Ibovespa se afasta da mínima, mas cai puxado por Bradesco e segue em 10 dias de indefinição

Mercado recua pressionado por derrocada no setor bancário por conta de "tempestade perfeita" de banco gigante

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (28), fazendo o seu pior desempenho diário desde o dia 5 de julho, quando caiu 1,38%. O movimento de hoje foi pressionado por bancos após o resultado decepcionante do Bradesco, que liderou as perdas no setor mais pesado do índice. Lá fora, as bolsas fecharam entre perdas e ganhos refletindo a decisão de política monetária dos Estados Unidos e com cautela antes da reunião do banco central do Japão amanhã. O mercado já espera pelo discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, na conferência anual de Jackson Hole no fim de agosto. 

O benchmark da bolsa brasileira registrou queda de 0,33%, a 56.667 pontos. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 7,131 bilhões. Já o dólar comercial teve alta de 0,78% a R$ 3,2953 na compra e a R$ 3,2965 na venda, enquanto o dólar futuro para agosto avança 0,89% a R$ 3,295 no after-market. 

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 tem ganhos de 5 pontos-base a 12,91%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra ganhos de 3 pontos-base a 12,08% também no after-market. 

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Agenda de indicadores
Hoje foi divulgado o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), que subiu 0,18% em julho na comparação mensal e alta de 11,63% na base anual.

Já o resultado primário do governo central de junho, deficitário em R$ 8,801 bilhões, foi o pior resultado para o mês se considerado a preços correntes. Já a preços corrigidos pela inflação, o déficit só não foi pior do que o acumulado em junho do ano passado. O resultado daquele mês ficou em R$ 8,248 bilhões, porém o valor corrigido pela inflação chega a R$ 8,978 bilhões.

Para o resultado do ano, o déficit do primeiro semestre é o pior tanto em valores corrigidos quanto a preços correntes. Nos seis primeiros meses de 2016, o déficit do governo central foi de R$ 32,521 bilhões.

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Ações em destaque
O Bradesco (BBDC3, R$ 28,66, -2,88%; BBDC4, R$ 27,50, -4,45%) caiu em um dia de “tempestade perfeita”. Começou com a divulgação do seu resultado referente ao segundo trimestre. Houve uma queda de 7,6% do lucro líquido contábil na comparação com o mesmo período do ano anterior, totalizando R$ 4,134 bilhões. O lucro líquido ajustado caiu na mesma proporção, somando R$ 4,161 bilhões; a estimativa dos analistas consultados pela Bloomberg era de um lucro de R$ 4,25 bilhões.

Além disso, o banco sofreu após 10 executivos, entre eles o CEO, Luiz Carlos Trabuco, serem denunciados pela Procuradoria da República do Distrito Federal no âmbito da Operação Zelotes. A denúncia se refere às supostas irregularidades cometidas junto ao Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). O Ministério Público Federal do DF disse que Trabuco sabia das alegadas negociações de pagamento de propina ao órgão. 

Acompanharam o Bradesco nas quedas as ações do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 33,18, -1,10%), da Itaúsa (ITSA4, R$ 8,23, -1,20%) e do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 20,67, -3,77%). Juntos, esses 5 papéis respondem por 26,13% da carteira teórica do Ibovespa. 

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 48,20 -10,41 +15,18
 BBDC4 BRADESCO PN 27,50 -4,45 +59,04
 SMLE3 SMILES ON 49,86 -4,24 +53,76
 BBAS3 BRASIL ON 20,67 -3,77 +43,38
 BBDC3 BRADESCO ON 28,66 -2,88 +55,57

Na mesma linha, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR4, R$ 48,20, -10,41%) viu seus papéis despencarem após os números do segudno trimestre. A companhia teve prejuízo de R$ 583 milhões de reais, ante resultado negativo de R$ 13 milhões de reais registrado no mesmo período de 2015. O resultado atribuível aos acionistas controladores foi de prejuízo de R$ 276 milhões, ante lucro de R$ 66 milhões no segundo trimestre de 2015. O Ebitda caiu 59%, para R$ 279 milhões. Em termos ajustados, a geração de caixa recuou 1 por cento, a R$ 760 milhões.

