainda está previso pagamento de US$ 15 milhões restantes. O fechamento da transação está previsto para acontecer em 19 de setembro. A decisão de suspender arbitragem foi para encontrar solução comercial consensual para encerrar a arbiragem e finalizar a operação, informou a CCX. 

Os novos termos substituem o primeiro acordo firmado entre as companhias. O novo acordo impactará no valor pelos quais os ativos da operação estão atualmente contabilizados nas demonstrações financeiras da CCX, de modo que os conselhos de administração e de auditoria farão deliberações sobre a necessidade de reajustar o balanço do 2º tri: CCX

Vale (VALE3, R$ 19,29, +0,89%; VALE5, R$ 16,26, +0,87%)  
As ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 11,39, +0,53%) – holding que detém participação na Vale – viraram para queda, acompanhando os preços do minério de ferro. A commodity cotada no Porto de Qingdao, na China, fechou o pregão em queda de 0,26%, a US$ 60,71 a tonelada. 

No radar, a Vale informou que em sessão de julgamento finalizada na noite de ontem, a Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região negou provimento ao agravo de instrumento por ela interposto contra a decisão liminar proferida perante a 12ª Vara Federal da Seção Judiciária de Belo Horizonte, ajuizada pela União Federal, pelos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de outros institutos contra a Samarco Mineração e suas acionistas, a BHP Billiton Brasil e a mineradora.

O valor da causa permanece inalterado em R$ 20,2 bilhões. “Ademais, a Vale esclarece que o acordo celebrado com as Autoridades Brasileiras em 2 de março de 2016 no âmbito da referida ação civil pública continua válido e as partes continuarão a cumprir com as suas obrigações lá previstas, tendo sido a Fundação Renova devidamente constituída para desenvolver e executar os programas de longo prazo para remediação e compensação previstos no acordo. A Vale continua adotando todas as medidas para assegurar seu direito de defesa na ação e na homologação do Acordo, mantendo o mercado informado caso haja qualquer nova informação relacionada a tal ação”, informou a empresa.

Embraer (EMBR3, R$ 14,68, -1,01%)
Cerca de 8.000 trabalhadores da produção e setor administrativo da Embraer aprovaram proposta que “exige o cancelamento imediato do plano de demissões”, segundo e-mail do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos ao qual a Bloomberg teve acesso. “Do contrário, a ordem será ‘demitiu, parou’”. 

Os trabalhadores aprovaram plano de lutas contra as demissões programadas pela empresa, segundo o comunicado. Como alternativa aos cortes, sindicato propôs que Embraer pare com processo de transferência de parte da produção para o exterior e que acionistas arquem com multa de US$ 200 mi referente ao caso de corrupção investigado pelo Ministério Público Federal do Rio de janeiro, segundo o comunicado. Ontem, o sindicato disse que Embraer apresentou plano de demissão voluntária aos representantes dos trabalhadores. 

Gafisa (GFSA3, R$ 2,41, +9,05%)
As ações da Gafisa dispararam 22% nos últimos 3 pregões, atingindo máxima desde abril de 2016, em meio à busca da empresa de se desfazer do seu braço de baixa renda, a Tenda. Além da valorização chamou atenção hoje o volume financeiro movimentado com o papel, atingindo R$ 63,42 milhões, contra média diária de R$ 13,24 milhões nos últimos 21 pregões. Em relatório divulgado ontem, analistas da Upside Investor comentaram que a notícia poderia ser um gatilho positivo para as ações da construtora. 

No radar, o Grupo Gafisa (formado pelas incorporadoras Gafisa e Tenda, além de uma participação de 30% na loteadora Alphaville Urbanismo) anunciou a contratação do Rothschild como assessor financeiro para separação da subsidiária Tenda, formando, assim, duas companhias abertas e independentes. O processo de separação para capturar o valor do segmento Tenda pode envolver uma oferta de valores mobiliários e/ou a venda de participação societária, além da própria separação através de uma operação de reorganização societária. A companhia acrescentou que informará o mercado tão logo tome qualquer decisão a respeito do tema. A Tenda foi comprada pela Gafisa em 2008, e o processo de separação do grupo foi iniciado em 2014 sob a justificativa de que os negócios têm poucas sinergias.