Ibovespa segue correção global, mas fica longe da mínima com força de Petrobras

Dólar e DIs sobem enquanto o índice acionário opera em baixa em meio a expectativas de comunicação "hawkish" do Fed

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira (25), embora tenha ficado bem distante da mínima do pregão, quando bateu uma queda de 1,06%. A baixa acompanhou o movimento das bolsas internacionais antes de decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Japão ao longo da semana. O mercado voltou a esperar que o Federal Reserve, o banco central norte-americano, sinalize que vai subir juros ainda este ano, o que impulsionou a correção global vista hoje. Por aqui, entrevista do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na Folha de S. Paulo, fica no radar após ele acenar para aumento de impostos e juros altos por um longo período caso o teto dos gastos não seja aprovado no Congresso.  

O benchmark da bolsa brasileira teve queda de 0,23%, a 56.873 pontos. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 5,643 bilhões. 

De acordo com o sócio-gestor da Queluz Asset, Rodrigo Octávio Marques, o mercado realizou os ganhos do rali do impeachment após a entrada do presidente interino Michel Temer, mas voltou a se animar com a agenda positiva proposta pelo governo. Isso, segundo ele, foi um fator que coincidiu com uma melhora substancial em termos de fluxo de capital para o Brasil. O problema é que o Ibovespa já subiu demais com nesse rali. “Esse movimento perdeu força. É preciso de novos fatos para começar uma alta”, afirma. Para ele, o mais provável é que a Bolsa continue realizando, principalmente se números negativos vierem. 

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Na mesma linha, o gestor da Constância Asset, Cassiano Leme, disse que os juros mais baixos em dólar causaram essa explosão de otimismo no mercado aqui, mas o rali foi exagerado. “Imaginamos que apesar de bolsões de ativos baratos aqui, em geral a Bovespa está muito cara. Não ficaremos surpresos com alguma correção”, avalia.

Dólar, juros e commodities
Já o dólar comercial avançou 1,10% a R$ 3,2915 na compra e a R$ 3,2940 na venda, enquanto o dólar futuro para agosto tem alta de 0,97% a R$ 3,295 no after-market. No caso do câmbio, ele sobe no mundo inteiro com expectativas de que o Federal Reserve adote um caminho de elevar os juros por conta da melhora no cenário econômico do País. “O Dólar é sustentado pela recuperação da confiança dos investidores na economia dos EUA e pelos lucros das empresas, que fortalecem levemente as expectativas de aumento de juro este ano”, disse à Bloomberg, Koji Fukaya, da FPG Secirities, em Tóquio.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 tem alta de 1 ponto-base a 12,83%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra ganhos de 5 pontos-base a 12,11% também no after-market. 

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Entre as commodities, o minério de ferro spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao subiu 1,77% a US$ 56,86 a tonelada seca. Já o petróleo registra perdas de 2,12% a US$ 44,72 o barril do Brent. 

Balança Comercial
A balança comercial registrou superávit de US$ 852 milhões na quarta semana de julho, informou nesta segunda-feira, 25, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O saldo positivo é resultado de exportações no valor de US$ 3,637 bilhões e de importações que somaram US$ 2,785 bilhões entre os dias 18 e 24 de julho.

Com o resultado, a balança comercial acumula um superávit de US$ 3,851 bilhões no mês de julho, resultado de exportações no valor de US$ 13,021 bilhões e de importações que totalizam US$ 9,170 bilhões.

No ano, a balança comercial brasileira registra saldo positivo de US$ 27,503 bilhões. O superávit é resultado de US$ 103,273 bilhões em exportações e de US$ 75,771 bilhões em importações.

Cenário externo
Em uma semana repleta de decisões de política monetária nos EUA e no Japão, as bolsas dos EUA registram perdas nesta segunda, impulsionadas por dados de confiança na Alemanha. O índice de sentimento das empresas Instituto Ifo da Alemanha caiu para 108,3 em julho, de 108,7 em junho. Este resultado ficou acima da expectativa de analistas, que previam recuo do indicador a 107,5.

O dia é de alta do dólar, com apostas de que Fed manterá sinalização de alta de juros este ano, ainda que siga com taxa inalterada na reunião do dia 27.

Japão e EUA
O mercado vai ficar atento à reunião do Bank of Japan desta semana, que se encerra na sexta-feira. A expectativa é de que o Banco do Japão afrouxe mais a política monetária na reunião que termina na sexta-feira, enquanto o primeiro-mnistro, Shinzo Abe, ordenou estímulos fiscais.

O Federal Open Market Committee divulga a sua decisão de juros na quarta-feira (27) às 15h. É o evento mais importante do cenário macroeconômico externo e deve ser acompanhado de perto pelos investidores. 

Na sexta será divulgada a primeira estimativa do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos para o segundo trimestre de 2016. A expectativa mediana dos economistas é de que a maior economia do mundo cresça 2,6%, ante 1,1% registrados no primeiro trimestre. O número sai às 9h30. 

Ações em destaque
Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes caíram forte. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 33,85, -0,76%), Bradesco (BBDC3, R$ 29,50, -0,67%; BBDC4, R$ 28,91, -0,31%) recuaram, enquanto Banco do Brasil (BBAS3, R$ 21,30, +3,35%) seguiu em alta. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

Ainda entre as quedas, o maior recuo entre as 59 ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa foi dos papéis da educacional Estácio (ESTC3, R$ 17,96, -5,02%). 

