Dos balanços “não muito inspiradores” até as boas surpresas: por que 9 ações vão de queda de 9% a alta de 14%

Eletropaulo desaponta os analistas, enquanto small caps e a varejista Marisa entregam bons números e disparam na bolsa

Paula Barra

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SÃO PAULO – A temporada de balanços segue aquecida nesta sexta-feira (5), com sete companhias reagindo aos números divulgados nas últimas horas. Entre a Eletropaulo e a small cap Tupy, os papéis variam de queda de 9% até ganhos de 13%, com o resultado da Ser Educacional entre os mais elogiados pelos analistas.

Entre as análises, as duas companhias elétricas que apresentaram balanço desapontaram, enquanto a varejista Marisa, apesar de ter números considerados mistos, vê suas ações dispararem. Entre as small caps, os analistas destacaram o resultado da Iochpe-Maxion, que apesar do cenário macro ainda complicado, entregou números acima do esperado.

Confira abaixo os principais balanços e análises desta sexta-feira:

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Cetip (CTIP3)
O resultado: a companhia registrou lucro de R$ 140,3 milhões no 2° trimestre, crescimento de 18,2% sobre o resultado do mesmo período de 2015. A receita bruta total alcançou R$ 382,3 milhões, com crescimento de 16% em 12 meses, sustentado pela unidade de títulos e valores mobiliários. Essa área faturou R$ 279,9 milhões, expansão de 22,3% na mesma comparação. Juntamente com o balanço, a empresa aprovou o pagamento de R$ 234 milhões de dividendos/juros sobre capital próprio, ou 85% de payout (dividendos/lucro líquido). 

As análises: o resultado veio bom, mas em linha com esperado, disse o BTG Pactual, que ressaltou o crescimento de 17% do Ebitda na comparação anual, que “sem dúvida foi bem recebido principalmente considerando o cenário macroeconômico atual”. Os analistas comentaram que seguem positivos com Cetip e BM&FBovespa, achando que Cetip é uma ótima alternativa para quem está com muito caixa atualmente. “Mesmo que acordo com a Bovespa não seja aprovado, o que consideramos improvável, achamos que a Cetip sozinha vale mais do que o preço de tela”, disseram. Para o Santander, o balanço também veio em linha com o esperado, ressaltando que a companhia deve seguir mostrando uma resiliência no seu modelo de negócio, mas que sua ação deve continuar performando de acordo com o preço acordado para união com a Bovespa. 

Desempenho das ações: os papéis da companhia ficaram praticamente estáveis, com leve alta de 0,46%, cotados a R$ 43,60, com um volume que não chegou na metade de sua média diária, atingindo R$ 40,83 milhões. 

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Ser Educacional (SEER3)
O resultado: a companhia viu sua receita líquida encerrar o segundo trimestre em R$ 289,60 milhões, alta de 6% em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto o lucro líquido cresceu 4%, indo para R$ 63,76 milhões. Por sua vez, o Ebitda ajustado foi para R$ 91 milhões, expansão de 16%, e a margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) ficou em 31,4% e uma margem líquida (lucro líquido/receita líquida) de 22%.

As análises: segundo o BTG Pactual, o resultado ficou melhor que o esperado, com sinais claros de recuperação, especialmente em margem. O ticket médio cresceu aproximadamente 7,7% na comparação anual, indicando que eles realmente não estão puxando preço para baixo de maneira generalizada, comentaram os analistas. Para eles, o resultado veio a confirmar a mensagem de que este ano deve ser melhor do que muitos esperavam e pode direcionar um desempenho positiva hoje. Mesmo após subir 116% este ano, eles ainda veem o papel negociando com desconto em relação aos seus pares. O Safra também destacou um balanço forte, como esperado, com surpresa positiva para as despesas gerais e administrativas, que caíram 9% na comparação anual. Os analistas do banco reforçaram a recomendação outperform (desempenho acima da média) para as ações, com preço-alvo em R$ 16,80. 

Desempenho das ações: Após atingir máxima com ganhos de 6,60%, a R$ 17,27, os papéis amenizaram e subiram 3,46%, cotados a R$ 16,76. O volume financeiro superou a média de R$ 5,77 milhões e atingiu R$ 15,22 milhões.

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Lojas Marisa (AMAR3)
O resultado: a varejista viu seu prejuízo reduzir em 9,2%, caindo de R$ 20,3 milhões um ano atrás para R$ 18,4 milhões no segundo trimestre deste ano. A receita líquida da companhia teve leve avanço de 1,8%, atingindo R$ 624,1 milhões no fim de junho. Já o Ebitda Varejo da companhia recuou 25,7%, encerrando o período em R$ 30,1 milhões.

As análises: um balanço um pouco acima do esperado tanto na parte de varejo quanto de crédito, disse o Credit Suisse. Depois de um período de sete meses de retração no segmento “mesmas lojas”, junho apresentou um crescimento de 3,2% na comparação anual, comentaram os analistas. A projeção do banco era de um crescimento de 1% nesse segmento. Já o BTG Pactual viu o resultado como misto, com vendas acelerando (+3,2% no segmento mesmas lojas) em decorrência de promoções que foram feitas em junho, mas que afetaram a margem bruta, que caiu 3,2 pontos percentuais, para 45,8%. Os analistas disseram que seguem cautelosos com case, na espera de uma recuperação de receita líquida mais consistente e crescimento de Ebitda.

