2 ações disparam até 9% com rumores de venda; JBS cai com acusação de usar trabalho análogo à escravidão

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa teve pregão instável nesta segunda-feira marcada pelo vencimento de opções sobre ações na BM&FBovespa. A volatilidade acompanhou nesta manhã também as ações da Petrobras e Vale, que após algumas horas de pregão ganharam força. Os papéis da estatal foram puxados principalmente por um relatório do banco suíço UBS, que recomendou compra da ação, comparando a companhia à Fenix, que renasce das cinzas.

Fora do Ibovespa, destaque para duas ações – Light e Qualicorp -, que dispararam até 9% com rumores de venda. Além delas, as construtoras saltaram hoje com a notícia de que a Caixa Econômica Federal vai começar a financiar a compra de imóveis de até R$ 3 milhões.   

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JBS (JBSS3, R$ 10,01, -0,99%) 
As ações da JBS caíram até 2,47% nesta sessão, indo a R$ 9,86, em meio à acusação de que a companhia usou trabalho análogo à escravidão em Santa Catarina. Executivos da unidade são investigados por supostamente submeterem funcionários a jornadas diárias superiores a 16 horas em São José, Santa Catarina, disse o Ministério Público do Trabalho em seu site.

Um diretor e dois gerentes serão investigados por submeter trabalhadores a condições análogas à de escravidão, na forma de exaustivas jornadas de trabalho, entre outros crimes contra a legislação trabalhista brasileira, disse o MPT. A investigação será conduzida pela Polícia Federal. A JBS disse que “não tem conhecimento do teor de eventual inquérito policial contra seus funcionários pelos fatos noticiados” e que não comenta processos judiciais em andamento, em comunicado por e-mail de sua assessoria de imprensa. 

Qualicorp (QUAL3, R$ 21,61, +3,44%)
As ações da Qualicorp dispararam até 7,27% na máxima do dia, indo a R$ 22,14, em meio a rumor de compra. Segundo coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, embora ainda em estágio embrionário, a Rede D’Or negocia a compra da Qualicorp.  

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Veja também: Qualicorp: em “caso raro” de crescimento e geração de caixa, ações disparam na Bolsa

Petrobras (PETR3, R$ 13,66, +3,33%; PETR4, R$ 11,55, +4,81%)
As ações da Petrobras ganharam força após relatório do banco suíço UBS recomendar a compra da ação, com o preço-alvo dos papéis preferenciais subindo de R$ 10,00 para R$ 18,20. O preço-alvo das ações ordinárias é de R$ 17,80. Em relatório do banco, assinado por Luiz Carvalho, ele compara a ação com à Fenix, que renasce das cinzas. A revisão para cima deve-se à previsão de preços de petróleo mais altos, melhorias no marco regulatório local e nova gestão, segundo o relatório de hoje assinado por Luiz Carvalho, do banco. 

Para ele, o preço de petróleo vai chegar a US$ 75 o barril em 2019, enquanto mudanças regulatórias permitirão a Petrobras liberar valores de seus ativos e melhorar a percepção de risco dos investidores e gestão vai colocar a empresa de volta nos trilhos. “No curto prazo, vemos criação do valor patrimonial”, disse Carvalho. 

Apesar da notícia positiva com o relatório do UBS, o dia foi de volatilidade para a ação nesta manhã, em dia de vencimento de opções sobre ações na BM&FBovespa e queda dos preços do petróleo no mercado internacional. Lá fora, o contrato Brent registrou queda de 1,26%, a US$ 47,01 o barril, enquanto o WTI recuou 1,6%, a US$ 45,24 o barril.

Além disso, o Ministério Público Federal celebrou acordo de leniência com a SBM Offshore. O acordo prevê a destinação de US$ 149,2 milhões para a Petrobras e a redução de pagamentos contratuais à SBM Offshore de US$ 179 milhões, em dois contratos, nos próximos 14 anos. Pelo acordo celebrado na sexta, a SBM Offshore e a Petrobras retomarão as suas relações normais de negócios e a SBM será convidada a participar das licitações promovidas pela petrolífera, em igualdade de condições com os demais concorrentes, disse o MPF. 

