“Crexit”: a bomba-relógio de US$ 75 trilhões que pode desencadear uma nova crise global

O alerta é da S&P Global Ratings, que ressalta a perspectiva pelo forte crescimento da dívida corporativa global, em meio ao cenário de dinheiro barato pelo mundo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os mercados se animaram até agora com a perspectiva de dinheiro barato dos Bancos Centrais. Porém, a S&P Global Ratings fez um alerta sobre os efeitos colaterais desta injeção de liquidez nos mercados mundiais, com uma crise podendo eclodir por conta disso, numa verdadeira “bomba relógio”, como ressalta o  o portal americano CNBC.

De acordo com as projeções da agência, o montante da dívida corporativa vai subir dos atuais US$ 51 trilhões para US$ 75 trilhões. “Em condições normais, isso não seria um grande problema, desde que a qualidade do crédito permanecesse elevada, enquanto as taxas de juros e de inflação permanecem baixas e o crescimento econômico continua, conforme destaca a CNBC. 

Contudo, ressalta o portal, a alternativa não é tão positiva uma vez que essas condições não devem persistir. Caso as taxas de juros subam e as condições econômicas piorem, a dívida corporativa norte-americana pode enfrentar um grande problema para ser gerida. A rolagem de títulos se tornaria mais difícil com alta da inflação e alta dos juros, enquanto uma desaceleração da economia poderia piorar as condições de negócios e fazer com que o pagamento da dívida fique mais difícil. 

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Neste caso, poderia acontecer o chamado “Crexit”, ou a saída dos credores dos mercados de crédito, levando a uma piora repentina nas condições que podem desencadear outro susto financeiro. “O pior cenário seria uma série de grandes surpresas negativas provocando uma crise de confiança em todo o mundo”, afirmou a S&P no relatório. “Estes acontecimentos imprevistos poderiam rapidamente desestabilizar o mercado, levando os investidores e credores a saírem de posições mais arriscadas. Se mal utilizado, isso poderia resultar em um colapso do crescimento do crédito, como o ocorrido durante a crise financeira global”, completa.

Na verdade, a S&P considera que uma correção nos mercados de crédito parece ser “inevitável”. A única questão é o grau. A agência mostra preocupação pelas indicações de que os investidores estão excessivamente dispostos em sua busca por rendimento comprando dívida corporativa de grau especulativo. Isto tem sido verdade não só nos Estados Unidos mas também na China, que tem usado empréstimos para estimular o crescimento, mas agora se encontra em uma encruzilhada econômica.

Apesar do crescimento da dívida, os bancos centrais têm sido avessos a colocar os freios. “Os bancos centrais permanecem com ideia de que o crescimento alimentado pelo crédito é saudável para a economia global. De fato, nossa pesquisa destaca que a flexibilização da política monetária tem, até agora, contribuído para o aumento do risco financeiro, com o crescimento dos empréstimos às empresas superando até o para economia global”, diz a S&P.

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Entre agora e 2020, é esperado que o fluxo da dívida cresça US$ 62 trilhões – US$ 38 trilhões em refinanciamento e US$ 24 trilhões em novas dívidas, incluindo títulos, empréstimos e outras formas. 

A S&P Global Ratings ressalta que perto de metade das empresas pertencentes ao setor financeiro são consideradas “altamente alavancadas” e até 5% desse grupo tem resultados negativos ou fluxos de caixa. Já houve 100 defaults em 2016, o maior número desde a crise financeira. 

A China deve dar conta da maior parte do crescimento do fluxo de crédito, US$ 28 trilhões ou 45% dos US$ 62 trilhões esperados globalmente. Os EUA devem adicionar US$ 14 trilhões na conta, ou 22% e a Europa US$ 9 trilhões, ou 15%.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.