Fluxo “colossal” de dinheiro está pronto para entrar no Brasil em breve, acredita gestor da XP

Para ele, a Bolsa ficou para trás em relação a outros ativos locais, como câmbio e juros longos, e "ainda tem muito espaço para andar no médio e longo prazo"

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – Um fluxo “colossal” de dinheiro está pronto para ingressar no Brasil nos próximos dias, acredita o gestor Bruno Marques, que administra R$ 50 milhões no fundo multimercado XP Macro da XP Gestão. Isso porque uma combinação de juros negativos no mundo e a visibilidade de uma retomada da economia brasileira, com uma possível confirmação do impeachment, criará um ambiente propício para investimento no País. 

“Uma conta que gostamos de fazer é: se você deixar dinheiro na Alemanha por 30 anos, você teria um retorno equivalente de 10 meses de CDI no Brasil. Então, por que não investir aqui, um País que está se ajustando e tem um dos maiores juros do mundo?”, questionou Marques, em entrevista ao InfoMoneyHá uma quantidade colossal de dinheiro no mundo pronta para ser trabalhada, comenta, citando que atualmente aproximadamente US$ 15 trilhões em títulos têm rentabilidade negativa e cerca de 65% de todos os títulos do mundo apresentam retorno abaixo de 1%. 

“As curvas de juros longas de todos os países fecharam para níveis inimagináveis. A dívida da Suíça, por exemplo, é negativa em até 50 anos. Então, você tem esse cenário mundial construtivo, sem rentabilidade nenhuma dos ativos, e uma economia doméstica no início de um processo de reversão, com um potencial ajuste fiscal e um dos juros mais altos do mundo. Isso é muito relevante para nós e é com base nisso que temos feito nossa alocação de ativos”, comentou. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Primeiros sinais do governo Temer
Segundo ele, os primeiros sinais do governo de Michel Temer só confirmaram essa percepção mais otimista para o País, de um governo que começa a dar uma guinada na condução econômica. “Os primeiros sinais só vieram a confirmar isso e tem sido até melhores do que imaginávamos”, comentou. 

Ele acredita que, com a chegada de Temer, houve uma clara reorientação política e econômica, com a política fiscal dando sinais que caminha para uma trajetória consistente, ainda que dependente da aprovação de reformas. 

“Durante muito tempo ficamos no escuro. As pessoas não sabiam nem contra o que estavam brigando. Hoje, claramente o governo tem o diagnóstico correto. Agora, passa a ser muito mais uma questão de execução, mas o diagnóstico está claro. Tem uma reorientação política e econômica, que é muito importante. Sabemos que os desafios são muito grandes ainda, mas isso já é muito relevante”, comentou. 

Continua depois da publicidade

Ele ressaltou também a equipe “de extrema qualidade técnica” indicada para gerir esse processo e um novo Banco Central claro em sua orientação ao mercado e que tem sido firme em seu compromisso de trazer a inflação para a meta. Segundo ele, o mercado demorou a entender a nova orientação, possivelmente ainda sob o efeito da gestão anterior, mas já começou a rever suas estimativas de inflação e, principalmente para 2018 em diante, já mostra uma convergência para a meta. 

Ele acredita que o BC será mais conservador nos próximos meses e não cairá os juros tão cedo quanto o mercado imagina, mas quando iniciar o ciclo de corte da Selic será mais forte do que se estima agora. 

Comprado em Bolsa: “ainda tem muito espaço para andar”
Diante dessa perspectiva de queda de juros, ele voltou a ter uma posição comprado em Bolsa no fundo que administra na XP. “Se estivermos certos em relação a nossa estimativa na parte longa da curva de juros, que pode fechar 1,5% a 2%, isso significaria dizer que a Bolsa tem um potencial de alta de 15% a 20% – isso somente por conta desse fator, sem considerar a melhora do cenário macroeconômico local”, comentou.

Para ele, a Bolsa não acompanhou o movimento de outros ativos locais, como o câmbio e os juros futuros, tendo ficado para trás. “Achamos que ainda tem muito espaço para andar no médio a longo prazo”, disse. Além da queda nos juros longos permitir uma retomada da economia e da confiança, impactando positivamente a Bolsa, ele ressalta que o menor nível nas taxas de juros impacta diretamente o valuation das empresas, que por terem seus fluxos de caixa descontados a taxas menores, deverão ter seus preços revisados para cima. Por isso, ele decidiu manter sua posição comprada em Bolsa este mês, além de continuar com uma exposição média de 30% em operações de long & short, sendo as maiores alocações nos setores de energia elétrica e de bancos.  

Já em relação ao câmbio, ele preferiu sair da moeda há uns meses, depois do forte movimento de queda e em meio à atuação do BC. “Não achamos que o BC vai fazer grosserias no mercado de câmbio, mas essa atuação atrapalha uma continuidade da queda”, comentou. “Só voltaríamos a operar na venda se o dólar subisse para o patamar de R$ 3,30 a R$3,40”, acrescentou.