Já em entrevista à Folha de S. Paulo, o presidente da Petrobras Pedro Parente disse  que não haverá “dogmas” na venda de ativos da estatal e admite estudar controle compartilhado com setor privado de algumas subsidiárias, mas descartou a privatização da empresa. A venda de participação será feita de acordo com três condições: maximizar valor dos ativos, preservar a companhia verticalizada e manter interesses estratégicos. A companhia mantém meta entre US$ 15 bilhões e US$ 16 bilhões de desinvestimento em 2016; falta vender US$ 14,1 bilhões em ativos, disse ele. 

Vale destacar que o  fundo de pensão dos funcionários da Petrobras (Petros) teve um rombo de R$ 6,7 bilhões em seus investimentos em empresas no ano passado, considerando apenas as maiores perdas, de acordo com o Estadão. O valor representa 11% do total do patrimônio do fundo. Até o fechamento do balanço, que acontece no dia 31, esse valor poderá chegar a R$ 8 bilhões, o que elevará o déficit total da fundação. Isso porque o conselho fiscal questiona a valorização de mais de 300%, ou cerca de R$ 1,1 bilhão, contabilizada como investimento na Eldorado Celulose.

Vale e siderúrgicas
As ações da Vale (VALE3, R$ 17,58, +1,38%; VALE5, R$ 14,08, +2,47%) tiveram dia volátil, com vencimento de opções sobre ações na BM&FBovespa e seguindo o movimento do mercado interno. Acompanharam o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 10,36, +1,47%), holding que detém participação na Vale, e as siderúrgicas, com Usiminas (USIM5, R$ 2,40, +2,13%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,59, +6,58%), Gerdau (GGBR4, R$ 7,13, +2,47%) e CSN (CSNA3, R$ 10,48, +2,24%). 

No radar da Vale, a Samarco, joint venture entre a Vale e BHP Billiton foi rebaixada de CCC para C pela Fitch. O rebaixamento deve-se à mudança de opinião da Fitch sobre o cronograma de retomada de operações da Samarco, disse a agência em relatório. “O clima político em torno da Samarco e sua incapacidade de avançar na obtenção das licenças para retorno das operações devem impedir a retomada até o segundo semestre de 2017. A companhia precisa gerar renda para capaz de cumprir acordos de reparação paralelamente às obrigações financeiras. O atraso em curso resultará em provável esgotamento de caixa durante o segundo semestre”, afirma. A Fitch acreditava que as atividades seriam retomadas durante o primeiro semestre do ano que vem; agora, para que a recuperação dos títulos da Samarco ocorra, a Samarco terá de retomar operações no nível de 50% ou mais da sua capacidade atual.

Bancos
As ações dos bancos subiram forte em dia de otimismo no mercado interno, puxadas principalmente por Bradesco (BBDC3, R$ 29,61, +1,61%; BBDC4, R$ 28,89, +2,08%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,03, +1,70%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 19,96, +3,63%). Com o rali dos bancos, as ações ordinárias do Bradesco renovaram hoje sua máxima histórica na Bolsa, enquanto as preferenciais bateram máxima desde novembro de 2014. Já Itaú encostou na máxima intradiária de abril deste ano, enquanto BB atingiu o maior patamar desde maio deste ano. 

O bom humor dos bancos segue duas pesquisas que apontam aumento na confiança de recuperação da economia brasileira. Um dos estudos mostrou que o otimismo com a economia do Brasil atingiu o maior patamar em 18 meses. Enquanto isso, o relatório Focus, do Banco Central, mostrou melhora nas projeções dos economistas. Para 2017, as estimativas apontam para crescimento de 1,1% do PIB brasileiro, ante 1% na semana passada. 

Light (LIGT3, R$ 14,69, +5,30%)
As ações da Light dispararam até 9,32% na máxima do dia, indo a R$ 15,25, com rumor de que a Equatorial (EQTL3, R$ 50,42, +2,65%) fez oferta pela companhia. Os papéis da elétrica, no entanto, perderam um pouco de força e registram alta um pouco mais amena. 