Desempenho das ações: As ações da companhia dispararam 14,11%, a R$ 9,95, indo para a máxima do dia. A arrancada levou as ações para sua máxima na Bolsa desde julho de 2015.

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Eletropaulo (ELPL4)
O resultado: a elétrica registrou lucro de R$ 3,45 milhões no segundo trimestre, queda de 92,9% na comparação com um ano antes. A receita líquida da companhia caiu 19,3% no período, para R$ 2,8 bilhões, refletindo a queda de 0,3% na energia total distribuída pela empresa no trimestre, para 11 mil gigawatts-hora. Já o Ebitda caiu 27,4%, indo para R$ 228 milhões.

As análises: o resultado veio mais fraco do que esperado, com opex bem acima do previsto em R$550 milhões, parcialmente ajudado por uma reversão de custos, comentaram os analistas do BTG Pactual. Para eles, o que contribuiu para o resultado consolidado não ter sido ainda pior foi a queda acentuada em perda com energia, que contribuiu positivamente com R$45 milhões. Os analistas ressaltaram ainda o anúncio do governo em mudar as regra dos novos leilões de A-1, que saiu esta semana. “Sem dúvida a notícia é positiva para eles”, disseram. A recomendação de compra da ação foi mantida.

Desempenho das ações: As ações da companhia elétrica amenizaram as perdas e caíram 3,85%, a R$ 12,50, depois de terem afundado 8,85% na mínima da sessão, a R$ 11,85. O volume também chamou atenção, indo a R$ 21,98 milhões, e superou a média diária de 21 pregões de R$ 18,16 milhões.

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AES Tietê (TIET11)
O resultado: a companhia viu seu lucro líquido cair 14,1%, atingindo R$ 103,1 milhões no 2° trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. Já a receita líquida, recuou 34,2%, para R$ 465,5 milhões, enquanto o Ebitda caiu 10%, fechando o período em R$ 241,1 milhões. Juntamente ao balanço, a companhia anunciou o pagamento de dividendos de R$ 119 milhões no período, representando 119% de payout (dividendos/lucro líquido) e 1,7% de dividend yield (dividendos/preço da ação). 

As análises: o resultado não foi muito inspirador, na visão do Credit Suisse, considerando principalmente o desempenho no mercado à vista. A empresa está comprada no mercado spot (à vista) no trimestre, o que teria permitido vender mais capacidade assegurada no sistema, comentaram os analistas. Já para o BTG Pactual, o resultado veio em linha com o estimado, sem grandes surpresas. A novidade foi a assinatura de um novo contrato nesse trimestre, que vai reduzir a exposição a energia descontratada em 30% em 2018 (contra 34% no 1° trimestre), 62% em 2019 e 74% em 2020. O preço médio desses novos contratos ficou entre R$130 e R$135 po MWh. Com a nova proposta da ONS de mudar a metodologia para o cálculo do preço spot (à vista), espera-se que o preço suba mas ainda assim, comentaram os analistas, que veem o valuation do papel esticado nesses níveis. A recomendação da ação segue em venda.

Desempenho das ações: As units da companhia amenizaram as perdas que chegaram a 2,08%, a R$ 17,44 e recuaram 0,62%, cotadas a R$ 17,70.

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Tupy (TUPY3)
O resultado: as receitas encerrarem o segundo trimestre marcando R$ 850,68 milhões, cifra 6,6% inferior à registrada no mesmo período do ano passado. O Ebitda ajustado entre abril e junho foi de R$ 97,39 milhões, o que corresponde a uma queda de 47,1% no mesmo comparativo. A companhia também registrou prejuízo líquido de 28,78 milhões, ante lucro de R$ 61,41 milhões no mesmo período do ano anterior.

As análises: Para o BTG Pactual, este foi um resultado fraco, com muitos eventos não-recorrentes, mas ainda assim dentro do esperado, com destaque para a pior margem registrada desde o quarto trimestre de 2009. Segundo eles, a principal razão para este resultado foram: i) queda forte dos volumes; ii) aumento de 41% nos custos de manutenção; iii) preços de matéria-prima mais elevados e queda do dólar.

Desempenho das ações: Os papéis tiveram fortes ganhos de 3,71%, para R$ 14,81, se distanciando de sua máxima da sessão, quando subiu 4,97%, para R$ 14,99, com um forte volume financeiro que atingiu R$ 19,71 milhões.

Iochpe-Maxion (MYPK3)
O resultado: a companhia registrou prejuízo de R$ 7,19 milhões, revertendo o lucro líquido de R$ 70,24 milhões de um ano antes. Já a receita líquida fechou o segundo trimestre em R$ 1,76 bilhão, uma leve alta de 5,7% ante um ano antes, enquanto o Ebit caiu 41,1% no mesmo período, para R$ 101,12 milhões.

As análises: um resultado “modesto”, na visão do Credit Suisse, com tendência de receita mista nas diferentes regiões. Por sua vez, o BTG Pactual comentou que o resultado foi ligeiramente acima do que o esperado, com o negócio de alumínio na América do Sul como grande destaque. Eles ressaltam ainda que a alavancagem segue alta, mas esperam que ela reduza daqui para frente.

Desempenho das ações: Após chegarem a subir 8,03%, para R$ 20,31, os papéis da companhia reduziram levemente os ganhos e avançaram 6,38%, cotados a R$ 20,00.