Itaú sobe 4% e tem máxima histórica; Vale salta 5% e small cap dispara até 90%

Confira os destaques da Bovespa nesta quarta-feira (3)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O dia prometia ser de queda para o Ibovespa, com o cenário de cautela no exterior e as preocupações com o cenário fiscal. Porém, durante a tarde desta quarta-feira (3), o índice ganhou forças após os dados de petróleo nos EUA e com a fala do ministro da Fazenda Henrique Meirelles trazendo alívio para os investidores diante do cenário político mais complicado.

Com o maior ânimo dos mercados internacionais, as ações da Petrobras subiram mais de 4%, enquanto a Vale e siderúrgicas também ganharam forças durante o pregão e ajudaram na alta do Ibovespa.

Confira os principais destaques da sessão desta quarta-feira: 

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Petrobras (PETR3, R$ 13,55, +4,47%; PETR4, R$ 11,90, +4,75%)
A Petrobras teve um início de dia bastante volátil na Bolsa, mas firmou ganhos no início da tarde- e o grande destaque ficou para os dados do estoque de petróleo nos EUA. Logo após a divulgação de uma alta nos estoques em 1,4 milhão na semana, ante expectativa de queda de 1,5 milhão de barris, os papéis da Petrobras diminuíram os ganhos. Porém, a forte queda de 3,26 milhões de barris de gasolina ofuscaram os dados ruins, o que levou o WTI a subir 3,42%, a US$ 40,86 o barril, enquanto o brent avança 3,09%, a US$ 43,09. 

No noticiário da estatal, a Justiça dos Estados Unidos suspendeu por tempo indeterminado o julgamento da ação coletiva contra a Petrobras, movida pelos acionistas em função dos prejuízos provocados pela corrupção revelada na Operação Lava Jato, em uma vitória da estatal. A informação foi dada pela estatal em comunicado ao mercado na noite desta terça. A decisão suspende também outras 27 ações individuais movidas por investidores contra a petroleira. Somente a ação coletiva, que tramita desde 2014, requer ressarcimento de até US$ 10 bilhões da estatal. A Petrobras questiona desde fevereiro a validade do processo na primeira instância.

Segundo o Credit Suisse, a notícia é marginalmente positiva, uma vez que a decisão posterga qualquer possibilidade de desembolso de caixa pela companhia no curto prazo, pelo menos. “Apesar de acreditarmos que decisão de ontem não altera a possibilidade de um resultado final de litígio para a Petrobras, acreditamos que aumentam as chances do julgamento ser postergado. A suspensão deve levar a atrasos no julgamento, uma vez que a apelação da Petrobras só será escutada depois da data marcada na Corte de Nova York, dia 19 de setembro de 2016”.

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Ainda no noticiário da estatal, ela se prepara para se desfazer da Liquigás, subsidiária que é a segunda maior distribuidora de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de botijão, com uma fatia de 22% do mercado. Segundo um executivo próximo das negociações em curso para a venda da companhia ouvido pelo jornal O Globo, a Petrobras receberá as propostas no dia 19. As empresas interessadas, porém, pedem para que o prazo seja prorrogado até o dia 30, o que ainda está sendo avaliado. A expectativa é que o vencedor seja anunciado em setembro. O valor estimado pelo mercado para a operação fica entre R$ 2,2 bilhões a R$ 2,5 bilhões.

Vale e siderúrgicas
As ações de Vale e siderúrgicas voltaram a registrar ganhos expressivos, após abrirem em queda 
na esteira de uma leve queda do preço do minério de ferro negociado em Qingdao e também repercutindo notícias do setor. O minério teve queda de 0,44%, a US$ 61,67 a tonelada. A Vale (VALE3, R$ 18,82, +4,61%; VALE5, R$ 15,47, +5,53%), Usiminas (USIM3, R$ 8,59, +2,26%; USIM5, R$ 3,96, +9,70%), CSN (CSNA3, R$ 10,61, +5,68%),  Gerdau (GGBR4, R$ 7,85, +3,56%)  Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,86, +7,52%) tiveram fortes ganhos. 

Sobre a Vale, há duas notícias: segundo a Reuters, a mineradora considera levantar até US$ 10 bilhões com venda de até 3% da produção de minério de ferro futuro para empresas chinesas não reveladas. A proposta é vender parte da futura produção da empresa durante um período de 30 anos, disseram as fontes. Além disso, a subsidiária Vale Overseas Limited pretende emitir bônus com vencimento em agosto de 2026, garantidos pela Vale, informou a empresa em comunicado ao mercado hoje. Os recursos da oferta serão usados para pagar parte do resgate dos bônus com cupom de 6,250% e com vencimento em janeiro de 2017. A operação é benchmark e pode ser precificada hoje, segundo uma pessoa com familiaridade ao assunto ouvida pela Bloomberg, que não está autorizada a falar publicamente sobre a emissão. O preço de referência está entre 6% e 6,5%.