Segundo informações do site Brazil Journal, de Geraldo Samor, a Equatorial fez uma proposta à Cemig (CMIG4, R$ 8,92, +5,31%) para comprar o controle da Light, distribuidora de energia que atende à região metropolitana do Rio de Janeiro. A Cemig ainda não respondeu. 

Construtoras
As ações do setor de construção civil disparam com a notícia de que a Caixa Econômica Federal vai começar a financiar a compra de imóveis de até R$ 3 milhões. Neste momento, o índice do setor imobiliário registra alta na Bolsa, assim como todas as companhias inseridas nele. Destaque hoje para as ações da PDG Realty (PDGR3, R$ 4,05, +12,50%), Rossi (RSID3, R$ 4,14, +8,95%), Helbor (HBOR3, R$ 1,70, +6,25%) e Cyrela (CYRE3, R$ 10,76, +3,56%). 

Segundo um executivo do banco disse à Reuters, a Caixa Econômica Federal vai elevar o teto do valor de imóveis financiáveis pelo banco, o percentual de financiamento para imóveis de valores maiores e facilitar condições para construtoras, num esforço para acelerar os desembolsos no segundo semestre. Uma das principais medidas do pacote, previsto para ser anunciado na próxima segunda-feira (25), é dobrar para R$ 3 milhões o valor máximo dos imóveis que podem ser financiados pelo banco, de acordo com o vice-presidente de Habitação da Caixa, Nelson Antonio de Souza.

No radar da PDG, segundo notícia do Valor, a companhia conseguiu prorrogar o vencimento da sua dívida com o Banco Votorantim por quatro anos. Os juros serão aferidos, durante o período, mas também pagos somente em 2020. Trata-se do mesmo prazo obtido pela companhia, em maio, com o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Itaú Unibanco – no plano de reestruturação de 60% da sua dívida, informa o jornal.  

Gol (GOLL4, R$ 5,24, +6,72%)
As ações da Gol disparam 63% nos últimos 7 pregões e renovam hoje sua máxima desde agosto de 2015. O secretário de Fazenda do Paraná, Mauro Ricardo Costa, afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que os Estados que forem prejudicados com uma eventual mudança pelo Senado da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidentes na operação interna com querosene de aviação civil vão recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Para ele, a medida é “absurda” e “inconcebível” porque parte do pressuposto errôneo de que há um conflito entre os Estados que justificaria a intervenção do Senado.

Costa disse que os Estados do Norte, se quiserem, podem reduzir as alíquotas do ICMS e destacou que há um convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) pacificando essa questão. O parecer do senador Jorge Viana (PT-AC), que estava pronto para ir à votação nesta quinta-feira, 14, em plenário, mas ficou para ser votado no dia 2 de agosto, reduz a até 12% o teto para cobrança do ICMS com querosene de aviação. A justificativa é tentar acabar com a chamada “guerra fiscal” da tributação do ICMS na aviação e estimular a queda do preço das passagens aéreas, no momento em que o setor atravessa grave crise financeira.

Além disso, no radar da Gol, segundo reportagem do jornal Valor Econômico, a empresa prepara-se para uma redução de custos de manutenção mais profunda de seus aviões no segundo semestre para abrir uma nova fonte de receita dentro de dois anos, oferecendo esse serviço a outras companhias do setor. A medida foi exposta pelo vice-presidente de operações da empresa à publicação na véspera, e pode significar uma iniciativa importante em meio ao atual processo de renegociação de dívidas. Antes de ter a certificação “heavy-check”, a Gol podia gastar entre US$ 3 milhões a US$ 7 milhões, dependendo do tipo de avião. 

Embraer (EMBR3, R$ 16,96, -2,58%)
As ações da Embraer caíram até 3,22% na mínima deste pregão, a R$ 16,85, renovando no fechamento a mínima desde dezembro de 2013. A queda ocorreu após coluna do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, apontar que um executivo da Embraer fez um acordo de delação premiada no caso em que a empresa é acusada ter ter pago propinas de U$ 3,4 milhões às autoridades da República Dominicana para conseguir um contrato de venda de oito aviões militares.