As ações da Vale (VALE3, R$ 19,04, +0,63%; VALE5, R$ 15,02, -0,40%), terminaram entre perdas e ganhos. Isso ocorreu apesar da alta de 3,41% do minério de ferro negociado em Qingdao, cotado a US$ 60,07 a tonelada. É importante lembrar, contudo, que a mineradora subiu forte nas últimas três sessões. 

A Vale registrou uma queda de 30% no lucro líquido, para R$ 3,585 bilhões; no segundo trimestre de 2015, a mineradora registrou lucro de R$ 5,144 bilhões. A queda no lucro ocorreu principalmente por uma provisão anunciada na véspera de R$ 3,733 bilhões relacionada ao rompimento de uma barragem da Samarco, sua joint venture com a BHP Billiton, no ano passado. No primeiro semestre, a Vale lucrou R$ 9,896 bilhões, revertendo prejuízo de R$ 4,395 bilhões do mesmo período de 2015.

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 NATU3 NATURA ON 30,00 +10,13 +29,08
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 17,10 +3,51 -26,61
 RADL3 RAIADROGASILON 64,20 +3,28 +81,90
 KROT3 KROTON ON 14,67 +2,80 +54,56
 MRFG3 MARFRIG ON 5,56 +2,77 -12,44

Na outra ponta, as ações da Natura (NATU3, R$ 30,00, +10,13%) dispararam após números melhores que o esperado do resultado do segundo trimestre. A maior fabricante de cosméticos do país, registrou lucro líquido de R$ 91 milhões no segundo trimestre, uma queda de 22% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o Ebitda caiu 3,5% e somou R$ 345 milhões no período refletindo, principalmente, o aumento da carga tributária (alta de 31,3%) e o impacto desfavorável do câmbio no custo dos produtos vendidos. Na mesma base de comparação, a receita da companhia cresceu 5%, para US$ 2 bilhões, prejudicada pela carga tributária.

Em outro comunicado, a Natura disse que o conselho aprovou o não pagamento de dividendos intermediários e de juros sobre capital próprio para o primeiro semestre de 2016.

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 BBDC4 BRADESCO PN 27,50 -4,45 622,98M
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 33,18 -1,10 454,24M
 PETR4 PETROBRAS PN 11,44 -0,61 434,90M
 VALE5 VALE PNA 15,00 -0,53 365,89M
 USIM5 USIMINAS PNA 3,39 +2,42 229,36M
 ITSA4 ITAUSA PN 8,23 -1,20 219,20M
 BBAS3 BRASIL ON 20,67 -3,77 179,40M
 VALE3 VALE ON 19,04 +0,63 169,23M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 48,20 -10,41 161,34M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,44 +0,62 143,76M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Cautela com Fomc e BoJ
No noticiário internacional, o dia foi de cautela para a maior parte das bolsas mundiais, com os mercados digerindo a reunião do Fomc (Federal Open Market Committee) com tom menos “hawkish” na véspera e na expectativa pelo encontro do Bank of Japan. De acordo com duas fontes ouvidas pela agência Reuters, o governo japonês está planejando gastos fiscais diretos de cerca de 7 trilhões de ienes (US$ 67 bilhões) para ajudar a financiar um pacote de estímulo econômico totalizando mais de 28 trilhões de ienes; esse volume pode decepcionar alguns players do mercado que esperam gastos maiores.

Bank of England
A libra caiu com expectativas de que BOE corte juros pela 1ª vez em mais de 7 anos na reunião do próximo dia 4 de agosto.

Entrega da defesa de Dilma
Já no noticiário nacional,  o presidente da Comissão Especial do Impeachment no Senado, Raimundo Lira (PMDB-PB), prorrogou por 24 horas o prazo para que a defesa da presidente afastada, Dilma Rousseff, entregue os documentos com as alegações finais do processo. Com isso, essa quinta-feira é o último dia para a entrega dessas alegações.

Henrique Meirelles
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, quer tirar poder do Planejamento sobre gastos e está tratando diretamente com o presidente interino Michel Temer sobre transferir para a sua pasta a Secretaria do Orçamento, hoje no Ministério do Planejamento, segundo O Estado de S. Paulo. 

A transferência reduziria o poder de Romero Jucá, que segundo analistas ainda age como um ministro informal atuando com o interino Dyogo Oliveira. A área política muito provavelmente deve oferecer resistência a essa reivindicação de Meirelles.