No noticiário da Usiminas, a siderúrgica mineira avalia plano para postergar data de vencimento para seus títulos em dólares, como parte de seu plano de reestruturação da dívida, disseram pessoas próximas à negociação para a Bloomberg. A Usiminas deve oferecer a credores algumas opções para reestruturar US$ 180 milhões em notas com vencimento em 2018, disseram as pessoas. As fontes pedem para não ser identificadas porque negociação é privada. Embora existam várias opções sobre a mesa, o mais provável é a empresa estender os vencimentos das notas sem um haircut explícito, disseram as pessoas. Recomprar as notas não é uma opção neste momento, disseram as pessoas. A Usiminas não respondeu imediatamente a pedidos de comentários por e-mail ou telefone.

Já para a CSN, segundo o Valor Econômico, a empresa restringiu para três o número de interessados no seu terminal de contêineres, o Sepetiba Tecon, no porto de Itaguaí (RJ). Restam sobre a mesa as propostas da gigante operadora de terminais PSA, de Cingapura; da Terminal Link (ligada ao armador francês CMA CGM) e que está associada à gestora de ativos logísticos Logz; e da brasileira Multiterminais. A estimativa é que o negócio possa ser concluído ainda neste mês. Procurada, a CSN preferiu não se manifestar.

A Metalúrgica Gerdau, por sua vez, aprovou emissão de R$ 200 mi em notas promissórias. Esta será a segunda emissão da companhia, em série única, segundo comunicado ao mercado. O prazo é de 180 dias para investidor qualificado. Os recursos serão usados para amortização, pagamento de juros e/ou quitação de dívidas de curto prazo e reforço de caixa, disse a companhia. A remuneração é DI + 1,80%. Já a Gerdau teve aval da União Europeia para joint venture com Sumitomo.

Bancos
As ações de bancos também se animaram com a melhora do cenário externo. Os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,24, +4,17%), Bradesco (BBDC4, R$ 28,68, +2,32%) e Banco do Brasil (BBAS3
, R$ 20,52, +1,58%) subiram forte. Vale destacar que o BB Investimentos elevou a recomendação para os ativos do Itaú de marketperform para outperform, com preço-alvo de R$ 39,00 por ação. O Itaú superou nesta sessão sua máxima histórica (ajustada com dividendos) de R$ 35,15.

Bombril (BOBR4, R$ 4,58, 66,55%)
Os papéis da Bombril registraram fortes ganhos, chegando a uma alta máxima de 89%, após a companhia afirmar que 
avalia financiamento e venda de ativos não estratégicos. O volume financeiro foi atípico, a R$ 2,31 milhões, enquanto a média dos últimos 21 dias é de R$ 18,26 mil. A companhia disse que “no contexto da reestruturação divulgada ao mercado”, “continua trabalhando em conjunto com seus assessores financeiros na avaliação de alternativas estratégicas para rever seus processos e para fortalecer a sua estrutura de capital”, segundo comunicado.

“Dentre as alternativas avaliadas pela companhia, inclui-se a prospecção de possíveis oportunidades relacionadas à contratação de um financiamento de longo prazo e à alienação de ativos não estratégicos, sendo certo, porém, que, até o presente momento, sequer foi tomada uma decisão relativa a qualquer dessas alternativas”. Vale ressaltar que, na véspera, os papéis já tinham subido 40% e, na segunda-feira, tiveram alta de 18,79%. 

Minerva (BEEF3, R$ 9,66, +1,58%)
A Minerva viu suas ações amenizarem após chegar a subir 3,26% na máxima do dia após a companhia registrar lucro líquido de R$ 89 milhões no segundo trimestre de 2016, uma queda de 46,67% ante o lucro de R$ 166,9 milhões registrado no mesmo período de 2015. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 238,50 milhões entre maio e julho de 2016, um aumento de 10,2% ante igual trimestre do ano anterior. A margem Ebitda passou de 9,7% para 10,7%, na mesma base de comparação.

A receita líquida, por sua vez, ficou em R$ 2,221 bilhões no período, com leve queda de 0,3% em um ano. Ante o primeiro trimestre de 2015, quando a receita líquida foi de R$ 2,337 bilhões, houve queda de 5%.

O Bradesco BBI espera que cenário de escassez de gado seja revertido em 2017, quando deve ocorrer uma forte recuperação na disponibilidade de gado, criando o impulso positivo nos resultados e compensando as oscilações do câmbio. 