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 ESTC3 ESTACIO PARTON 17,96 -5,02 +32,97
 LREN3 LOJAS RENNERON 26,05 -3,52 +54,62
 CMIG4 CEMIG PN 8,75 -3,21 +54,31
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 16,67 -3,08 -28,45
 CESP6 CESP PNB 14,98 -2,60 +12,47

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 13,76, +0,07%; PETR4, R$ 12,03, +0,75%) fecharam em leve alta, apesar da queda do petróleo. Logo após o fechamento dos mercados na sexta, a estatal fez uma série de anúncios, que são digeridos pelo mercado. O primeiro envolve um novo modelo de venda da BR Distribuidora, que contemplará um controle compartilhado da empresa. A mudança ocorreu após as três propostas recebidas não atenderem às expectativas da companhia. O novo modelo consistirá em um controle compartilhado entre parceiros e a estatal, numa estrutura societária que envolverá duas classes de ações, de forma que a Petrobras fique majoritária no capital total, mas com participação de 49% no capital votante.

O segundo anúncio referiu-se à venda da totalidade da Petrobras Chile por US$ 464 milhões, dividida em três partes: US$ 88 milhões oriundos da distribuição do excedente de caixa, anteriormente ao encerramento da transação (closing); US$ 367 milhões a serem pagos pela Southern Cross, no dia do fechamento do negócio; e US$ 9 milhões, a título de ajuste de preço, a serem desembolsados em até 65 dias úteis após o closing. O tempo estimado para conclusão do negócio é de 3 a 4 meses. A PCD possui 279 postos de serviço, além de oito terminais próprios de distribuição, operações em 11 aeroportos, participação em duas empresas de logística e uma planta de lubrificantes. Já a Southern Cross Group é um Private Equity com US$ 2,9 bilhões em ativos sob gestão e foco em investimentos na América Latina.

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 EQTL3 EQUATORIAL ON 53,22 +4,15 +57,98
 BBAS3 BRASIL ON 21,30 +3,35 +47,75
 USIM5 USIMINAS PNA 2,87 +2,14 +85,16
 VALE3 VALE ON 17,42 +1,57 +33,69
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 26,00 +1,36 +20,74

Já a Vale (VALE3, R$ 17,42, +1,57%; VALE5, R$ 13,99, +0,36%) também caiu, apesar da alta do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve alta de 1,77% a US$ 56,86 a tonelada seca.

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 12,03 +0,75 567,39M 556,78M 37.053 
 BBAS3 BRASIL ON 21,30 +3,35 250,92M 194,18M 19.463 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,39 0,00 183,80M 217,63M 10.862 
 BBDC4 BRADESCO PN 28,91 -0,31 183,65M 286,22M 12.033 
 VALE5 VALE PNA 13,99 +0,36 180,46M 303,62M 14.980 
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 26,00 +1,36 180,16M 137,02M 13.007 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 33,85 -0,76 179,74M 386,63M 12.915 
 ITSA4 ITAUSA PN 8,28 -0,48 161,08M 145,19M 18.227 
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 29,35 -1,18 128,14M 126,62M 8.610 
 USIM5 USIMINAS PNA 2,87 +2,14 108,78M 63,08M 34.156 

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Agenda semanal brasileira
Sai na terça-feira (26) a ata da última reunião do Copom. O dado é o mais aguardado desta semana, mostrando se o BC realmente vai esperar até pelo menos outubro antes de cortar as taxas de juros. Fica o suspense para o próprio texto da ata, já que a nova diretoria do BC tem promovido uma grande revolução na maneira da autoridade monetária de se comunicar desde que entrou. A ata será divulgada pelo Banco Central às 8h30 (horário de Brasília). 

Ainda na lista de indicadores brasileiros importantes da semana, o resultado primário consolidado das contas públicas de junho deve apresentar um número ruim, segundo a Rosenberg Associados. “O Resultado Primário do Setor Público consolidado, que inclui os Estados e Municípios, que também estão em situação fiscal delicada, deve confirmar o consenso de piora dos resultados fiscais no curto prazo. A nova meta aprovada permite um expressivo déficit de até R$ 170,5 bilhões (2,7% do PIB). Enquanto as medidas fiscais propostas não forem aprovadas, a dívida pública segue aumentando num ritmo insustentável”, diz a consultoria. O indicador sairá na sexta-feira (29) às 10h30. 

Também na sexta-feira (29), sai a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio). A pesquisa produz informações contínuas sobre a inserção da população no mercado de trabalho e suas características, tais como idade, sexo e nível de instrução. O principal dado que o indicador trará é o desemprego referente ao primeiro trimestre. As expectativas dos economistas da LCA são de que haja um avanço para 11,3% na taxa. A Pnad Contínua investiga 211.344 domicílios particulares permanentes em aproximadamente 16.000 setores censitários, distribuídos em cerca de 3.500 municípios.

Ilan Golfajn e Henrique Meirelles 
Atenção ainda às falas do presidente do Banco Central , Ilan Goldfajn, e do ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Após a reunião do G20 na China, Goldfajn destacou dois fatores que favorecem as economias emergentes. Em primeiro lugar, Ilan comentou que o impacto do Brexit foi marginal no crescimento econômico mundial. Além disso, aumentou a expectativa de elevação da liquidez por parte dos bancos centrais do Japão, Reino Unido e da zona do euro.

Já para a Folha de S. Paulo, o ministro da Fazenda; segundo ele, o reajuste de tributos virá se a proposta do teto de despesas não passar. Sobre a repatriação de capitais brasileiros no Exterior, uma das apostas do governo para engordar seu cofre, Meirelles disse que “os recursos começarão a entrar quando as pessoas perceberam que não haverá mudanças de regras”. Disse ainda que no momento não pretende mexer na desoneração da folha de pagamento. Não mostrou entusiasmo com um novo Refis.

Relatório Focus
Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2016 foi de uma contração de 3,25% para uma maior, de 3,27%, mas foi mantida para 2017 em um avanço de 1,10%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 7,21% este ano, contra 7,26% projetados anteriormente.