Segundo o BTG Pactual, o resultado foi positivo com Ebitda em linha mesmo com vendas menores, que é explicado pela estratégia de carregar estoques em junho para aproveitar melhores preços de exportação. O estoque encerrou o trimestre R$ 104 milhões maior mas deve se normalizar rapidamente, acelerando a geração de fluxo de caixa livre no terceiro trimestre, enquanto a margem bruta ficou em 20.3% “A queda na exportação de gado vivo segue desapontando, explicando parte da desaceleração das vendas mas ainda sim garantindo um ROIC anualizado de 20%. Neste trimestre, ficou evidente a forte execução que mais do que compensou o cenário macroeconômico desafiador”. O BTG mantém recomendação de compra com perspectiva favorável para bovinos em 2017 e valuation atrativo.

Suzano (SUZB5, R$ 9,94, +0,51%) 
As ações da Suzano também amenizaram depois de atingirem máxima de 4,25% após a divulgação do balanço do segundo trimestre. A companhia registrou um lucro líquido de R$ 954 milhões no segundo trimestre, alta de 109,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foi registrado um lucro de R$ 456 milhões. Apesar do aumento, o lucro ficou abaixo da estimativa dos analistas que foi compilada pela Bloomberg, de um lucro de R$ 986 milhões.

A receita líquida ficou em R$ 2,503 bilhões, alta de 5,1% na mesma base de comparação. Já o Ebitda ajustado teve leve alta de 0,9%, para R$ 967 milhões, enquanto a margem Ebitda ajustada ficou em 38,6%, queda de 1,6 ponto percentual na base de comparação anual. A companhia ainda anunciou a redução de capex que, segundo a empresa, reforça a disciplina de capital: expectativa de investimentos em 2016 foi revisada de R$ 2,4 bilhões para R$ 2,1 bilhões, proveniente de negociações e câmbio, além do alongamento do prazo de pagamento.

Brasil Pharma (BPHA3, R$ 17,40, +33,85%)
As ações da companhia voltaram a subir forte, dando continuidade ao movimento dos últimos três pregões: nos últimos quatro dias, a alta acumulada é de 226%. O volume financeiro também chamou atenção, atingindo R$ 38,49 milhões, contra média diária de R$ 1,89 milhão nos últimos 21 pregões. Procurada pelo InfoMoney, a companhia disse que não vai comentar a oscilação dos papéis. Na máxima do dia, os papéis subiram 46,23%.

Embora a empresa não tenha divulgado nenhum fato relevante/comunicado ao mercado, aparece no radar da companhia uma recomendação de compra da ação dada pelo analista técnico da XP Investimentos, Danilo Zanini, durante a última edição do Visão Técnica, que vai ao ar todas as sextas-feiras na InfoMoneyTV. Durante o programa, ele recomendou a compra de 7 ativos “não convencionais” para a semana, incluindo os papéis da Brasil Pharma. 

Ontem, Zanini atualizou seu call ao InfoMoney, informando que a ação confirmou nesta sessão o rompimento da resistência dos R$ 6,25 e abriu espaço para buscar o patamar dos 14,25, que se ultrapassada poderia destravar altas até R$ 20,00 e R$ 27,50. Confira a análise completa clicando aqui

Sabesp (SBSP3, R$ 29,06, +0,83%)
As ações da Sabesp têm leve alta, após chegarem a cair 2%; a companhia t
eve a sua recomendação rebaixada de compra para neutra pela Janney Montgomery, com preço-alvo de R$ 29,00 por ação.

Estácio e Kroton
As ações da Estácio (ESTC3, R$ 17,70, +0,34%) e da Kroton (KROT3, R$ 14,45, -0,82%) amenizaram após registrarem perdas mais cedo. Nesta data, a Estácio informou ter cancelado assembleia de debenturistas sobre união com a Kroton. Os debenturistas haviam sido convocados para assembleia em 4 de agosto, às 16:00, para deliberar sobre a combinação de negócios com a Kroton, segundo informou em comunicado. 

Lupatech (LUPA3, R$ 5,86, -12,54%)
Depois de dispararem até 530% em 9 pregões, em um movimento puramente especulativo (veja mais clicando aqui), as ações da small cap Lupatech têm correção na Bolsa hoje. Ontem, as ações já haviam caído 28%. O volume financeiro seguiu bem acima da média diária dos 21 pregões, atingindo R$ 2,99 milhões, frente os R$ 1,77 milhão. 

Em comunicado enviado na semana passada, a Lupatech informou que não há nenhum fato que pudesse justificar a valorização recente das ações. “A companhia esclarece que desconhece qualquer motivo que possa justificar as oscilações registradas na cotação de suas ações. Adicionalmente, a Lupatech ressalta que, neste momento, não há qualquer fato consumado objeto de divulgação mandatória, conforme as previsões da instrução da Comissão de Valores Mobiliários n° 358/2002”, disse a empresa em resposta ao pedido da BM&FBovespa sobre a movimentação atípica de suas ações.

Vale destacar que, no final de junho, a fabricante de equipamentos para a indústria de petróleo e gás informou que a justiça do Estado de São Paulo aceitou dois recursos de credores e anulou a homologação do plano de recuperação judicial da companhia. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.